quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
O voar da borboleta...
Esta experiência é única. Nela ocorre algo que nunca poderemos esquecer e que não poderemos também explicar. [...] Em um itinerário espiritual, deve-se fazer desta experiência uma oportunidade de iniciação. Não considerá-la como algo que jamais se reproduzirá ou como uma graça maravilhosa que queremos que se repita a todo instante. Porque esta experiência é uma revelação de nossa natureza verdadeira.
[...] São momentos em que, efetivamente, a paz dura um pouco mais e onde, no interior de nossa mente, o silêncio torna-se algo real. [...] é preciso acolher estes momentos gratificantes com gratidão, mas, ao mesmo tempo, não se apegar a eles e não procura-los. [...] Porque, se nós nos apegamos a estes momentos, se quisermos reencontrá-los sem cessar, em lugar de nos ajudarem a avançar, eles nos param, nos bloqueiam, fazendo-nos entrar em uma espécie de complacência com eles. [...] A vida, porém, é uma grande mestra e se encarrega de tirar nossas ilusões.
[...] E o sinal de que a experiência numinosa realmente nos tocou é que não podemos mais viver da mesma maneira que antes. [...] Porque podemos ter tido experiências maravilhosas e magníficas, mas concretamente, em que elas mudaram as nossas vidas? O que mudou em nossa vida cotidiana? Dessa maneira, podemos ter necessidade de uma prática, de um método em nosso itinerário.
[...] ao final de um itinerário espiritual não sobra muito da imagem que se tinha de si mesmo no início do processo. É como se houvesse uma morte de si mesmo. Mas esta morte não é o fim. O que alguns chamam de morte da lagarta, outros chamam de nascimento da borboleta.
Fonte:
Jean-Yves Leloup em Terapeutas do Deserto (com Leonardo Boff, Editora Vozes, Petrópolis, 2002)
Músicas:
City Building (Johann Johannsson)
Agnus Dei (Samuel Barber)
Magnificat (Vladimir Godar)
Madrigals of The Rose (Harold Budd)
O Dulcissime Amator (Hildegard von Bingen)
Sketch Pad with Trumpet and Voice (Peter Gabriel)
Sven-G-Englar (Sigur Ros)
Sense of Touch (Mark Isham)
Taniec (Jacaszek)
Trois Coleurs: Rouge (Zgbiniew Preisner)
All Day (Jan Steele)
Saravejo (Max Richter)
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