sábado, 30 de abril de 2011

...dar o exemplo






"Dar o exemplo
não é
a melhor maneira
de influenciar os outros.
- É a única."

Albert Schweitzer

sexta-feira, 29 de abril de 2011

...viver...




"Viver é a coisa mais rara do mundo. 
A maioria das pessoas apenas existe."

Oscar Wilde

quarta-feira, 27 de abril de 2011

...planos para a vida...




"Não tenhas planos para a vida
para não estragares
os planos que a vida tem para ti."

Professor Agostinho da Silva

terça-feira, 26 de abril de 2011

Flores e Jóias Sutis





Hamendras estava muito confuso. Seu mestre, Ram Gopal, havia partido para o mundo espiritual e, antes de sair do corpo, disse-lhe:

Ensinei a você tudo o que eu sei. Não fique triste com a minha partida. Você bem sabe que o traço característico da existência terrestre é a impermanência.

Vivemos sob os auspícios da Mãe Terra apenas por um tempo, mas logo o Pai Espiritual requer nossa volta para o plano estelar.

Vim para a Terra, vivi a experiência humana, trabalhei as emoções, quebrei o ego e equilibrei-me na consciência serena. Agora, volto para a natureza extrafísica surfando nas ondas luminosas do Amor Supremo.

Quando se lembrar de minha passagem pela Terra, não faça cultos ou devoções místicas em minha homenagem. Vá até o jardim mais próximo e veja as flores desabrochando. Elas são minhas irmãs. Observando-as, transformará sua saudade em alegria.

Perceberá que também desabrochei na vida terrestre e espalhei entre os homens beleza, perfume e cores espirituais.

Por favor, sinta-se bem e siga seu caminho com discernimento, amor, alegria e paciência. Voarei agora para casa, pois o Senhor me espera em seu jardim espiritual.

Ah, não se esqueça do nosso ensinamento mais importante: sempre erga a mente além das ilusões dos sentidos e abra o coração em agradecimento ao Amor Maior que é a Luz de todos nós.

Quando agradecemos com sinceridade, quebramos o ego e ficamos plenos de alegria transcendental.

Fique em paz, meu filho. Seja querida flor e desabroche as pétalas de luz do seu coração entre os homens.

Hamendras tinha a clarividência desenvolvida e viu o momento em que Ram Gopal desprendeu-se da carcaça física. A seguir, cremou o corpo de seu guru e foi meditar.

Sentia-se estranho, dividido. Parte dele queria desprender-se do corpo e seguir o mestre, mas parte dele sabia que tinha um tempo a cumprir na Terra.

Procurando equilibrar-se, lembrou-se de uma prática espiritual que o mestre lhe ensinara.

Concentrou-se no chakra frontal e encheu o centro interno da testa de suave luz.

A seguir, deslizou a consciência até o meio interno do peito e visualizou uma linda flor em botão.

Suavemente, começou a desabrochá-la com pensamentos de paz e amor.

Camada por camada, as pétalas foram se abrindo...

Para a surpresa de Hamendras, surgiu, bem no centro da flor aberta, uma brilhante joia. Usando o coração como veículo, ela comunicou-se sutilmente com ele, pela via das percepções espirituais, e disse-lhe:

Sou Ananda, a joia espiritual. Vejo que Ram Gopal ensinou-lhe muito bem. Mas ele era apenas seu mestre externo. Sua função era ensiná-lo como chegar até meu brilho.

Agora que me achou em seu próprio peito, cesse a busca externa e a tristeza.

Sempre estarei aqui. Quando quiser, é só fazer a flor abrir que surgirei bem no centro dela. E, seguindo as intuições que lhe darei, você será uma linda flor entre os homens. Eles não perceberão nosso brilho, mas espalharemos juntos a beleza, o perfume e as cores espirituais.

No devido tempo, iremos nos juntar a Ram Gopal nos belos jardins do Senhor, além das luzes da Terra. E aí, meu querido, brilharemos mais, e para sempre...

Desse momento em diante, Hamendras iluminou-se e tornou-se o mestre das flores.

E quando alguém perguntava qual era a origem do brilho de seus olhos e de seu sorriso, ele apenas dizia: É que mora uma jóia dentro do meu coração e, também, porque um dia Ram Gopal ensinou-me a sempre agradecer ao Amor Maior e ser uma flor entre os homens.

Om Tat Sat

Wagner Borges

Texto extraído do livro Falando de Espiritualidade

...seu cérebro passa a ser seu coração...



"Se um homem
encara a vida
de um ponto de vista artístico,
seu cérebro passa a ser seu coração."

Oscar Wilde

segunda-feira, 25 de abril de 2011

...a origem do medo...



"A origem do medo do fracasso
quase sempre
se encontra na crença
de que temos algo a esconder
ou quando acreditamos,
 que se nos mostrarmos como somos,
nossas imperfeições serão notadas
e causarão rejeição.


Ocultar nossos talentos
para evitar o fracasso
não produz uma vida plena.

É somente arriscando falhar
que descobrimos que não somos perfeitos,
mas que podemos sempre crescer
e colocar em prática os dons que recebemos."

Mark W. Baker

domingo, 24 de abril de 2011

A Páscoa na visão da Antroposofia



A Páscoa é uma festa repleta de imagens fortes e marcantes. No hemisfério sul, ela ocorre no outono, no primeiro domingo após a primeira lua cheia. A Páscoa é sempre comemorada no domingo, mostrando uma relação com o Sol, astro que rege esse dia da semana, mas também tem relação com a Lua cheia, lembrando que a lua não tem luz própria, apenas reflete a luz do sol.


Antigamente, porém, ela acontecia apenas no hemisfério norte, na época da primavera, quando as pessoas ainda tinham grande relação com as forças da natureza. Naquela época, sobreviver ao rigor do inverno era um grande desafio, e chegar à primavera era motivo de grande celebração. Era nesta época do ano que a vida recomeçava, as cores retornavam, tudo desabrochava. Era a vitória da vida sobre a morte.

A palavra Páscoa, vem do hebraico, PESSACH, que significa passagem. Quando Moisés desafiou o faraó e conduziu seu povo rumo à Terra Prometida libertando-os da escravidão. Neste fato histórico, mais uma vez ocorreu a vitória da vida sobre a morte.


Na tradição cristã, a Páscoa novamente ocupa uma importância fundamental. Após os quarenta dias da quaresma e depois de refletir sobre os acontecimentos vivenciados por Jesus Cristo durante a Semana Santa (domingo de ramos, condenação da figueira, encontro com adversários no templo, unção, santa ceia e lava pés, morte, descida ao reino dos mortos e ressurreição), os cristãos comemoram, no domingo de Páscoa, a glória da ressurreição de Cristo.


Com sua paixão, morte e ressurreição, Cristo deixou-nos o precioso legado de uma nova vida após a morte, e quando seu corpo e sangue penetraram nas profundezas da terra ela se torna um centro de luz, vivificada pelo Eu do Cristo. Diante desta consciência, podemos refletir sobre nossas atitudes perante esta Terra, nosso planeta, tão sagrado.


