segunda-feira, 29 de novembro de 2010

As Doenças (Do ponto de vista Esotérico) / Parte 1/2




Do ponto de vista esotérico, as doenças, conforme já mencionamos, se devem a um estado de desarmonia e desequilíbrio entre "vida e forma", isto é, entre o Si, que é o Verdadeiro Homem, e os seus veículos de expressão.

Isso produz um desarranjo na sincronia vibratória entre as energias dos vários níveis psíquicos do homem.

Isso, no entanto, é inevitável, visto que o homem não tem consciência de sua verdadeira essência e, portanto, não se identifica com os veículos e é "vivido" pelas energias ao invés de vivê-las e usá-las conscientemente. Ele é como um robô, uma máquina, vítima de impulsos, desejos e exigências que provêm de sua natureza inferior, aos quais, portanto, está condicionado.

Semelhante ponto de vista do esoterismo concorda, de certa forma, com o da psicanálise, que afirma que o homem é vítima e sucumbe às instâncias que provêm do inconsciente até o momento em que ele toma consciência das camadas profundas de seu ser e se auto-realiza.

A via do progresso interior e da busca da harmonia, segundo um ponto de vista psicológico ou mesmo espiritual, é a do desenvolvimento da consciência.

Em outras palavras, é sair do estado passivo, condicionado e inconsciente de identificação com o eu superficial e ilusório para chegar ao estado de plena consciência, reencontrando-se autêntica do próprio ser.

A doença é, portanto, um dos efeitos inevitáveis do nosso estado de inconsciência e limitação, mas ela também é útil, visto que nos indica e nos revela os erros e as deficiências que se encontram em nós. Este é um aspecto extremamente importante do mal, aspecto que não deve ser deixado de lado.

De fato, a doença esconde uma "mensagem" que deve ser decifrada, já que, dependendo do órgão ou da função atingidos, há um problema específico, um conflito diferente, uma anomalia específica que deve ser localizada. Há, por assim dizer, uma "linguagem dos órgãos", um simbolismo que se deve interpretar.

Além disso, a doença, por seus efeitos, é purificatória e evolutiva, pois, uma vez resolvida, o conflito que a originou desaparece, e as energias mal dirigidas ou bloqueadas são canalizadas na direção certa, mesmo que temporariamente. De fato, poderia suceder uma recaída se tornássemos a cometer o mesmo erro ou não conseguíssemos dar um passo definitivo na direção de uma maior consciência.

O conceito básico que devemos sempre levar em consideração é o de que o homem é um agregado de energias de diferentes níveis vibratórios. Os veículos do homem, conforme já dissemos, são campos de energia utilizados pelo Si para fazer experiências sobre os vários níveis da manifestação.

O Si representa o centro estivei e firme em torno do qual "giram" os corpos sutis. O homem deve, portanto, encontrar um equilíbrio e uma harmonia entre as várias energias, e com isso fazer emergir este "centro" unificador.

Levando em consideração este conceito básico de "energia", poderíamos formular esta lei: "Todas as doenças derivam da utilização errônea das energias que se encontram em nós".

O erro na utilização das energias pode se verificar em qualquer um dos veículos: no corpo etéreo (contrapartida vital do físico denso), no corpo astral (veículo das emoções) ou no corpo mental. Todavia, as causas mais freqüentes localizam-se no corpo astral, que na humanidade média é o mais desenvolvido e o mais utilizado, sendo nele, portanto, que se geram os problemas e erros mais freqüentes.

Geralmente, a humanidade é movida pelo desejo e pelas emoções, reagindo emocionalmente, antes de mais nada, aos eventos. Por esta razão, o corpo é sempre agitado pelas emoções, perturbado e congestionado. Ansiedade, medo, paixões, desejos desordenados mantêm sempre em movimento as vibrações da natureza emocional do homem e se comunicam com o corpo físico denso através do corpo etéreo, e, como o centro de expressão das emoções no corpo etéreo é o "plexo solar", as perturbações que dele derivam interessam sobretudo à área que circunda o plexo solar, isto é, o aparelho gastrintestinal.

