sexta-feira, 22 de maio de 2015
Querido companheiro: o LIMÃO
O Limão é considerado pela milenar medicina hindu Ayurvédica (a mais antiga do planeta), como "o alimento mais fantástico da humanidade!"
Curiosamente, o Limão é a fruta que mais depende da fotossíntese para sua perfeita maturação e fartura em suco. Portanto, o Limão é, de todas as frutas e alimentos de origem vegetal, o maior reservatório de energia solar. Luz e Prana (energia cósmica) concentrados nesta fruta tão popular, acessível a todos, principalmente nós brasileiros, que vivemos num país tropical, ensolarado. E, para quem vive em países mais frios (carentes de sol), o limão é “o reservatório” de luz mais fácil de acessar.
No simples ato de ingerir o suco fresco de um Limão, acontece algo como colocar um “quantum” de sol dentro de nós, iluminando o nosso interno: cada célula, cada sombra, cada impureza.
Assim sendo, o Limão tem motivos de sobra para ser o primeiro na lista dos alimentos que favorecem a vida: o bom-humor, o bom astral, a lucidez, a clareza, a verdade (ilumina tudo), a vitalidade, a fecundidade (de ideias, de visões, de gestação ...) e a memória.
Seu suco fresco, suas flores (que geram o óleo essencial da aromaterapia conhecido como néroli e o floral de limão), suas cores (o verde-limão é especialmente valorizado nos tratamentos via cromoterapia), suas fibras (pectina e celulose), suas vitaminas (C e as citrinas) e o óleo essencial contido na sua casca (d-limoneno) favorecem a:
Vitalidade - quando ativa o sistema imunológico, age como um fixador de vitaminas e sais minerais e como um antibiótico natural;
Juventude - quando atua como antioxidante e alcalinizante de todos os líquidos corporais;
Desintoxicação e limpeza de todos os órgãos e sistemas excretores - fígado, rins, pulmões, intestinos e pele;
Todos os sentidos (visão, olfato, tato, audição, paladar e demais sentidos) - quando harmoniza todos os órgãos, vísceras, sistemas e meridianos de energia.
Mas, quando falamos especificamente de visão, e procurando entender o corpo humano de uma forma holística, como é o caso da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), precisamos falar de fígado e vesícula.
E, quando falamos no fígado, do ponto de vista energético, estamos falando do fígado propriamente, mas também da vesícula biliar, dos olhos, dos ombros, dos joelhos, dos tendões, das unhas, dos seios, e de todo o aparelho reprodutor feminino, desde ovários, trompas, útero até a vagina. Por esse motivo, na MTC, se diz que o fígado é o órgão mais importante para a mulher, assim como o rim é o órgão mais importante para o homem.
Quando o fígado funciona mal, pode ter certeza que alguns dos aspectos da saúde citados acima (um ou mais) poderão estar dando avisos, sinais de alerta. Mas, com certeza, a sua capacidade de enxergar a vida, a VISÃO, estará dando sinais gritantes: vamos buscar “enxergar” atentamente o que está apontando dificuldade.
Procure, sim, um oftalmologista, para avaliar a melhor forma de tratar os sintomas. Porém, a causa, muito provavelmente, está no sistema hepático, ou seja, usar (ou mudar) os óculos ou fazer uma cirurgia poderá solucionar (temporariamente) os sintomas, mas não a CAUSA.
É importante diferenciar o significado de VER x ENXERGAR. O ver é superficial e raramente possibilita registro (arquivos, memórias) do que foi visualizado. O ENXERGAR é uma percepção em estado de alerta, de presença real, e possibilita o registro do aqui e agora. O ENXERGAR costuma ir além do físico, capacitando percepções do que está oculto, o que se conhece como “intuição", "inspiração" ou "sexto sentido”.
E, sem ENXERGAR, sem estar percebendo a vida no mundo da realidade (estado de alerta ou meditativo), vai para o espaço a intuição (criatividade e inspiração), a fé (oposto da ansiedade, medo e pânico), o bom humor e a alegria (qualidade e significância da vida), o equilíbrio e a inteligência (capacidades de enxergar o outro e as soluções).