Outra imagem, que claramente mostra à idéia de vida, morte e ressurreição é a metamorfose da lagarta em borboleta, representando a morte do corpo, a transformação e o renascer. A imagem arquetípica da borboleta que, quando lagarta, fecha-se num escuro casulo deixando a luz e o calor transformarem sua existência em cor e leveza.


O coelho e os ovos também possuem um significado especial nas comemorações pascais. O ovo representa uma vida interior, ainda em estado germinal, que se desenvolve, rompe uma casca dura e em seguida desabrocha em sua plenitude, assim como Cristo ressuscitado saiu de sua tumba. O coelho, por sua vez, representa um animal puro, digno de carregar e trazer os ovos da Páscoa. Além disso, é um animal muito fértil, que se reproduz com facilidade.


Atualmente, porém, a Páscoa, assim como as outras festas anuais, não é encarada sob um ponto de vista espiritual.

Na maioria das vezes, não vivenciamos a possibilidade de deixar morrer em nós o que não queremos mais, o que já não nos serve, e também não permitimos que o novo em nós possa florescer.

Deveríamos ter claro dentro de nós a possibilidade da vida, morte e ressurreição de hábitos, atitudes e modos de pensar, para tornarmos pessoas melhores, menos endurecidos e insensíveis diante da realidade atual, com seus constantes altos e baixos.

Se tivermos consciência da necessidade de cada um realizar este exercício interior, poderemos então resgatar o real sentido da Páscoa.

Feliz Páscoa!


Por Silberto Azevedo

Fontes Bibliográficas 
Anna Maria Macrander Karassawa. A Páscoa no contexto Waldorf.
Edna Andrade. Época da Páscoa – síntese.
Helena Maria de Jesus. O significado da Páscoa.
Rudolf Steiner. O Evangelho de São João. Editora Antroposófica, 2007.


Fonte:
lemnis farmacia

Origami de Coelho


Aproveite e divirta-se fazendo esta dobradura.
Voce pode usar também papéis coloridos...
assim terá coelhos brancos, cinzentos, ...
Que tal?

sábado, 23 de abril de 2011

Alma...Felicidade...Amor...


O Dr. Jorge Carvajal é médico cirurgião da Universidade de Andaluzia, Espanha (pioneiro da Medicina Bioenergética).


Qual adoece primeiro: o corpo ou a alma?


A alma não pode adoecer, porque é o que há de perfeito em ti, a alma evolui, aprende. Na realidade, boa parte das enfermidades são exatamente o contrário: são a resistência do corpo emocional e mental à alma. Quando nossa personalidade resiste aos desígnios da alma, adoecemos.


A Saúde e as Emoções:


Há emoções prejudiciais à saúde ? Quais são as que mais nos prejudicam?


70% das enfermidades do ser humano vêm do campo da consciência emocional. As doenças muitas vezes procedem de emoções não processadas, não expressadas, reprimidas. O medo, que é a ausência de amor, é a grande enfermidade, o denominador comum de boa parte das enfermidades que temos hoje. Quando o temor se congela, afeta os rins, as glândulas suprarrenais, os ossos,  a energia vital, e pode converter-se em pânico.


Então nos fazemos de fortes e descuidamos de nossa saúde?


De heróis os cemitérios estão cheios. Tens que cuidar de ti. Tens teus limites, não vás além. Tens que reconhecer quais são os teus limites e superá-los, pois, se não os reconheceres, vais destruir teu corpo.


Como é que a raiva nos afeta?


A raiva é santa, é sagrada, é uma emoção positiva, porque te leva à autoafirmação, à busca do teu território, a defender o que é teu, o que é justo. Porém, quando a raiva se torna irritabilidade, agressividade, ressentimento, ódio, ela se volta contra ti e afeta o fígado, a digestão, o sistema imunológico.


Então, a alegria, ao contrário, nos ajuda a permanecer saudáveis?


A alegria é a mais bela das emoções, porque é a emoção da inocência, do coração e é a mais curativa de todas, porque não é contrária a nenhuma outra. Um pouquinho de tristeza com alegria escreve poemas. A alegria com medo leva-nos a contextualizar o medo e a não lhe darmos tanta importância.


Sim, a alegria suaviza todas as outras emoções, porque nos permite processá-las a partir da inocência. A alegria põe as outras emoções em contato com o coração e dá-lhes um sentido ascendente. Canaliza-as para que cheguem ao mundo da mente.

E a tristeza?


A tristeza é um sentimento que pode te levar à depressão quando te deixas envolver por ela e não a expressas, porém ela também pode te ajudar. A tristeza te leva a contatares contigo mesmo e a restaurares o controle interno. Todas as emoções negativas têm seu próprio aspecto positivo. Nós as tornamos negativas quando as reprimimos.


Convém aceitarmos essas emoções que consideramos negativas como parte de nós mesmos?



Como parte para transformá-las, ou seja, quando se aceitam, fluem, e já não se estancam e podem se transmutar. Temos de as canalizar para que cheguem à cabeça a partir do coração. Que difícil! Sim, é muito difícil. Realmente as emoções básicas são o amor e o medo (que é ausência de amor), de modo que tudo que existe é amor, por excesso ou deficiência. Construtivo ou destrutivo. Porque também existe o amor que se aferra, o amor que superprotege, o amor tóxico, destrutivo.


Como prevenir a enfermidade?


Somos criadores, portanto creio que a melhor forma é criarmos saúde. E, se criarmos saúde, não teremos que prevenir nem combater a enfermidade, porque seremos saúde.


E se aparecer a doença?


Teremos, pois, de aceitá-la, porque somos humanos. Krishnamurti também adoeceu de um câncer de pâncreas e ele não era alguém que levasse uma vida desregrada. Muita gente espiritualmente muito valiosa já adoeceu. Devemos explicar isso para aqueles que creem que adoecer é fracassar.


O fracasso e o êxito são dois mestres e nada mais. E, quando tu és o aprendiz, tens que aceitar e incorporar a lição da enfermidade em tua vida. Cada vez mais as pessoas sofrem de ansiedade. A ansiedade é um sentimento de vazio, que às vezes se torna um oco no estômago, uma sensação de falta de ar. É um vazio existencial que surge quando buscamos fora em vez de buscarmos dentro. Surge quando buscamos nos acontecimentos externos, quando buscamos muleta, apoios externos, quando não temos a solidez da busca interior. Se não aceitarmos a solidão e não nos tornarmos nossa própria companhia, sentiremos esse vazio e tentaremos preenchê-lo com coisas e posses. Porém, como não pode ser preenchido de coisas, cada vez mais o vazio aumenta.


Então, o que podemos fazer para nos libertarmos dessa angústia?