Sublinhamos as palavras ''através do corpo etéreo" porque são muito importantes. Elas nos indicam por que via se dá a relação entre corpo emotivo e corpo físico, e mais adiante veremos que esta via, que é o corpo etéreo, é extremamente importante. A relação entre Alma e corpo, entre Espírito e matéria se torna possível pelo corpo etéreo, que com as suas correntes de energia (nadis) e os seus centros corresponde exatamente ao sistema nervoso.

Sabe-se que os estados emotivos são estreitamente relacionados no sistema nervoso, sobretudo o vegetativo; existe até mesmo um ramo da medicina que estuda a relação entre as emoções e o sistema nervoso: a psicofisiologia.

A essa altura, é útil procedermos a um rápido exame de alguns dos pontos de vista da medicina psicossomática sobre os distúrbios derivados dos estados emotivos desordenados e agitados.

De acordo com Alexander, os estados emotivos têm grande influência sobre as funções vegetativas e podem provocar distúrbios, os quais se dividem em duas categorias principais:

1. Distúrbios que derivam de inibição da função do simpático.

2. Distúrbios que derivam de uma ativação desnecessária do parassimpático.

Sabe-se que as funções das duas partes do sistema nervoso vegetativo são respectivamente as seguintes: o simpático harmoniza as funções vegetativas internas com a atividade externa e prepara, portanto, o organismo para a luta, a fuga, a defesa etc. Ao fazer isso, inibe todos os processos anabólicos (por exemplo, a atividade gastrintestinal) e estimula a atividade cardíaca e pulmonar.

O parassimpático, ao contrário, rege a conservação e o acúmulo, isto é, os processos anabólicos (por exemplo, processos digestivos, o acúmulo de açúcar de reserva no fígado etc).

O simpático e o parassimpático, portanto, têm funções antagônicas que deveriam, no entanto, integrar-se e harmonizar-se reciprocamente, pois contribuem para manter o equilíbrio entre vida exterior e interior.

Em certo sentido, o simpático corresponde ao estado de vigília (e, portanto, ao consciente) e o parassimpático ao estado de sono (isto é, ao inconsciente).

Na verdade, até mesmo entre consciente e inconsciente há antagonismo, pois eles representam os dois pólos opostos da vida psíquica, os quais, porém, contribuem para manter o equilíbrio psicológico do homem.

Freqüentemente, porém, tal equilíbrio é perturbado por situações conflituosas, por estados de imaturidade, por complexos e repressões, por situações de estafa, a ponto de o estado emotivo ressentir-se disso e, conseqüentemente, também o sistema nervoso, do que geralmente derivam doenças psicossomáticas.

Sempre segundo Alexander, os mencionados distúrbios da função do simpático verificam-se quando ocorre uma situação de emergência na vida de um indivíduo, o que coloca o simpático em ação. As batidas cardíacas se aceleram, a respiração torna-se mais rápida, os músculos se tencionam como se preparando para uma luta etc. Às vezes, porém, quando se verifica a atrofia do instinto de auto-afirmação, a preparação esboçada não chega a se exteriorizar.

O organismo, caso este fato se repetir várias vezes, danificar-se-á com o tempo (distúrbios cardíacos, hipertensão, etc), pois não há um alívio para o estado de tensão.

Os distúrbios do parassimpático, ao contrário, verificam-se quando o indivíduo, ao invés de enfrentar a emergência com o preparo para a luta e para a atividade, sente impulso de pedir ajuda e proteção, agindo como quando era criança. Instaura-se nele uma regressão emotiva para um estado de dependência.

Em outras palavras, ao invés de ativar o simpático, que rege as relações com o meio ambiente, ativa-se o parassimpático, que tem uma função interna puramente vegetativa. É, portanto, um retrair-se do problema atual, quase uma volta à infância, e isto provoca distúrbios gastrintestinais (diarréia, colite, dispepsia, etc). Tal reação é chamada "síndrome regressiva".

