segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Agir conforme sua natureza...


Um monge e seus discípulos iam por uma estrada e, quando passavam por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas. 

O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e tomou o bichinho na mão. 

Quando o trazia para fora do rio o escorpião o picou. 

Devido à dor, o monge deixou-o cair novamente no rio. 

Foi então à margem, pegou um ramo de árvore, voltou outra vez a correr pela margem, entrou no rio, resgatou o escorpião e o salvou. 

Em seguida, juntou-se aos seus discípulos na estrada. 

Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e penalizados.

— Mestre, o Senhor deve estar muito doente! Por que foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda: picou a mão que o salvava! Não merecia sua compaixão!

O monge ouviu tranquilamente os comentários e respondeu: — Ele agiu conforme sua natureza e eu de acordo com a minha.

Conto Zen

Essência


A tua essência está sempre à tua espera. Está sempre à espera que pares de olhar para os outros. Está sempre à espera que pares de olhar inclusive para mim. Está ali, à espera de ti, para conseguir Ser. Para conseguir dar-te força para vibrares pela tua energia original.

A tua essência é um ser de luz, confinado à estrutura física do teu corpo. Ela quer ser livre, ela quer voar, ela quer mais do que a vida limitativa que tu lhe queres dar. Ela quer deixar a sua luz, a sua imensa luz abraçar o Mundo e encantar a todos com a sua enorme convicção.

Mas para isso tens de a conhecer. Para isso tens de a compreender e aceitar. Tens de a intuir e procurar. Tens de perceber que ela és tu no estado mais puro, no estado mais original. Tens de sentir que ela és tu quando ainda eras um ser de luz e estavas conosco cá em cima a partilhar a imensidão dos céus.

Só nessa altura, quando compreenderes a grandiosidade da tua própria essência, só nessa altura, quando perceberes o quanto de energia sagrada e única ela tem, é que poderás compreender o verdadeiro ser de luz que tu és e o que foste fazer aí em baixo, à terra.

Fonte:
O Livro da Luz - Pergunte, O Céu Responde
de Alexandra Solnado

domingo, 30 de outubro de 2011

Calma = Com a Alma



"Deixa que as águas se acalmem 
e verás as estrelas 
e a lua 
espelharem-se no teu ser."

Rumi

A vida é uma jornada de amor




Sobre a cura não há nada a dizer, há tudo a curar.

Estás disposto a ficar em silêncio e deixar que a cura aconteça?

A cura implica entrega.

Estás disposto a confiar que no escuro do silêncio, no escuro daquilo que é totalmente desconhecido para ti, no escuro das questões para as quais podes não encontrar qualquer lógica ou entendimento, nesse silêncio, nesse vazio, estão as tuas respostas e a tua cura?

Estás disposto a escolher verdadeiramente o amor para que ele cure o que não é amor em ti?

Sinto que queres muito, que queres pelo medo que sentes... mas que ainda não escolheste verdadeiramente entregar-te e confiar.

Enquanto não o fazes, todas as possíveis soluções serão pensos rápidos que colocas sobre a ferida.

Estar disposto a entregar-te é retirar este penso e confiar no amor que penetrará nela assim que o deixares entrar.

Confiar que pode doer, que a ferida pode ter que ser aberta mais um pouco, que pode acontecer terem que ser retirados resíduos que a mantêm permanentemente viva, que pode ser que arda... mas que o propósito está lá, criado para ti, real em ti, à espera que o recebas.

Não vou alimentar o diálogo interno que manténs contigo próprio, que compreendo, do fundo do coração. É o diálogo que todos temos em diferentes circunstâncias quando o medo bate à porta.

Mas o que em ti é cura e é amor tem um diálogo completamente distinto deste.

E é com essa vibração que temos que nos sintonizar.

Sintonizar, apenas isso.

Sei que parece simples de mais.

E é.

Como tudo o que é verdadeiro, é simples: o nosso coração conhece bem esta verdade.

A vida é bem mais do que uma jornada psicológica, lembra-te.

A vida é uma jornada de amor, nas condições de sempre: sem condições, sem restrições, em respeito absoluto pela tua escolha.


Por Sofia Guerra

sábado, 29 de outubro de 2011

Intimidade



Algumas pessoas se destacam para nós. Não há argumento capaz de nos fazer entender exatamente como isso acontece. Porquê dançam conosco com mais leveza nessa coreografia bela, e tantas vezes atrapalhada, dos encontros humanos. Muitas vezes tentamos explicar, em vão, a medida do nosso bem-querer. A doçura de que é feito o olhar que lhes dirigimos. O sentimento que nos move para ajudá-las a despertar um único sorriso.

Não importa quando as encontramos no nosso caminho. Parece que estão na nossa vida desde sempre e que mesmo depois dela permanecerão conosco. É tão rico compartilhar a jornada com elas que nos surpreende lembrar de que houve um tempo em que ainda não sabíamos que existiam. É até possível que tenhamos sentido saudade mesmo antes de conhecê-las. O que sentimos vibra além dos papéis, das afinidades, da roupa de gente que usam. Transcende a forma. Remete à essência. Toca o que a gente não vê. O que não passa. O que é. Por elas nos sentimos capazes das belezas mais inéditas. Se estão felizes, é como se a festa fosse nossa. Se estão em perigo, o aperto é nosso também. Com elas, o coração da gente descansa. Nós nos sentimos em casa, descalços, vestidos de nós mesmos. O afeto flui com facilidade rara. Somos aceitos, amados, bem-vindos, quando o tempo é de sol e quando o tempo é de chuva. Na expressão das nossas virtudes e na revelação das nossas limitações. Com elas, experimentamos mais nitidamente a dádiva da troca nesse longo caminho de aprendizado do amor.

Por Ana Jácomo

Fonte:

Viver... como as flores...


Era uma vez um jovem que caminhava ao lado do seu mestre.

Ele perguntou:- Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes, outras mentirosas... sofro com as que caluniam...

- Pois viva como as flores! - advertiu o mestre.

- Como é viver como as flores? - perguntou o discípulo.

- Repare nestas flores - continuou o mestre - apontando lírios que cresciam no jardim. Elas nascem no esterco, entretanto são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas...

É justo angustiar-se com as próprias questões, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros nos importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento. Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora... Não se deixe contaminar por tudo aquilo que o rodeia... Experimente apenas refletir a condição no estado de consciência.

Assim, você estará vivendo como as flores!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A Pequena Alma



"Era uma vez, em tempo nenhum, uma Pequena Alma que disse a Deus: - Eu sei quem sou!

E Deus disse: - Que bom! Quem és tu?

E a Pequena Alma gritou: - Eu sou Luz!

E Deus sorriu: - É isso mesmo! Tu és Luz!

A Pequena Alma ficou muito contente, porque tinha descoberto aquilo que todas as almas deveriam descobrir: - Uau, isto é mesmo bom! - disse a Pequena Alma.

Mas, passado pouco tempo, saber quem era já não lhe bastava. A Pequena Alma sentia-se agitada por dentro, e agora queria ser quem era. 


Então foi ter uma conversa com Deus e disse: - Olá Deus! Agora que sei Quem Sou, posso ser Quem Sou?

E Deus disse: - Quer dizer que quer ser Quem já És?

- Bem, uma coisa é saber Quem Sou, e outra coisa é ser Quem Sou. Quero sentir como é ser a Luz! - respondeu a pequena Alma.

- Mas tu já és Luz - repetiu Deus, sorrindo outra vez.

- Sim, mas quero sentir! - gritou a Pequena Alma.

