Primeiro Setênio – 0 a 7 anos
É na primeira infância, mais precisamente durante os primeiros 7 anos, que as forças da individualidade estão localizadas na cabeça, e a tarefa neste período, é crescer, desenvolver os órgãos físicos que estão sendo formados, independizar o pólo superior do corpo, do pensar.
Com o nascimento, tem início o trabalho da individualidade, daquele ser cósmico que começará uma vida terrestre de transformação do invólucro corpóreo recebido dos pais, apto às suas necessidades. Portanto, neste período, a individualidade se ocupará em se apropriar do corpo herdado, moldando-o e reestruturando-o conforme suas peculiaridades interiores.
A criança, por assim dizer, reforma, refina seu instrumento físico, que é a corporalidade. Essa transmutação significa, aos poucos, eliminação das substâncias herdadas, desde as células mais microscópicas, que se tornam cada vez mais individualizadas, até os dentes, que são as mais duras do corpo, quando no final dessa etapa, a criança perde a dentição de leite, substituindo-a pela permanente, que é aquela que construiu a partir de sua interioridade.
Olhando, para os nossos sentidos, que, com exceção do tato que permeia todo o corpo, estão localizados na cabeça, podemos ter uma idéia dos aspectos que devem ser cuidados neste período inicial, para que a criança possa gostar de estar na Terra, dentro de seu próprio corpo.
Assim, para a construção do corpo físico de forma equilibrada, a criança deveria ter vivências permeadas por situações e circunstâncias que a levassem a perceber que o mundo é bom.
À essa criança, deveriam ser providas oportunidades de movimento livre no espaço, na medida em que vai se apropriando dele ao longo de seu desenvolvimento, desde possibilitar o engatinhar quando é bebê, até trepar em árvores e correr no campo quando é maior.
É por experimentação que a criança aprende, por tentativa e erro, e pelo princípio da imitação. O que não queremos que ela faça, não deveríamos também fazer, pois ela seguramente imitará gestos, fala, atitude dos adultos ao seu redor.
Rapidamente as faculdades humanas vão sendo adquiridas, quando, aos 3 anos a criança já conquistou o espaço físico com o andar, o espaço social com o falar, e o espaço espiritual, com o pensar.
Em síntese, neste primeiro setênio os princípios são :
· imitação
· bondade
· órgãos dos sentidos
· desenvolvimento do pensar
· processo de individuação física
Segundo Setênio – 7 a 14 anos
Ao final do processo anterior, do 1o. setênio, as forças que estavam na cabeça se libertam e migram para a região do meio do corpo.
A criança vai acordando de cima para baixo, na direção da cabeça aos pés, e, nesta fase agora, coração e pulmão são os órgãos que ancoram o processo respiratório com o mundo.
O elemento do movimento de interiorização e exteriorização pauta a dinâmica desses órgãos e a relação da criança com o mundo.
Ela já não é mais um grande A, aberta para o mundo que a impregna, mas agora já possui uma interioridade maior e necessita de um elo de ligação entre o mundo de fora e o seu, interno.
O papel do adulto, pais e professores, tem uma grande influência neste período, pois é através dele, da autoridade que ela necessita e que eles possuem, que a criança receberá a imagem do mundo.
Portanto, os valores e ideais que o adulto possui pode beneficiar ou prejudicar a formação e visão do mundo infantil.
Se a autoridade é excessiva pode gerar uma maior inspiração do que expiração, desequilibrando o ritmo, e isso pode levar desde a uma timidez no futuro, à introversão, ou quadros somáticos de asma, etc.
Se, por outro lado, há falta de autoridade, se ela é insuficiente para o estabelecimento de normas tão essenciais neste período, a expiração maior pode conduzir à extroversão exagerada, que leva a criança a desconhecer seu limite e o do outro, até quadros mais histéricos, de dissolução da identidade.
Esses elementos precisam estar em harmonia para nos sentirmos bem e, se na fase correspondente à esses acontecimentos isto não ocorreu, é introduzindo o ritmo na vida do presente que se resgata o equilíbrio.
Assim como as normas, os hábitos estão sendo absorvidos, e portanto, a dosagem entre uma educação muito rígida ou muito liberal, deveria ser observada, pois tanto a imposição quanto a ausência de valores pode impedir um desenvolvimento sadio.
