O grau evolutivo de um indivíduo, portanto, corresponde ao grau em que a sua consciência se acha desperta.
Em outras palavras, quanto mais uma pessoa é evoluída, mais é consciente; e, ao contrário, quanto menos evoluída, mais inconsciente.
Ser consciente significa, sobretudo, ter saído da "mecanicidade", da vivência automatizada, ter se desidentificado dos veículos pessoais e ter se tornado "indivíduo consciente", que vive e age em sintonia com a vontade de seu Si, que reflete a vontade divina.
Isso somente pode acontecer quando o homem começa a reconhecer o centro autêntico e real de seu ser, o verdadeiro Eu, que é por natureza espiritual e se acha em contato com a Realidade Eterna.
Assim, podemos dizer que quanto mais um indivíduo se livra dos condicionamentos de sua natureza inferior, que gostariam de mantê-lo na escuridão da falsa consciência, mais ele revela o lado divino de sua natureza, pois o homem leva consigo, inata, a marca da Divindade. Eis a maravilhosa descoberta que faz aquele que se auto-realiza: o Eu real é ao mesmo tempo individual e universal, pois é uma centelha da totalidade divina.
A passagem da inconsciência para a verdadeira consciência é, todavia, gradativa e lenta. É, de certa forma, um caminho que o homem percorre interiormente, mesmo sem o saber.
É um caminho evolutivo que tem vários níveis e estágios, cada um dos quais caracterizado por certas manifestações e atitudes.
Quanto à saúde do indivíduo, os distúrbios, mal-estares e doenças que o atingem diferem segundo o seu grau de evolução. De qualquer maneira, antes de entrar nesse assunto, é oportuno mencionar rapidamente algo sobre os diferentes estágios de evolução do homem, levando em consideração uma subdivisão que, embora esquemática e puramente indicativa, pode nos ser de grande valia para compreender melhor nós mesmos e o nosso grau de maturidade.
De acordo com o esoterismo, os estágios de evolução da humanidade são os seguintes:
1. Homem primitivo.
2. Homem comum.
3. Homem de ideais.
4. Aspirante espiritual.
5. Discípulo.
6. Iniciado.
7. Adepto.
Por homem primitivo não entendemos o "homem selvagem", mas aquele que não somente se identifica com o corpo físico mas é escravo deste, não sabe dominar os seus instintos, antes é dominado por estes. Sua emotividade é escassa, ou melhor, inexistente. Sua mente é rústica e se dirige somente paia o mundo dos objetos. Sua consciência, portanto, é nebulosa, o eu ainda não emergiu totalmente nela a ponto de se poder afirmar que já se verifica, nesse estágio, uma consciência coletiva, de massa, mais do que uma consciência individual. Podemos encontrar homens deste nível em quase toda parte e não somente nas regiões selvagens e não-civilizadas. Mesmo nas grandes cidades proliferam homens primitivos, que participam da vida civil mas na realidade são instintivos, informes, brutos e imersos na inconsciência.
Este estágio compreende numerosos níveis, por assim dizer, e infinitas facetas. Todavia, podemos afirmar que a característica fundamental do homem comum, aquela que o diferencia do homem primitivo, é que nele começa a manifestar-se o mundo das emoções e pensamentos; além disso, começa a emergir nele o sentido do eu, embora ainda não totalmente delineado e claro. De fato, visto que ele se identifica ora com as emoções ora com a mente, ele não tem uma personalidade integrada e, consequentemente, o eu não é "único", mas múltiplo. O homem comum, portanto, sofre ainda as influências do ambiente, da sociedade em que vive. Não está livre dos condicionamentos e infra-estruturas e a sua consciência é uma "falsa" consciência. Os seus interesses são limitados e ele não se questiona o problema do significado da vida. Está apegado aos bens terrenos e seus afetos e pensamentos giram em torno do círculo restrito da família, do trabalho, da vida terrena. Os centros etéreos desenvolvidos nele são aqueles situados abaixo do diafragma, isto é, o centro à base da espinha dorsal (instinto de auto-afirmação), o centro sacral (sexualidade), o centro do plexo solar (emotividade).
Por homem de ideais entende-se aquele que começa a ter uma visão mais ampla da vida, a aspirar a algo de elevado e nobre e a sair de seu egoísmo, e que começa a ter aspirações ao bem e à verdade. O homem de ideais tende a uma meta bem precisa, que pode até mesmo não ser totalmente justa, mas que, para ele, representa precisamente "um ideal", isto é, algo pelo qual vale a pena sacrificar-se, lutar, dedicar-se integralmente. É justamente esta capacidade de sacrifício, de renúncia, aliada à faculdade de saber concentrar todas as energias da personalidade numa única finalidade, que caracterizam o homem de ideais e produzem um amadurecimento interior, uma orientação das energias inferiores para algo de superior. O homem de ideais, por exemplo, é o artista que cria não por vaidade ou ambição, mas por amor à arte. O homem de ideais é o cientista que pesquisa por amor ao conhecimento. O homem de ideais é o político que persegue o seu objetivo não visando à glória e à auto-afirmação, mas por uma finalidade social que ele julga justa... Podemos, portanto, dizer que a nota fundamental do homem de ideais é a sua pureza de intenções e a sua sinceridade, mesmo que às vezes o ideal por ele visado seja limitado ou mesmo errado. Do ponto de vista dos centros etéreos, no homem de ideais começa a se processar uma transferência de energias do centro sacral para o centro da garganta, pela sublimação em ato das energias criativas inferiores em energias criativas superiores (sobretudo no caso do artista) e do plexo solar para o centro do coração, pela mudança da afetividade egoísta em amor altruísta.