Não podemos fazer passar a angústia comendo chocolate ou com mais calorias, ou buscando um príncipe fora. Só passa a angústia quando entras em teu interior, te aceitas como és e te reconcilias contigo mesmo. A angústia vem de que não somos o que queremos ser, muito menos o que somos, de modo que ficamos no "deveria ser", e não somos nem uma coisa nem outra. O estresse é outro dos males de nossa época. O estresse vem da competitividade, de que quero ser perfeito, quero ser melhor, quero ter uma aparência que não é minha, quero imitar. E realmente só podes competir quando decides ser um competidor de ti mesmo, ou seja, quando queres ser único, original, autêntico e não uma fotocópia de ninguém. O estresse destrutivo prejudica o sistema imunológico. Porém, um bom estresse é uma maravilha, porque te permite estar alerta e desperto nas crises e poder aproveitá-las como oportunidades para emergir a um novo nível de consciência.


O que nos recomendaria para nos sentirmos melhor com nós mesmos?


A solidão. Estar consigo mesmo todos os dias é maravilhoso. Passar 20 minutos consigo mesmo é o começo da meditação, é estender uma ponte para a verdadeira saúde, é aceder o altar interior, o ser interior. Minha recomendação é que a gente ponha o relógio para despertar 20 minutos antes, para não tomar o tempo de nossas ocupações. Se dedicares, não o tempo que te sobra, mas esses primeiros minutos da manhã, quando estás rejuvenescido e descansado, para meditar, essa pausa vai te recarregar, porque na pausa habita o potencial da alma.


O que é para você a felicidade?


É a essência da vida. É o próprio sentido da vida. Estamos aqui para sermos felizes, não para outra coisa. Porém, felicidade não é prazer, é integridade. Quando todos os sentidos se consagram ao ser, podemos ser felizes. Somos felizes quando cremos em nós mesmos, quando confiamos em nós, quando nos empenhamos transpessoalmente a um nível que transcende o pequeno eu ou o pequeno ego. Somos felizes quando temos um sentido que vai mais além da vida cotidiana, quando não adiamos a vida, quando não nos alienamos de nós mesmos, quando estamos em paz e a salvo com a vida e com nossa consciência. Viver o Presente.


É importante viver no presente? Como conseguir?


Deixamos ir-se o passado e não hipotecamos a vida às expectativas do futuro quando nos ancoramos no ser e não no ter, ou a algo ou alguém fora. Eu digo que a felicidade tem a ver com a realização, e esta com a capacidade de habitarmos a realidade. E viver em realidade é sairmos do mundo da confusão.


Na sua opinião, estamos tão confusos assim?


Temos três ilusões enormes que nos confundem:


Primeiro - cremos que somos um corpo e não uma alma, quando o corpo é o instrumento da vida e se acaba com a morte.


Segundo - cremos que o sentido da vida é o prazer, porém com mais prazer não há mais felicidade, senão mais dependência. Prazer e felicidade não são o mesmo. Há que se consagrar o prazer à vida e não a vida ao prazer.


Terceiro - ilusão é o poder; desejamos o poder infinito de viver no mundo. E do que realmente necessitamos para viver? Será de amor, por acaso?


O amor, tão trazido e tão levado, e tão caluniado, é uma força renovadora. O amor é magnífico porque cria coesão. No amor tudo está vivo, como um rio que se renova a si mesmo. No amor a gente sempre pode renovar-se, porque ordena tudo. No amor não há usurpação, não há transferência, não há medo, não há ressentimento, porque quando tu te ordenas, porque vives o amor, cada coisa ocupa o seu lugar, e então se restaura a harmonia. Agora, pela perspectiva humana, nós o assimilamos com a fraqueza, porém o amor não é fraco.


Enfraquece-nos quando entendemos que alguém a quem amamos não nos ama. Há uma grande confusão na nossa cultura. Cremos que sofremos por amor, porém não é por amor, é por paixão, que é uma variação do apego. O que habitualmente chamamos de amor é uma droga. Tal qual se depende da cocaína, da maconha ou da morfina, também se depende da paixão. É uma muleta para apoiar-se, em vez de levar alguém no meu coração para libertá-lo e libertar-me. O verdadeiro amor tem uma essência fundamental que é a liberdade, e sempre conduz à liberdade. Mas às vezes nos sentimos atados a um amor. Se o amor conduz à dependência é Eros. Eros é um fósforo, e quando o acendes ele se consome rapidamente em dois minutos e já te queima o dedo. Há amores que são assim, pura chispa. Embora essa chispa possa servir para acender a lenha do verdadeiro amor. Quando a lenha está acesa, produz fogo. Esse é o amor impessoal, que produz luz e calor.


Pode nos dar algum conselho para alcançarmos o amor verdadeiro?


Somente a verdade. Confia na verdade; não tens que ser como a princesa/o príncipe dos sonhos do outro, não tens que ser nem mais nem menos do que és. Tens um direito sagrado, que é o direito de errar; tens outro, que é o direito de perdoar, porque o erro é teu mestre. Ama-te, sê sincero contigo mesmo e leva-te em consideração. Se tu não te queres, não vais encontrar ninguém que possa te querer. Amor produz amor. Se te amas, vais encontrar amor. Se não, vazio. Porém nunca busques migalhas, isso é indigno de ti. A chave então é amar-se a si mesmo. E ao próximo como a ti mesmo. Se não te amas a ti, não amas a Deus, nem a teu filho, porque estás apenas te apegando, estás condicionando o outro. Aceita-te como és; não podemos transformar o que não aceitamos, e a vida é uma corrente permanente de transformações.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Fé faz bem à Saúde




Médicos e cientistas admitem que práticas espirituais ajudam a prevenir e a enfrentar diversas doenças, como hipertensão, depressão e até câncer.

        A doutrina espírita afirma que a causa das nossas doenças está no espírito, e as lesões do corpo físico são projeções doentias do pensamento e dos sentimentos, mais especificamente do ego, da personalidade ou máscara.

        "No caso da hipertensão arterial, do ponto de vista da Medicina puramente materialista, suas causas podem ser:
  • renais,
  • glandulares
  • e cardiocirculatórias,
  • porém, a mais comum é de origem desconhecida, a chamada hipertensão essencial.

        Mas, no paradigma espírita, a causa está no espírito", declara Júpiter Villoz Silveira, médico endocrinologista e vice presidente da Associação Médico Espírita (AME) de Londrina (PR), que tratou do tema no IV Congresso Nacional da Associação Médico Espírita (Medinesp 2003).

        Júpiter Silveira lembra que o neurologista Antônio Carlos Costardi, de Taubaté (SP), autor de vários livros sobre a mente, entre eles 'Um condomínio chamado família', faz essa afirmação há anos. "Costardi nos diz que a hipertensão arterial sistêmica ocorre em pacientes com personalidade controladora, que, ao perderem o controle de uma determinada situação, geram um sentimento de raiva que, descarregado sobre o seu próprio corpo somático, produz, entre outras coisas, a hipertensão arterial", afirma.

