domingo, 16 de janeiro de 2011

Até quando a Terra agüenta?



Pesquisadores afirmam que o aquecimento global causará uma catástrofe planetária, resta saber em que grau?

Lembra daquela sensação estranha que boa parte das pessoas sentia na década passada de que as agressões ambientais iriam provocar alguma resposta do planeta, mas ninguém sabia exatamente quando e como?

Pois é: para a maioria dos pesquisadores, a Terra já começou a dar sinais de que está respondendo às agressões ao ambiente. No momento, a ameaça maior como você está cansado de saber é o aquecimento global.

O 4º relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, (IPCC, na sigla em inglês), divulgado em maio passado, revela que o problema já está entre nós e tem causado mudanças no clima e na vegetação em vários continentes. Poucos, mesmo dentre os cientistas do clima e ecologistas, parecem perceber plenamente a gravidade potencial, ou a iminência, do desastre global catastrófico, alerta o cientista britânico James Lovelock, que ficou famoso na década de 1970 por ter concebido a Teoria de Gaia, que trata a Terra como um organismo vivo.

Em seu livro A Vingança de Gaia, ele diz que a questão não é mais se vai ou não acontecer uma catástrofe e tão simplesmente qual será o tamanho do estrago. É preciso esclarecer que, para os cientistas, o que está sob ameaça não é o planeta físico em si. Afinal, a Terra já sobreviveu a pelo menos 5 cataclismos no passado (ver pergunta Qual Foi a Causa das Grandes Extinções?, página 18).

Tampouco é provável que nossa espécie inteira venha a ser extinta. O que está em xeque é a civilização, diz James Lovelock. Somos resistentes, e seria preciso mais do que essa catástrofe climática prevista para eliminar todos os casais de seres humanos em condições de procriar, reconhece o cientista britânico. Ainda assim, ele diz que as perspectivas são sombrias e que, ainda que consigamos reagir com sucesso, passaremos por tempos difíceis como em uma guerra, sendo levados ao limite.

Apesar do aquecimento estar batendo em nossa porta, ainda há cientistas que apostam na capacidade de recuperação da própria Terra.

A questão é: o que há de exagero e o que há de verdade nesses relatórios.

Até alguns anos atrás, o maior ataque às previsões catastróficas feitas pelos ambientalistas foi feito pelo estatístico dinarmaquês Bjorn Lomborg, autor do livro O Ambientalista Cético, escrito no início da década. De lá para cá, o número de pesquisadores que se arriscam a fazer previsões otimistas têm diminuído bastante. Na melhor das hipóteses, eles prevêem que o aumento da temperatura no planeta causará, sim, danos ao ambiente.

Mas nada comparado aos efeitos especiais das devastações dos filmes de Hollywood. Já para os ambientalistas que se consideram realistas, as consequências serão dramáticas e podem ser concretizadas já nas próprias décadas. Elas incluem a elevação do mar entre 9 e 88 centímetros, a desertificação de grandes áreas, falta crônica de água e a extinção de mais de um terço de todas espécies que vivem no planeta.

A questão que fica é: por que arriscar?


Por Rodrigo Cavalcante


Fonte:
super abril revista