- Bem, acho que já era de esperar. Tu sempre foste aventureira - disse Deus com uma risada. Depois a sua expressão mudou: - Há só uma coisa...

- O quê? - perguntou a Pequena Alma.

- Bem, não existe nada além da Luz. Porque eu não criei nada além daquilo que tu és; por isso, não vai ser fácil que você experimente Quem És.

- Poxa!? - disse a Pequena Alma, que já estava um pouco confusa.

- Tu és como uma vela ao Sol. Estás lá, sem dúvida. Tu e mais milhões, ziliões de outras velas que constituem o Sol. E o Sol não seria o Sol sem voces. Não seria um sol sem uma das suas velas. A questão é: como podes conhecer-te como a Luz, quando estás no meio da Luz?

- Bem, tu és Deus. Pensa em alguma coisa! - disse a Pequena Alma, mais animada.

Deus sorriu novamente: - Já pensei. Já que não podes ver-te como a Luz quando estás na Luz, vamos rodear-te de escuridão - disse Deus.

- O que é a escuridão? perguntou a Pequena Alma.

- É aquilo que tu não és - replicou Deus.

- Eu vou ter medo do escuro? - choramingou a Pequena Alma.

- Só se o escolheres. Na verdade não há nada de que devas ter medo, a não ser que assim o decidas. Porque estamos a inventar tudo. Estamos a fingir.

- Ah! - disse a Pequena Alma, sentindo-se logo melhor.

- É uma grande dádiva, porque sem ela não poderíamos saber como nada é – disse Deus. Não poderíamos conhecer o Quente sem o Frio, o Alto sem o Baixo, o Rápido sem o Lento. Não poderíamos conhecer a Esquerda sem a Direita, o Aqui sem o Ali, o Agora sem o Depois. E por isso, - continuou Deus - quando estiveres rodeada de escuridão, não levantes o punho nem a voz para amaldiçoar a escuridão. Sê, antes, uma Luz na escuridão, e não fiques furiosa com ela. Então saberás Quem Realmente És, e os outros também o saberão. Deixa que a tua Luz brilhe tanto que todos saibam como és especial!

- Então posso deixar que os outros vejam que sou especial? - perguntou a Pequena Alma.

- Claro! - Deus riu-se. Claro que podes! Mas lembra-te de que “especial” não quer dizer “melhor”! Todos são especiais, cada qual à sua maneira! Só que muitos se esqueceram disso. Esses apenas vão ver que podem ser especiais quando tu vires que podes ser especial!

- Oba! - disse a Pequena Alma, dançando e saltando e rindo e pulando. - Posso ser tão especial quanto quiser!

- Sim, e podes começar agora mesmo - disse Deus, também dançando e saltando e rindo e pulando juntamente com a Pequena Alma. 


- Que parte de especial é que queres ser?

- Que parte de especial? - repetiu a Pequena Alma. Não entendi…

- Bem, - explicou Deus - ser a Luz é ser especial, e ser especial tem muitas partes: É especial ser bondoso. É especial ser delicado. É especial ser criativo. É especial ser paciente. Conheces alguma outra maneira de ser especial?

A Pequena Alma ficou em silêncio por um momento.

- Conheço imensas maneiras de ser especial! - exclamou a Pequena Alma. - É especial ser prestativo. É especial ser generoso. É especial ser simpático. É especial ser atencioso e amoroso com os outros.

- Sim! - concordou Deus. E tu podes ser todas essas coisas.

- Eu sei o que quero ser, eu sei o que quero ser! - proclamou a Pequena Alma com grande entusiasmo. Quero ser a parte de especial chamada “perdão”. Não é ser especial alguém que perdoa?

- Ah, sim, isso é muito especial - assegurou Deus à Pequena Alma.

- Está bem. É isso que eu quero ser. Quero ser alguém que perdoa. Quero experimentar-me assim - disse a Pequena Alma.

- Bom, mas há uma coisa que devias saber — disse Deus.

A Pequena Alma já começava a ficar um bocadinho impaciente. Parecia haver sempre alguma complicação...

- O que é? - suspirou a Pequena Alma.

- Não há ninguém a quem perdoar.

- Ninguém? A Pequena Alma nem queria acreditar no que tinha ouvido.

- Ninguém! - repetiu Deus. Tudo o que Eu fiz é perfeito. Não há uma única alma em toda a Criação menos perfeita do que tu. Olha à tua volta!

Foi então que a Pequena Alma reparou na multidão que se tinha aproximado. Outras almas tinham vindo de todos os lados, porque tinham ouvido dizer que a Pequena Alma estava a ter uma conversa extraordinária com Deus, e todas queriam ouvir o que eles estavam a dizer. 


Olhando para todas as outras almas ali reunidas, a Pequena Alma teve de concordar: Nenhuma parecia menos maravilhosa, ou menos perfeita do que ela. Eram de tal forma maravilhosas, e a sua Luz brilhava tanto, que a Pequena Alma mal podia olhar para elas.

- Então, perdoar quem? – perguntou Deus.

- Eu queria experimentar-me como Aquela que Perdoa. - resmungou a Pequena Alma. E a Pequena Alma aprendeu o que é sentir-se triste.

Mas, nesse instante, uma Alma Amiga destacou-se da multidão e disse: - Não te preocupes, Pequena Alma, eu vou ajudar-te - disse a Alma Amiga.

Vais? - a Pequena Alma animou-se. Mas o que é que tu podes fazer?

- Ora, posso dar-te alguém a quem perdoares!

- Podes?

- Claro! - disse a Alma Amiga, alegremente. Posso entrar na tua próxima vida física e fazer qualquer coisa para tu perdoares.

- Mas porquê? Porque é que farias isso? - perguntou a Pequena Alma. Tu, que és um ser tão absolutamente perfeito! O que é que te levaria a ti, que danças sobre as estrelas, a entrar na minha vida e a tornares-te tão pesada a ponto de fazeres algo de mal?

- É simples - disse a Alma Amiga. Faço-o porque te quero muito bem.

A Pequena Alma pareceu surpreendida com a resposta.

- Não fiques tão espantada - disse a Alma Amiga. Tu fizeste o mesmo por mim. Não te lembras? Ah, nós já dançamos juntas, tu e eu, muitas vezes. Dançamos ao longo das eternidades e através de todas as épocas. Brincamos juntas através de todo o tempo e em muitos lugares. Só que tu não te lembras. Já fomos ambas o Todo. Fomos o Alto e o Baixo, a Esquerda e a Direita. Fomos o Aqui e o Ali, o Agora e o Depois. Fomos o Masculino e o Feminino, o Bom e o Mau. Fomos ambas a Vítima e o Vilão. Encontramo-nos muitas vezes, tu e eu; cada uma trazendo à outra a oportunidade exata e perfeita para Expressar e Experimentar Quem Realmente Somos. Eu vou entrar na tua próxima vida física e ser a “má”, desta vez. Vou fazer alguma coisa terrível, e então tu podes experimentar-te como Aquela Que Perdoa.

- Mas o que é que vais fazer que seja assim tão terrível? - perguntou a Pequena Alma, um pouco nervosa.

- Oh, havemos de pensar em alguma coisa - respondeu a Alma Amiga, piscando o olho.

Então a Alma Amiga pareceu ficar séria, e disse numa voz mais calma: - Mas tens razão acerca de uma coisa, sabes?

- Sobre o quê? - perguntou a Pequena Alma.

- Eu vou ter que fazer esta coisa não muito boa. Vou ter de fingir ser uma coisa muito diferente de mim. E por isso, só te peço um favor em troca.