E trata-se de um círculo fechado: enxergar ajuda na tonicidade do fígado e um fígado saudável nos ajuda a enxergar melhor.
Encarar serenamente um desafio - enxergá-lo de frente -, sem ilusões (falsas expectativas, auto enganos ou mentiras), sem esconder as prioridades e providências debaixo do tapete, torna tudo mais fácil e digerível. Solucionável.
Esse comportamento facilita a decomposição dos alimentos, inclusive os mais pesados como as gorduras e vitaminas oleosas. A digestão dos desafios da vida. A leveza e gostosura da superação. Os olhos que brilham (sem necessitar de palavras) e transbordam a felicidade. Felicidade não se conta ou explica, se irradia através dos olhos, dos poros.
Atitudes negativas, de não querer enxergar os desafios, de não se preparar para enfrentá-los, tornam os desafios ainda maiores, dificultando todas as funções do fígado, vesícula e visão. Tudo fica indigesto, mais difícil de enxergar.
Felizmente, o fígado possui uma grande capacidade de regeneração, qualidade intensificada em pessoas mais flexíveis às mudanças e com facilidade de se refazerem a partir de situações difíceis.
Nessa situação, o consumo diário do limão é uma decisão sábia, pois ele será um cúmplice, uma ferramenta para a pronta recuperação desse sistema, re-ativando a harmonia metabólica do organismo. O limão, com seu sabor ácido e poder laxante, irá atuar como um desintoxicante específico. Sua qualidade “solar” irá tornar “hilária” as atitudes de acumular iras, ilusão de culpar os outros, de ser vítima e de se apegar ao não soltar e ao não “enxergar”.
Metafisicamente, os distúrbios do fígado são provenientes do hábito de se queixar com amargura e rabugice apenas para se iludir (resistir às mudanças, ao próprio poder), de pensamentos agoniados, plenos de raiva, medo e ódio de situações do passado. Revela um não querer ENXERGAR ou enxergar-se. Simples, não?
Já ouviu alguém falar: A raiva me cegou! Diante do medo me deu um branco! Era tanto ódio que não conseguia enxergar!
Vamos trocar? Vamos sair dessas defesas? Vamos nos imaginar com um óculos "cor-de-rosa"?
As afirmações adequadas para iniciar o processo de cura de fígado, vesícula e visão, segundo a Louise L. Hay em seu livro Cure seu Corpo (editora Best Seller), são:
- "Liberto o passado e avanço para o futuro." Ou seja, só tenho olhos para o futuro. Enxergo meu futuro de forma iluminada.
- "Adapto-me com doçura ao fluxo da vida. Faço as pazes com o meu passado".
Perceberam porque chamo meu site de Doce Limão?
Os agentes físicos que causam dano ao fígado, vesícula e visão são: álcool, fumo, café, chá (exceto o verde e os de ervas), chocolate (diferente do cacau in natura que é um superalimento), excitantes, açúcar branco, adoçantes artificiais, alimentos refinados, produtos químicos sintéticos, gordura animal, frituras e alimentos muito industrializados.
Limão - Um fruto sagrado
Limão é lucidez
* Conceição Trucom é química, cientista, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida.
Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citadas a autora e a
Fonte: www.docelimao.com.br
quarta-feira, 20 de maio de 2015
...respirar...
"Podemos descobrir o espaço interior criando lacunas no fluxo de pensamentos. Sem elas, o pensamento se torna repetitivo, desprovido de inspiração, sem nenhuma centelha criativa - e é assim que ele é para a maioria das pessoas. Não precisamos nos preocupar com a duração dessas lacunas. Alguns segundos bastam.
Aos poucos, elas irão aumentar por si mesmas, sem nenhum esforço de nossa parte. Mais importante do que fazer com que sejam longas é criá-las com frequência para que nossas atividades diárias e nosso fluxo de pensamento sejam entremeados por espaços.
Certa ocasião alguém me mostrou a programação anual de uma grande organização espiritual. Quando a examinei, fiquei impressionado pela rica seleção de seminários e palestras interessantes. A pessoa me perguntou se eu poderia recomendar uma ou duas atividades.