Nesta fase, onde o sentir está sendo tecido, a fantasia é muito importante, e daí a qualidade de imagens que a criança pode entrar em contato é fundamental; situações onde ela pode criar, como ouvindo estórias infantis, contos de fadas, ou mesmo brincar com brinquedos que promovam a sua participação, é muito diferente daquelas onde, por exemplo, ela é mera expectadora, como no caso da televisão, ou de jogos e brincadeiras que não estimulem a sua criação, com brinquedos prontos, acabados, sintéticos.
Arte e religião são também fundamentais para a alma da criança que anseia por veneração. Assim, tanto o mundo artístico quanto o religioso são ricos em possibilidades para fazer fluir a alma infantil para o mundo. Como há uma busca natural pela beleza e pela fé, vivências do belo são fundamentais para um respirar com o mundo, assim como o desejo pela ligação com uma qualidade superior, elevada e espiritualizada consigo mesmo e com a vida.
É então que, no meio desta fase, o sentimento de diferenciação, por assim dizer, se estabelece fortemente, e a criança percebe com verdadeiro sentimento e uma espécie de dor, que existem diferenças: de educação entre si e os irmãos, diferenças de tratamento entre as pessoas, de raça, religião, cultura, enfim, situações onde ela se dá conta de que o mundo não é igual para todo mundo, que a lei não é a mesma para todos.
É, na verdade, um profundo despertar do sentimento próprio.
Terceiro Setênio – 14 a 21 anos
Seguindo o sentido descendente das forças que do Cosmo vão se encarnando na Terra, neste período elas chegam aos membros; passaram da cabeça ao peito, e agora acordam e se localizam nos membros, no sistema metabólico motor.
Se observamos a postura da criança pequena, percebemos que ela anda meio que suspensa, pendurada; depois, um pouco maior, ela pula, e na adolescência, se arrasta, e neste caminho da humanização, aos poucos conquista a postura ereta.
Então, da mesma forma que o princípio da imitação regia a criança de 0 a 7 anos, o princípio da autoridade de 7 a 14 anos, agora o princípio da liberdade é o regente.
O processo de metamorfose do ser humano o leva agora a necessitar do aprendizado através da liberdade, onde vivências da verdade são fundamentais – assim como a vivência do bom no 1o. setênio, e do belo no 2o. setênio.
A sociedade agora desempenhará um papel mais preponderante, assim como no passado o foram a família e a escola. É sempre uma ampliação da atuação de elementos, e não uma exclusão daqueles que já foram prioritários.
O jovem necessita de um espaço libertador externo e interno, pois nesta fase, vivenciará uma grande tensão, uma luta entre as forças cósmicas e terrestres, onde no palco está em jogo a sua identidade. É natural que, na busca de si mesmo, ele rompa com os esquemas vigentes em casa, na escola e na sociedade, e a forma, nesta época, é através de crítica, em movimentos abruptos e acusativos, sendo muito pouco provável um processo harmonioso.
O adolescente vivencia o âmago de seu ser, e o impulso da vontade, da ação é que vigora - por as coisas para fora é a palavra de ordem. Espinhas e desejos saem em borbotões, ele quer dar a sua opinião em tudo, modificar o mundo, reformar a família, os hábitos e costumes vigentes.
É uma força interior que quer se expandir no mundo, e a maneira de lidar com ela é através do diálogo, do encontro, da troca de opiniões, onde o jovem pode expor seus pensamentos e sentimentos, assim como ouvir seu ressoar no mundo.
No centro da luta entre estas forças, o adolescente vivencia duas polaridades intrigantes: o desejo por um mundo ideal, que corresponda ao que ele enxerga de mais puro na imagem do ser humano, e o desejo pelas coisas mais terrestres, que atuam de forma incisiva sobre sua sexualidade pelos prazeres terrenos, os prazeres da carne.
Ele busca no mundo representações desta vivência ideal e mundana ao mesmo tempo, ele tem sede espiritual e física.
E assim, fica então vulnerável a todas as espécies de filosofias, na esperança de encontrar aquela que corresponda à sua realidade interna – é nesse período que precisa romper com as crenças familiares, ou, pelo menos, questionar as existentes; se os pais são católicos, ele buscará o espiritismo, protestantismo, budismo, e vice-versa, do mesmo jeito que fará com a comida, com a roupa, com a postura, com os gestos.
As drogas representam, nesta época, uma possibilidade de encontro com este mundo idealizado, ou fuga da angústia de não poder encontrá-lo. É importante que saibamos que é uma fase extremamente difícil, onde o adolescente precisa negar e se opor, para que, a partir da percepção do que não é, encontrar-se a si mesmo. Não sabe que ao longo de toda a sua vida buscará, de formas diferentes, a mesma coisa, e que as pessoas que o cercam, e que percebe como sendo tão prontas e acabadas, vivem o mesmo conflito.
