quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Cabala Sepher haBahir / Livro da Iluminação
"Sepher haBahir / Sefer ha-Bahir - Livro da Iluminação"
Cabala
O Sepher haBahir também chamado de Midrash do Rabi Nehuniah ben Hakana é, juntamente com o Sepher Yetzirah que o precedeu e o Sepher haZohar que o suscedeu, um dos trabalhos clássicos da Cabala.
Seu nome vem do primeiro versículo citado no seu próprio texto: (Jó, 37-21) "E agora não se vê luz, o céu é luminoso (bahir)".
Citado no comentário de Raavad a respeito do Sepher Yetzirah e pelo Ranban (Rabi Moshe Nachman) em seu comentário sobre a Torah, é também, por diversas vezes, parafraseado no Zohar, conforme Aryeh Kaplan em sua introdução à tradução e comentário do Bahir.
Dizia Moshe Cordovero (1522-1570): "As palavras deste texto são lumionosas (Bahir) e cintilantes, mas o seu brilho pode cegar...".
Acredita-se que o Bahir foi composto em meados do século XII (1175), na escola cabalística de Provance (França), e circulou por quase cinco séculos em forma de manuscrito, restrito a um círculo restrito de cabalistas judeus, antes que fosse impresso em Amsterdã no ano de 1651.
Sua primeira edição em outra língua deu-se em 1923 para o alemão e após em 1980 para o inglês.
Assim, o Bahir é, como o Zohar um trabalho não muito popular, seu texto é porém muito menor que o do Zohar, em torno de 12.000 palavras, e maior que o Sepher Yetzirah.
Embora o Bahir seja considerado como produto dos ensinamentos do Rabi Nehuniah, partes consideráveis do trabalho são atribuidos a outros autores de sua escola ou descendência.
Dentre estes, são citados o Rabino Akiba, o Rabino Eliezer o Grande, Rabino Berachia, Rabino Yochanan ben Dahabai, Rabino Levitas ben Tavros e Rabino Rahumai o mais citado dentre todos, sucessor do Rabi Nehuniah como líder da escola, que também conheceu o Rabi Pinhas ben Yair, sogro do Rabi Shimon bar Yochai, autor do Zohar.
Diz a lenda que Rabi Rahumai estava junto com o Rabi Pinhas, quando Rabi Shimon saiu de sua caverna no Kineret, onde o Zohar lhe foi revelado...
Conta-nos Aryeh Kaplan, que com o encerramento do período Talmúdico, o círculo de cabalistas diminuiu e, em certas épocas, pode não ter ultrapassado uma parca dúzia de indivíduos.
Porém este grupo era tão unido que, muitas vêzes, pessoas estranhas nem suspeitavam de sua existência. Embora fosse importante manter a tradição da Cabala, também era importante evitar que caísse em mãos erradas...
Dentre os cabalistas "pré-Bahir", podemos citar Natronai Gaon (794-861), Sherira Gaon(906-1006), Hai Gaon (939-1038).
Por outro lado, sábios como Maimônides (1135-1204) que escreveu a Mishné Torah e o Rabi Yehudá ben Barzilai (1035-1105) autor de um dos mais extensos comentários sobre o Sepher Yetzirah, nunca viram ou comentaram nada sobre o Bahir.
Ainda dentre os conhecedores da Tradição encontram-se Ravaad o Rabino Avraham ben David de Posquieres (1120-1198), filho de Avraham ben Itzrak e pai de Isaac o Cego, que embora fosse cego possuia a reputação de poder ver a alma de uma pessoa e de ser capaz de ler os seus pensamentos.
Isaac o Cego, que foi chamado de "Pai da Cabala" pelo Rabi Bachya Asher (1276-1340) em seu comentário sobre a Torah, transmitiu a tradição a seus discípulos Ezra e Ariel, e estes ao Rabino Moshe ben Nachman (Nachmanides), conhecido como Ranban (1194-1270) que citou frequentemente o Bahir em seus comentários sobre a Torah.
O Bahir foi o texto mais importante da Cabala Clássica, até a publicação do Zohar em 1295.
E este último extende-se em muitas oportunidades sobre comentários e conceitos encontrados inicialmente no Bahir.
De fato um estudo cuidadoso revela uma considerável semelhança entre os dois trabalhos, o que pode ser explicado pelo fato de que o Rabino Shimeon bar Yochai, autor do Zohar, conhecia os ensinamentos de Rabi Nehuniah, mesmo antes da revelação mística especial da caverna o Rabi Shimeon já devia ter sido iniciado na Tradição dos "Mistérios da Carruagem" conforme o Bahir chama a Cabala, e a ligação deve ter sido o Rabi Pinhas ben Yair, sogro de Shimeon e amigo do Rev Rahumai, conforme citado.
De especial interesse é também o fato de que ambos os trabalhos Zohar e Bahir referem-se à Luz e a Brilho...
Ainda conforme Kaplan, resumimos a seguir a estrutura do Bahir e seus ensinamentos:
1 - Primeiros versículos da criação (1-16)
2 - O alfabeto (27-44)
3 - As Sete Vozes e Sephiroth (45-123)
4 - As dez Sephiroth (123-193)
5 - Mistérios da Alma (194-200)
21/04/2008