"Não sei, não. Todas elas me parecem muito interessantes. Mas eu conheço esta: tome consciência da sua respiração sempre que puder, toda vez que se lembrar. Faça isso durante um ano e terá uma experiência transformadora bem mais forte do que a participação em qualquer uma dessas atividades. E é de graça."
Tomar consciência da respiração faz com que a atenção se afaste do pensamento e produz espaço. É uma maneira de gerar consciência.
Embora a plenitude da consciência já esteja presente como o não-manifestado, estamos aqui para levar a consciência a essa dimensão.
Tome consciência da sua respiração. Observe a sensação do ato de respirar. Sinta o movimento de entrada e saída do ar ocorrendo em seu corpo. Veja como o peito e o abdômen se expande e se contrai ligeiramente quando você inspira e expira.
Basta uma respiração consciente para produzir espaço onde antes havia a sucessão ininterrupta de pensamentos. Uma respiração consciente (duas ou três seria ainda melhor) feita muitas vezes ao dia é uma maneira excelente de criar espaços em sua vida.
Mesmo que você medite sobre sua respiração por duas horas ou mais, o que é uma prática adotada por algumas pessoas, uma respiração basta para deixá-lo consciente. O resto são lembranças ou expectativas, isto é, pensamentos.
Na verdade, respirar não é algo que façamos, mas algo que testemunhamos. A respiração acontece por si mesma. Ela é produzida pela inteligência inerente ao corpo.
Portanto, basta observá-la. Essa atividade não envolve nem tensão nem esforço. Além disso, note a breve suspensão do fôlego - sobretudo no ponto de parada no fim da expiração - antes de começar a inspirar de novo.
Muitas pessoas têm a respiração curta, o que não é natural. Quanto mais tomamos consciência da respiração, mais sua profundidade se estabelece sozinha.
Como a respiração não tem forma própria, ela tem sido equiparada ao espírito - a Vida sem uma forma específica - desde tempos ancestrais.
"O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida; e o homem se tornou um ser vivente."
A palavra alemã para respiração - atmen - tem origem no termo sânscrito atman, que significa o espírito divino que nos habita, ou o Deus interior.
O fato de a respiração não ter forma é uma das razões pelas quais a consciência da respiração é uma maneira eficaz de criar espaços na nossa vida, de produzir consciência. Ela é um excelente objeto de meditação justamente porque não é um objeto, não tem contorno nem forma.
O outro motivo é que a respiração é um dos mais sutis e aparentemente insignificantes fenômenos, a "menor coisa", que, segundo Nietzsche, constitui a "melhor felicidade". Cabe a você decidir se vai ou não praticar a consciência da respiração como verdadeira meditação formal.
No entanto, a meditação formal não substitui o empenho em criar a consciência do espaço na sua vida cotidiana.
Ao tomarmos consciência da respiração, nos vemos forçados a nos concentrar no momento presente - o segredo de toda a transformação interior, espiritual.
Sempre que nos tornamos conscientes da respiração, estamos absolutamente no presente. Percebemos também que não conseguimos pensar e nos manter conscientes da respiração ao mesmo tempo.
A respiração consciente suspende a atividade mental. No entanto, longe de estarmos em transe ou semi-despertos, permanecemos acordados e alerta. Não ficamos abaixo do nível do pensamento, e sim acima dele.
E, se observarmos com mais atenção, veremos que essas duas coisas - nosso pleno estado de presença e a interrupção do pensamento sem a perda da consciência - são, na verdade a mesma coisa: o surgimento da consciência do espaço."
Livro O Despertar de uma Nova Consciência de Eckhart Tolle
segunda-feira, 18 de maio de 2015
... silêncio...
"Senta apenas ao meu lado
e deixa o meu silêncio
conversar com o seu.
Às vezes,
a gente nem precisa mesmo de palavras."
Ana Jácomo
sexta-feira, 15 de maio de 2015
...me entenda...
“Me entenda.
Eu não sou como um mundo comum.
Eu tenho a minha loucura,
eu vivo em outra dimensão e
eu não tenho tempo para coisas que não têm alma.”
