quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Chegando o Natal (Antroposofia): São Nicolau, Papai Noel, Pai Natal, Santa Claus, Father Chistmas, Kris Kingle
Luzes, enfeites, presentes, mesa farta, festas, Papai Noel, o Natal de hoje se transformou num grande evento e, como as outras festas religiosas e tradicionais, tem cada vez mais se distanciado do seu verdadeiro significado. O que se vê é o materialismo e o consumismo tirando cada vez mais espaço da essência das festas anuais.
O verdadeiro espírito de Natal traz sentimentos como a fraternidade, o amor, a compaixão, a solidariedade, a simplicidade, e não acontece nas cores e brilhos externos, mas no interior de cada um. Apesar dos ruídos e interferências exteriores, das incontáveis atividades e compromissos dessa época do ano, precisamos encontrar momentos de silêncio e de reflexão, para que a comemoração do nascimento de Jesus traga-nos também a luz e o renascimento interior.
Quando se vive a preparação do Natal nas quatro semanas do Advento e se escolhe vivenciar essa festa pessoalmente, cultivando o espírito do Natal internamente, a parte mais importante da comemoração já terá sido alcançada, o dia do Natal vai ser a coroação desse acontecimento que é a reafirmação de que Cristo está na Terra, está em cada um de nós.
O ADVENTO
Advento é uma palavra latina que deriva de advir e que significa chegada, vinda, começo. É o tempo de espera e preparação para a festa maior da cristandade: a comemoração do nascimento do grande Redentor da humanidade. Para recebermos esse momento, a preparação é indispensável. Assim como quando recebemos um hóspede querido e preparamos nossa casa especialmente para recebê-lo, precisamos preparar nossa “casa interior” para momento tão importante. Isso não quer dizer que nossa casa material deve ser esquecida, esse período do ano é muito propício para a limpeza e a organização. Fazer uma faxina, passando adiante tudo que não é mais utilizado, abrindo espaço para que entre o novo, é uma ação muito importante.
O Advento não tem uma data fixa, começa quatro domingos antes do dia do Natal. Se o Natal for em um domingo, este será também o 4o Domingo do Advento.
Coroa do Advento
Para marcar a passagem desse período, como também para buscar meios de cultivar o silêncio, a oração e a reflexão em família nesses dias que antecedem a comemoração do nascimento do Menino-Jesus, pode-se fazer uma Coroa do Advento.
Com ramos de algum tipo de pinheiro ou cipreste, faz-se uma coroa circular onde são presas ou apoiadas quatro velas dispostas de forma simétrica. Pode-se decorar a coroa com fitas e sementes. As velas podem ser todas da mesma cor ou então das cores azul (representando o reino mineral), verde (reino vegetal), amarela (reino animal) e vermelha (reino humano).
No primeiro domingo do advento acende-se uma vela, no segundo duas e assim por diante. No caso das velas serem coloridas, deve-se acendê-las na seguinte ordem: azul, verde, amarela e vermelha. Faz-se uma pequena cerimônia familiar em cada domingo, ou então, todos os dias do advento, acendendo a(s) vela(s) correspondente(s) àquela semana. Nessa cerimônia recomenda-se cantar músicas de Natal, contar histórias, ler trechos da Bíblia relacionados a esta época do ano, tornando o momento realmente significativo.
Calendário do Advento
Outra tradição desta época é o Calendário do Advento, em que as crianças poderão “ver” a passagem dos dias até a chegada no Natal. Muitas são as formas de construí-lo. Pode-se fazer um quadro em que 24 janelinhas são vistas e que serão abertas uma a cada dia até o dia do Natal, e a cada dia uma surpresa, um pequeno motivo natalino descoberto. Ou então, pode-se usar um desenho natalino que ocupe uma cartolina inteira e também abrir janelas no que seria o “céu” do desenho, a cada dia a criança abre uma janelinha e descobre uma estrela dourada escondida. E ainda, com cascas de nozes ou caixinhas de fósforo decoradas pode-se fazer lindos calendários, em que a cada dia do Advento uma caixinha ou casquinha é aberta e uma surpresa descoberta, até a chegada do Natal.
Presépio
Sem dúvida não se pode esquecer da montagem do presépio, que é muito importante para as crianças, mas também para todos da casa, irem aos poucos incorporando o verdadeiro sentido do espírito natalino. O presépio deve ser montado de forma gradual, dia a dia ou semana a semana, sendo preferível manter um horário para montar o presépio e dizer às crianças que fora desse horário não podemos tocá-lo, respeitando-o. A colocação de cada elemento requer uma atitude de veneração por parte dos adultos, esta atitude será percebida pelas crianças, que sentirão alegria e calor em seus corações.