- Oh, qualquer coisa, o que tu quiseres! - exclamou a Pequena Alma. E começou a dançar e a cantar: Eu vou poder perdoar, eu vou poder perdoar!

Então a Pequena Alma viu que a Alma Amiga estava muito quieta.

- O que é? - perguntou a Pequena Alma. O que é que eu posso fazer por ti? És um anjo por estares disposta a fazer isto por mim!

- Claro que esta Alma Amiga é um anjo! - interrompeu Deus, - são todas!

E então a Pequena Alma quis mais do que nunca satisfazer o pedido da Alma Amiga: - O que é que posso fazer por ti?

- No momento em que eu te atacar e atingir, - respondeu a Alma Amiga – no momento em que eu te fizer a pior coisa que possas imaginar, nesse preciso momento...

- Sim? - interrompeu a Pequena Alma. Sim?

A Alma Amiga ficou ainda mais quieta.

- Lembra-te de Quem Realmente Sou.

- Oh, não irei esquecer! - gritou a Pequena Alma. Prometo! Lembrar-me-ei sempre de ti tal como te vejo aqui e agora.

- Que bom - disse a Alma Amiga - porque, sabes, eu vou estar a fingir tanto, que eu própria vou esquecer Quem Sou. E se tu não te lembrares de mim tal como eu sou realmente, eu posso também não me lembrar durante muito tempo. E se eu me esquecer de Quem Sou, tu podes esquecer-te de Quem És, e ficaremos as duas perdidas. Então, vamos precisar que venha outra alma para nos lembrar às duas Quem Somos.

- Não vamos, não! - prometeu outra vez a Pequena Alma. Eu vou lembrar-me de ti! E vou agradecer-te por esta dádiva – a oportunidade que me dás de me experimentar como Quem Eu Sou.

E assim o acordo foi feito. E a Pequena Alma avançou para uma nova vida, entusiasmada por ser aquela parte especial a que se chama Perdão. E a Pequena Alma esperou ansiosamente pela oportunidade de se experimentar como Perdão, e por agradecer a qualquer outra alma que o tornasse possível."

Neale Donald Walsch

Mas... não te detenhas jamais!



"Tenha sempre presente que a pele se enruga, 
o cabelo embranquece, 
os dias se convertem em anos... 

Mas o que é importante não muda.

A tua convicção e força interior não têm idade.
Atrás de cada linha de chegada, há uma de partida.
Atrás de cada conquista, há um novo desafio.
Enquanto estiveres vivo, sinta-te vivo.

Se sentes saudades do que fazias, volta a fazê-lo.
Não vivas de fotografias amareladas.
Continua, quando todos esperam que desistas.
Não deixes que enferruje o ferro que existe em ti.

Quando não conseguires correr atrás dos anos, marche.
Quando não conseguires marchar, caminhe.
Quando não conseguires caminhar, use uma bengala.
Mas não te detenhas...
Jamais!"

Madre Teresa 

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Pense nisso: Não tens nada...


Tu não tens nada. Nada na matéria é teu. Absolutamente nada. Tu não tens pai, nem tens mãe. Eles não são mais do que almas companheiras de jornada, que desceram contigo para partilhar. Não para possuir.

Tu não tens filhos, tu não tens família, nem amigos. Todos são almas. Almas que se juntam na nuvem para juntos encarnarem com um mesmo propósito, numa mesma direção. Não são teus. Nunca serão. E nem tu és deles. Nunca. Nunca.

Pensa em quão libertador é não possuíres nada nem ninguém. Pensa o quão simples a vida se torna. Olhares para as coisas e pessoas como se fossem coisas e pessoas autônomas, livres da tua energia. Livres da mão pesada do teu apego.

Pensa assim: «Se eu não tenho nada e nada me pertence, então o que é isto tudo que está à minha volta? De quem são estas coisas? De quem são estas pessoas?»

Resposta: São da vida. 

Foi a vida que te as cedeu, nesta tua breve passagem pela terra. São um presente do céu, para usufruir, para aproveitar, para «curtir», para partilhar. E, mais do que tudo, para aprender a largar.

Lembra-te sempre do que eu disse um dia:
«Eu amo-te, independentemente de onde estiveres na vida física.»

E no dia em que compreenderes que nada é teu, e que tudo te é cedido pela vida, vais começar a sentir, finalmente, a gratidão.

Gratidão por tudo o que está à tua volta, gratidão pelos presentes que a vida te dá, gratidão por compreenderes que tudo isto tem uma lógica, gratidão pela consciência. 

E quando sentires uma gratidão tão forte que quase arrebenta o teu peito, sobe. Sobe cá para cima. A gratidão é a forma mais completa de se chegar a Mim.

Fonte:
O Livro da Luz
Pergunte e O Céu Responde
de Alexandra Solnado

O que realmente importa?


As mensagens do início da Primavera estavam por toda parte 
e cada dia que passa agora 
a consciência de uma nova vida se intensifica. 
Eu entendi a chamada do galo silvestre 
como metáfora de um futuro mais brilhante. 
Ressaltando esta vida vamos encontrar um caminho. 

"Para cada um de nós, 
seguramente, 
estejamos preparados ou não, 
algum dia chegará o fim. 
Não haverá mais auroras, 
minutos, 
horas nem dias. 

Todas as coisas que voce juntou, 
quer entesouradas ou esquecidas, 
serão passadas para outra pessoa. 
Sua riqueza, fama e poder temporal 
vão encolher até a irrelevância. 
Não importa o que voce possuiu ou devia. 
Seus rancores, ressentimentos, frustrações 
e invejas finalmente desaparecerão. 
Assim também, 
as suas esperanças, ambições, planos e agenda irá expirar. 
As vitórias e derrotas, 
que uma vez que parece tão importantes irão desaparecer. 

Não importa de onde voce veio, 
nem de que lado da trilha voce viveu no final. 
Não importa se voce é bonito ou brilhante. 
Mesmo o seu gênero ou cor da pele será irrelevante. 
Então, o que vai importar? 
Como será medido o valor de seus dias? 
O que importa não é o que voce comprou, 
mas o que voce construiu. 
Não é o que voce conquistou, 
mas o que voce deu. 
O que importa não é o seu sucesso, 
mas o seu significado. 
O que importa não é o que voce aprendeu, 
mas o que ensinou. 
O que importa é cada ato de compaixão, 
de integridade, coragem ou sacrifício, 
que enriqueceram, 
fortaleceram e incentivaram outras pessoas 
a imitar o seu exemplo. 
O que importa não é sua competência, 
mas seu caráter. 
O que importa não é quantas pessoas voce conheceu, 
mas quantas sentirão uma perda duradoura 
quando voce tiver ido. 
O que importa não são as suas memórias, 
mas as lembranças que vivem naqueles que te amaram. 
O que importa é quanto tempo voce será lembrado, 
por quem e pelo quê. 
Uma vida vivida que importa não é de circunstância, 
mas de escolha."