O 'nó lunar' aos 18 ½ anos, quando o sol e a lua se encontram na mesma configuração do nascimento, propicia uma abertura, uma ligação cósmico terrestre, que nos dispõe a vislumbrarmos o real sentido de nosso destino.
É a partir desta idade que começamos a ter um pensamento mais autônomo, ainda que, nesta época, acreditemos estar amadurecidos para efetuar julgamentos.
Há também o questionamento profissional, quando o jovem se pergunta sobre seu caminho e escolhas.
A opção entre o que lhe foi imposto e o que quer, cria rupturas. Buscar a si mesmo e descobrir o que é seu, o que é do outro, o que pode ser compartilhado, propicia ao jovem conhecer novas paragens e alargar seu horizonte antes de completar a idéia e impressão sobre si mesmo, que aos 21 anos se realizará com mais firmeza.
Quarto Setênio – 21 a 28 anos
Retomando a idéia do homem como cidadão de dois mundos, o celeste e o terrestre, e a vida como uma conversa, um encontro destas duas forças, chega-se aos 21 anos de vida com o fim da fase do crescimento corporal, e princípio da auto-educação.
Aqui, de uma forma geral, as forças completaram e estiveram a serviço do desenvolvimento físico, e o homem emancipa-se de uma educação herdada; ele chega nesta idade com um patrimônio: um corpo adulto e uma estória pessoal, familiar, escolar.
Aos 21 anos, a entidade psíquica individual, o “Eu” começa realmente a se formar. Uma parte supra-sensível do ser humano, mais exterior, é desperta, acordada, e é aquela que está em contato com o mundo exterior – e por isso mesmo, muito mais impressionável por ele.
O ser humano, nesta fase, depende muito da aprovação de fora, e funciona em altos e baixos, deixando-se influenciar pelo externo, e a luta é não se deixar impregnar demasiadamente, paralisar ou impedir-se de viver emoções - neste período a vida está para isto. São momentos fortes, onde temos que pesar e refletir sobre o que herdamos, olhar para o que ganhamos e o que temos, e avaliar deste patamar o que serve aos nossos propósitos de vida, o que devemos incrementar e do que podemos abrir mão – valores que nos serviam até então, mas que a partir de agora podem impedir nossa própria evolução, assim como uma roupa fora de moda, que não combina ou não cabe mais.
Em olhando o que recebemos, devemos avaliar o que pode e o que deve ser mudado em favor do nosso próprio caminhar.
Temos que ter a flexibilidade e habilidade para nos despojarmos daquilo que não nos identificamos mais, da mesma forma como temos que nos reconciliar com o que não dá muito para mudar, por exemplo, com a constituição física. Na verdade, esse é o começo de um processo que vamos depurar a vida inteira.
Com o “EU” mais livre do trabalho no corpo físico, e agora ocupado com a constituição da alma, temos então maior distanciamento daquele, e por isso podemos vê-lo deste novo ângulo.
Portanto, concretamente nesta fase, podemos estar:
-procurando emprego
-terminando a faculdade
-namorando /noivando /casando
-iniciando nova constituição familiar
-tendo filhos
-estabelecendo as bases para a sobrevivência financeira
Quinto Setênio – 28 a 35 anos
A fase do 5o. setênio começa com uma das grandes crises na vida, por volta dos 28 anos, onde somos reivindicados a uma emancipação da imagem que até então tínhamos de nós mesmos, da nossa própria vida, dos nossos talentos, enfim, da nossa identidade.
A sensação anterior de ser dono do mundo sofre um abalo e o que toma o seu lugar, é uma sensação de angústia, de vazio, de desconhecimento de si mesmo, e insatisfação. Sentimo-nos impotentes nesta passagem da juventude para a maturidade, de um viver mais impulsivo para um viver mais sério, responsável.
Temos a sensação de que nada que aprendemos ou fizemos, tem muito mais valor, sentimo-nos incapazes de termos idéias, e começamos a viver ao nível da alma um tipo de espelhamento, o mesmo sofrimento vivido no corpo físico enquanto adolescentes até 14 anos.
Vivemos intensamente a influência dos ritmos cósmicos, que na verdade, buscam conectar-nos e alinhar-nos com nossa real intenção pré-natal.