Na primeira semana apenas o cenário será montado. Procura-se um lugar tranquilo, que pode ser uma mesa ou um cantinho da sala, e coloca-se panos de algodão ou seda de forma que fiquem muitas dobras, dando volume ao cenário. Para o céu, pendura-se um pano azul escuro, que receberá muitas estrelas, até que esteja repleto delas no dia do Natal. O chão do presépio será feito com panos marrons e verdes. Para fazer o caminho que será percorrido até a gruta ou estábulo, pedras, terra, cristais e areia são colocadas nessa primeira semana, representando o Reino Mineral.
Na segunda semana são trazidos os elementos do Reino Vegetal: musgos, folhas, galhos, raízes, sementes, troncos. Pode-se plantar alpiste em vasinhos com as crianças em meados de novembro, durante o Advento as plantinhas já terão crescido e poderão ser colocadas no presépio. Chega também a árvore de Natal que será decorada aos poucos e só na quarta semana receberá os enfeites vindos das mãos dos humanos.
Na terceira semana coloca-se a gruta ou estábulo onde nascerá Jesus, que poderá ser confeccionada com galhos, palha, cerâmica, ou outros elementos naturais. Aparecem também os representantes do Reino Animal: o burrinho e a vaca, que ficam dentro do estábulo ou gruta, e as ovelhas que ficam no pasto.
Na quarta semana aparecem as figuras humanas, representando o Reino Humano. Maria e José, acompanhados pelo burrinho, aparecem no início do caminho até a manjedoura, durante a semana vão se aproximando até que entram na estrebaria / gruta na véspera de Natal. Os pastores ficam pelos campos e também se aproximam com a chegada do Natal. O anjo acima do local de nascimento de Jesus também não pode ser esquecido. O menino Jesus, confeccionado de forma simples e com materiais naturais como lã, algodão e seda, aparece apenas no dia 25, deitado na manjedoura. Passado o Natal, os Reis Magos começam a se aproximar, até chegarem no dia 06 de janeiro ao encontro de Jesus.
Todos os elementos do presépio devem ser feitos de materiais naturais e de forma muito singela. As figuras humanas e os animais podem ser feitos em feltro, lã, algodão, seda e trazer nos detalhes muita simplicidade. Outros elementos que não foram citados (como outros animais, flores, crianças) podem entrar nesse cenário para torná-lo mais personalizado e especial para cada família, com bom senso, é claro, nunca deixando de lado o respeito e a veneração que o evento é merecedor.
São Nicolau, Papai Noel, Pai Natal, Santa Claus, Father Chistmas, Kris Kingle
Durante a época do Advento é comemorado, em 06 de dezembro, o dia de São Nicolau. Este santo era um bispo que viveu nas terras onde hoje se encontra a Turquia. Há muitas histórias e lendas sobre a sua vida e também lhe são atribuídos muitos milagres. Depois de sua morte sua fama se espalhou por toda a Europa e passou a ser muito querido pelas crianças.
São várias as lendas que falam de sua bondade e de como distribuía bens aos pobres e presente às crianças. Deste santo é que se originou a imagem do Papai Noel, imagem hoje banalizada e que perdeu os sentimentos de benevolência, de bondade, de mistério e surpresa que antes carregava. Comemorar o dia de São Nicolau é uma forma de reviver essa imagem essencialmente bondosa e caridosa e que fala muito do espírito natalino.
Pelo menos uma semana antes do dia 06 de dezembro conta-se histórias de São Nicolau todos os dias para as crianças (a mais divulgada delas se encontra anexada à este texto). No dia 05 de dezembro coloca-se um sapatinho ou uma botinha de feltro no parapeito da janela, ou em baixo da árvore. Coloca-se também água e cenoura ou pasto para o cavalinho de São Nicolau, pois seu caminho é muito longo! Deixa-se uma fresta da janela ou alguma abertura para que as crianças possam ver a forma como São Nicolau vai entrar quando todos estiverem dormindo.
Na manhã seguinte as crianças encontram a água bebida, a cenoura ou o pasto comidos e no sapatinho um saquinho de papel crepom ou pano vermelho contendo uma maçã, um pão de mel, nozes, castanhas e um ramo de trigo – como na história!
Como São Nicolau é muito ocupado é difícil que as crianças o vejam, pois anda muito apressado, mas certamente o galopar de seu cavalo elas escutam!
Fonte: Antroposofia