Steve Kroschel

"For each of us eventually, we are ready or not, someday it will come to an end. There will be no more sun rises, no minutes, hours or days. All the things you collected weather treasured or forgotten will pass to someone else. Your wealth, fame and temporal power will shrivel to irrelevance. It will not matter what you owned or owed. Your resentments, frustrations and jalousies will finally disappear. So too your hopes, ambitions, plans and to do list will expire. The wins and losses that once seem so important will fade away. It wont matter where you came from or on what side of the track you lived at the end. It wont matter if you are beautiful or brilliant, even your gender and skin colour will be irrelevant. So what will matter? How will the value of your days be measured? What will matter is not what you bought, but what you built. Not what you got, but what you gave. What will matter is not your success, but your significance. What will matter is not what you learned, but what you taught. What will matter is every act of integrity, compassion, courage or sacrifice that enriched, empowered or encouraged others to emulate your example. What will matter is not your competence, but your character. What will matter is not how many people you knew, but how many will feel a lasting loss when you are gone. What will matter is not your memories, but the memories that live in those who loved you. What will matter is how long you will be remembered, by whom, and for what. A life lived that matters is not of circumstance, but of choice."


Steve Kroschel

Filme/Documentário sobre a Terapia Gerson do Dr. Max Gerson

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Lembrete dos anjos


Praticamente todas as filosofias espirituais consideram o apego, sinônimo de sofrimento. Quando nos apegamos a alguma coisa ou a alguém, inevitavelmente acabamos sofrendo, porque, mais cedo ou mais tarde, teremos que deixar para trás todos os nossos bens terrenos. Afinal de contas, eles apenas nos foram emprestados.

As pessoas nos abandonam, quer pela morte, quer pelo afastamento. Os bens materiais se desgastam, se perdem, são roubados, destruídos, ou deixados para trás quando morremos. Enquanto nos agarrarmos às coisas e aos relacionamentos, estaremos correndo o risco de nos tornarmos prisioneiros da ilusão ou da preocupação. Ou acreditamos erroneamente que eles são nossos para sempre, ou vivemos na sombra do medo de que os perderemos.

O oposto do apego, portanto, não é apenas o desapego, mas também a liberdade. Quando somos capazes de apreciar as dádivas que nos foram emprestadas aqui na Terra, e também, de nos desligarmos delas no momento devido, experimentamos a liberdade de espírito que nos permite reconhecer e receber a próxima dádiva que nos está reservada.

Algo só é removido da nossa vida para abrir espaço para algo melhor.

Existe alguma coisa – objeto ou relacionamento – na sua vida, sem a qual você acha que não pode viver? Experimente desligar-se das coisas que lhe são mais caras. Imagine que elas deixaram sua vida. O que poderia vir a substituí-las?

Reflexão Angelical: Do mesmo modo como sou grato ao verão da realização, também sou agradecido ao inverno do renascimento.

Lembrete dos Anjos: Quando somos por demais apegados às coisas terrenas, não somos livres para voar com os anjos.

Fonte:
Livro A Sabedoria dos Anjos
Terry Lynn Taylor

Buscando a face de Deus...



"Buscando a face de Deus em todas as coisas, 
em todas as pessoas, 
em todos os lugares, 
durante todo o tempo, 
e vendo a Sua mão em cada acontecimento 
- isso é contemplação no coração do mundo"

Madre Tereza 

Cura do Câncer através do Chi em menos de 3 minutos / Gregg Braden


Palavras pronunciadas em 2 minutos e 40 segundos: Já aconteceu! Já está feito!

Produtos de Limpeza Ecológicos / Produtos Naturais


Para minimizar o impacto que causamos ao nosso lindo Planeta Terra, que tal fazer produtos de limpeza ecológicos? Assim contribuímos para a saúde da Terra e também é uma boa economia.


SABÃO LÍQUIDO PARA LOUÇA

2 litros de água
1 sabão caseiro ralado
1 colher de óleo de rícino
1 colher de açúcar
Ferva todos os ingredientes até dissolver e engarrafe.

DETERGENTE ECOLÓGICO

1 pedaço de sabão de coco neutro
2 limões
4 colheres de sopa de amoníaco (que é biodegradável)
Derreta o sabão de coco, picado ou ralado, em um litro de água. Depois, acrescente cinco litros de água fria. Em seguida, esprema os limões. Por último, despeje o amoníaco e misture bem. Guarde o produto resultante em garrafas e utilize-o no lugar dos similares comerciais. Você obterá seis litros de um detergente que limpa, não polui e tem valor econômico muito menor que o similar industrializado.

DETERGENTE ECOLÓGICO MULTIUSO

Água
Vinagre
Amônia líquida (amoníaco)
Bicarbonato de sódio e ácido bórico
Em um litro de água morna (cerca de 45º C), coloque uma colher de sopa de vinagre, uma colher de sopa de amoníaco, uma colher de sopa de bicarbonato de sódio e uma colher de sopa de bórax ou ácido bórico. Utilize em qualquer tipo de limpeza, em substituição aos multiusos convencionais. Como qualquer produto de limpeza convencional, mantenha os detergentes ecológicos fora do alcance decrianças e animais domésticos.

DESINFETANTE PARA BANHEIRO

1 litro de álcool (de preferência 70º)
4 litros de água
1 sabão caseiro
Folhas de eucalipto
Deixe as folhas de eucalipto de molho no álcool por 2 dias. Ferva 1 litro de água com o sabão ralado, até dissolver. Junte a água e a essência de eucalipto. Engarrafe.

AMACIANTE DE ROUPAS

5 litros de água
4 colheres de glicerina
1 sabonete ralado
2 colheres de sopa de leite de rosas
Ferva 1 litro de água com o sabonete ralado até dissolver. Acrescente mais 4 litros de água fria, as 4 colheres de glicerina e as 2 colheres de leite de rosas. Mexa bem até misturar e depois engarrafe.

PARA LIMPAR JANELAS E ESPELHOS

Para limpeza de rotina, use 3 colheres de vinagre diluídas em 11 litros de água quente. Se o vidro estiver muito sujo, primeiro limpe-o com água e sabão. Para secar superfícies, utilize tecido de algodão reutilizado ou jornais velhos.

PARA LIMPAR E DESODORIZAR CARPETES E TAPETES

Misture duas partes de fubá com uma parte de bórax. Pulverize generosamente, deixe descansar por uma hora e aspire. Uma desodorização rápida pode ser obtida pulverizando-se o carpete com bicarbonato e aspirando logo a seguir.

PARA AMACIAR AS ROUPAS

Adicione ½ copo de vinagre ou ¼ de copo de bicarbonato durante o enxágüe.

PARA LIMPAR O BANHEIRO

Para limpeza geral de banheiros, use escova com bicarbonato de sódio e água quente. Para pias, despeje vinagre e deixe descansar durante a noite, enxaguando pela manhã. Para limpar bacias, aplique uma pasta de bórax e suco de limão. Deixe por algumas horas e dê descarga. Ou utilize uma solução forte de vinagre.

PARA LIMPAR VIDROS E TIRAR GORDURA

Use uma solução de vinagre ou limão diluídos em água.

PARA LIMPAR O FORNO

Basta uma solução de água quente com bicarbonato de sódio, que deve ser passada com um pano fino.

PARA LIMPAR PANELAS QUEIMADAS

Cubra a área com uma fina camada de bicarbonato de sódio e água e deixe descansar por algumas horas antes de lavar.

LIMPADOR PARA JANELAS

Misture ½ xícara de álcool, 2 xícaras de água e uma colher de sopa de amoníaco. Coloque luvas e aplique a solução com um pedaço de pano.

LIMPADOR PARA JANELAS E ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO

Para manter janelas e esquadrias de alumínio sempre brilhando como novas, é só limpá-las uma vez por mês com uma mistura de óleo de cozinha e álcool, em partes iguais. Em seguida é só passar um pano macio ou flanela.

LIMPADOR PARA PISOS DE CERÂMICA

Misture no balde de limpeza aproximadamente 3,5 litros de água com ¾ de xícara de vinagre branco e ½ xícara de amoníaco. Lave o piso como de costume.