Temos então o 30o ano, que coincide com a passagem das forças de Saturno e nos cobra estrutura, bases, pilares, e no corpo, corresponde aos nossos ossos, o que há de mais duro no organismo humano.
Temos, logo após, o 31 ½ ano, que corresponde à metade do 63o. ano de vida, marca final das atuações planetárias e zodiacais. Depois dessa idade, ficamos mais livres.
E para completar, o 33o. ano, que pontua o máximo de encarnação do homem na Terra, e ano da morte de Cristo. Sentimos o sofrimento da densidade, do espírito aprisionado na matéria, da via crucis.
Em verdade, a vivência desse período é sentida como uma morte e, realmente, para podermos nos individualizar e tornarmo-nos autônomos, precisam morrer valores que não mais correspondam ao “EU” verdadeiro, para que o ego dê lugar à esta individualidade, esteja a seu serviço, evolua, se integre a ela.
O sentimento de ressurreição ocorre quando, passando pelas provações, percebemo-nos mais inteiros e vivendo de acordo com um código de leis mais próprio, uma renovação moral a partir de uma maior interiorização, uma libertação do velho e disposição para o novo.
Portanto, concretamente nesta fase podemos estar:
-tendo crises no casamento, fazendo separações ou novas uniões.
-tendo rupturas no trabalho ou vendo-o sob novas perspectivas
-buscando o isolamento
-trocando o círculo da amizades
Sexto Setênio – 35 a 42 anos
· Relação com a Essência no mundo / No outro / Em si
· Mais capacidade de julgamento
· Desgaste físico x Maturidade Psíquica
· Conquista de mundo material
· O desafio é encontrar valores espirituais
· A pergunta é: como é que encontro o caminho para a essência do mundo e para a minha própria essência?
Chegamos aos 35 anos e entramos na formação da alma da consciência, última fase do desenvolvimento da alma propriamente dita, onde o Eu adentra mais profundamente na corporalidade supra-sensível. E nesse sucessivo despertar da alma, sentímo-nos levados a uma busca ao essencial no mundo, no outro, em nós mesmos.
O mundo material teve já suas conquistas, construímos uma carreira, relações, família e, de repente, atentamos para a importância do mais recôndito nos seres ao nosso redor, no sentido do que fizemos, nas leis que regem o mundo.
A vida exige que demos um passo do anímico ao espiritual, e, como as forças atuam no pólo superior do corpo, sentimos que conseguimos ver mais verdadeiramente do que até então, a real natureza das coisas.
A capacidade de julgamento aumenta e se torna mais livre dos invólucros superficiais, que a visão das fases anteriores possuía.
Vivencia-se um novo nascimento, precedido pela morte e o vazio dos velhos princípios. Reinicia um período de percepção dos limites e aceitação de si mesmo. Nos tornamos mais disponíveis para o mundo, porque deixamos gradativamente de nos ocupar conosco mesmos. É o desabrochar do desenvolvimento espiritual que chega quando o homem vai chegando aos 40 anos e ele se questiona se há ainda algo de novo que possa ser vivido. Começa a se perguntar sobre sua missão na vida. Sente aos poucos que algo está por vir, e acontece um verdadeiro renascimento, quando se julgava tudo pronto e definido.
A aceitação do desgaste físico, e a busca de um ritmo adequado se faz necessário para que a consciência se amplie em todas as direções.
A relação com a vida é mais intensa, lapidada e autêntica, e é grande a possibilidade de vivência como ser espiritual, de se reconhecer como entidade espiritual incorporada.
Sétimo Setênio – 42 a 49 anos
Como um novo recomeço, a entrada nesta fase traz a vivência interna de que algo novo necessariamente há de vir.
Percebe-se que, como está, não dá para ficar ou continuar, e que a vida dá sinais de grande mudanças, as pessoas sentem algo de novo em si.
O princípio desta fase coincide com o final do período mais quente e ensolarado da vida, a saber, os últimos 20 anos; os próximos setênios correspondem ao desenvolvimento da natureza espiritual do homem, assim como o período anterior ao desenvolvimento da alma, e o primeiro, ao desenvolvimento físico.
A entrada nos 40 traz, quase que inevitavelmente, uma crise existencial, e como é uma fase que espelha fisiologicamente os 14 – 21 anos, vários fatores da adolescência influenciam nesta época. Eclode uma necessidade de rejuvenescimento que pode tomar as mais variadas formas na mulher e no homem.