Charles Bukowski
sexta-feira, 8 de maio de 2015
A Rosa de Paracelso
Em sua oficina, que ocupava os dois aposentos do porão, Paracelso pediu a seu Deus, a seu indeterminado Deus, a qualquer Deus, que lhe enviasse um discípulo. A tarde caía. O escasso fogo da lareira projetava sombras irregulares. Levantar-se para acender a lamparina de ferro era demasiado trabalho. Paracelso, distraído pelo cansaço, esqueceu sua súplica. A noite apagara os alambiques empoeirados e o atanor [2] quando alguém bateu à porta. O homem, sonolento, levantou-se, subiu a breve escada em caracol [3] e abriu uma das folhas. Entrou um desconhecido. Também estava muito cansado. Paracelso lhe indicou um banco; o outro se sentou e esperou. Durante algum tempo não trocaram palavra.
O mestre foi o primeiro a falar.
- Lembro-me de rostos do Ocidente e de rostos do Oriente - disse, não sem certa pompa. Não me lembro do teu. Quem és e o que queres de mim?
- Meu nome é o de menos - replicou o outro. - Três dias e três noites caminhei para entrar em tua casa. Quero ser teu discípulo. Tudo o que possuo, trago para ti.
Puxou um taleigo e emborcou-o sobre a mesa. As moedas eram muitas e de ouro. Fez isso com a mão direita. Paracelso lhe dera as costas para acender a lamparina.[4] Quando se virou, percebeu que a mão esquerda segurava uma rosa. A rosa o perturbou.[5]
Recostou-se, uniu as pontas dos dedos, e disse:
- Acreditas que sou capaz de elaborar a pedra que transforma todos os elementos em ouro e me ofereces ouro. Não é ouro o que me interessa, e se o ouro te interessa, nunca serás meu discípulo.
- O ouro não me interessa - respondeu o outro. Estas moedas não são mais que uma prova de meu desejo de trabalhar. Quero que me ensines a Arte. Quero percorrer a teu lado o caminho que conduz à Pedra.
Paracelso disse com vagar:
- O caminho é a Pedra. Se não compreendes estas palavras, ainda não começaste a compreender. Cada passo que deres é a meta.
O outro fitou-o com receio. Disse com outra voz:
- Mas existe uma meta?
Paracelso riu.
- Meus detratores, que não são menos numerosos que tolos, dizem que não e me chamam de impostor. Não lhes dou razão, mas não é impossível que seja uma ilusão. Sei que “existe” um Caminho.
Houve um silêncio, e o outro disse:
- Estou disposto a percorrê-lo contigo, mesmo que tenhamos de caminhar muitos anos. Deixa-me atravessar o deserto. Deixa-me divisar mesmo de longe a terra prometida, ainda que os astros não permitam que eu a pise. Quero uma prova antes de empreender o caminho.
- Quando? - disse Paracelso inquieto.
- Agora mesmo - disse o discípulo com brusca determinação.
Haviam começado a conversa em latim; agora, falavam alemão.
O rapaz ergueu a rosa no ar.
- Corre - disse - que és capaz de queimar uma rosa e fazê-la ressurgir da cinza, por obra da tua arte. Deixa-me ser testemunha deste prodígio. É o que te peço, e depois te darei minha vida inteira.
- És muito crédulo - disse o mestre. Não tenho uso para a credulidade; exijo a fé.
O outro insistiu.
- Precisamente por não ser crédulo quero ver com meus olhos a aniquilação e a ressurreição da rosa.
Paracelso pegara a rosa e brincava com ela enquanto falava.
- És crédulo - disse. Dizes que sou capaz de destruí-la?
- Ninguém é incapaz de destruí-la - disse o discípulo.
- Estás enganado. Imaginas, porventura, que alguma coisa possa ser devolvida ao nada? Imaginas que o primeiro Adão no Paraíso poderia ter destruído uma única flor ou um talo de relva?
- Não estamos no Paraíso - disse o jovem, teimoso -; aqui, sob a lua [6], tudo é mortal.
Paracelso se erguera.
- Em que outro lugar estamos? Acreditas que a Divindade é capaz de criar um lugar que não seja o Paraíso? Acreditas que a Queda é outra coisa que não ignorar que estamos no Paraíso? [7]
- É possível queimar uma rosa - disse o discípulo, desafiador.
