sábado, 1 de outubro de 2016
Aromas Espirituais
Um Processo Alquímico de Purificação Interior
Hui-neng (638-713) monge zen budista ensinou o caminho da sabedoria usando a metáfora dos Perfumes Espirituais. Em certa ocasião, falando a uma grande quantidade de pessoas que se haviam reunido para ouvi-lo, ele ensinou sobre cinco perfumes sutis:
Primeiro - perfume da moralidade.
Quando não há erro em nossa própria mente, quando não há mal, nem inveja, nem ciúme, nem cobiça ou ódio, nem roubo ou agressão, isso é chamado de perfume da moralidade.
Segundo - perfume da estabilidade.
A capacidade de ver as características boas e más dos objetos sem que haja perturbação em nossa própria mente é chamada de perfume da estabilidade.
Terceiro - perfume da sabedoria.
Quando a nossa própria mente não tem obstrução, e sempre observa com lucidez a nossa própria natureza, não fazemos nada que seja mau. Mesmo quando fazemos algo bom, nossa mente não se apega a isso. Respeitosos em relação aos mais velhos e amáveis em relação aos mais jovens, somos simpáticos e solidários para com os que sofrem e os que são pobres. Isso é chamado de perfume da sabedoria.
Quarto - perfume da libertação.
Quando a nossa própria mente não se fixa em objetos, não pensa no que é bom, não pensa no que é ruim, está livre e não-obstruída, isso é chamado de perfume da libertação.
Quinto - perfume do conhecimento e da visão libertados.
Quando nossa própria mente não está fixada em nada, nem no que é bom nem no que é mau, ela não se afunda na vacuidade mas se mantém na quietude. Devemos estudar amplamente e aprender muito, reconhecer a nossa própria mente original e dominar os princípios dos Buddhas, harmonizar a iluminação com o modo de lidar com as pessoas, estar livres da personalidade egoísta, e ser imutáveis até alcançar a verdadeira natureza da iluminação. Isso é chamado de perfume da visão e do conhecimento libertados.
E Hui-neng concluiu:
“Bons amigos, esses perfumes são efeitos internos dentro de cada indivíduo. Não os busquem externamente”.
Há quem ignore o fato de que uma vida simples e pura possibilita a estabilidade mental e emocional. Alguns não sabem que a estabilidade permite o surgimento da sabedoria. Desconhecem que a sabedoria abre as portas da liberdade interior.
Conhecer este caminho, porém, não é algo que se faça com palavras. Tal conhecimento só pode ser adquirido vivencialmente, passo a passo e com esforço próprio. O caminho da sabedoria é longo e requer atenção. A vida testa, o tempo todo, o discernimento do aprendiz.
A aromaterapia do espírito é uma ciência complexa, e é preciso estar constantemente atento para conhecê-la a fundo e assim produzir os odores morais que mudam a vida para melhor.
Fonte:
Vera Guedes Portal
“Existe um olfato moral, assim
como um olfato físico, meu amigo”
Um Raja Iogue dos Himalaias [1]
A filosofia esotérica afirma que há na natureza uma escala de odores, e que ela é similar à escala de sons e ao espectro das cores.[2] Este princípio filosófico e alquímico está ligado à moderna ciência da aromaterapia. Ele se baseia na constatação de que a combinação de certos aromas tem efeitos físicos, emocionais e morais de caráter benéfico e curativo. Isso explica, por exemplo, o uso milenar de incensos, como prática que facilita a elevação da consciência durante meditações e reflexões.
Em aromaterapia, para citar um exemplo, o eucalipto é visto como uma árvore cujo cheiro tem o efeito de libertar da preocupação, da melancolia e da tristeza. Diferentes aromas e óleos essenciais produzem os mais diferentes efeitos benéficos sobre a consciência humana.
O filósofo romano Lúcio Sêneca parece haver conhecido a aromaterapia. Aparentemente, ele também percebeu que a “terapia dos aromas” pode atuar não só a partir do plano físico para a alma, mas também tem efeitos quando se irradia da alma imortal para os planos inferiores da vida.
Porque Sêneca escreveu:
“Há certos componentes medicinais que, sem serem degustados ou tangidos, agem pelo odor. Assim é a virtude. Sua utilidade, mesmo à distância e escondida, exala, seja ela efervescente e desimpedida de qualquer coação, seja ela cerceada em sua expansão ou obrigada ao toque de recolher. Ainda que inativa, tácita, presa com rigor total ou aberta com plena naturalidade, ela, em qualquer hipótese, é frutífera.” [3]
A virtude, no sentido clássico, não significa submissão hipócrita e aparente a um dogma externo. Longe disso. A virtude é o dharma, o dever interior, a natureza essencial de um ser humano. O ser que tem virtude é aquele que está ligado à sua própria essência.
Hui-neng, o sexto patriarca do budismo Zen, nasceu no ano de 638 e morreu em 713 da era cristã. Assim como Sêneca, ele tinha noção clara da importância de uma vida austera e digna.
Hui-neng ensinou o caminho da sabedoria usando a metáfora dos perfumes espirituais. Em certa ocasião, falando a uma grande quantidade de pessoas que se haviam reunido para ouvi-lo, ele ensinou sobre cinco perfumes sutis:
1) “O primeiro é o perfume da moralidade. Quando não há erro em nossa própria mente, quando não há mal, nem inveja, nem ciúme, nem cobiça ou ódio, nem roubo ou agressão, isso é chamado de perfume da moralidade.”
2) “O segundo é o perfume da estabilidade. A capacidade de ver as características boas e más dos objetos sem que haja perturbação em nossa própria mente é chamada de perfume da estabilidade.”
3) “O terceiro é o perfume da sabedoria. Quando a nossa própria mente não tem obstrução, e sempre observa com lucidez a nossa própria natureza, não fazemos nada que seja mau. Mesmo quando fazemos algo bom, nossa mente não se apega a isso. Respeitosos em relação aos mais velhos e amáveis em relação aos mais jovens, somos simpáticos e solidários para com os que sofrem e os que são pobres. Isso é chamado de perfume da sabedoria.”
4) “O quarto é o perfume da libertação. Quando a nossa própria mente não se fixa em objetos, não pensa no que é bom, não pensa no que é ruim, está livre e não-obstruída, isso é chamado de perfume da libertação.”
5) “O quinto é o perfume do conhecimento e da visão libertados. Quando nossa própria mente não está fixada em nada, nem no que é bom nem no que é mau, ela não se afunda na vacuidade mas se mantém na quietude. Devemos estudar amplamente e aprender muito, reconhecer a nossa própria mente original e dominar os princípios dos Buddhas, harmonizar a iluminação com o modo de lidar com as pessoas, estar livres da personalidade egoísta, e ser imutáveis até alcançar a verdadeira natureza da iluminação. Isso é chamado de perfume da visão e do conhecimento libertados.”
E Hui-neng concluiu:
“Bons amigos, esses perfumes são efeitos internos dentro de cada indivíduo. Não os busquem externamente”. [4]
Há quem ignore o fato de que uma vida simples e pura possibilita a estabilidade mental e emocional. Alguns não sabem que a estabilidade permite o surgimento da sabedoria. Desconhecem que a sabedoria abre as portas da liberdade interior.
Conhecer este caminho, porém, não é algo que se faça com palavras. Tal conhecimento só pode ser adquirido vivencialmente, passo a passo e com esforço próprio. O caminho da sabedoria é longo e requer atenção. A vida testa, o tempo todo, o discernimento do aprendiz.
A aromaterapia do espírito é uma ciência complexa, e é preciso estar constantemente atento para conhecê-la a fundo e assim produzir os odores morais que mudam a vida para melhor.
Por Carlos Cardoso Aveline
NOTAS:
[1] “Cartas dos Mahatmas Para A.P. Sinnett”, Editora Teosófica, Brasília, edição em dois volumes, ver volume I, Carta 42, p. 192.
[2] Veja o artigo “The Harmonics of Smell”, atribuído a H.P. Blavatsky mas que provavelmente foi escrito em parte por um Raja Iogue: “Collected Writings of H.P. Blavatsky”, TPH, India, volume IV, pp. 177-179.
[3] “A Tranquilidade da Alma - A Vida Retirada”, Sêneca, Editora Escala, SP, 110 pp., ver pp. 43-44.
[4] “The Sutra of Hui-neng, Grand Master Zen” , Translated by Thomas Cleary, Shamballa Publications, Boston & London, 1998, 162 pp.,ver pp. 37-38.
Fonte:
www . Filosofia Esoterica . com