A desvitalização do corpo físico gera medos reais do envelhecimento e da morte. As mulheres, próximas da menopausa, percebem que o corpo não é mais rijo como antes, que o rosto fica enrugado de um jeito difícil de dissimular, e então as plásticas imperam. Os homens sentem que as pernas afinaram, que a barriga cresceu muito, e então o cooper e as academias de ginástica e musculação desempenham seu papel.
A preocupação com a perda da beleza física e da sexualidade existe, podemos cuidar de manter o corpo bonito e sadio porque é ele o instrumento espiritual na Terra, mas os artifícios para a manutenção física não deveriam impedir ou tomar o lugar da beleza interior.
As forças desprendidas dos órgãos sexuais e da reprodução podem ser metamorfoseadas em criatividade, o elemento central dessa fase, imagens criadoras, renovadoras.
Além dos artifícios para a manutenção do corpo físico, existem também os artifícios que emergem como saída para a manutenção da vida emocional, que são o álcool e a cocaína.
Com a sensação de perda de força e de morte, o ser humano, nesta etapa da vida, pode ter muitas depressões e se apegar ao que é velho e conhecido no trabalho, nas relações familiares e pessoais, numa tentativa de manter intacto o que já têm.
As mudanças que a vida pede, geram muitas inseguranças que impedem o indivíduo de abrir mão do que é velho, como valores, preconceitos, papéis, e ir de encontro ao renascimento que o espera.
É com muita dificuldade e sofrimento que esta etapa é transposta para conseguirmos vislumbrar os frutos que possuímos para doar.
A resistência a mudanças impede o indivíduo de desenvolver talentos que ficaram para traz, tesouros que ficaram escondidos, e reativá-los.
E para complicar a falta e os excessos desta fase, há a questão do sósia, da sombra, daquilo que encarna no parceiro, no patrão, nos filhos, enfim, que é tão difícil de lidar, porque está diretamente ligado aos aspectos pessoais não resolvidos, não integrados.
As forças do sósia se tornam extremamente intensas em torno dos 40 anos. São aspectos para os quais somos levados a hostilizar, ou nos identificar cegamente, por uma força que se ergue em nós. Em geral, nos confrontamos com o sósia do outro, já que a própria sombra é difícil de ver.
Assim, grandes confusões, agressões e descasamentos acontecem, porque as relações ficam contaminadas por aquilo que se vê no outro, que é profundamente unilateral – algo expurgado daquilo em nós que não admitimos, não conseguimos lidar, mais o do outro.
Projetamos nossos aspectos indesejáveis e/ou renegados no outro, e somos vulneráveis à sua sombra – seus vícios, manias, defeitos, enfim.
Se não trabalharmos conscientemente na relação, e procurarmos ver a essência do outro, sua inteireza, o sósia, ou seja, a soma de todas as qualidade negativas comanda.
Temos que nos esforçar para integrarmos nossa sombra à nossa personalidade, e não alimentá-la, deixando que a força da raiva, da inveja, do desprezo, dominem a situação.
Há que se desenvolver muita calma interior!
Devemos ter em mente que tudo o que fazemos contra a vontade é alimento para o sósia.
E fica, então, difícil reconhecer nele uma oportunidade para a transformação de seu conteúdo.
A sombra e a luz são condições inerentes à existência humana, e uma, certamente, não existe sem a outra na vida terrena.
Oitavo Setênio – 49 a 56 anos
A entrada nos 50 anos equivale à época mediana do desenvolvimento do espírito, e por isso mesmo, para aquele que vive espiritualmente, a mais tranquila e produtiva da vida.
As forças, que na fase anterior estavam se desprendendo da região metabólica e dos órgãos correspondentes, estão agora se libertando da área mediana do corpo, coração e pulmão, e se dispondo para uma moralidade e uma ética de qualidade superior, refinada, mais humanizada.
É a época da vida denominada jupteriana, pois possibilita uma visão mais ampla e geral da própria estória, do desenvolvimento da humanidade, do sentido das coisas, da existência.
Os valores pessoais deveriam agora dar lugar a valores mais humanitários, e a preocupação se concentrar na família universal e não apenas na individual.
Dependendo da evolução do ego do indivíduo, ele pode dispor da sua sabedoria para o mundo, ou continuar apegado às próprias necessidades ou às do grupo familiar, desconhecendo a maravilha que é colocar seu patrimônio interior a serviço do mundo.
É a fase do pai e da mãe universal.