- Ainda há fogo na lareira - disse Paracelso. Se atirasses esta rosa às brasas, acreditarias que foi consumida e que a cinza é verdadeira. Digo-te que a rosa é eterna e que apenas sua aparência pode se transformar. Bastaria uma palavra minha para que voltasses a vê-la.
- Uma palavra? - disse o discípulo, estranhando. - O atanor está apagado e os alambiques estão cheios de pó. Que farias para que reaparecesse?
Paracelso olhou para ele com tristeza.
- O atanor está apagado - repetiu - e os alambiques estão cheios de pó. Neste ponto de minha longa jornada utilizo outros instrumentos.
- Não ouso perguntar quais são - disse o outro, com astúcia ou humildade.
- Falo do utilizado pela divindade para criar os céus e a terra e o invisível Paraíso em que estamos e que o pecado original nos oculta. Falo da Palavra que ensina a ciência da Cabala.
O discípulo disse com frieza:
- Peço-te a mercê de mostrar-me o desaparecimento e o aparecimento de uma rosa. Para mim não faz diferença que utilizes alambiques ou o Verbo.
Paracelso refletiu. Depois disse:
- Se eu o fizesse, dirias que se trata de uma aparência imposta pela magia de teus olhos. O prodígio não te daria a fé que procuras. Deixa, pois, a rosa.
O jovem o fitou, sempre receoso. O mestre ergueu a voz e lhe disse:
- Além disso, quem és tu para entrar na casa de um mestre e exigir dele um prodígio? Que fizeste para merecer semelhante dom?
- O outro replicou, trêmulo:
- Sei que nada fiz. Peço-te em nome dos muitos anos que passarei estudando à tua sombra que me deixes ver a cinza e depois a rosa. Não te pedirei mais nada. Acreditarei no testemunho dos meus olhos.
Num gesto brusco, empunhou a rosa que Paracelso deixara sobre a mesa e lançou-a às chamas.
A cor sumiu e restou somente um pouco de cinza. Durante um instante infinito esperou as palavras e o milagre.
Paracelso não se movera. Disse com curiosa singeleza:
- Todos os médicos e boticários da Basileia afirmam que sou um embuste. Talvez estejam certos. Aí está a cinza que foi a rosa e que não a será.
O rapaz sentiu vergonha. Paracelso era um charlatão ou um mero visionário, e ele, um intruso, transpusera sua porta e agora o obrigava a confessar que suas famosas artes mágicas não existiam.
Ajoelhou-se e lhe disse:
- Agi de forma imperdoável. Faltou-me a fé, que o Senhor exigia dos fieis. Deixa que eu continue vendo a cinza. Voltarei quando estiver mais preparado e serei teu discípulo, e no fim do caminho verei a rosa.
Falava com genuína paixão, mas essa paixão era a piedade que lhe inspirava aquele velho tão venerado, tão agredido, tão insigne e afinal tão oco. Quem era ele, Johannes Grisebach, para descobrir com mão sacrílega que por trás da máscara não havia ninguém?
Deixar-lhe as moedas de ouro seria uma esmola. Recolheu-as ao sair. Paracelso o acompanhou até o pé da escada e lhe disse que sempre seria bem-vindo naquela casa. Ambos sabiam que não tornariam a ver-se.
Paracelso ficou só. Antes de apagar a lamparina e de sentar-se na cansada poltrona, recolheu o tênue punhado de cinzas na mão côncava e disse uma palavra em voz baixa. A rosa ressurgiu.
NOTAS:
[1] O subtítulo - “Conto Místico Mostra Testes da Caminhada Espiritual” - foi acrescentado por nós. O texto é reproduzido do volume “Nove Ensaios Dantescos & A Memória de Shakespeare”, de Jorge Luis Borges, Companhia das Letras, SP, copyright 1995-2008 by Maria Kodama/Editora Schwarcz, 102 pp. A tradução, excelente, é de Heloisa Jahn. Questionamentos sobre direitos autorais devem ser dirigidos aos editores de www.FilosofiaEsoterica.com através do e-mail lutbr@terra.com.br.
[2] Atanor: forno usado pelos alquimistas.