Tais interpretações da medicina psicossomática são muito interessantes, pois nos confirmam o fato de que, analisando-se os nossos distúrbios e mal-estares físicos e remontando às causas psíquicas que os produziram, poderíamos ser ajudados no conhecimento de nós mesmos e tomar consciência das regiões ainda inconscientes da nossa psique.

De fato, como vimos, os distúrbios acima descritos derivam de mecanismos de defesa ou de repressão que se instalaram no inconsciente e que acarretam "uma utilização incorreta das energias" e, portanto, originam eventuais doenças.

Nos distúrbios em que se ativa o simpático e se produzem estados de tensão e preparação sem descarga, há uma congestão de energias.

Ao contrário, nos distúrbios em que predomina o parassimpático e há uma recessão emotiva, produz-se uma inibição de energias.

Estas duas palavras: congestão e inibição, sintetizam, de certa forma, todos os erros na utilização das energias.

Portanto, segundo a medicina esotérica, devem ser sempre levadas em consideração e compreendidas em todas as suas implicações.

A congestão é um acúmulo de energias que gera um estado de tensão e de conseqüente inflamação do órgão físico que se encontra naquela região, nas proximidades do centro correspondente e, conseqüentemente, todos aqueles distúrbios físicos e eventuais doenças que podem derivar de um estado de inflamação.

A inibição, ao contrário, que deriva da repressão e bloqueio das energias, impedindo a sua circulação e o seu livre fluxo, produz perda de vitalidade e, portanto, todos aqueles distúrbios que podem ser provocados por esta condição, até mesmo atrofia ou morte do órgão correspondente.

Na verdade, a inibição é definida do seguinte modo pela medicina esotérica: "... inédia psíquica e acúmulos de forças subjetivas que bloqueiam a corrente vital".

Toda vez que se verificar uma congestão qualquer, o estado psicológico correspondente é quase sempre o de uma tendência à irritação, à agitação, à ansiedade; sempre que, pelo contrário, houver inibição, o efeito psíquico é o de uma sensação de cansaço, de astenia, de depressão, de profunda inércia e indolência.

Não devemos esquecer que os dois ramos do sistema nervoso vegetativo, isto é, o simpático e o parassimpático, mesmo tendo funções aparentemente antagônicas, na realidade servem para manter o equilíbrio interno do homem sendo que nisso também se pode ver uma correspondência precisa, a nível fisiológico, daquilo que se verifica a nível psicológico.

De fato, neste nível temos o consciente e o inconsciente, os dois pólos da vida psíquica do indivíduo, que por suas funções correspondem, respectivamente, ao simpático e ao parassimpático.

Entre estes dois pólos deveria haver harmonia e equilíbrio, proporcionados por um fluxo e refluxo rítmico da energia psíquica semelhante às sístoles e diástoles do coração ou aos movimentos de expiração e inspiração.

O fluxo da energia psíquica que vai do inconsciente ao consciente é chamado progressão, e o que vai do consciente ao inconsciente regressão.

Em um indivíduo harmonioso e psicologicamente maduro, estes dois movimentos deveriam alternar-se ritmicamente segundo a lei de "enantio-dromia" (descoberta por Heráclito há centenas de anos).

Na realidade, este equilíbrio é muito raro, ocorrendo normalmente a preponderância de um ou de outro movimento, e conseqüentemente um estado de conflito, de desarmonia, de mal-estar, como acontece a nível fisiológico, devido ao desequilíbrio entre o simpático e o parassimpático, os quais exprimem justamente estas duas exigências do homem no sistema nervoso.

Esta polaridade reflete uma verdade universal. Na verdade, em todo o cosmo, em todos os níveis, existe uma dualidade e um ritmo de vida e morte, dia e noite, ativo e passivo, positivo e negativo, masculino e feminino...

