sábado, 15 de outubro de 2022

Como é uma professora de Português?

 



VIVA o Dia do Professor
15 de outubro



"Professora de português não nasce; deriva-se.
Professora de português não cresce; vive gradações.
Professora de português não se movimenta; flexiona-se.
Professora de português não é filha de mãe solteira;
resulta de uma derivação imprópria.
Professora de português não tem família; tem parênteses.
Professora de português não envelhece;
sofre anacronismo.
Professora de português não vê televisão;
analisa o enredo de uma novela.
Professora de português não tem dor aguda; tem crônica.
Professora de português não anda; transita.
Professora de português não conversa; produz texto oral.
Professora de português não fala palavrão;
profere verbos defectivos.
Professora de português não se corta; faz hiato.
Professora de português não grita; usa vocativos.
Professora de português não dramatiza;
declama com emotividade.
Professora de português não se opõe;
tem problemas de concordância.
Professora de português não discute;
recorre a proposições adversativas.
Professora de português não exagera; usa hipérboles.
Professora de português não compra supérfluos;
adquire termos acessórios e artigos indefinidos.
Professora de português não fofoca;
pratica discurso indireto.
Professora de português não é antiecológica;
compra superlativos sintéticos.
Professora de português não é frágil; é átona.
Professora de português não fala demais; usa pleonasmos.
Professora de português não se apaixona;
cria coesão contextual.
Professora de português não tem casos de amor;
faz romances.
Professora de português não se casa; conjuga-se.
Professora de português não depende de ninguém;
relaciona-se a períodos por subordinação.
Professora de português não tem filhos;
gera cognatos.
Professora de português não tem passado;
tem pretérito mais-que-perfeito.
Professora de português não rompe um relacionamento; abrevia-o."

Desconheço a Autoria



quarta-feira, 12 de outubro de 2022

E viva a criança que vive em você!



A criança que eu fui um dia...

Hoje veio me visitar
Mas não se encontrou em mim
Não se reconheceu
Em qual mentira por aí
A gente se perdeu?
Desaprendeu a sorrir, é?
Quem te ensinou a desistir
De ser o que você quiser?
A criança que eu fui um dia, mora dentro deste adulto que me tornei.
Na mesma gaveta onde guardo os "para de sonhar", "leva a vida a sério".
Ela representa tudo que eu quis ser um dia, mas parei de sonhar
e levei a vida a sério.
Sim, exatamente como me disseram pra fazer.
Mas ao contrário de mim, ela nunca desiste.
Ela insiste em me fazer sorrir.
Essa criança não marcou hora na minha agenda lotada de desculpas,
não pediu licença, simplesmente abriu a porta e veio me visitar.
E como quem fala:
"Ei, você não está mais de castigo"
Ela me olhou e disse a coisa mais séria que eu já ouvi:
"Você quer brincar comigo?"

Allan Dias Castro


sábado, 1 de outubro de 2022

... voltará...

 



Aos 40 anos, Franz Kafka (1883-1924) que nunca se casou e não tinha filhos, passeava pelo parque de Berlim quando conheceu uma jovem que chorava porque tinha perdido sua boneca favorita. Ela e Kafka procuraram a boneca sem sucesso.

Kafka disse-lhe para se encontrarem lá no dia seguinte que eles voltariam a procura-la.
No dia seguinte, quando ainda não encontraram a boneca, Kafka deu a garota uma carta escrita pela boneca que dizia:

"Por favor, não chores. Fiz uma viagem para ver o mundo. Vou te escrever sobre as minhas aventuras."
Então começou uma história que continuou até o fim da vida de Kafka.
Durante os encontros, Kafka leu as cartas da boneca cuidadosamente escritas com aventuras e conversas que a garota achava adoráveis.

Finalmente, Kafka trouxe-lhe a boneca (comprou uma) quando retornou a Berlim.
"Não se parece nada com a minha boneca", disse a garota.

Kafka entregou-lhe outra carta em que a boneca escrevia:
"Minhas viagens, mudaram-me".

A garota abraçou a nova boneca e trouxe-a toda feliz para casa.

Um ano depois, Kafka morreu.
Muitos anos depois, a garota adulta encontrou uma cartinha dentro da boneca. Na pequena carta assinada por Kafka, dizia:
"Tudo o que você ama provavelmente será perdido, mas no final o amor voltará de outra forma."