[3] A escada em caracol é um símbolo maçônico e oculto. Indica a ligação entre céu e terra, ou mundo divino e mundo humano.
[4] Há um simbolismo neste trecho. Ao acender a Luz, o mestre se volta na direção oposta ao dinheiro e ao que ele significa.
[5] A rosa e a cruz, a bênção e o sofrimento, são dois aspectos da caminhada espiritual. Nas primeiras páginas de “A Voz do Silêncio”, de H. P. Blavatsky, é feita esta advertência ao discípulo: “a tua alma encontrará as flores da vida, mas sob cada flor haverá uma serpente enroscada”. (A obra “A Voz do Silêncio” está disponível em www.FilosofiaEsoterica.com .)
[6] Sob a lua - em filosofia esotérica, o termo “sublunar” se aplica ao mundo físico e à dimensão mortal da vida. A Lua se relaciona com o eu inferior, a alma mortal. O Sol inspira o eu superior ou alma espiritual, e a Terra contribui com o corpo físico. Ao falar enfaticamente sobre as condições reinantes “aqui, sob a Lua”, o candidato a discípulo indica que permanece no mundo inferior e ainda não está apto para o discipulado.
[7] Este curto parágrafo sugere duas idéias centrais em filosofia esotérica, expostas na obra “A Doutrina Secreta”, de Helena Blavatsky: 1) As divindades estão sujeitas à Lei Universal e devem trabalhar de acordo com ela; e 2) A “queda do Paraíso” - a perda da sabedoria primordial a que um dia a humanidade teve acesso - ocorreu no plano mental e é provisória. A seu devido tempo, a humanidade reconquistará o estado espiritual primordial.
Fonte: http://www.filosofiaesoterica.com/ler.php?id=1356#.VPzvfOEYOQE
sexta-feira, 1 de maio de 2015
Nova Dimensão da Consciência
"Terra, 114 milhões de anos atrás: em uma manhã, logo após o amanhecer, a primeira flor a aparecer no planeta se abre para receber os raios do sol.
Antes deste momento decisivo que anunciava uma transformação evolutiva na vida das plantas, o planeta já estava coberto de vegetação durante milhões de anos. A primeira flor provavelmente não sobreviveu por muito tempo e as flores devem ter permanecido isoladas como raros fenômenos, uma vez que as condições provavelmente ainda não eram favoráveis para uma ampla floração ocorrer. Um dia, porém, um limiar crítico foi alcançado e, de repente, uma explosão de cores e aromas cobriu todo o planeta.
Potência de despertar
Muito mais tarde, aqueles seres delicados e perfumados que chamamos de flores viriam a desempenhar um papel essencial na evolução da consciência de outra espécie: os seres humanos seriam cada vez mais atraídos e fascinados por elas. Conforme a consciência dos seres humanos se desenvolvia, as flores provavelmente foram a primeira coisa que eles valorizaram e que não tinha nenhuma finalidade utilitária para eles, ou seja, não foi de forma alguma ligado à uma questão de sobrevivência. As flores deram inspiração para inúmeros artistas, poetas e místicos.
Jesus nos diz para contemplarmos as flores e aprender com elas como viver. Buda, certa vez, teria dado um "sermão silencioso", no qual ele apenas levantou uma flor e olhou para ela. Depois de um tempo, um dos presentes, um monge chamado Mahakasyapa, começou a sorrir. Diz-se que ele foi o único que tinha entendido o sermão. Segundo a lenda, aquele sorriso, isto é, aquela percepção, foi proferida por vinte e oito mestres sucessivos e mais tarde tornou-se a origem do zen.
Ver a beleza de uma flor pode despertar o ser humano, mesmo que brevemente, para a beleza que é parte essencial do seu próprio ser mais profundo, a sua verdadeira natureza. O primeiro reconhecimento da beleza foi um dos eventos mais significativos na evolução da consciência humana. Os sentimentos de alegria e amor estão intrinsecamente ligados a esse reconhecimento.
Sem perceber, tudo aquilo que é mais elevado e mais sagrado no interior do ser humano acabou sendo representado na forma de flores. Flores, mais fugazes e mais delicadas dentre todas as partes das plantas das quais surgiram, tornaram-se mensageiras de outro reino, como uma ponte entre o mundo das formas físicas e não físicas. Elas não só tem um perfume delicado e agradável aos seres humanos, mas também trazem uma fragrância do reino espiritual. Usando a palavra “iluminação” em um sentido mais amplo do que o convencionalmente aceito, podemos olhar para as flores como a “iluminação” das plantas.
Iluminação
Qualquer forma de vida em todo o reino - mineral, vegetal, animal ou humano - pode se "iluminar". Essa, contudo, é uma ocorrência extremamente rara, pois é mais do que uma progressão evolucionária: isso também implica uma descontinuidade no seu desenvolvimento, um salto para um nível totalmente diferente de ser e, mais importante, uma diminuição da materialidade.
O que poderia ser mais pesado e mais impenetrável do que uma pedra, a mais densa de todas as formas? E ainda assim, algumas pedras sofrem uma mudança em sua estrutura molecular, transformam-se em cristais, e assim tornam-se transparentes à luz. Alguns carbonos, sob inconcebíveis calor e pressão, transformam-se em diamantes, e alguns minerais pesados em outras pedras preciosas.
A maioria dos répteis rastejantes e todas as criaturas terrestres permaneceram inalteradas durante milhões de anos. Alguns, no entanto, cresceram penas e asas e se transformaram em pássaros, desafiando assim a força da gravidade que os haviam conservado por tanto tempo. Eles não se tornaram melhor do que rastejar e andar, mas transcenderam totalmente essa condição.
Desde tempos imemoriais, flores, cristais, pedras preciosas e pássaros têm um significado especial para o espírito humano. Como todas as formas de vida, eles são, é claro, manifestações temporárias de uma única Vida e Consciência. Seu significado especial, a fascinação e afinidade que despertam nos seres humanos, podem ser atribuídos à qualidade etérea que apresentam.
Desde que haja certo grau de Presença, de quietude e atenção na percepção do ser humano, ele pode sentir a essência da divindade, a indivisível consciência e espírito em cada criatura, em cada forma de vida, e reconhecê-las juntamente com sua própria essência como uma coisa só, e por isso amá-las como a ele mesmo. Até que isso aconteça, no entanto, a maioria dos seres humanos vê apenas as formas exteriores, desconhecendo a essência interior, assim como eles são inconscientes de sua própria essência e identificados apenas com sua própria forma física e psicológica.
Entretanto, no caso de uma flor, um cristal, as pedras preciosas ou os pássaro, mesmo alguém com pouca ou nenhuma Presença pode ocasionalmente sentir que há mais ali do que a mera existência física da forma, sem saber que esta é a razão pela qual é atraído para esses seres e sente afinidade com eles. Devido à sua natureza etérea, a sua forma obscurece o espírito residente em menor grau do que acontece com outras formas de vida. As exceções a esta regra são recém-nascidos ainda em forma de bebês: humanos, cachorros, gatos, ovelhas, e assim por diante. Eles são frágeis, delicados, ainda não firmemente estabelecidos na materialidade. Uma inocência, doçura e beleza que não são deste mundo ainda brilha através deles. Eles deleitam até os seres humanos mais insensíveis.
Então, quando você está alerta e contempla uma flor, um cristal ou pássaro sem nomeá-lo mentalmente, ele se torna uma janela para o mundo não físico. Há uma abertura em seu interior, ainda que pequena para o reino do espírito. É por isso que estas três formas "iluminadas” de vida têm desempenhado um papel tão importante na evolução da consciência humana desde tempos antigos. A jóia da flor de lótus, por exemplo, é um símbolo central do Budismo e um pássaro branco, a pomba, representa o Espírito Santo no Cristianismo. Estes seres estão preparando o terreno para uma mudança mais profunda na consciência planetária que está destinada para a espécie humana. Este é o despertar espiritual que estamos começando a testemunhar agora.
Um novo imperativo
A humanidade está pronta para a transformação da consciência, um florescimento interior tão radical e profundo que, em comparação a ele, o florescimento das plantas, não importa o quão belo, é apenas um pálido reflexo?
Podem os seres humanos perder a densidade das suas estruturas mentais condicionadas e se tornarem como cristais ou pedras preciosas, por assim dizer, transparente à luz da consciência?
Eles podem desafiar a atração gravitacional do materialismo e da materialidade e elevar-se acima da identificação com a forma que mantém o ego no lugar e os condena à prisão dentro de sua própria personalidade?
A possibilidade de tal transformação é a mensagem central dos ensinamentos de grandes sábios da humanidade. Tais mensageiros - Buda, Jesus e outros, nem todos conhecidos - foram as primeiras flores da humanidade. Eles foram os precursores, os seres raros e preciosos. A floração generalizada não foi ainda possível, e a mensagem tornou-se muito mal compreendida e muitas vezes distorcida. Certamente não transformou o comportamento humano, exceto em uma pequena minoria de pessoas.
Está a humanidade agora mais preparada do que na época dos primeiros professores?
O que você pode fazer, se existe alguma coisa, para provocar ou acelerar essa mudança interior?
O que é que caracteriza o velho estado egoico de consciência, e através de quais sinais pode-se reconhecer a nova consciência emergente?
Tornou-se imperativo que estas e outras questões essenciais sejam respondidas, porque hoje, a humanidade está diante de uma escolha difícil: Evoluir ou morrer. Um grupo ainda relativamente pequeno, mas crescente da humanidade já está enfrentando dentro de si a dissolução do padrão da velha mente egoica e a emergência de uma nova dimensão da consciência.
O que está surgindo agora não é um novo sistema de crença, uma nova religião, ideologia espiritual, ou mitologia. Estamos chegando ao final, não só de mitologias, mas também de ideologias e sistemas de crenças. A mudança é mais profunda do que o conteúdo de sua mente, mais profundo do que seus pensamentos. Na verdade, o cerne da nova consciência encontra-se na transcendência do pensamento, uma nova capacidade de levantar-se acima do pensamento, de realizar uma dimensão dentro de si mesmo que é infinitamente mais vasta do que se pensava. Você, então, já não deriva sua identidade, seu senso de quem você é, do fluxo incessante de pensar que em um velho contexto você toma como referência de quem você é. Que libertação perceber que a "voz na minha cabeça” não é quem eu sou! Quem sou eu, então? O único que vê isso. A consciência que é anterior ao pensamento, o espaço em que o pensamento - ou a emoção ou percepção sensorial - acontece.
Ego não é mais do que isso: a identificação com a forma, o que significa principalmente formas de pensamento. E se o Mal tem uma realidade - e ele tem, não absoluta, mas parcial - esta é também a sua definição: identificação completa com a forma - formas físicas, formas de pensamento, formas emocionais. Isso resulta em um desconhecimento total da minha conexão com o todo, minha unidade intrínseca com todos os "outros", bem como com a Fonte. Esse esquecimento é o pecado original, o sofrimento, a desilusão. Quando essa ilusão de separação absoluta fundamenta e governa tudo o que eu pensar, disser e fizer, que tipo de mundo eu crio? Para encontrar essa resposta, observe como os seres humanos se relacionam entre si, leia um livro de história ou assista ao noticiário hoje à noite na televisão.
Se as estruturas da mente humana permanecem inalteradas, estaremos sempre recriando fundamentalmente o mesmo mundo, os mesmos males, a mesma disfunção.
Um novo céu e uma nova terra
A inspiração para o título: Uma Nova Terra veio de uma profecia bíblica que parece mais aplicável hoje do que em qualquer outro momento da história humana. Ela ocorre tanto no Antigo e no Novo Testamento e fala do colapso da ordem existente no mundo e o surgimento de "um novo céu e uma nova terra". Precisamos entender que o céu aqui não é local, mas refere-se ao reino interior da consciência. Este é o significado esotérico da palavra, e este é também o seu significado nos ensinamentos de Jesus. Terra, por outro lado, é a manifestação exterior de forma, que é sempre um reflexo do interior. A consciência humana coletiva e da vida em nosso planeta estão intrinsecamente ligados. "Um novo céu" é o surgimento de um estado transformado da consciência humana, e "uma nova terra" é o seu reflexo no mundo físico."
Eckhart Tolle
Assinar:
Postagens (Atom)