Como esta fase espelha fisiologicamente o setênio 7 a 14 anos, o elemento do ritmo tem de ser priorizado, e os órgãos rítmicos, assim como o ritmo cotidiano, têm de ser cuidados, preservados e respeitados.
É comum o aparecimento de problemas respiratórios, principalmente se a relação respiratória com o mundo foi difícil na pré puberdade; stress e enfarte também ocorrem.
Deve-se procurar um novo ritmo biológico mais adequado às características físico emocionais.
A vida nos ensina nesta época uma nova audição, temos a possibilidade de ouvir a voz do coração para esta renovação ético / moral que agora é propícia.
No concreto, neste período ocorrem as aposentadorias, o que por sua vez traz o sentimento de inutilidade e vazio.
Há que se preparar para esse momento e refletir no que se fará após, planejar a vida para o depois desse acontecimento, afim de não ser uma passagem muito brusca que pode assustar e levar o indivíduo a exceder no trabalho para ainda se sentir útil e não velho, impotente, incapaz.
A sociedade como um todo ainda valoriza muito a força biológica e não tem olhos e condições de discernimento para as capacidades de liderar dos 50 anos, e, sobretudo, de abençoar, principalmente aqueles que puderam, entre 7 e 14 anos, aprender a venerar.
Nono Setênio – 56 a 63 anos
Os mesmos órgãos dos sentidos que foram as portas para a entrada na vida terrestre no 1º setênio, vão, aos poucos, se tornando portas de saída; não se vê, nem se ouve tão bem como antigamente, o paladar já não consegue sentir direito o gosto dos alimentos, os cheiros e as texturas não são mais sentidos tão intensamente.
A vida começa a dar sinais de que o ser humano têm agora que ir-se voltando para dentro de si mesmo, internalizar-se, desenvolver os sentidos espirituais.
O portal de comunicação com o mundo externo começa a se fechar.
Como um eremita, a partir desta fase, necessitamos da auto reflexão na busca da nossa essência, para o desenvolvimento de intuições a partir da força do amor que torna-se então a representante do verdadeiro e supremo conhecimento.
O 56º ano de vida traz uma brusca mudança que é sempre crítica, pois penetra-se numa esfera onde tudo parece ter que morrer para depois ressuscitar de uma forma muito sofrida.
Por vezes tem-se a sensação de fracasso de tudo aquilo que se desejou, e que nada do que se almejou foi alcançado.
Questiona-se muito o que se realizou no passado, e se torna importante avaliar o que ainda deseja realizar, o que pode e o que não pode mais ser realizado pela própria condição desvitalizadora, pelo tempo.
Certos cuidados se fazem muito importante, como a estimulação da memória, mudanças de hábitos, recursos criativos.
O trabalho é importante na vida, mas não deve ser a única fonte de realização pessoal. Pessoas excessivamente voltadas para o trabalho tornam-se resistentes às mudanças, perdem a visão global, sentem-se ameaçadas e, muitas vezes, são menos produtivas e criativas do que aquelas que possuem outras fontes de realização.
Aquelas que, além do trabalho, lecionam, tocam algum instrumento, freqüentam outras atividades e amigos, realizam viagens com certa dose de aventura, se dedicam a um hobby, praticam esporte, escrevem textos, crônicas ou livros, enfim, são pessoas com uma visão do mundo, de seu trabalho e da própria vida muito mais rica e feliz.
Caminhando para a terceira idade, e mais livre dos compromissos da 1ª e da 2ª, temos a chance de rever o que ficou de lado e que, com frequência, dá novo sentido à vida. Entregar-se ao que pede para ser vivido com satisfação, de maneira renovada, e ao mesmo tempo, livrar-se do inútil e supérfluo que se carrega por hábito.
Inclusive de preconceitos, pois vivemos em uma época com tantos recursos para a renovação do corpo e da alma, que deveríamos fazer bom uso do livre arbítrio e decidir que rumo tomar no caminho do amor, do encontro com outros seres humanos, da alegria de viver.
Como tudo no Universo está em constante transformação, e nada é estável e permanente, somente existe possibilidade de evolução onde há possibilidade de mudança.
Após os 63 anos, o ser humano vai, cada vez mais se libertando das leis e ritmos do destino.
O envelhecer vai chegando com o florescimento interno que é percebido no olhar do idoso que vive muito mais em uma realidade supra sensível do que sensível – para além dos sentidos.
O corpo vai ficando mais leve e transparente, o espírito se torna mais visível, os “avós” irradiam aquela força onde o sol interior consegue aparecer.