4. Aspirante espiritual
Passando da categoria do "homem de ideais" para a de "aspirante espiritual", devemos levar em consideração que se verifica uma profunda e real mudança no estado de consciência do indivíduo. No período precedente, o homem havia despertado da indiferença passiva, do egoísmo, da mediocridade, para a beleza do ideal. Havia se iludido, havia caído e se levantado novamente para perseguir outros ideais... Mas, pouco a pouco, nesse contínuo movimento em direção a algo que o ultrapassava, e nas contínuas e conseqüentes desilusões e amarguras provocadas pela descoberta da ilusão do próprio ideal, o homem, gradativamente, fechou-se sobre si mesmo, passando a indagar: "Onde está a realidade, se tudo é caduco e ilusório? Onde o eterno que não muda nem ilude?..." É um momento de profunda crise interior que atinge o homem, até ele compreender que a realidade não deve ser procurada no exterior, num ideal objetivo, mas perseguida no mundo interior, na "consciência", pois é no íntimo do seu ser que se esconde a chave da descoberta da Verdade. O homem, então, entende que depende dele mesmo aperfeiçoar-se e elevarse, e portanto começar a "aspirar" ardentemente a se encontrar, a descobrir a verdade de sua natureza. De fato, o que distingue este nível evolutivo é a aspiração. Do ponto de vista da consciência, o eu não mais se identifica com o corpo físico, nem com o emotivo ou o mental. Começa a se formar um centro de consciência separado dos veículos: o sentido do Espectador. É um período de preparação que também pode ser muito tormentoso e difícil, pois, mesmo se verificando a aspiração fervorosa a uma realização, a personalidade e' muito forte, portanto os problemas que surgem são inúmeros. Tal período, de fato, é chamado nas doutrinas esotéricas: Caminho da prova, justamente pelo fato de que o homem nele se depara com provas e experiências muito difíceis, as quais têm a finalidade de purificá-lo e despertá-lo para a consciência. Quanto aos centros etéreos, a transferência das energias se torna mais intensa e contínua, surgindo daí muitos problemas, especialmente no que se refere ao "Plexo Solar", conforme veremos.
5. Discípulo
A palavra "discípulo" lembra a existência de um "Mestre" e, de fato, é nesse estágio que o homem encontra o seu "Instrutor" ou Mestre, isto é, o seu Si Espiritual, pois, como afirmam os livros esotéricos, o nosso primeiro Mestre é o Si, que, por ser uma centelha da Realidade Divina, contem todo o conhecimento, sabedoria e luz de que necessitamos. E é sempre através do nosso Si que eventualmente podemos entrar em contato com outros Seres mais evoluídos, que têm o encargo de ajudar a humanidade. O estágio evolutivo, portanto, que é definido pelas palavras "grau do discípulo", pretende indicar sobretudo o nível que o homem alcança quando, devido à purificação, à auto-afirmação e ao despertar da consciência, ele se torna capaz de manifestar a sua verdadeira natureza, a natureza espiritual. O seu eu, então, passa a se identificar com o Si, e a personalidade considerada pelo que é efetivamente: apenas um instrumento de expressão a serviço da Vontade Superior. Os problemas de desenvolvimento nesse estágio ainda não terminaram, mas se revestem de um caráter mais interior e espiritual, sendo construídos sobretudo sobre a transferência das energias dos centros abaixo do diafragma para os três centros imediatamente acima e sobre o despertar do centro entre as sobrancelhas (centro Ajna). Haveria ainda muito que dizer acerca desse importante estágio, mas por enquanto bastam estas breves indicações, suficientes para nos ajudar a entender os diversos problemas relacionados com o aspecto doença.
6. Iniciado
À medida que o discípulo amplia o seu conhecimento e passa a contar entre aqueles que ajudam a humanidade, ele transpõe sucessivamente várias "iniciações", estágios muito acima de nossa compreensão, caracterizados cada um por uma ampliação específica de consciência, por um amadurecimento interior que tem o caráter de uma iluminação. Muito pouco, portanto, nos é permitido dizer acerca das iniciações, exceto que elas não têm nada absolutamente a ver com a personalidade; que deve ter sido superada completamente, mas com o Si espiritual, que deve unir-se à Mônada ou Espírito, passando assim para o Quinto Reino.
7. Adepto ou Mestre