segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Meditação: A Mente Humana x O Cérebro Humano


Inicialmente, é importante diferenciar a mente do cérebro. Aqui temos duas coisas distintas, que trabalham em conjunto, pelo menos enquanto a consciência do homem está somente vinculada aos sentidos correspondentes ao mundo tridimensional.

O cérebro não é mente e tão pouco a mente está no cérebro. Ambos podem ser separados sem nenhum prejuízo para os dois, e isso é perfeitamente possível de se comprovar nas experiências extra-corporais conscientes. 

Cérebro é apenas um instrumento, o mais sensível e complexo do organismo para a veiculação ou expressão da matéria mental (Manas). 

Em diferentes experiências relacionadas ao esoterismo, uma pessoa pode pensar e sentir-se livre do cérebro físico, e experimentar uma sensação de total liberdade e expansão; seus pensamentos ficam mais claros, sua compreensão por vezes, é instantânea, e seus sentimentos, mais puros e elevados. 

Isso prova, aliás, sobre as ilimitadas possibilidades inimagináveis ao homem comum, pois suas emoções também continuam existindo, junto com seu pensamentos, fora do corpo físico. 

Apesar disso tudo, isto é, apesar de todas essas potencialidades latentes, estamos ainda longe de alcançar o objetivo da meditação, e, o objetivo final, só estará ao nosso alcance quando vencermos a maior de todas as nossas dificuldades - nossa própria mente!

Sem dúvida, é graças à mente humana que o homem conseguiu chegar ao atual estágio tecnológico. Avanços gigantescos foram realizados pela ciência e muitos desses avanços foram direcionados para benefícios em prol da humanidade em geral.

Entretanto, é essa mesma mente a responsável pela destruição, pela morte, pela fome, pela miséria e desgraça de tantas pessoas.

Como é possível existirem tantos paradoxos em torno disso?

A resposta é simples: a mente, quando dominada e purificada, torna-se o maior meio pelo qual a Divindade pode se fazer presente entre os homens. Por outro lado, a mente, quando escrava das paixões, dos desejos e vícios, é a natureza do mal, só que com o poder de afetar até mesmo os destinos desse Planeta. 

A mente é uma máquina desconhecida e completamente descontrolada; logo, é muito perigosa. Muitas vezes, uma frase como essa chega a ferir a susceptibilidade das pessoas, pois ninguém admite possuir uma mente sem controle. Admitir essa realidade, é admitir que não se tem controle sobre si mesmo, que não se conhece a si próprio e que se é um perigo; pois, no nosso estado atual, é bastante difícil diferenciar nossos pensamentos daquilo que somos em essência. 

Não importando a maneira pela qual nossa mente atua, seremos sempre a extensão de nossos pensamentos, uma consequência de nossos processos mentais; por isso, não poderíamos ser diferentes do que somos hoje. 

Mas, se ainda assim alguma pessoa discorda dessas colocações, e acha desnecessário ou perda de tempo insistirmos na importância da meditação ou na exploração e desenvolvimento da mente, podemos, então, questionar: 

Alguém é capaz de prever com qual tipo de pensamento sua mente estará entretida nos próximos segundos ou minutos?

Alguém pode, segundo sua vontade pessoal, colocar em sua mente esse ou aquele tipo de pensamento durante horas, afastando todos os outros pensamentos inoportunos? 

Alguém pode esvaziar completamente sua mente durante horas, dando lugar a uma nova realidade, situada além dos processos mentais?

Pois bem! Essa pessoa estará absolutamente certa ao afirmar que, para ela, já não é mais necessário tanta dissertação, pois isso pertence ao passado. Nós não temos controle sobre nossa mente, somos joguetes, folhas a balançar ao sabor do vendaval das emoções, ou ao sabor das tempestades de ira, luxúria, cobiça, etc.

Controlar uma máquina é ter domínio sobre ela; desligá-la e ligá-la quando necessário; modificar sua velocidade, otimizá-la e direcioná-la para objetivos determinados. É isso o que precisamos aprender a fazer com nossa mente. 

