sábado, 25 de março de 2023

Poesia de Manoel de Barros










"A maior riqueza do homem é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou — eu não aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai.
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas."

Manoel de Barros



O excerto acima representa a parte 11 do poema, integrado na obra Compêndio para uso dos pássaros (1961). Nele, é defendido que é o fato de se sentir incompleto que leva o ser humano a viver em busca e aprendizagens constantes. A vida comum, a rotina, não são suficientes para este sujeito que precisa de outras experiências e pontos de vista. Assim, ele busca inspiração e se transforma através da observação da natureza, um tema central da sua produção poética.