terça-feira, 22 de junho de 2010

POEIRA DAS ESTRELAS - PARTE 09/12

A INFÂNCIA VIOLENTA DA TERRA

O físico Marcelo Gleiser vai contar a incrível história do nascimento da nossa companheira inseparável: a Lua.

A série "Poeira das estrelas" chega hoje ao deserto do Arizona, um lugar que já foi testemunha do passado violento do nosso planeta. O físico Marcelo Gleiser vai contar a incrível história do nascimento da nossa companheira inseparável: a Lua.


Você pode até não acreditar, mas o nosso planeta já foi um lugar muito mais perigoso para se viver. E, se hoje estamos vivos para contar essa história, devemos muito à sorte. A infância violenta da Terra é o tema do capítulo de hoje.


Depois que o primeiro homem foi ao espaço, em 1961, descobrimos algo incrível sobre o nosso planeta: "A Terra é azul". Foi o que disse o cosmonauta soviético Iuri Gagarin, ao retornar da primeira viagem orbital tripulada.


Desde então, essa é a imagem que temos da Terra: um planeta azul, coberto de nuvens, flutuando calmamente na imensidão do espaço. Mas nem sempre foi assim.


Muito tempo atrás, há quatro bilhões e meio de anos, logo depois da formação do sistema solar, a Terra vivia sob um intenso bombardeio de asteróides. Rochas de todos os tamanhos caíam constantemente sobre o nosso planeta.


Por causa da erosão e do tempo, os vestígios desse período desapareceram quase todos - quase. O deserto do Arizona, Estados Unidos, é a melhor testemunha que existe do passado violento da Terra. Lá, fica a maior cratera visível do nosso planeta, provocada pela queda de um asteróide. É tão grande que só há uma maneira de vê-la por inteiro: do alto, de balão.


Na Terra, justamente por causa da erosão, são poucas as crateras que ainda são visíveis. A mais famosa é a cratera de Barringer, no Arizona. Ela é tão sensacional que vale a pena ver de cima. Para isso, nada melhor do que ir de balão.


Pouco mais de 5h é a hora ideal para um vôo de balão. Bem cedo, os ventos são mais favoráveis, e a luz do sol é a melhor possível para as filmagens.


De cima, podemos ver toda a beleza da cratera de Barringer. Ela tem esse nome por causa do geólogo americano Daniel Barringer. Ele comprou as terras na esperança de que restos do asteróide que caiu contivessem ouro ou outros metais preciosos.


Estava errado. Sobrou muito pouca coisa do asteróide. O que restou mesmo foi uma cratera gigante, que ainda está aqui por um motivo: essa cratera pode ser vista porque ela é bem recente.

Foi formada há 50 mil anos, quando um meteorito de cerca de 50 metros de diâmetro caiu no local. Recente, claro, em termos históricos. Cinqüenta mil anos atrás, nossos antepassados ainda viviam nas cavernas.


Os cientistas que estudaram a cratera acreditam que o meteorito caiu a uma velocidade de 40 mil quilômetros por hora. O impacto liberou energia comparável à explosão de uma bomba de hidrogênio, a arma de destruição em massa mais poderosa que existe.


O resultado: uma cratera de dois quilômetros de extensão e 20 campos de futebol e 200 metros de profundidade. Se esse meteorito tivesse caído em uma cidade grande, como o Rio de Janeiro ou em São Paulo, milhões de pessoas teriam morrido. E olha que esse era um dos pequenos...


O terreno onde fica a cratera de Barringer hoje é propriedade particular. Essa foi a primeira vez que seus donos autorizaram um vôo de balão pelo local.


Quando estávamos quase pousando, o piloto avisa que a aterrissagem vai ser complicada porque o vento está forte. Opa! Nada grave para balonistas de primeira viagem.