        Para provar a tese de que todas as pessoas hipertensas têm personalidade controladora e traçar um perfil psico espiritual do hipertenso, Júpiter Silveira convidou, naquela ocasião, aleatoriamente, pacientes hipertensos, tanto de seu consultório, como da instituição Casa do Caminho, de Londrina, que estivessem dispostos a participar do trabalho de investigação. As pessoas escolhidas foram de ambos os sexos, de 20 a 50 anos. Posteriormente, elas foram encaminhadas ao Instituto Reviver, clínica do médico Cláudio Sproesser, que trabalha com as doutoras Eliane Alves de Andrade e Marilene Moreli Padoa, onde passaram por testes em que foi avaliada a história detalhada de suas doenças e promovidos testes psicológicos. "Após anamnese detalhada e aplicação de testes como o Warteg, eles encontraram os seguintes resultados:
  • intolerância   
  • pessoas dominadoras
  • e baixa autoestima", relata (a anamnese é a informação sobre o princípio e evolução de uma doença até a primeira observação do médico, e os testes de Warteg são avaliações psicológicas do paciente).
"Entre a população avaliada, a intolerância e o comportamento dominador obtiveram um perfil de 100%. Já em relação à baixa autoestima, o índice constatado foi de 90% e o nível de estresse dessa população está numa escala altíssima", completa Júpiter Silveira.

        De acordo com Júpiter, aqueles que apresentam faixa etária acima de 40 anos e/ou aqueles que fumam, independentemente da idade, segundo a literatura médica, já estão na probabilidade da ocorrência de apresentarem ou já estarem apresentando alterações cardiovasculares. "Mas, podemos afirmar que, independentemente do grau de cultura, a conscientização quanto à espiritualidade é fator predominante no equilíbrio da qualidade de vida do paciente", diz.

        Júpiter Silveira também aponta que, através dos protocolos avaliados, é possível identificar características quanto ao "eu" do indivíduo na sua afetividade, a sua ambição e proteção. "Pode-se notar algumas características comuns entre essas pessoas, como insegurança, busca de proteção, negação da sua individualidade, repressão da angústia, objetivos indefinidos e dificuldades quanto a sua sexualidade. Cabe ressaltar que também foram constatadas outras características distintas, sendo algumas positivas", lembra.

        Na obra de André Luiz fica muito claro que o espírito é o responsável, através de seus sentimentos em desequilíbrio, pelas lesões no perispírito que se traduzem como doenças no corpo físico.


Artigo publicado na edição 44 da Revista Cristã de Espiritismo e na revista Caminho Espiritual  

Alerta aos pessimistas: pensamento negativo tem poder!


Gatilho hormonal é disparado no cérebro quando a pessoa crê que algo vai dar errado.


"Ó, vida, ó, azar!", queixava-se a hiena Hardy Har Har, no clássico desenho animado, prevendo que as coisas não dariam certo. Agora, uma pesquisa provou que, de alguma forma, Hardy tinha razão. Se um paciente pensa que o tratamento não vai funcionar, ele provavelmente não irá, mesmo com as melhores técnicas ou os mais potentes medicamentos.


Uma antiga crença popular acaba de ganhar comprovação científica. Publicado em fevereiro na revista Science Translational Medicine, um estudo liderado pela Universidade de Oxford, da Grã-Bretanha, com a participação de outras três instituições européias, mostrou que o pensamento negativo pode, sim, ter conseqüências nocivas. Pelo menos quando o assunto é saúde.


Decididos a desvendar os mistérios do cérebro e a testar se as convicções dos pacientes podem alterar o resultado de um tratamento, os cientistas reuniram 22 voluntários para uma bateria de exames. No laboratório, sem que os envolvidos soubessem, manipularam suas expectativas em relação à dor. Os resultados foram surpreendentes.


Imagine a cena: acomodados em um aparelho de ressonância magnética, com tubos intravenosos nos braços, os participantes foram expostos a uma dor física, provocada por uma fonte de calor. Pela corrente sanguínea, passaram a receber um analgésico potente.Em determinado momento, ficaram sabendo que o medicamento seria cortado repentinamente. Quando isso aconteceu, os relatos de sofrimento aumentaram vertiginosamente. Nada demais, não fosse um pequeno detalhe: eles continuavam medicados.

O mais curioso é que, por meio de imagens da atividade cerebral dos voluntários, os estudiosos confirmaram que eles realmente sentiam o desconforto relatado. Em outras palavras, a certeza de que a situação iria piorar anulou o efeito do remédio.


— Isso mostra que os médicos não podem subestimar a influência das expectativas negativas que os pacientes têm sobre o resultado de um tratamento —, declarou a professora Irene Tracey, do Centro de Ressonância Magnética Funcional do Cérebro da Universidade de Oxford, que comandou o trabalho.


Pessimistas


A conclusão também reforça algo que outras pesquisas já vinham apontando. Um levantamento desenvolvido em 2010 pela International Stress Management Association (Isma) revelou que, entre pessimistas inveterados, as chances de desenvolver moléstias — como problemas gástricos, dores musculares, arritmia e taquicardia — são maiores.


— Na ciência, classificamos os pessimistas como pessoas que interpretam as dificuldades como fracassos e sempre esperam o pior. Eles sofrem muito. Acham que o mundo é injusto, são inflexíveis e obsessivos — , destaca a presidente da Isma no Brasil e Ph.D. em psicologia, Ana Maria Rossi.


Não raro, quanto mais pensamentos negativos nutrem, mais pessimistas ficam. Mas o que está por trás disso? O neurologista Pedro Schestatsky diz que a explicação passa por um conjunto de fatores. Em geral, sempre que uma pessoa crê que algo vai dar errado e vive uma situação de estresse, um gatilho hormonal é disparado no cérebro, e substâncias como cortisol e adrenalina são liberadas. É como se o órgão percebesse que há algo ruim por vir e preparasse o corpo para a guerra — mantendo-o em estado de hipervigilância.


Em pessoas saudáveis, essas descargas são comuns e até benéficas. O problema é que, no caso dos pessimistas, passam a ser contínuas. O resultado da cascata hormonal é a diminuição da capacidade de suportar a dor e o enfraquecimento do sistema imunológico, abrindo brechas a doenças.

Por essa e por outras razões, Schestatsky comemora o resultado da pesquisa britânica:

— O estudo comprova o quanto é importante o médico conversar com seu paciente, entender o que se passa na cabeça dele e trabalhar isso. Não adianta atendê-lo em cinco minutos e prescrever um remédio sem um vínculo terapêutico. Se a expectativa for ruim, tem tudo para dar errado.


Saiba mais


Dos versos melancólicos e negativos do poeta inglês Lord Byron à saga de Luis da Silva, protagonista de Angústia, de Graciliano Ramos, os conflitos vividos por homens e mulheres de mal com o mundo perpassam gerações e pululam livros, filmes e programas de TV. Até os fãs dos desenhos animados se acostumaram a rir do velho e choroso bordão "ó, céus, ó, vida, ó, azar", de Hardy Har Har, a impagável hiena criada pelos estúdios Hanna-Barbera.


A técnica


Para ajudar pacientes a superarem o negativismo, a psicóloga Ana Maria Rossi costuma ensinar um método simples, desenvolvido na década de 80, chamado de técnica da visualização. Funciona assim:


1. Sempre que você estiver em uma situação que desencadeie algum pensamento negativo, pare o que está fazendo e respire fundo.