NAFTALINA

A naftalina afeta o fígado e os rins. No lugar dela use sachês com flores de lavanda.

DESODORANTE DE AMBIENTE

Pode ser substituído por uma solução de ervas com vinagre ou suco de limão. Além de gastar menos dinheiro, você evita produtos responsáveis pelo aumento de doenças respiratórias e alergias.

Fonte: Ipema Brasil

Brasil / Instrumentos Incríveis / Grupo Uakti

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Cristo, Áriman e Lúcifer em relação ao Ser Humano (Antroposofia)


Palestra de Rudolf Steiner
7 de Maio de 1923

Bom dia a todos! Pensaram em algo que gostariam de discutir hoje?

Pergunta: Dr. Steiner, o senhor poderia, por favor, dizer algo entre a relação de Cristo, Ahrimam e Lúcifer e o ser humano?

Primeiro precisamos olhar para as coisas com um ângulo ligeiramente diferente, caso contrario vocês sentirão que o que eu tenho a dizer é superstição infundada. Vamos primeiro nos lembrar de coisas que já discutimos anteriormente.

Hoje em dia, vejam vocês, as pessoas pensam que a natureza do ser humano é simples e uniforme. Mas não é. Somos permeados por um processo continuo de vida florescente, e depois de fenecimento. Nós não simplesmente começamos a viver no nascimento e morremos no momento da morte, mas, como tenho dito frequentemente, estamos continuamente morrendo e depois revivendo novamente.

Se olharmos para a cabeça humana, por exemplo, podemos ver que a sua composição interna é toda substancia nervosa. “Filamentos” nervosos correm por toda parte do resto do corpo, mas no interior da própria cabeça é tudo nervo. Num desenho parecia algo assim (veja acima). Dentro, a cabeça e a parte anterior são nervo, uma espessa massa de nervos; uma parte dessa massa de nervos corre para baixo através da coluna espinal, e de lá irradia para todo o corpo. Estes filamentos que correm por toda a parte do corpo são concentrados na cabeça numa massa uniforme de nervos.

O interior do estomago do ser humano, por exemplo, tem inúmeros nervos. O plexo solar lá situado contém uma grande parte de substancia nervosa.

Mas isso também é verdade para os braços, mãos, pernas e pés, pelos quais passam muitos filamentos nervosos.

Se mudarmos nossa atenção dos nervos para os vasos sanguíneos, encontraremos que estes, na cabeça, são um tanto delicados e finos, enquanto na região do coração eles são particularmente bem envolvidos; e nos membros eles se tornam fortes e grossos. Assim, podemos ver que há dois sistemas distintos e separados, desenvolvidos de maneira diferente em diferentes partes do corpo: o sistema nervoso e o sistema de vasos sanguíneos.

O fato é, vocês vêem, que nós estamos continuamente sendo rejuvenescidos através do nosso sangue, todo dia, toda hora. O sangue nos renova constantemente. Se tivéssemos somente o sistema sanguíneo, cresceríamos sempre, cada vez maiores, mais vitais. Se por outro lado, tivéssemos somente o sistema nervoso, estaríamos continuamente nos exaurindo e morrendo. 

Estas duas tendências opostas estão continuamente em ação em nós, simultaneamente; o sistema nervoso que nos envelhece constantemente, que nos leva continuamente para a morte e o sistema de vasos sanguíneos, ligado aos processos de nutrição, que constantemente nos rejuvenesce.

Podemos continuar com este tema: na velhice, vocês sabem, muitas pessoas se tornam esclerosadas ou, podemos dizer, “calcificadas”, ou endurecidas.

Pessoas que sofrem de um endurecimento nas artérias têm dificuldades em se movimentar adequadamente. Quando esta esclerose arterial se torna muito pronunciada, as pessoas podem se debilitar através de um derrame.

Mas o que este processo de endurecimento, de esclerose, nos diz? É realmente como se os vasos sanguíneos dessas pessoas estivessem tentando se tornar nervos. Os nervos têm que morrer continuamente durante toda a nossa vida; eles tem que participar de um processo que seria muito errado pra nossos vasos sangüíneos. Os vasos sanguíneos deveriam se manter vitais e vigorosos, enquanto as funções nervosas requerem um processo continuo de morte. Uma pessoa cujo nervos são muito moles, não suficientemente “endurecidos”, pode se tornar insano (louco). 

Em outras palavras, os nervos e vasos sanguíneos devem ser muito diferentes um do outro para funcionarem adequadamente.

Portanto, não podemos deixar de reconhecer o fato de que há dois princípios simultaneamente em ação em nós, que se opõe mutuamente. Nosso sistema nervoso nos faz envelhecer continuamente durante o dia. Durante a noite o frescor da vida é restaurado através do sangue. É como o balanço de um pêndulo: envelhecer, rejuvenescer novamente, envelhecer, rejuvenescer novamente. Mas cada dia que passa permite que um pouco mais de “idade” advenha, apesar do bom trabalho da noite, até que tenha resultado “idade” suficiente e nós finalmente morremos como um todo.

Estes dois princípios opostos do ser humano e o equilíbrio entre eles, tem amplas consequências para o homem. Se as forças de juventude e vitalidade são muito exageradas, as pessoas podem desenvolver pleurisia ou pneumonia. Coisas que são boas e adequadas em sua esfera correta se tornam tendências patológicas se estiverem fora de proporção. A doença sempre aparece quando aspectos que tem seu ligar correto e adequado escapam do controle e se imprimem muito distante do estado de equilíbrio. A febre aparece quando os processos de rejuvenescimento se tornam muito fortes: todo o nosso corpo começa a ser muito vigoroso e vital.

O desequilíbrio entre polaridades também afeta nossa vida emocional e mental. Assim como o corpo não pode se tornar nem muito febril, nem muito esclerosado, assim também as nossas almas. As pessoas têm uma certa tendência sobre a qual não gostam muito de ouvir fala, uma vez que ela é muito difundida hoje em dia, de se tornarem rígidas e pedantes. Um professor, por exemplo, pode facilmente se tornar ressecado e pedante, embora ele na realidade precise ser flexível e entusiasmado. Este é um fenômeno da vida da alma semelhante ao endurecimento físico das artérias. Mas podemos também nos tornarmos compassivos na alma, em tal caso nos tornamos sonhadores, “cabeça nas nuvens”. Podemos então nos tornarmos místicos ou teósofos, na medida em que evitamos pensar corretamente, de forma a permitir que nossa imaginação nos leve a outros mundos sem termos que afiar o nosso pensar. Nos tornamos místicos ou teósofos é o mesmo que ter a temperatura em alta.

Precisamos de ambas as tendências. Não podemos entender ou penetrar em nada sem a força da imaginação; e não podemos levar qualquer ordem às nossas vidas sem um tanto de pedantismo, sem mantermos algum tipo de anotações e controle das coisas. O que é necessário é o equilíbrio, a proporção correta.

Nosso espírito também é capturado por essas duas tendências. Imaginem o que acontece quando acordamos do sono, de fato, uma mudança abrupta.

Estamos deitados, bastante inconscientes sobre o nosso ambiente – alguém pode ate nos fazer cócegas sem que acordemos. Então subitamente acordamos e vemos, ouvimos tudo. Esta é de fato uma mudança enorme em nossa condição e precisamos do poder, da força que nos permite acordar.

Mas esta pode se tornar muito forte se, por exemplo, não conseguimos adormecer, se somos atormentados pela insônia.

