quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Medicina / Noções de Anatomia e Fisiologia Ocultas



O homem é um ser extremamente complexo.

Ele não se reduz à matéria, mas é também intelecto, sentimento, vontade e sobretudo Espírito.

Portanto, para compreendê-lo realmente devemos recorrer não somente à biologia, mas também à psicologia, à religião e sobretudo às antigas doutrinas esotéricas, as quais afirmam existir um homem "visível" e um homem "invisível".

O que significam tais palavras?

Que o homem tem não apenas um corpo material, visível, sólido, mas outros "corpos" ou veículos, invisíveis aos olhos.

De acordo com o esoterismo, não existem somente três dimensões, mas também outras que não podem ser percebidas pelos nossos sentidos físicos, limitados e enganosos, e para cada uma dessas dimensões o espírito do homem, o Si ou Alma individualizada, tem um veículo ou "corpo" de expressão.

Todavia, antes de falar destes corpos, gostaria de me deter um pouco para descrever, mesmo que rapidamente, a constituição do homem em geral.

O homem tem dois aspectos principais: o pessoal (corpóreo) e o espiritual.

O pessoal poderia ser dividido, de acordo com São Paulo, em:

a) corpo ou soma, e
b) psique,

ambos reflexos existenciais do Pneuma, ou Espírito, "que É, e se encarna... somente de maneira fragmentária no mundo do espaço-tempo".

Se considerarmos que tudo é energia em diferentes níveis vibratórios, desde a matéria até ao Espírito, poderíamos dizer, recorrendo a termos de física, que o homem "é um feixe de ondas estacionárias submetido a um crescimento e a um desenvolvimento constantes. O modelo o torna objetivo no mundo das coisas, e ele deriva a sua forma de um imenso complexo de forças e de energias, que agem umas com as outras em todos os níveis: espiritual, psíquico e físico" (de O espelho da vida e da morte, de L. Bendit).

Começando pelo corpo físico, denso e visível, vemos que ele é um sistema altamente complexo de energias diversas, isto é:

a) energias químicas;
b) energias vitais e bioelétricas.

A vida depende de uma interação entre os campos de energias químico-vitais, os quais se influenciam reciprocamente.

A psique é aquela região do homem nem física nem espiritual, correspondendo ao que as doutrinas esotéricas chamam de "corpos sutis".

São "corpos", na medida em que, como dissemos, são "feixes de ondas estacionadas" (como, por exemplo, um raio de luz), mas se parecem mais com "campos de força", por se acharem em estado de contínuo movimento e fluxo.

Os corpos sutis do homem, que constituem o seu lado psíquico, são três:

1) corpo etéreo (que é também físico, sendo a contrapartida vital e bio-elétrica do corpo físico denso);
2) corpo emotivo ou astral, ou corpo das emoções e dos sentimentos;
3) corpo mental, ou aspecto intelectivo da psique.

O corpo que mais nos interessa neste momento, em que tratamos da medicina psico-espiritual e sobretudo da relação entre psique e corpo material, é o corpo etéreo que, conforme dissemos, é quem torna esta relação possível.

O tema do corpo etéreo e dos seus centros de força é muito amplo e complexo.

Por esse motivo, poderemos tecer somente algumas considerações gerais a respeito, deixando o caminho livre para a reflexão, a pesquisa e sobretudo para a experiência direta àqueles que desejarem aprofundar este argumento.

A principal dificuldade, provavelmente, surge do fato de que não temos consciência do corpo etéreo, e somos polarizados geralmente pelo corpo físico denso, que, no entanto, deve ser considerado somente "um robô", um instrumento do verdadeiro veículo do Si no plano físico, isto é, do corpo etéreo.

De fato, este, no "Tratado de Magia Branca", de Alice A. Bailey, é descrito da seguinte forma:

"O grande símbolo da Alma no ser humano é o seu corpo etéreo ou vital, visto que:

1. É a contrapartida física da Luz interior, chamada Alma ou corpo espiritual. É também chamado de "taça de ouro" (vasinho) na Bíblia, distinguindo- se:

a) por sua luminosidade;
b) por sua frequência vibratória, sempre sincronizada com o desen- volvimento da Alma;
c) por sua força de coesão, que une e relaciona todas as partes da estrutura física.

