Conforme dados antropológicos, as primeiras músicas foram usadas em rituais como: nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e fertilidade. “Pitágoras demonstrou que a sequência correta de sons, se tocada musicalmente num instrumento pode mudar padrões de comportamento e acelerar o processo de cura”.
Achados arqueológicos mostraram que a música era usada pelo homem primitivo doente, como maneira de acalmar os deuses, por isso muitas civilizações ao considerarem a música uma dádiva dos deuses e uma forma de linguagem para comunicar com eles, usavam-na na com a finalidade de vencer a doença e a morte.
No final do século XIX, surgem os estudos sobre a música e a sua relação com as respostas fisiológicas e psicológicas do organismo. Torna-se de grande importância no meio científico a relação entre a música e a emoção.
Para entender este tema é necessário refletir sobre os principais elementos da música: ritmo, tom e volume, elementos que acompanham o ser humano desde a vida intra-uterina; pois a música tem de ser uma vibração ordenada senão seria apenas um ruído.
O contato com o som é uma das experiencias mais precoces do ser humano, com inicio na vida intra-uterina, pois o ouvido do feto desenvolve-se às 24 semanas de gestação, e assim já comunica com a mãe antes de nascer, ao conseguir identificar a sua voz.
O som propagado pelo ar através das ondas vibratórias de compressão e descompressão é recolhido e direcionado para o pavilhão auricular através do canal auditivo. Estas ondas são recepcionadas pela membrana do tímpano, e posteriormente transmitidas aos ossículos, sendo bastante ampliadas através dos mesmos, passando de seguida à janela oval, sendo a sua intensidade exacerbada e a pressão existente no líquido do ouvido interno importante.
O som transforma-se de onda sonora a impulsos nervosos que percorrem os nervos auditivos até ao tálamo, região do cérebro considerada a fonte das emoções, sensações e sentimentos, que de seguida transmite-os ao córtex cerebral, ao sistema límbico e ao corpo caloso, influenciando o sistema nervoso autônomo e o sistema neuroendócrino, sendo o córtex cerebral o centro do controlo sensorial, motor e intelectual. Estes sons produzidos pela música são então processados no lóbulo temporal, que direciona o estímulo para uma subdivisão do córtex, onde o desenvolvimento e aquisição da memória, linguagem e fala, raciocínio matemático e musical bem como o conhecimento simbólico e abstrato, têm origem.
Alfred Tomatis, médico, investigador e “apaixonado” pelo ouvido, estuda há cerca de três décadas os problemas relacionados com o ouvido e a aprendizagem. Os seus estudos mostram que o feto já tem capacidade de ouvir e de exprimir muito antes do nascimento sendo através do ouvido que ele vai comunicando com o mundo. Numa experiência na universidade de Exeter, constataram que os bebês parecem saber, desde logo, como a música deve soar, tendo mesmo algumas preferências. Quando tocaram As Quatro Estações, de Vivaldi, a reação dos recém-nascidos foi muito positiva, mas alterou-se quando a composição foi repetida de trás para a frente. Segundo todos estes estudos é possível afirmar que a música potencializa a aprendizagem cognitiva, particularmente em áreas como raciocínio lógico, da memória, do espaço e do raciocínio abstrato, e tem também efeitos significativos no campo da maturação social e individual da criança.
Uma das coisas que mais me fascina, mas que também me intriga na música (para mim, particularmente a música clássica), é a transformação que ela causa no meu corpo e cérebro. Algumas músicas clássicas, além de promoverem-me diversas reações autonômicas, como lágrimas aos olhos, relaxamento corporal, facial, labial, evocação de memórias relacionadas a ela, maior sensação e percepção da beleza humana, me fazem também sentir "viajar para outras galáxias". Enfim, a música me faz sentir um profundo bem estar.
Por que temos essa sensação?
Já está provado que o sistema límbico exerce um importante papel na reação à música. No sistema límbico há um grande número de receptores opióides que são altamente sensíveis à presença de endorfinas (aquela que ativa circuitos anti-nociceptivos, ou seja, circuitos atenuadores da sensação de dor). As endorfinas são liberadas através de reações pelo sistema nervoso autonômico.
Alguns estudos têm mostrado que ouvir música libera endorfinas, o que então causa a resposta emocional que nós sentimos (Mercédes Pavlicevic, Towards a Music-based Understanding of Improvisation in Music Therapy ).
Estes fatos já estudados e comprovados me levam a outras dúvidas que eu ainda não encontrei na literatura, e que eu gostaria de perguntar a você, Tevão, se já existe algo a respeito:
- Será que a música também atenua a dor, já que ela libera endorfinas? Existe algum trabalho publicado neste sentido?
Caso se interesse pelo artigo, veja:
Poderíamos deduzir então que alguns tipos de músicas, por exemplo, as mais agitadas afetam o simpático e as mais calmas o parassimpático, certo?
Talvez possa colaborar com sua pergunta citando o cientista búlgaro Losavov: Ele descobriu que suas folhagens, ele é botânico, estavam verdejantes e belas, porque tinha o costume de ouvir música clássica orquestrada e lente e, num insight, ele resolveu colocar alguns folhagens numa estufa diferente e colocar música com o ritmo de jazz e... as plantas começaram a murchar! Ele então foi fazendo outras experiências e acontecia a mesma coisa. Passou, então, a fazer testes com animais: vacas e, tocando música clássica e lenta, as vacas davam mais leite e leite com mais gordura e quando tiravam o leite com música jazz, as vacas seguravam o leite e havia uma diminuição bastante significativa de leite. Com isso tudo ele concluiu que havia uma mudança cerebral também muito significativa e resolveu fazer o teste com crianças e percebeu uma grande diferença na aprendizagem.
Por que? A explicação dada pela neurolinguística, agora espero uma resposta maior na neuroanatomia, diz que, ouvindo música clássica, orquestrada e lenta a pessoa passa do nível alfa ao nível beta e baixando a ciclagem cerebral aumentam as atividades dos neurônios e as sinapses se tornam mais rápidas e facilitam a concentração e a aprendizagem. Isso estou citando meu livro: Metodologia científica: auxiliar do estudo, da leitura e da pesquisa.
No método dele, ele usa três formas distintas para acelerar o aprendizado:
- Faz uma música introdutória para relaxar os participantes e alcançar um ótimo estado para a aprendizagem
- Em seguida faz um "concerto ativo", no qual a informação a ser aprendida é lida com música expressiva
- E um "concerto passivo" no qual o aprendiz ouve a nova informação lida e falada com um background de música barroca para levar a informação até a memória de longo prazo.
A música é uma linguagem universal, tendo participado da história da humanidade desde as primeiras civilizações. Conforme dados antropológicos, as primeiras músicas seriam usadas em rituais, como: nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e fertilidade. Com o desenvolvimento das sociedades, a música também passou a ser utilizada em louvor a líderes, como a executada nas procissões reais do antigo Egito e na Suméria.
Na Grécia Clássica o ensino da música era obrigatório, e há indícios de que já havia orquestras naquela época. Pitágoras de Samos, filósofo grego da Antiguidade, ensinava como determinados acordes musicais e certas melodias criavam reações definidas no organismo humano. “Pitágoras demonstrou que a sequência correta de sons, se tocada musicalmente num instrumento, pode mudar padrões de comportamento e acelerar o processo de cura” (Brécia, p. 31, 2003).
Ritmo: é o efeito que se origina da duração de diferentes sons, longos ou curtos.
Melodia: é a sucessão rítmica e bem ordenada dos sons.
Harmonia: é a combinação simultânea, melódica e harmoniosa dos sons.
Fontes: