Porque a Homeopatia incomoda?
Esporadicamente eficácia dos medicamentos dinamizados tem sido questionada por alguns segmentos da grande mídia. O ilustre homeopata Dr. Mateus Marim apresenta nesse artigo, suas reflexões a respeito de possiveis motivos dessas campanhas.
Publicado no jornal "Correio Popular", Campinas, em 30/11/2007
Escolhemos o título acima, porque como praticantes de uma atitude médico-filosófica que vê o ser humano como uma unidade e integrado ao todo, jamais conseguimos nos furtar ao diagnóstico sistêmico. É hábito do homeopata o diagnóstico em sua totalidade, das partes integradas ao todo, buscando o porquê em tudo, até em um simples artigo de um simples jornal de uma simples cidade que integra o nosso pequeno planeta, diga ele respeito ou não à homeopatia.
Inicialmente a homeopatia começou incomodando as religiões, pois quando Hahnemann experimentou substâncias em humanos, observou o aparecimento de sintomas físicos e psíquicos, estes últimos eram tidos até então como instâncias da alma e portanto propriedade dos religiosos. Além de destruir o tácito acordo entre medicina e religião, onde médicos cuidavam dos males do corpo e os religiosos dos males da alma, resgatou também a unidade que é o ser. Foi a primeira prova testemunhal na medicina ocidental da comprovação dessa unidade. Percebemos aí que com apenas um experimento ele virou de pernas para o ar a ciência e a religião da sua época. Experimentou em humanos e acessou a alma, resgatou a unidade.
Mas a homeopatia incomoda principalmente ao capital. Calcula-se que o PIB mundial esteja em torno de US$ 25 trilhões, dos quais US$ 8 trilhões em mãos de 200 mega empresas, sobrando os restantes US$ 17 trilhões para o "resto" do mundo (empresas e nações, inclusive USA). Neste bolo de US$ 25 trilhões, a indústria farmacêutica é a que abocanha o maior percentual, constituindo-se assim em um dos importantes pilares do capital e da globalização que hora se pretende. Remédios para todos.
Para manter o "status-quo", o capital tem na mídia o seu principal arauto e de-formador de opinião (considero-a a maior e melhor quadrilha organizada do planeta), veiculando ela todos os seus interesses, defendendo, omitindo, informando parcialmente e deformando sempre que necessário. Considero uma ingenuidade encarar como acidental qualquer artigo sobre qualquer assunto que incomode o capital. Sempre há uma intencionalidade por detrás deles: a destruição por detrás de uma falsa polêmica e sempre com poucos argumentos de defesa, pois o acesso à mídia é convenientemente negado, a última palavra sempre é a do capital.
Diretamente interessada na área da "saúde", a indústria farmacêutica com seus trilhões, "ampara" as instituições de pesquisa, os hospitais, os pesquisadores etc. desde que estes rezem exatamente de acordo à sua cartilha. As amostras-grátis, os coquetéis, as viagens, os financiamentos à pesquisa, suporte às universidades, só têm uma intenção, vender mais remédios, e sabemos que remédios nem sempre significam saúde. Qualquer movimento que ouse questionar é sutilmente atraído e se morder a isca... destruído. Não podemos esquecer que o relatório Flexner foi sutilmente encomendado por Rockfeller II.
A homeopatia incomoda muito mais às ciências médicas, uma vez que estas se constituem no principal objeto e escudo de defesa da indústria farmacêutica. A medicina convencional atual está centrada no diagnóstico das doenças de um doente, remédios para doenças, quanto mais doenças mais remédios. O paradigma homeopático é outro, é a medicina do doente com suas doenças, é a medicina da resubjetivação do sujeito onde as doenças apreendidas nas suas origens psíquicas mais profundas, somente se atenuarão e/ou desaparecerão à medida que o doente for se curando como um ser integral que é. Tratar doenças com remédios homeopáticos não faz sentido, o resultado será sempre igual ao emprego do placebo como estamos cansados de ver em inúmeros trabalhos que teimosamente tentaram provar a eficácia da homeopatia fora da sua episteme.
Daí a dificuldade em o cientificismo atual avaliar a homeopatia e daí também a recusa da homeopatia em aceitar as reducionistas avaliações da atual metodologia da pesquisa em humanos.
Atualmente os critérios de regularidade e repetição minuciosamente analisados são utilizados como parâmetros do científico. Regularidade e repetição são observadas nas experimentações homeopáticas. As substâncias homeopáticas são experimentadas em humanos sadios e não em animais. Uma mesma substância experimentada em várias pessoas de diferentes regiões e países, em estudos duplo-cegos, embora diluídas até 50 mil vezes produzem nesses experimentadores sintomas que se repetem com regularidade e repetição, isso é o que constitui a nossa matéria médica.
Esses mesmos medicamentos quando prescritos às pessoas doentes só os ajudam quando houver similaridade com a Unidade que é o doente. Regularidade e repetição na pesquisa. Regularidade e repetição na Clínica da Similitude com o doente. Por outro lado, na pesquisa clínica, não aceitamos os duplo-cegos e triplo-cegos que se concentrem em apenas uma doença de uma pessoa que é um Universo. Consideramos esses estudos totalmente cegos. A cegueira consiste no reducionismo de olhar apenas uma úlcera, uma bronquite asmática, uma insônia, uma artrite reumatóide, deixando de lado o ulceroso, o asmático, o insone, o artrítico que está por detrás disso. Esse reducionismo é imposto à ciência como uma forma de afastá-la da Unidade que é o ser.
Qual a vantagem em se fechar uma úlcera sem resolver a dinâmica profunda que a provocou? Teremos para o futuro um ex-ulceroso portador de patologias mais sérias uma vez que a sua problemática profunda como sujeito não foi resolvida. Nos recusamos a participar de estudos que não encarem o sistema aberto que é o ser. Por que a medicina convencional não ousa enfrentar os sistemas abertos ao invés de trabalhar com modelos reducionistas? Simplesmente porque todo o edifício ruirá.
Não é à toa que bilhões estejam disponíveis para que se pesquise apenas aquilo que não saia fora do reducionismo. Calcula-se que 95% dos trabalhos publicados na área das ciências médicas são total ou parcialmente patrocinados pelos laboratórios farmacêuticos e as revistas que os veiculam cobrem seus custos com os anúncios dos mesmos.
A homeopatia incomoda um pouco menos à física, pois os físicos são muito hábeis em cambalhotas, vivem colocando o mundo de pernas para o ar. Sabem que o medicamento homeopático veicula uma informação mas que ainda não dispõem de um eficiente instrumental para sua avaliação. Atualmente a Ressonância Nuclear Magnética, após dez longos anos de experiências, começa a mostrar os primeiros resultados confiáveis.
Não compete pois aos homeopatas comprovar a natureza de seus medicamentos nem sua maneira de atuação, fá-lo-ão a física, a bio-física, a físico-química, uma vez que estamos trabalhando com grandezas de ordem freqüencial. O medicamento homeopático veicula uma informação e não é nossa culpa se o instrumental da física ainda não conseguiu demonstrá-lo. Não seremos nós que o faremos. Não há nada de mágico nas diluições homeopáticas, apenas uma informação.
Recentes experiências em unidades de pesquisa norte-americanas têm demonstrado que motores têm sua vida útil prolongada quando lavados com água dinamizada a partir das substâncias e gases que os danificam. A medicina não mudará por nossa causa, mas apenas quando os físicos anunciarem que existe uma outra maneira de acessar os seres vivos, o freqüencial. Medicina de pernas para o ar. Quanto ao fato de Benveniste conseguir enviar sinais homeopáticos via computador, nisso eu acredito e é aí que está o futuro.
A medicação homeopática veicula uma informação que é de ordem freqüencial, nada mais simples que com o evoluir da tecnologia essa informação seja lida e armazenada em um disco rígido e posteriormente enviada. Benveniste trabalha com tecnologia de ponta jamais sonhada por estas plagas em algo que parecia impossível há cinco anos. Hoje ele já consegue os primeiros resultados. A medicina do futuro será fundamentalmente freqüencial e a homeopatia é a sua precursora. Bill Gates ganhará, indústria farmacêutica perderá. Homeopatia é o futuro agora. Medicina de pernas para o ar.
Quanto à afirmação de que "a homeopatia se baseia em princípio totalmente científicos e inexplicados de ação medicamentosa que colocam a lógica de pés para o ar" podemos esperar que realmente isso acontecerá, aliás, isso sempre aconteceu em ciência. Copérnico colocou os nossos antepassados de pernas para o ar, o mesmo o fizeram Kepler, Newton, Faraday, Maxwell, Planck, Boltzmann, Michelson-Morley, Einstein e Hahnemann também.
O fato de ser portadora de uma prática onde alguns de seus passos não estão totalmente explicitados apenas coloca a Homeopatia como uma grande interrogação a ser resolvida e não a ser denegrida. O mesmo aconteceu com a mecânica quântica em relação à mecânica newtoniana. A homeopatia nada tem de anticientífico, ela é apenas a ciência do todo, da unidade do ser. A verdade não está apenas naquilo que entendemos ou pensamos que conhecemos, ela sempre vem "à posteriori".
Como homens de ciência devemos sempre estar prontos a acordar de pernas para o ar.
Publicado no jornal "Correio Popular", Campinas, em 30/11/97