2. É a trama ou rede microcósmica da vida, pois compenetra todas as partes da estrutura física..." (pp. 64-65).

O corpo etéreo, portanto, quando o homem tiver alcançado um alto grau evolutivo, poderá ser efetivamente o instrumento da Alma, ou Si, no plano físico, e irradiar energias espirituais em seu ambiente.

Ele constitui, de fato, "a aura" de uma pessoa, variando a sua qualidade e vibração conforme o grau de pureza e realização interior.

O corpo etéreo é composto de matéria física muito sutil, sendo portanto, invisível ao olho comum.

Esta matéria (que os cientistas chamaram "éter" e os esoteristas "prana") permeia e penetra não somente todos os corpos e todas as formas existentes, mas também todo o espaço, de maneira que inexiste o vazio.

O éter é o veículo de todos os tipos de energia, às quais serve de condutor, sendo por essa razão que o corpo etéreo do homem pode receber e transmitir as energias de todos os outros níveis de vida e mesmo as energias espirituais.

O corpo etéreo tem forma igual à do corpo físico, ao qual ele penetra e extravasa por alguns centímetros, formando a aura de que falamos acima.

Este corpo é formado por uma complicada rede de pequenos canais de energia que se entrecruzam (os nadis), exata contrapartida etérea do sistema nervoso.

Nesta densa rede de "nadis", encontram-se sete pontos focais ou plexos, chamados em sânscrito chakra (ou seja, centros de força).

Na realidade, tais plexos são muito mais numerosos, mas os mais importantes e conhecidos são sete, correspondendo às sete glândulas endócrinas principais.

Observemos atentamente estes sete plexos, conforme aparecem na figura apresentada a seguir.

Destes centros, três estão localizados abaixo do diafragma, sendo chamados "inferiores", e três acima do diafragma, "superiores".

Um sétimo centro encontra-se entre as sobrancelhas, tendo por função integrar e sintetizar todos os outros.

Cada um destes centros exprime um tipo especial de energia, embora as energias fundamentais sejam essencialmente três:

1) a energia da Vontade (Atma);
2) a energia do Amor (Buddhi);
3) a energia da Inteligência Criativa (Manas).

Na realidade, estas três energias refletem os três aspectos da triplicidade divina, expressa em quase todas as religiões pelas três Pessoas da Divindade:

Pai                         Brahma                  Osíris

Filho                      Vishnu                   Hórus

Espírito Santo        Shiva                      Isis

Semelhante concepção de um Deus uno e trino reflete uma verdade profundamente oculta, que se pode encontrar em todos os níveis, mesmo no homem, onde as energias fundamentais são expressas através dos três centros superiores:

1) Centro localizado no alto da cabeça (Sahasrara Chakram), Vontade Espiritual;
2) Centro localizado na garganta (Vishudda Chakram), Criatividade Espiritual;
3) Centro localizado no coração (Anahata Chakram), Amor Espiritual.

OS SETE CENTROS ETÉRICOS

1- Centro localizado no alto da cabeça (Sahasrara Chakram)


2- Centro localizado entre as sobrancelhas (Ajna Chakram)


3- Centro localizado na garganta (Vishudda Chakram)


4- Centro localizado no coração (Anahata Chakram)


5- Centro localizado no Plexo Solar (Manipura Chakram)


6- Centro Sacral (Svadhistana Chakram)


7- Centro localizado na base da espinha dorsal (Muladhara Chakram)



1- Vontade espiritual 1000 pétalas (glândula pineal)

2- Integração e síntese 96 pétalas (glândula pituitária)

3- Criatividade superior 16 pétalas (glândula tireóide)

4- Amor universal 12 pétalas (glândula timo)

5- Emotividade e afetividade pessoal 10 pétalas (glândula pâncreas)

6- Sexualidade 6 pétalas (glândulas gônadas)

7- Auto-afirmação 4 pétalas (glândulas supra-renais)


Do ponto de vista dos instintos fundamentais, eles se acham em perfeita correspondência com os três centros inferiores, que também exprimem as mesmas energias, conquanto degradadas e de reduzida vibração:

1) Centro do plexo solar (Manipura chakram), Amor egoístico (instinto gregário);
2) Centro sacral (Svadhistana chakram), Criatividade inferior (instinto sexual);
3) Centro localizado na base da espinha dorsal (Muladhara chakram), Vontade egoística (instinto de auto-afirmação).

O "Centro localizado entre as sobrancelhas" (Ajna chakram), conforme já mencionamos, exprimirá a síntese e a integração dos três centros superiores e dos três inferiores, quando o homem tiver transferido todas as energias do "baixo" para o "alto" em conseqüência do despertar da consciência do Si.

Esta transferência ou elevação das energias instintivas dos três centros situados abaixo do diafragma para aqueles situados acima do diafragma nos indica todo o processo evolutivo do homem, o qual, na realidade, é um longo caminho interior, árduo e tormentoso.

É o "magnum opus" do homem, a alquimia espiritual que transforma a matéria bruta no ouro do Espírito.

É a "redenção" da matéria, que leva à perfeita unificação entre o humano e o divino.

Como seria de esperar, este empreendimento interior apresenta muitas dificuldades, e mesmo sendo na realidade um processo espontâneo (como também a psicanálise constatou, com a teoria da sublimação dos instintos), requer superações, renúncias, luta e sofrimento, pois trata-se de uma "reorientação" das energias que por longo tempo haviam se dirigido para determinadas direções, criando automatismos, hábitos e identificações que será preciso superar com um esforço considerável.

De qualquer maneira, não queremos nos aprofundar agora e descrever em detalhes as diferentes fases do processo de sublimação, e os eventuais distúrbios e mal-estares psíquicos e físicos produzidos por ele, pois trataremos disso nos próximos capítulos.

Por enquanto, é preciso conhecer a "anatomia" do corpo etéreo e as suas funções, para compreender melhor o homem e a sua complexa natureza bio-psico-espiritual.

Além disso, o que nos interessa mais de perto agora, sobretudo para se resolver a questão já referida relação entre a psique e o corpo, é a correspondência entre este corpo sutil com o corpo físico denso, por um lado, e com o Espírito, por outro.

No que diz respeito à correspondência com o corpo denso, já mencionamos a relação entre os "nadis" do corpo etéreo e o sistema nervoso.

Todavia, a relação mais interessante é provavelmente a que se verifica entre os sete centros de força e as glândulas endócrinas; de fato, para cada chakra corresponde uma glândula.

Hoje a medicina também admite uma grande influência do sistema endócrino não somente sobre a saúde física do homem, mas também sobre o seu estado psíquico e sobre o seu comportamento.

Tentou-se também, como se sabe, até mesmo uma biotipologia baseada nas glândulas de secreção interna.

A endocrinologia deu uma grande contribuição aos estudos psicossomáticos ao verificar que a maior parte das glândulas endócrinas depende dos centros mais elevados do encéfalo, isto é, da vida psíquica.

De fato, as emoções e o estresse têm uma enorme influência não somente sobre o sistema nervoso mas também sobre o sistema endócrino.

"Em muitos distúrbios endócrinos, as perturbações emotivas prolongadas são provavelmente fatores etiológicos importantes. Tem-se uma clara demonstração disso no papo tóxico, cujo aparecimento pode estar frequentemente relacionado a traumas emotivos." (Alexander: Medicina psicossomática, p. 36.)

Os fatores emotivos podem influir até mesmo sobre o metabolismo dos carboidratos, acarretando vários distúrbios e até doenças, como, por exemplo, o diabete.

Segundo a medicina psico-espiritual, as glândulas endócrinas são o reflexo e o símbolo no plano físico dos centros etéreos e das energias sutis que os atravessam.

Portanto, a origem dos distúrbios endócrinos deve ser procurada no funcionamento alterado ou errado de um determinado centro, o que é manifestado em seguida por doença física.

Para cada glândula e sua secreção corresponde um estado psíquico bem definido.

Por exemplo, a secreção das cápsulas supra-renais é a adrenalina, que é produzida quando uma determinada situação psíquica ou física requer do homem combatividade, instinto de defesa e luta.

De fato, é sabido que a adrenalina dá maior força e energia ao homem.

Portanto, neste caso percebe-se claramente a relação entre a glândula física e a sua secreção com o centro correspondente, que exprime justamente auto-afirmação e agressividade.

É interessante notar que as três glândulas mais conhecidas e cujas funções foram estudadas a fundo são as que correspondem aos centros localizados abaixo do diafragma: as supra-renais, as gônadas (ou glândulas intersticiais) e o pâncreas.

Isso acontece porque tais centros são os mais ativos na humanidade média e portanto se manifestam mesmo no plano físico, mais clara e nitidamente.

Já das glândulas localizadas acima do diafragma, até pouco tempo não se conhecia com clareza e certeza a função, e de algumas nem sequer se conhecia a secreção, justamente porque (afirma o esoterismo) tais glândulas correspondem aos centros superiores do homem, que são ativos e desenvolvidos somente em uma pequena parte da humanidade.

São exatamente estes centros superiores que constituem os pontos de contato e de correspondência entre o ser no plano físico e o Ser Espiritual: o Si.

De fato, eles exprimem, conforme dissemos, os três aspectos do Si:

Vontade,
Amor e
Inteligência Criativa,

e são despertados somente quando o homem se torna receptivo às energias espirituais e transfere as energias dos centros inferiores para os superiores, dando início, assim, à sua "regeneração oculta".

Então o Si, ou Alma, poderá exprimir-se e operar também no plano físico através do corpo etéreo, que realmente se tornará a "taça de ouro" ou o vasinho de que fala a Bíblia, capaz de irradiar luz e energias benéficas e saneadoras à sua volta.

Toda desarmonia desaparecerá então, e o homem será completamente "curado" de seus males e sofrimentos.

Como se depreende claramente destas rápidas indicações, o tema do corpo etéreo é muito importante para a compreensão oculta do homem, e quando também a ciência reconhecer a sua existência e conhecer o seu funcionamento, isso redundará em grande contribuição para o progresso do homem e para a solução de muitos dos seus problemas, sejam físicos ou espirituais.

Devemos dizer que, na realidade, a ciência se aproxima dessa descoberta, sendo que nos últimos anos passos gigantescos foram dados nesta direção.

Veja-se, por exemplo, a "câmara de Kirlian", idealizada em 1939 por um casal russo, os Kirlian, com a qual foi possível fotografar (através de adaptações especiais) radiações coloridas de luz e de energia emanadas de corpos e objetos.

Esta descoberta foi muito debatida no início e somente há alguns decênios, após experiências e investigações suplementares, feitas por cientistas de outras nações, foi considerada seriamente, até se chegar ao reconhecimento unânime da existência de um "corpo biológico", uma espécie de "cópia" dos corpos materiais visíveis, constituída por uma energia que se passou a denominar justamente bioplasma, desconhecendo-se qual seja a sua natureza, e da qual se originou o nome de "corpo bioplasmático", cuja definição é: " ... matriz invisível que organiza os seres vivos e mantém o intercâmbio vital das células, sendo uma espécie de campo estruturador da forma".

Verificou-se também que este "campo estruturador" desaparece quando da morte do corpo (quer se trate de um corpo humano ou de uma planta etc).

É evidente, portanto, que se aproxima o momento em que a ciência  deverá aceitar a teoria do corpo etéreo, constatar a sua existência e, sendo verdade o que afirmam a seu respeito as doutrinas esotéricas, descobri-lo pouco a pouco, até que chegue o dia em que a parte espiritual do homem também não mais será considerada como algo vago, longínquo, hipotético ou até mesmo inexistente, mas algo que se pode alcançar pela gradativa descoberta das outras dimensões interiores do homem, pela sensibilização da consciência para as energias sutis, visto não haver separação entre Espírito e matéria, mas uma ininterrupta cadeia de realidades cada vez mais sutis, as quais o homem está destinado a conhecer e a experimentar aos poucos.

Fonte:
Medicina Psico-Espiritual
Angela Maria La Sala Bata
Tradução de Pier Luigi Cabra