Há também pessoas que de fato, nunca acordam corretamente. Passam suas vidas numa espécie de estado de sonho crepuscular e sempre prefeririam estar dormindo. É claro que precisamos da capacidade para adormecer – mas não a tal ponto que não possamos acordar corretamente.

Vamos então resumir: podemos distinguir certas tendências polares no ser humano em três níveis diferentes. De um lado esta o sistema nervoso que continuamente tende ao endurecimento e a calcificação. Todos vocês – com a exceção do rapazinho sentado ali – são suficientemente velhos para que seus sistemas nervosos estejam um pouco calcificados. Se seus nervos fossem ainda moles como quando vocês tinham seis meses de idade, vocês todos seriam loucos (insensatos). As pessoas loucas têm um sistema nervoso muito mole, infantil. Precisamos dessa tendência em direção ao endurecimento e a calcificação. Por outro lado, também precisamos em sua esfera correta, da tendência ao rejuvenescimento e ao amolecimento.

Corpo            endurecimento amolecimento
Calcificação  rejuvenescimento

Na nossa vida emocional, no âmbito da alma, podemos dizer que o endurecimento corresponde ao pedantismo, ao filistinismo, ao materialismo, á razão árida. Disto também precisamos na dose certa! Se não tivéssemos nada destas qualidades, seriamos “avoados” – em relação a tudo. Se não tivéssemos nem um sinal de pedantismo, não colocaríamos nossa roupa na gaveta certa; nos as colocaríamos no forno ou as penduraríamos na chaminé! Precisamos da imaginação, mas não a ponto de erguemos fora da terra: e precisamos de um pouco de pedantismo, mas não ao ponto de nos tornarmos rígidos e fossilizados.

Uma vez conheci alguém que odiava a imaginação e o imaginário, a tal ponto que esta pessoa nunca ia ao teatro, muito menos a opera, pois dizia que era tudo irreal. Ela não tinha nem um lampejo de imaginação. Então, vocês podem ver que sem esta, podemos nos tornar um tipo de espécime muito ressecado, alguém que se esquiva da vida, ao contrario de uma pessoa verdadeiramente “cheia de sangue”.

Alma              pedantismo fantasia
Filistinismo     sonhador
Materialismo misticismo
Razão Árida  teosofia

Em relação ao nosso espírito, podemos reconhecer a tendência em relação ao endurecimento no processo de acordar. Quando acordamos, nos apossamos firmemente do corpo, começamos a usar nossos membros. A tendência oposta, em relação ao amolecimento, se expressa quando adormecemos, quando mergulhamos nos sonhos. Então abandonamos o corpo.

Espírito: acordar adormecer

Vocês podem ver então, que estamos constantemente correndo o risco de oscilar muito fortemente entre uma ou outra destas direções. Um imã, como vocês sabem, atraem o ferro; mas há dois aspectos neste processo, o magnetismo positivo e o negativo. Um atrai, o outro repulsa. No campo do fenômeno físicos, nos não ficamos nem um pouco embaraçados em chamar uma espada de espada, em nomear o que observamos. Eu descrevi agora as mesmas tendências polares em três âmbitos diferentes: o físico, o anímico e o espiritual. Vocês podem entender e reconhecer o que estou dizendo e observa-lás por si mesmos. Mas para fazer isto, é necessário chamar as coisas por seus nomes. Quando observamos o magnetismo positivo, nos precisamos ser claros quanto ao fato que não é o próprio ferro que traz este efeito, mais algo que esta agindo de modo invisível dentro do ferro.

Alguém que se recusa a contemplar tal idéia não consegue enxergar muito alem do próprio nariz. É como se dizer que a atração magnética no ferro é uma bobagem. “O que é esta bobagem sobre o magnetismo?” – ele dirá “ É só ferro, nada mais nem menos que isto – eu faço a ferradura do meu cavalo com isso, é tudo o que há pra se dizer”. Esta é, sem duvida, uma visão um tanto pedante ou imbecil das coisas, pois a ferradura pode ter outros aspectos alem da sua função aparente.

Da mesma forma, o processo de endurecimento e calcificação contem um aspecto essencial invisível, supra-sensível que é possível observar se desenvolvemos a capacidade para isso. Este aspecto é chamado “ arimânico”. As forças arimânicas são aquelas que continuamente buscam nos transformar em uma espécie de cadáver ressecado. Se somente as forças arimânicas agissem, nos seriamos calcificados, enrugados e fossilizados.

Estaríamos continuamente bem acordados e seriamos incapazes de adormecer.

As forças contrárias de rejuvenescimento e amolecimento, de imaginação e de fantasia, são as forças luciféricas. Nos precisamos dela para não nos tornarmos cadáveres. Mas se somente as forças luciféricas existissem permaneceríamos crianças toda a vida. Precisamos de ambas as tendências – sem as luciféricas seriamos velhos e anciãos aos três anos de idade; sem as arimânicas, seriamos eternas crianças.

Arimânicas Luciféricas
Corpo: endurecimento amolecimento
Calcificação rejuvenescimento
Alma: pedantismo fantasia
Filistinismo sonho
Materialismo misticismo
Razão seca teosofia
Espírito: estar acordado estar dormindo

Estas duas tendências precisam ser equilibradas e harmonizadas. Como isso pode se dar? Nenhuma das tendências deveria ganhar a supremacia.

Estamos agora no ano 1923; e desde o ponto crucial do tempo, quando nossa contagem DC começou, até este momento presente, a humanidade foi exposta ao perigo das forças arimânicas desequilibradas. A educação hoje em dia, com exceção onde a ciência espiritual está ativa, tem uma tendência decididamente arimânica. Quando nossas crianças vão á escola elas tem que aprender coisas que de fato parecem muito distantes, até cômicas para elas, coisas em relação ás quais elas não podem ter nenhum interesse real. Elas sabem, por exemplo, como são seus pais, e como são seus cabelos, olhos, narizes, etc. E então elas vão á escola e tem que aprende que esses sinais estranhos: P – A – l supostamente representam o pai que elas conhecem. O mesmo é verdade para tudo o que as crianças devem aprender na escola. Tudo é muito estranho para elas.

Esta é uma boa razão para formarmos escolas nas quais as crianças podem aprender coisas com as quais possam se relacionar, pelas quais elas tenham interesse. Se a educação continuar em seus passos atuais, as pessoas logo começarão a se tornar velhos prematuramente, a perder toda a flexibilidade, porque esta form,a de educação é arimãnica. Nos últimos 900 anos toda a nossa tendência evolutiva foi na direção arimãnica. Antes era diferente.

Se olharmos para trás, para 8000 anos AC até o tempo da vinda do Cristo, as pessoas estavam expostas ao perigo oposto, o de serem incapazes de envelhecer. Naqueles dias antigos, as escolas como nós as conhecemos, não existiam. As únicas escolas eram para aqueles que haviam atingido uma idade respeitável e que deviam se tornar estudiosos. Não havia escolas para crianças naqueles tempos, pois elas aprendiam o que precisavam da própria vida. Ninguém tentava ensinar ás crianças coisas estranha ás suas naturezas. Havia portanto o perigo oposto; das pessoas se tornarem muito luciféricas, com a cabeça nas nuvens, sonhadoras. Na verdade aqueles eram os tempos de grande sabedoria, mas havia a necessidade de que essa tendência luciférica fosse represada, refreada, caso contrário, as pessoas contariam umas as outras coisas sem sentido ou estórias de fantasmas o dia todo.

