Eckhart Tolle – Sim, na realidade é isto que está acontecendo. É quase como se a espécie estivesse se tornando algo novo, uma nova espécie está evoluindo da velha. E, novamente, não é algo do ego, dizendo: “Eu sou da nova espécie” (riso). Mas sim, é bem como se uma nova espécie estivesse chegando, e está chegando porque a velha espécie não é mais capaz de sobreviver, a menos que mude.
Jenny Simon – E você pode descrever a nova espécie, quais seriam suas características?
Eckhart Tolle – A nova espécie não necessita de inimigos, drama ou conflito para dar-lhe um sentido de identidade e assim, torna-se livre, em grande escala, do conflito e do sofrimento causado pelo homem, que é uma característica da velha consciência. Buda teve uma bela perspectiva disso, quando disse, para descrever o estado de consciência da liberação, que ela é livre do sofrimento – você não sofre mais. Pode ainda haver dor, porque enquanto houver corpo físico haverá dor, você pode ter uma dor de dente. Mas o sofrimento psicológico é causado pela entidade do eu na cabeça. Você não mais causará sofrimento para si próprio através das estruturas do pensamento. E quando você não mais causa sofrimento para si, não mais causa sofrimento para outros. A interação entre seres humanos não será mais coberta pelo medo, como é agora – o medo e o desejo, dois movimentos de estado inconsciente.
A interação humana será caracterizada pelo AMOR e COMPAIXÃO. E o amor não será do tipo “Preciso de você, não ouse abandonar-me, porque eu não sei o que vou fazer se você me deixar”, o amor da chamada velha consciência. Amor é simplesmente reconhecer o outro como sendo você próprio. O reconhecimento da unidade é amor. E todas as interações, quando se reconhece o outro como você próprio, não mais acontecem através da formação de uma imagem, uma identidade da forma, de quem aquela pessoa é. E porque você vai além da identificação da forma em si própria, não mais constrói pequenas armadilhas e pequenos conceitos de outras pessoas… então o amor reina.
Não se pode conceber como seria o mundo se uma grande parte da humanidade vivesse nesse novo estado de consciência. Eu não faço, geralmente, considerações sobre esse fato. Minha suposição sobre isso é de que não seria possível reconhecer a estrutura da natureza humana. Seria muito diferente. Potencialmente este planeta poderia ser o paraíso – é um paraíso, mas as pessoas se esforçam muito para torná-lo um inferno, contudo ainda é um belo paraíso. Não estou dizendo que no nível da forma não haverá limitação, sim, as formas ainda vêm e vão. Mas ainda assim a harmonia é possível, viver em harmonia com a natureza. Viver em um estado de amor, amando a essência de cada forma, pois a vida se manifesta através de milhões de formas de vida. Amando uma vida da qual milhões de formas são manifestações temporárias, amando-as como a si próprio, sendo elas – esse é o NOVO ESTADO DE CONSCIÊNCIA.
Eckhart Tolle é autor dos livros:
O Poder do Agora
O Despertar de uma Nova Consciência
O Poder do Silêncio
Em Harmonia com a Natureza