2. A idéia é que você "engane" seu cérebro. Em função de fatores neurológicos, ele não diferencia o real do imaginado. Para isso, antes que ele comece a produzir os hormônios relacionados ao pessimismo, substitua o pensamento negativo por um positivo e visualize a cena.


3. Repita o processo sempre que necessário e se programe para agir dessa forma até que passe a ser algo natural.


Problema tem solução


Pessimistas são como peixes presos a uma rede em alto-mar. Não é fácil se libertar da trama e dar um basta aos pensamentos negativos, afirmam os médicos. Mas não é impossível.

— O problema é que quando o pessimista vê uma luz no fim do túnel, acha que é a locomotiva que vem vindo. Ele se alimenta de fatos negativos. É um obsessivo —, diz a psicóloga Ana Maria Rossi.


O neurologista Pedro Schestatsky, coordenador do Comitê de Dor da Sociedade Européia de Neurologia, vai mais longe: muitos desses pacientes, na verdade, têm transtorno de personalidade catastrófica:


— Eles supervalorizam a dor, como aqueles sujeitos que têm uma unha encravada e acham que vão morrer.


Não raro, complementa o psiquiatra Fernando Lejderman, o quadro está associado a depressão ou ansiedade. Dependendo da gravidade dos sintomas, o paciente só supera a situação com terapia e medicamentos.


— É difícil, mas se a pessoa reconhecer o problema, consegue vencer — ressalta Lejderman.


Publicado no Jornal Zero Hora de 29/03/11
Juliana Bublitz

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Semana Santa pela Antroposofia


A sabedoria antiga vê a semana como unidade de tempo relacionada à tradição religiosa: no Gênesis, temos a descrição da criação do mundo em sete dias.

Os dias da semana recebem o nome de sete planetas, arquétipos, que regem a ordem do Universo.

Se olharmos a Semana Santa como unidade de tempo, percebemos nela um ciclo que se inicia no Domingo de Ramos e acaba no Sábado de Aleluia. Esse período compõe uma via sacra, através da qual podemos trilhar verdades existenciais. Isso significa que, por meio da reflexão e da busca de imagens do desenvolvimento humano, podemos encontrar relações diretas entre a semana santa e a nossa própria vida.

A Semana Santa oferece uma bela e terapêutica imagem para o nosso desenvolvimento, sobre a qual podemos refletir e na qual encontramos relações com a própria vida.


Os acontecimentos da Semana Santa compõem uma Via Sacra através da qual trilhamos verdades existenciais.


Do ponto de vista da sabedoria antiga, a Semana como unidade de tempo tem relação com a tradição religiosa no Gênesis e nela temos a descrição da criação do mundo em Sete Dias.

Os dias da semana recebem seus nomes dos Sete Planetas, arquétipos, princípios que ordenam a vida no universo, sendo que das esferas dos Sete Planetas emanam forças espirituais que impulsionam o desenvolvimento humano.

A cosmovisão antiga descreve o universo através de imagens, numa linguagem analógica que, por ser poética, toca mais profundamente a nossa alma.

Ela nos proporciona a vivência de estarmos integrados a uma ordem cósmica que não contradiz a visão racional que temos do universo, mas contribui, vivificando o pensar lógico.


A Semana Santa começa no Domingo de Ramos e vai até o Sábado de Aleluia, sendo que o Domingo da Ressurreição, denominado de Domingo de Páscoa (do hebraico "Pessach", que significa passagem) é o primeiro dia da passagem para o Novo Sol que será a Terra vivificada pelo Eu do Cristo.

Acompanhemos, então, os seus acontecimentos, segundo o ponto de vista da antroposofia:


Domingo de Ramos

Dia do Antigo Sol – Centro, Eu, Humanização


Entrada de Jesus Cristo na cidade santa de Jerusalém, montado em um burrinho branco. O povo da cidade o saúda com ramos de palmeiras.

Cristo atravessa em silêncio a vibração popular, pois sabe que aquele entusiasmo logo passará.

Para Cristo, essa era a transição da antiga exaltação visionária inconsciente, desencadeada pelos elementos externos da natureza, para a atitude receptiva, fruto da presença do espírito, do Sol interior na alma individual e vigorosa.


No primeiro dia da Semana Santa, Jesus Cristo entra na cidade de Jerusalém, montado em um burrinho branco. Com brados de "Hosana", o povo o saúda com ramos de palmeiras.


A força luminosa que emana do Cristo reascende no povo a antiga clarividência, vivenciada nos rituais das festividades em homenagem ao sol. A palmeira sempre fora considerada o símbolo do sol natural.


O Cristo atravessa em silêncio a vibração popular sem se contagiar. Interiormente sabe que aquele entusiasmo, logo passará. Não tem consistência interna. É o entusiasmo natural que logo se transfere para outra novidade, para outro acontecimento externo. Cristo sabe o que ele próprio representa e a que veio. Ele quer penetrar na camada mais consciente da alma humana. O seu brilho é o brilho próprio que emana da essência de seu ser espiritual.


O seu estado de alma é autoconsciente e acolhedor. Permanecerá. Entrar em Jerusalém, montado no burrinho tinha para o Cristo o sentido de deixar clara a transição: da antiga exaltação visionária, semi-consciente, desencadeada por elementos externos, para a atitude equilibrada, fruto da presença de espírito, do Sol interior na alma individualizada.



Segunda-feira Santa

Dia da Lua – Manter, Revitalizar, Repetição, Revitalização, Reflexo, Refletir


Em Betfagé, Cristo se aproxima da figueira, local de meditação onde se atingia um estado inconsciente de re-ligação com o mundo espiritual.



Lá, Cristo pronuncia a sentença: “Para todo o sempre, ninguém mais comerá destes figos”. Com a condenação da figueira, cessa-se o antigo dom lunar das visões de êxtase, antiga forma de clarividência.



É fundamental para Cristo que o ser humano trilhe o caminho da autoconsciência clara e explícita que, embora muitas vezes se constitua de processo doloroso, levará o homem à liberdade individual. “Retornará o tempo em que os homens serão clarividentes como um fato consciente”.



Chegando mais tarde no templo, Cristo expulsa de lá os vendedores, lembrando a eles e aos peregrinos que aquele era um lugar sagrado.Betfagé era uma aldeia cercada pôr figueiras consideradas sagradas por seus moradores. Fora de lá que Cristo, no Domingo de Ramos, mandara Pedro e João trazer um burrinho, também considerado um animal sagrado. Ali, cultivava-se uma antiga forma de clarividência, ou seja, praticava-se "o sentar-se sob a figueira", uma série de exercícios físicos e meditativos através dos quais se atingia um estado onírico de religação com o mundo espiritual.

Betfagé era uma aldeia cercada pôr figueiras consideradas sagradas por seus moradores. Fora de lá que Cristo, no Domingo de Ramos, mandara Pedro e João trazer um burrinho, também considerado um animal sagrado. Ali, cultivava-se uma antiga forma de clarividência, ou seja, praticava-se "o sentar-se sob a figueira", uma série de exercícios físicos e meditativos através dos quais se atingia um estado onírico de religação com o mundo espiritual.


