quinta-feira, 24 de maio de 2012

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Andá com fé eu vou

Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá


Que a fé tá na mulher
A fé tá na cobra coral
Ô-ô
Num pedaço de pão
A fé tá na maré
Na lâmina de um punhal
Ô-ô
Na luz, na escuridão


Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá


A fé tá na manhã
A fé tá no anoitecer
Ô-ô
No calor do verão
A fé tá viva e sã
A fé também tá pra morrer
Ô-ô
Triste na solidão


Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá


Certo ou errado até
A fé vai onde quer que eu vá
Ô-ô
A pé ou de avião
Mesmo a quem não tem fé
A fé costuma acompanhar
Ô-ô
Pelo sim, pelo não


Andar com fé
Gilberto Gil




A fé e a "faia" - "O uso do 'faiá' é assumido com a intenção de legitimar uma forma chula contra a hegemonia do bem-falar das elites. É uma homenagem ao linguajar caipira, ao modo popular mineiro, paulista, baiano - brasileiro, enfim - de falar 'falhar' no interior. É quase como se a frase da canção não pudesse ser verdade se o verbo fosse pronunciado corretamente - o que seria um erro... Outro dia cometeram esse 'deslize' na Bahia, ao utilizarem a expressão na promoção de uma campanha de cinto de segurança. Nos out-doors, saiu: 'A fé não costuma falhar' (a propaganda associava o cinto à fitinha do Senhor do Bonfim). Eu deixei, mas achei a correção desnecessária."

- "Faiá" é coração, "falhar" é cabeça, e fé é coração.

"É isso aí. 'A fé não costuma faiá': é pra quem fala assim que ela não costuma 'faiá'."