É a grande respiração cósmica da criação, a batida do enorme coração universal a escandir o misterioso ritmo da vida.

Na realidade, o homem é um microcosmo que reflete em si o macrocosmo, e é por se conhecer que ele chega ao conhecimento das verdades universais e ocultas.

Voltando agora à medicina psico-espiritual, seria útil procurar saber se somos mais suscetíveis a distúrbios provocados por congestão ou por inibição, para o que deveríamos localizar em nós o movimento da energia psíquica e observar se nos inclinamos a dirigi-la mais para o exterior, no movimento de progressão (caso em que seríamos extrovertidos), ou mais para o interior, no movimento de regressão (caso em que seríamos introvertidos).

No primeiro caso, cometemos o erro de congestão que descrevemos acima. Neste tipo de erro de energias, podem incorrer não somente aqueles que tendem espontaneamente a usar o simpático para se prepararem para a luta, para a auto- afirmação, mas que em seguida não explicitam esta tendência por uma repressão inconsciente.

Os que não possuem autodomínio também incorrem nesse tipo de erro; os que não sabem controlar as emoções, as paixões e os desejos e, portanto, abandonam-se a eles descontroladamente.

A descarga exagerada de energia provoca distúrbios semelhantes aos originados pelo estado de "tensão sem alívio", isto é, inflamação, congestão e irritação do centro correspondente à energia utilizada.

De qualquer maneira, voltaremos a falar disso mais adiante, para nos de termos agora em algumas diferenças que existem nas conseqüências resultantes destas duas atitudes.

A utilização excessiva de uma energia não somente é nociva para nós como também para os outros, pois a hiperatividade de um centro e sua conseqüente congestão podem ser contagiosas. As vibrações agitadas, turbulentas, excessivas, irradiam e se propagam a outros, podendo gerar uma reação em cadeia, isto é, no nível físico, uma epidemia.

No segundo caso, já que as energias se dirigem predominantemente para o interior, há uma fuga da realidade, uma inadaptação à vida, um refugiar-se no inconsciente, além da possibilidade de regressão a estágios infantis e imaturos que deveriam ter sido superados.

Há uma inibição das energias, o que não chega, porém, a provocar congestão, pois a tendência é não colocá-las em atividade, do que resulta, portanto, astenia, perda de vitalidade, inércia e aridez psíquica. O indivíduo se fecha em seu mundo e evita os contatos, retirando as energias. Isso é muito nocivo, pois o homem também vive de relações, sendo o intercâmbio com o ambiente externo necessário e vital.

Tudo o que dissemos sobre a extroversão e a introversão limita-se naturalmente aos aspectos negativos destas duas tendências.

Como é óbvio, há também aspectos positivos e úteis em uma e outra. Por enquanto, todavia, nos interessamos pelos aspectos negativos, já que estamos examinando os erros na utilização das energias que podem provocar mal-estares e doenças físicas.

A meta do homem é alcançar o equilíbrio e a harmonia, portanto a condição de dualidade que o define é somente instrumental, pois a partir do atrito, da luta e, enfim, da harmonização das polaridades, surge o terceiro fator: a consciência.

A própria estrutura e constituição psico-espiritual do homem revela esta sua disposição para a síntese e a unidade. De fato, ele é uma criatura que pertence a dois reinos: o reino material e o espiritual, servindo de ponte entre os dois com os seus sutis veículos.

Eis por que é necessário que aprofundemos o conhecimento destes veículos, sobretudo do corpo etéreo, que por sua vez constitui uma ponte de natureza física, mas receptiva e sensível às energias dos outros níveis.

O que a ciência ainda hoje não consegue explicar, isto é, a relação entre corpo e alma, entre o psíquico e o físico, o esoterismo o faz pela teoria dos corpos sutis, que merece portanto ser atentamente examinada.

Fonte:
Medicina Psico-Espiritual
Angela Maria La Sala Bata
Capítulo III
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