Em outras palavras: de 8000 AC até o tempo da vida de Cristo, foi uma época luciférica. De lá em diante, até nossos dias, tem sido a época arimãnica.

Vamos olhar um pouco para a época anterior, luciférica. Os estudiosos viviam em estruturas do tipo de torres. A torre de Babel mencionada na Bíblia era justamente uma dessas “torres de marfim”. Os estudiosos viviam e estudavam lá. Eles sabiam das suas forças luciféricas de imaginação e fantasia, até mesmo do fato que suas observações dos fenômenos externos podiam contrabalançar estas forças. Eles observavam os movimentos das estrelas, por exemplo, e reconheciam que estes estavam de acordo com as leis que não estavam sujeitas aos desejos ou á imaginação. Eles sabiam que se por exemplo, eles imaginassem um pedacinho de madeira sendo aceso e queimando até formar uma incandescência enorme, isto não aconteceria á partir de resultados reais, que de fato um pedacinho de madeira só produziria um fogo muito pequeno. O objetivo destes artigos estudiosos era de fato representar e reprimir nas pessoas as forças sobrepujantes da fantasia e da imaginação. E assim eles forneciam sua sabedoria e ensinamentos - embora muito do que ensinassem fosse justamente para diminuir a capacidade de fantasia luciférica das pessoas, e nem sempre relatavam a verdade. Havia um bom tanto de refugo misturado ao ouro e de fato é esse refugo que, na sua maior parte, sobreviveu daqueles ensinamentos antigos.

E se voltamos á época em que estamos agora, a época arimãnica, podemos ver que nossa ciência moderna tem se voltado de maneira crescente em direção ao arimãnico e atomístico. Esta ciência se tornou algo que nos torna relativamente secos e áridos, pois ela só leva em conta o mundo físico, material, calcificado.

Entre esses dois pólos está a terceira qualidade mediadora, que nós chamamos o verdadeiro Crístico. Meus queridos amigos, o verdadeiro Cristianismo é algo muito pouco conhecido no mundo. A cristandade mundial que conhecemos é algo bem diferente, á qual devemos de fato nos opor.

O ser sobre o qual lhes falei da última vez (2), que nasceu no ponto de virada dos tempos e que viveu 33 anos, não é como as pessoas o descrevem.

Ele queria dar á toda a humanidade ensinamentos que permitiriam as pessoas equilibrar as tendências luciféricas e arimãnicas opostas. O verdadeiro sentido do Cristianismo reside na busca por este equilíbrio. O que as pessoas hoje em dia pensam como sendo Cristão não é, de fato, o que foi pretendido.

O que por exemplo, significa o Cristianismo no âmbito físico, na esfera da doença e da saúde? Significa ganhar um conhecimento real do ser humano, de tal forma que se uma pessoa sofre de pleurisia, podemos ver que ela esta muito sujeita ás influências luciféricas. Uma vez que eu sei disto, posso começar a tentar equilibrar ao: pratos da balança.

No caso da pleurisia, o arimãnico é muito fraco, de tal forma que preciso acrescentar um “ingrediente arimãnico” á situação, para promover o equilíbrio.

Uma coisa que posso fazer é o seguinte: pego um pedaço de madeira da pereira, uma planta que tem um crescimento intenso, vigoroso na primavera. A madeira que fica próximo a casca é melhor, pois ela contém as forças de crescimento mais poderosas. Agora eu mato essas forças queimando a madeira até se transformar em carvão, e assim “arimanizando” as forças rejuvenescedoras da pereira. Depois eu môo este carvão até se tornar pó e o administro á pessoa que sofre de pleurisia pelo excesso de forças luciféricas. Então eu agreguei um ingrediente arimãnico áuma condição excessivamente luciférica e criei novamente o equilíbrio. Eu mineralizei e assim também arimanizei a madeira da pereira transformando-a em carvão.

Podemos ao contrário, ter uma pessoa que adquiriu uma expressão cansada, pálida, de tal forma que imaginemos que ela poderá em breve sofrer um derrame. Os pratos da balança, nesse caso, estão pendendo em direção ao arimãnico, precisamos reencontrar o equilíbrio administrando-lhe algo de uma qualidade luciférica. 

Como fazer isso?

Observamos uma planta: a raiz é dura e contêm minerais e sais – em nada luciférico. O caule e as folhas também não são luciféricos, mas se continuarmos para cima, encontrarei um botão de cheiro doce. Ele está enviando substância dele mesmo param o cosmos – caso contrário eu não poderia sentir o perfume. Assim, deste botão eu extraio o suco, que tem uma qualidade luciférica. Este é administrado de maneira correta, de tal forma que o equilíbrio é restabelecido: eu curo o paciente ao contrapor a preponderância da tendência arimãnica.

Como, ao contrário, a medicina moderna atua? Ela experimenta. Um químico descobre, por exemplo, o acetifenidina – não precisamos saber exatamente o que é isto, é uma substância complicada. Ela então é levada a um hospital, onde é experimentada talvez em 30 pacientes, aproximadamente. Suas reações, temperatura, etc., são anotadas e se houver algum resultado a substância é usada como medicamento.

Mas as pessoas não têm idéia do que realmente está acontecendo dentro do corpo humano. Não há uma compreensão do processo interno em andamento. A única maneira correta de prosseguir é se as pessoas perceberem que a pleurisia, por exemplo, indica uma tendência luciférica muito pronunciada, que precisa ser equilibrada pela arimãnica; ou se um derrame indica a preponderância da arimãnica, ela deve ser equilibrada pela luciférica.

Este tipo de abordagem é o que a humanidade precisa, pois ela não está, no momento, suficientemente cristianizada neste aspecto. O Crístico é o equilíbrio, é a busca para estabelecer o equilíbrio e a harmonia. Isto se aplica também para a medicina e a cura, num nível bem físico, bem prático.

Isto é o que eu quis também expressar na figura de madeira do Cristo (3) esculpida para o prédio do Goetheanum. Acima se vê Lúcifer, o luciférico, representando tudo que tem a ver com a febre, a imaginação, o adormecer, etc; abaixo se encontram todas as tendências ao endurecimento, ao arimãnico. Entre estas duas está o Cristo.

Contemplar esta figura nos ajudará saber como proceder em todos os diferentes âmbitos; da medicina á ciência e a sociologia. Hoje em dia deveríamos começar a nos tornarmos conscientes de como as tendências luciféricas e arimãnicas estão em ação na natureza humana.

Mas será que as pessoas têm, ou querem ter alguma relação com estas coisas? Há pouco tempo atrás havia um sacerdote, bem conhecido na Basiléia e ainda mais longe, chamado Frohnmeyer, que dava palestras por toda a parte. Ele não se dispôs a vir e ver a escultura por si mesmo, mas leu relato de alguma pessoa ( que por sua vez, também não se deu o trabalho de vê-la). Isto não o impediu de se pronunciar sobre esta escultura do Cristo e de dizer que Steiner, em Domach, estava fazendo uma horrível caricatura; uma imagem do Cristo cujas partes superiores tinham características luciféricas e abaixo, traços animais.