Na manhã de Segunda-feira, ao retornar de Betânia à Jerusalém, com seus discípulos, Cristo aproxima-se da figueira e pronuncia a sentença: "Para todo o sempre, ninguém mais comerá destes figos". Isso significaria que, no dia seguinte, a árvore estaria seca.


Com a condenação da figueira, Cristo cessa o antigo dom lunar da consciência visionária, a antiga forma de clarividência na qual predominavam os processos vitais.


Cristo veio para que o ser humano trilhasse o caminho da autoconsciência que o conduzirá à liberdade.


"A capacidade da autoconsciência teria que ser conquistada e isso exigia em troca a antiga clarividência". Retornará o tempo no futuro, em que todos os homens serão clarividentes por terem cultivado o "eu sou", ou seja, a "autoconsciência".


Chegando mais tarde ao Templo que fervilhava de atividades comerciais, Cristo expulsa os vendedores. Devolve ao Templo sua condição de lugar sagrado e aos peregrinos, que chegavam de todos os lados para as cerimônias de Páscoa, devolve a consciência de que aquela era a casa de Deus.




Terça-feira Santa


Dia de Marte – Luta, Autenticidade, Coragem



Jesus volta a Jerusalém e se encontra com o povo no templo. Lá é indagado com questões que são verdadeiras armadilhas, mas as responde com parábolas, reafirmando a natureza do seu Eu e colocando seus adversários em seu devido lugar. No final do dia, reúne-se com os apóstolos no Monte das Oliveiras, onde lhes transmite as metas que prepararão a humanidade para a sua volta.

Neste dia, Cristo mostra que a maior batalha é a travada no interior, entre o medo e a vontade de colocar o Eu. É preciso autenticidade e coragem para enfrentar as adversidades.



O Cristo volta a Jerusalém trazendo as oferendas para o ritual que antecede a festa pascal. No Templo, enquanto o povo o ouvia, seus adversários o abordam com questões que são verdadeiras armadilhas, para fazê-lo cair em contradição.


Cristo responde a cada uma das questões com parábolas que caem como verdadeiros golpes de espada sobre os sacerdotes e escribas, que nelas se reconhecem como protagonistas.


A cada parábola, Cristo reafirma a natureza espiritual do seu Eu, assumindo seu lugar próprio e colocando os adversários no devido lugar. Sua força se intensifica.


Sem temor, pergunta por pergunta, a identidade espiritual do Cristo vai se revelando.


Ele mostra aos oponentes quem realmente é, e a que veio. É uma luta intensa, travada em palavras e em intenções. De um lado, a intenção dos inquisidores que por desconfiarem dele, queriam desmascará-lo. Do lado de Cristo, a intenção poderosa do seu Eu manifestando-se em toda a sua inteireza e culminando com as palavras: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus."


No final do dia, reunido com os apóstolos no Monte das Oliveiras, Cristo lhes transmite as metas que prepararão a humanidade para a sua volta, no futuro. Neste dia Cristo mostra que a maior das lutas é a batalha travada no interior, entre o medo e a vontade de colocar o nosso Eu no mundo. Nesta luta interna, nos apropriamos dos dons de Marte: a autenticidade e a coragem de enfrentar as adversidades.


Quarta-feira Santa

Dia de Mercúrio – Fluidez, Devoção, Cura


Ao entardecer em Bethânia, Cristo se reúne com seu círculo mais íntimo à mesa, na casa de Simão.



Maria Madalena unge os pés de Cristo com óleo e os enxuga com seus próprios cabelos. A postura de Cristo é de disponibilidade.



Esse gesto desencadeia a revolta que se acumulava na alma inquieta de Judas, que sai para encontrar os sumo-sacerdotes e concretiza a traição que o levará ao suicídio.



A agitação interna de Judas fui para o mundo como revolta.



A interiorização da força do amor, que antes arrastava Maria Madalena para o mundano, agora flui para o mundo como devoção.



Cristo acolhe as forças mercuriais e as transforma em capacidade de cura.

Ao entardecer daquele dia em Betânia, Jesus se reuniu com seu círculo mais íntimo à mesa de refeição, na casa de Simão.


Aproxima-se do Cristo, Maria Madalena e ungindo seus pés com um óleo precioso os enxuga com seus próprios cabelos. O gesto de Madalena provoca uma reação de crítica nos presentes e desencadeia a revolta que se acumulava na alma inquieta de Judas.


Argumentado, Judas conta o desperdício em detrimento dos pobres e sai para se encontrar com os sacerdotes e concretizar a traição que o levará ao suicídio.


É a segunda vez que Madalena unge os pés do Cristo. Na primeira unção, Ele dissera aos presentes: "Calem-se. Ela muito amou e muito lhe será perdoado". A postura do Cristo é de receptividade.


Em relação a Judas, Cristo compreende que este não possui em sua alma forças de coesão para ordenar suas impressões e esta agitação flui para o mundo como uma revolta.


Maria Madalena, entretanto, interiorizara as forças de amor que antes a arrastavam para o mundano. Essas forças fluem para o mundo como devoção. Ambos são tipos mercuriais, sempre em contínua atividade externa, sempre mobilizando tudo ao seu redor.


Marta, a irmã de Maria Madalena, é a terceira pessoa com qualidades mercuriais, também presente à ceia. Está sempre fazendo algo pelos outros, sempre na lida da casa. "Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas. Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada." Lucas 10.41


Na Quarta Feira Santa, Cristo acolhe as forças mercuriais transformadas em paz interiores e devoção e assim metamorfoseadas em capacidade de cura.


Quinta-feira Santa

Dia de Júpiter – Sabedoria, Grandeza, Harmonia


Cai a noite e Cristo se reúne com os doze apóstolos para celebrar o Pessach.



Antes da ceia, Jesus lava os pés de cada um dos apóstolos, num gesto de amor humilde, singelo e cheio de sabedoria, que é a síntese de todos os seus ensinamentos: “Amai-vos uns aos outros”.



Segue-se a ceia do cordeiro, após a qual Cristo toma o pão e o vinho e os oferece: “Tomai, pois este é o meu corpo e o meu sangue”.



O antigo sacrifício do cordeiro acontecia como ato de ligar a alma humana ao mundo espiritual, através do sangue, porém em estado de êxtase.



Cristo se torna ele próprio o cordeiro, cessando a reminiscência do sacrifício de animais puros e trazendo a interiorização do Eu na alma humana, até o nível do sacrifício, da entrega, da aceitação do destino. “Eis o Cordeiro de Deus, que assume os pecados do mundo”.


Cai a noite de Pessach. Lá fora reina o silêncio; todos estão reunidos em casa para a ceia do cordeiro pascal.



No convento da Ordem dos Esseus, no Monte Sion, lugar antigo e sagrado reúne-se Cristo e os Doze Apóstolos, para também celebrarem a festividade.