É possível? Obviamente! 

Não foi por acaso a vinda de tantos iluminados verdadeiros ao nosso planeta. De Zoroastro, passando por Jesus, até, mais recentemente, Krishnamurti e Samael Aun Weor. Todos afirmaram sempre o mesmo: Homem, conheça-te, domina-te a ti mesmo. Todos o fizeram, em maior ou menor grau. E, quanto maior foi o grande auto-conhecimento e auto-domínio desses seres de luz, mais abrangente foi a mensagem e maior a luz projetada sobre a humanidade.

Extraído e adaptado do Curso de Meditação da Gnose

O que é Meditação?

Boa pergunta. Não há resumo de descrições, teorias, manuais, textos ou idéias sobre isso. Existem centenas de escolas de meditação que incluem orações, reflexões, devoção, visualização e uma grande quantidade de modos para acalmar e focalizar amente. 

A meditação perceptiva (bem como outras disciplinas semelhantes) busca, em especial, levar a compreensão para a mente e o coração.

Começa com um treino de consciência e um processo de exame interior. 

A partir desse ponto de vista, perguntar "O que é meditação?" seria o mesmo que perguntar "Que é a mente?" ou "Quem sou eu?" ou "Que significa estar vivo ou ser livre?" - perguntas a respeito da natureza fundamental da vida e da morte. 

Devemos responder a essas questões dentro de nossa própria experiência, através de um descobrimento interno. 

Este é o núcleo, o coração, a essência da meditação.

À medida em que levamos a graça e a harmonia da virtude para dentro de nossa vida interior, também podemos começar a estabelecer uma ordem exterior, um senso de paz e clareza. 

Este é o domínio da meditação formal e isto começa treinando-se o coração e a mente na concentração. 

Significa serenar a mente e juntar a mente e o corpo, focalizando nossa atenção sobre nossa experiência no momento presente.

A habilidade de concentrar e estabilizar a mente é a base de todos os tipos de meditação e é, na verdade, uma habilidade básica para qualquer empreendimento ou esforço, seja para as artes, o atletismo, para a programação de computadores ou para o autoconhecimento. 

Na meditação, o desenvolvimento do poder da concentração surge através do treino sistemático e pode ser feito usando-se uma série de meios, entre os quais:
  • a respiração, 
  • a visualização, 
  • um mantra ou 
  • um sentimento especial como a gentileza amorosa.

Jack Kornfield, Buscando a Essência da Sabedoria, uma máxima antiga encontrada no Dhammapada resume a prática do ensinamento do Buda em três simples princípios de treinamento: 
  • abster-se de todo o mal, 
  • cultivar o bem e 
  • purificar a própria mente. 

Esses três princípios formam uma sequência gradual de estágios, progredindo do externo e preparatório para o interno e essencial. 

Cada estágio leva naturalmente em direção ao outro que o segue, e a culminação dos três na purificação da mente torna claro que o coração da prática budista é encontrado aqui.

Purificação da mente como entendido no ensinamento do Buda é o esforço contínuo em limpar a mente das impurezas, aquelas forças obscuras e não-saudáveis que correm por baixo do fluxo superficial da consciência, viciando nossos pensamentos, valores, atitudes e ações. Dentre as impurezas, destacam-se três, as quais o Buda descreve como "raízes do mal" - cobiça, ódio e ilusão - a partir das quais emergem numerosas derivadas e variantes, como raiva e crueldade, avareza e inveja, comparação com os outros e arrogância, hipocrisia e vaidade, e uma multiplicidade de visões errôneas.

O trabalho de purificação deve se edificar no mesmo lugar onde as impurezas surgem, ou seja, na própria mente, e o principal método para a purificação da mente oferecido pelo Dharma é a meditação. 

Meditação, no treinamento budista, não é nem uma jornada para êxtases auto-efusivos, nem uma técnica caseira de psicoterapia, mas um cuidadoso e elaborado método de desenvolvimento mental - preciso e eficiente na prática - para alcançar a pureza interna e a liberdade espiritual.

Bhikkhu Bodhi, A Purificação da Mente