Vocês podem ver por si mesmos que isto é errado: a figura do Cristo tem uma cabeça bem humana. Mas o padre confundiu a questão. Ele nem ao menos sabe que a escultura ainda está inacabada abaixo – nem tanto formas animais tal como um pedaço de madeira não talhado. Mas ele era, apesar de tudo, um sacerdote, alguém que busca a verdade, e assim o mundo todo agora acredita que o que disse deve ser verdade. É muito difícil fazer qualquer progresso em tais circunstâncias, quando as pessoas não têm vontade de ver ou ouvir a verdade. As pessoas preferem tomar suas verdades das bocas de sacerdotes, embora neste caso isso tenha levado a uma mentira de enormes proporções. Mas isto não é o final da estória – é extraordinária a maneira como algumas pessoas pensam. Na época em que Frohnmeyer escreveu estas coisas, tínhamos o Dr. Boos conosco aqui no Goetheanum. Vocês com certeza sabem que o Dr. Boos gosta de tomar a defesa ás vezes; vocês podem pensar que tomar defesa é algo tanto duro – um tanto arimãnico – e que talvez se deva buscar um método mais suave – um golpe luciférico um pouco mais suave, talvez com um espanador. De qualquer forma, bem ou mal, Dr. Boos tomou a defesa,disse-lhe a verdade em termos bem precisos.E quem foi que recebeu uma carta de Frohnmeyer? Eu recebi! Foi uma carta longa de Frohnmeyer queixando-se do comportamento do Dr. Boos e pedindo a mim que contivesse seus excessos.

É espantoso como as pessoas pensam! Atacam alguém, fazem-lhe uma calúnia e depois pedem á mesma pessoa que os proteja contra alguém que tenta retificar a questão.

É um sinal da superficialidade e simplicidade do nosso tempo, eu temo que o público em geral não confie em seu próprio julgamento sobre muitos assuntos, mas que aceite o que aqueles em situação de autoridade coloquem diante deles.

O que é necessário é abrir toda uma nova corrente e direção de pensamento. As pessoas precisam entender que falar sobre Cristianismo “a torto e direito”, não vai nos levar muito longe. Ao contrário, precisamos torná-lo real na prática, de maneira bem “pé no chão”. Por exemplo, precisamos saber que a medicina pode se tornar cristã. Se alguém comeu açúcar continuadamente toda a vida, desde a infância, e como resultado desenvolve um câncer de fígado, que é uma arimanização do fígado, precisamos saber como tratá-la pela administração de algo que contenha qualidades luciféricas. Assim como uma pessoa pode distinguir entre quente e frio, assim também precisamos aprender a distinguir entre as tendências luciféricas e arimãnicas. Quando nossos membros enrijecem,estamos nos tornando arimãnicos. Podemos contrabalançar isto aplicando faixas e roupas quentes, com algo aquecido e de natureza luciférica. Isto é somente um exemplo de toda uma abordagem, de uma maneira toda de compreender o ser humano; de tal forma que a medicina se torne Cristã.

A pedagogia e a educação também precisam se tornar Cristãs de alguma forma. Precisamos educar as crianças sem deixá-las prematuramente velhas desde a infância. Para fazer isso, precisamos deixá-las começar com coisas que tenham relação com elas, com as quais elas se relacionam naturalmente, nas quais elas estejam interessadas, etc.

Espero, então que esteja claro que as expressões que usei – arimãnico, luciférico, Crístico – não são superstição infundada. Elas são de fato verdadeiramente científicas.

Olhemos agora, por um momento, para um aspecto do nosso desenvolvimento histórico e cultural. Desde os primeiros dias do Cristianismo até os séculos doze, treze e quatorze, os Cristãos eram de fato proibidos de ler a Bíblia, o novo Testamento. Somente os padres tinham permissão para ler, e não a congregação de fiéis. Por quê? Porque os padres e estudiosos sabiam que era necessário ler a Bíblia da maneira correta. Ela foi composta num tempo em que as pessoas não pensavam como nós pensamos hoje, mas muito mais em imagens.

Se as pessoas a lessem de maneira errada, sem a preparação adequada, logo iriam descobrir que os quatro evangelhos se contradizem. E por quê? É claro que sim. Mesmo nos séculos quatro e cinco qualquer pessoa que tivesse toda esta clareza teria sido capaz de compreender por que é assim.

Imaginem que eu tire uma fotografia do Sr. Burle de frente e lhes mostre a imagem. Vocês com certeza o reconhecerão. Mas e se alguém entrar e tirar uma fotografia de perfil e lhes mostrar, vocês todos poderão se recusar a acreditar que é o Sr. Burle, pois o ângulo da fotografia irá lhes mostrar um aspecto com o qual vocês não estão familiarizados. No entanto, é claro que ainda assim seria ele. E se eu o fotografasse de costas, vocês poderiam dizer: “Este não pode ser o Sr. Burle, ele tem um nariz, não somente cabelo!”.

Da mesma forma, pode-se “fotografar” um processo espiritual de vários ângulos diferentes, cada um deles aparece um pouco diferente do outro. Os quatro Evangelistas são simplesmente descrevendo coisas de quatro ângulos diferentes. Mas á medida que o tempo passou, as pessoas deixaram de pensar que havia necessidade de se prepararem para ler os Evangelhos, ou para fazer qualquer outra coisa. Eles acreditavam que a preparação escolar era a preparação suficiente para tudo, que ao redor dos 14 ou 15 anos eles não deveriam mais se preparar, mas que deveriam ser capazes de entender tudo. Este tipo de crença é o que levou as pessoas a olharem

Para o Goetheanum aqui e dizerem: ”Pessoas velhas, carecas, estão indo lá para aprenderem. É uma escola para os mais velhos – deve ser uma casa de loucos!” Eles dizem isso porque não podem imaginar que pessoas mais velhas podem ainda querer e precisar aprender. Mas precisamos ter clareza quanto ao fato que não podemos ler os Evangelhos corretamente sem a preparação adequada, sem começarmos a entender que eles encerram um tipo de linguagem em imagens. Se alguém quiser ler um texto chinês, precisa entender os caracteres chineses; da mesma forma, os Evangelhos serão um balbucio sem sentido para nós se não aprendermos a le-los da forma correta. Assim também, para compreender as coisas de direito, precisamos aprender a reconhecer que o Cristianismo está totalmente relacionado a criar o equilíbrio entre o luciférico e o arimãnico, de tal forma que nenhuma das tendências prevaleça ás custas da outra.

É por esta razão que a Antroposofia não se envergonha de falar do Cristianismo nesses termos. Ela enfatiza que não se serve ao Cristianismo pronunciando a palavra Cristo todo o tempo. As pessoas freqüentemente acusam a Antroposofia de mencionar muito pouco ao Cristo. Mas eu refuto que a Antroposofia se acautela de falar do Cristo porque ela se lembra dos dez mandamentos, especificamente aquele que diz: “Não tomar o nome do Senhor, teu Deus em vão.” Um padre cristão, hoje em dia, costuma falar o nome de Cristo muitas vezes durante seu sermão. Mas se deveria somente falar este nome quando se tem realmente alguma compreensão do que ele significa! Isto é o que distingue a Antroposofia de uma superstição ou falsa piedade. A Antroposofia não quer ser nada além de cientifica. E é desta perspectiva que ela olha o acontecimento na Palestina, que aconteceu no ponto de virada do tempo, no limite entre os tempos antigos que eram luciféricos e os novos tempos, que são arimânicos, como um acontecimento de significado histórico e universal.

Somente quando começarmos a entender o que realmente aconteceu naquele tempo na terra, é que seremos capazes de chegar à nossa verdadeira herança, a nós mesmos. Hoje em dia as pessoas estão bastante “fora“ de si mesmas, nos pontos de vista exteriores da ciência. Falaremos mais sobre isto na próxima Quarta- feira às nove horas. Isto, por agora, é minha resposta à pergunta. Espero que ela tenha lançado alguma luz sobre toda a questão.