Antes da ceia, Cristo realiza o ato de amor humilde, singelo e cheio de sabedoria que para sempre irá tocar o coração dos cristãos: o Lava-pés.

Cristo, em toda a sua grandeza espiritual, ajoelha-se e lava os pés de cada um dos seus discípulos, em um gesto que é a síntese de todos os seus ensinamentos: "amai-vos uns aos outros".

Segue-se a ceia do cordeiro, após a qual Cristo abre mão de si por algo que reconhece maior. Tomando o pão e o vinho, Cristo os oferece aos discípulos: "Tomai, pois este é o meu corpo e este é o meu sangue".

Doa-se nos frutos da terra, permeados com a força da sua sabedoria transformadora, para que se renovasse continuamente o que havia se desgastado da Terra e do Homem.

O antigo sacrifício do cordeiro era um ato externo: o sangue fresco dos animais puros tinha no passado a força de induzir a alma humana a se reconectar com o mundo espiritual em estado de êxtase.

Com esse ato sacramental, Cristo intensifica o esforço volitivo da alma que quer acolher em si o Eu espiritual. Cristo se torna ele próprio, o Cordeiro e traz a interiorização até o nível do sacrifício, da entrega, da aceitação do destino. "Eis o Cordeiro de Deus que assume os pecados do mundo".

O conteúdo dessa noite compõe um sacramento que revivifica no homem religioso, a cada ato, a comunhão com o espiritual no íntimo do ser.

Sexta-feira Santa


Dia de Vênus – Paixão, Amor Universal


Na madrugada de quinta para sexta-feira, Cristo, ao ser identificado pelo beijo de Judas, é preso. Ironizado, flagelado, coroado com espinhos, carrega sua cruz em direção à própria morte. Esse é o grande símbolo de que além do umbral da morte física, começa uma vida nova. Tendo se tornado suficientemente firme na sua alma, por possuir algo imensamente sagrado, suporta todos os sofrimentos e dores que lhe são impostos. Cristo resgata para o ser humano a sua herança espiritual. “No Cristo, torna-se vida a morte”.



Na madrugada de Quinta para Sexta-feira, Cristo, ao ser identificado pelo beijo traiçoeiro de Judas enquanto orava no Getsemane, é arrastado e preso.


Ironizado, flagelado, coroado com espinhos, carrega sua cruz sobre as costas e é crucificado na colina do Golgota. Tendo se tornado suficientemente firme na sua alma, por possuir algo imensamente sagrado, suporta todos os sofrimentos e dores que lhe são impostos.


Com a força de sua alma elevada, carrega seu próprio corpo em direção à morte; une-se à morte e lega aos seres humanos a mensagem de que a morte não extingue a vida.


A imagem do Cristo carregando a sua própria cruz em direção à morte é o sinal de que além do umbral da morte física, começa uma nova vida.


Um dos documentos mais sagrados da história da humanidade, o Livro dos Mortos, o livro de orações do antigo Egito continha preces e instruções para, após a morte, o homem encontrar o seu caminho de volta para o mundo espiritual. Há cinco mil anos, nos rituais de iniciação, os discípulos eram induzidos em um sono. A morte era considerada irmã do sono.


A imortalidade, a visão de um mundo espiritual após a morte era ainda vivenciada. Os sepulcros eram, ao mesmo tempo, altares e as almas dos mortos eram mediadoras entre a Terra e o mundo espiritual. Na medida em que a Terra se tornou mais densa em sua matéria física e o homem desenvolveu a autoconsciência, a morte tornou-se o grande medo da humanidade.


Na Sexta-feira Santa, Cristo resgata para o ser humano a sua herança espiritual. "No Cristo torna-se vida, a morte".

Sábado de Aleluia


Dia de Saturno – Profundidade, Consciência, Resistência, Tempo



O Cristo desce ao reino dos mortos, pleno da luz solar de sua consciência. A Terra recebe o corpo e o sangue do Cristo, penetrando nela sua alma que irá criar um novo centro luminoso. “O que é aqui refletido como Luz do Cristo é o que o Cristo denomina Espírito Santo (...) A Terra começa a criar a sua volta um anel espiritual que mais tarde se tornará uma espécie de planeta ao seu redor. Estamos diante do ponto de partida de um Novo Sol em formação.”


O Cristo desce ao reino dos mortos, pleno da luz solar de sua consciência.

A Terra recebe o corpo e o sangue do Cristo. No local, entre o Golgota e o Sepulcro, existira outrora uma fenda primária na superfície terrestre.

Esse abismo que fora aterrado por Salomão era considerado pelos antigos como a porta para o inferno. Os terremotos da Sexta-feira reabrem esta fenda e a terra inteira se torna o túmulo do Cristo.

O espírito de Cristo penetra na Terra criando nela um centro luminoso.

"Temos em volta da Terra uma espécie de reflexo da luz do Cristo. O que é refletido como luz do Cristo, é o que Cristo denomina Espírito Santo. Ao mesmo tempo em que a Terra inicia sua evolução para se tornar um Sol, também é verdade que, a partir do evento de Gólgota, a Terra começa a criar em sua volta um anel espiritual que mais tarde se tornará uma espécie de planeta. Estamos diante do ponto de partida de um novo Sol em formação."


Domingo de Páscoa 

Ente nascido do cosmos

Oh, vulto luminoso!
Fortalecido pelo Sol no poder da Lua.
Tu és doado pelo ressoar criador de Marte
E a vibração de Mercúrio que move os membros.
Ilumina-te a sabedoria radiante de Júpiter
E a beleza de Vênus, portadora do amor.
E a interioridade espiritual de Saturno antiga dos mundos


Consagre-te à existência espacial

E ao desenvolvimento temporal. 

Rudolf Steiner 


Texto de Edna Andrade

Fontes:
Todas as frase entre aspas foram tiradas do livro o Evangelho de João de Rudolf Steiner
O Evangelho de João – Rudolf Steiner – Editora Antroposófica
Os acontecimentos da Semana Santa – Emil Bock – Editora Nova Jornal

...na evolução...




O descontentamento
é o primeiro passo
na evolução
de um homem
ou de uma nação.

Oscar Wilde

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Curar-se



Parar, Acalmar-se, Descansar e Curar-se

 
A meditação budista tem dois aspectos - shamatha e vipashyana. Existe uma tendência a enfatizar a importância da vipashyana ("olhar em profundidade"), uma vez que ela tem o potencial de nos proporcionar "insight" e nos libertar do sofrimento e das aflições. Mas a prática da shamatha ("cessação") é fundamental. Se não conseguirmos parar, o "insight" não chegará a nós.

Existe uma história zen sobre um homem e um cavalo. O cavalo está galopando rapidamente, e parece que o homem que cavalga se dirige a algum lugar importante. Outro homem, em pé ao lado da estrada, grita: "Aonde você está indo?" e o homem a cavalo responde: "Não sei. Pergunte ao cavalo!" Esta é a nossa história. Estamos todos sobre um cavalo, não sabemos aonde vamos e não conseguimos parar. O cavalo é a força de nossos hábitos que nos puxa, e somos impotentes diante dela. Estamos sempre correndo, e isso já se tornou um hábito. Estamos acostumados a lutar o tempo todo, até mesmo durante o sono. Estamos em guerra com nós mesmos, e é fácil declarar guerra aos outros também.

Precisamos aprender a arte de fazer cessar - parar nosso pensamento, a força de nossos hábitos, nossa desatenção, bem como as emoções intensas que nos regem. Quando uma emoção nos assola, ela se assemelha a uma tempestade, que leva consigo a nossa paz. Nós ligamos a TV e depois a desligamos, pegamos um livro e depois o deixamos de lado. O que podemos fazer para interromper este estado de agitação? Como podemos fazer cessar o medo, o desespero, a raiva e os desejos?

É simples. Podemos fazer isso através da prática da respiração consciente, do caminhar consciente, do sorriso consciente e da contemplação profunda - para sermos capazes de compreender. Quando prestamos atenção e entramos em contato com o momento presente, os frutos que colhemos são a compreensão, a aceitação, o amor e o desejo de aliviar o sofrimento e fazer brotar a alegria.

Mas a força do hábito costuma ser mais forte do que nossa vontade. Dizemos e fazemos coisas que não queremos e depois nos arrependemos. Causamos sofrimento a nós mesmos e aos outros, e de forma geral produzimos grande quantidade de destruição. Podemos ter a firme intenção de nunca mais fazer isso, mas sempre acabamos fazendo de novo. Por quê? Porque a força do hábito acaba vencendo e nos levando de roldão.

Precisamos da energia da atenção plena para perceber quando o hábito nos arrasta, e fazer cessar esse comportamento destrutivo. Com atenção plena, temos a capacidade de reconhecer a força do hábito a cada vez que ela se manifesta. "Alô força do hábito, sei que você está aí!" Nessa altura, se conseguirmos simplesmente sorrir, o hábito perderá grande parte de sua força. A atenção plena é a energia que nos permite reconhecer a força do hábito e impedi-la de nos dominar.

Por outro lado, o esquecimento ou negligência é o oposto. Tomamos uma xícara de chá sem sequer perceber o que estamos fazendo. Sentamo-nos com a pessoa que amamos, mas não percebemos que a pessoa está ali. Andamos sem realmente estar andando.

Estamos sempre em outro lugar, pensando no passado ou no futuro. O cavalo dos nossos hábitos nos conduz, e somos prisioneiros dele. Precisamos deter este cavalo e resgatar nossa liberdade. Precisamos irradiar a luz da atenção plena em tudo o que fizermos, para que a escuridão do esquecimento desapareça. A primeira função da meditação - shamatha - é fazer parar.

A segunda função da shamatha é acalmar. Quando sofremos uma emoção forte, sabemos que talvez seja perigoso agir sob sua influência, mas não temos força nem clareza suficientes para nos abstermos. Precisamos aprender a arte de respirar, de inspirar e expirar, parando tudo o que estamos fazendo e acalmando nossas emoções. Precisamos aprender a nos tornar mais estáveis e firmes, como se fossemos um carvalho, e não nos deixar arrastar pela tempestade de um lado para outro.

O Buda ensinou uma variedade de técnicas para nos ajudar a acalmar corpo e mente, e considerar a situação presente em toda a sua profundidade. Essas técnicas podem ser resumidas em cinco estágios:

(1) Reconhecimento - se estamos zangados, dizemos "reconheço que a raiva está dentro de mim".

(2) Aceitação - quando estamos zangados, não negamos a raiva. Aceitamos aquilo que está presente em nós.

(3) Acolher - abraçamos a raiva como faz uma mãe com o filho que chora. Nossa atenção plena acolhe a emoção, e só isso já é capaz de acalmar a raiva e a nós mesmos.

(4) Olhar em profundidade - quando nos acalmamos o suficiente, conseguimos observar profundamente para entender o que provocou a raiva, ou seja, o que está fazendo o bebê chorar.

(5) Insight - o fruto do olhar profundo é a compreensão das causas e condições, tanto primárias quanto secundárias, que provocaram a raiva e fizeram nosso bebê chorar. Talvez ele esteja com fome. Talvez o alfinete da fralda o esteja machucando. Talvez nossa raiva tenha surgido quando um amigo nos falou em um tom ofensivo, mas de repente nos lembramos de que essa pessoa não está bem hoje porque seu pai está muito doente. Continuamos a refletir dessa forma até compreendermos a causa de nosso atual sofrimento. A compreensão nos dirá o que fazer ou não fazer para mudar a situação.

Depois de nos acalmarmos, a terceira função da shamatha é o repouso. Suponha que alguém nas margens de um rio joga uma pedra para o ar e a pedra cai no rio. A pedra afunda lentamente e chega ao fundo do rio sem esforço algum. Depois que a pedra chega ao fundo do rio, ela descansa, deixando que a água passe por ela. Quando sentamos para meditar podemos nos permitir repousar da mesma forma que essa pedra. Podemos nos deixar afundar naturalmente, na posição sentada - repousando, sem fazer esforço. Temos que aprender a arte de repousar, permitindo que nosso corpo e nossa mente descansem. Se tivermos feridas em nosso corpo e em nossa mente precisamos repousar para que elas possam por si só se curar.

O ato de se acalmar produz o repouso, e o descanso é um pré-requisito para a cura. Quando os animais selvagens estão feridos, eles procuram um lugar escondido para deitar, e descansam completamente por muitos dias. Não pensam em comida nem em mais nada. Apenas descansam, e com isso obtêm a cura de que precisam. Quando nós seres humanos ficamos doentes, nos preocupamos o tempo todo. Procuramos médicos e remédios, mas não paramos. Mesmo quando vamos para a praia ou para as montanhas com a intenção de descansar, não chegamos realmente a repousar, e voltamos mais cansados do que partimos. Temos que aprender a repousar.

A posição deitada não é a única posição de descanso que existe. Podemos descansar muito bem durante meditações sentados ou caminhando. A meditação não deve ser um trabalho árduo. Simplesmente permita que seu corpo e sua mente descansem, como o animal no mato. Não lute. Não há necessidade de fazer nada nem realizar nada. Eu estou escrevendo um livro, mas não estou lutando. Estou descansando. Por favor, leiam este livro de uma forma alegre e relaxante. O Buda disse: "Meu Darma é a prática do não-fazer." Pratiquem de uma forma que não seja cansativa, mas que seja capaz de proporcionar descanso ao corpo, às emoções e à consciência. Nosso corpo e mente sabem curar a si mesmos se lhes dermos uma oportunidade para isso.

Parar, acalmar-se e descansar são pré-requisitos para a cura. Se não conseguirmos parar, nosso ritmo de destruição simplesmente vai prosseguir. O mundo precisa imensamente de cura. Os indivíduos, comunidades e países estão cada vez mais necessitados de cura.

Do livro “A Essência dos ensinamentos de Buda”
Thich Nhat Hanh