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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Atitude da alma de Maria (Antroposofia)




Na história da humanidade há uma figura, na qual a atitude e a mentalidade própria do Advento se nos defronta como que personificada: é Maria. Ela é o ser humano que pôde preparar o corpo para o Redentor que estava vindo. Para ele Maria estava de“boa esperança”, a espera advêntica para ela foi um fato corpóreo. Ela cuidou de germinar que devia vir á luz do mundo.

Mas Maria é também uma alma advêntica. Isto verifica com maravilhosa nitidez no evangelho de Lucas, o qual, aliás, é o evangelista de Maria. Aprofundar-se na questão da atitude da alma de Maria corresponde ao caráter da época de Advento. 

Assim como Maria se tornou o envoltório protetor do menino Jesus, assim a época de advento quer ensinar ao homem a preparar sua alma para 'se+r' envoltório do Cristo. 

Como deve ser minha alma para poder ter esperança de nela nascer o homem superior, o homem-espírito? 

Como minha alma deve conduzir-se, como deve agir para que o“Filho do Homem” possa nela manifestar-se? 

O que ela tem que fazer, como ela tem que ser para que o Filho de Deus possa nela revelar-se? 

Olhar para a atitude da alma de Maria pode dar respostas a essas perguntas.

O evangelho de Lucas primeiro descreve a anunciação do nascimento de Jesus pelo anjo Gabriel. 

Como o evangelho caracteriza a alma de Maria? O que ela faz? Como ela se conduz? 

Dos dizeres do Evangelho (Cap.1, 29-38) depreendem-se os seguintes modos de conduta: Maria é:
  • a que se assusta com a palavra ( ela fica confusa, atônica, perplexa)
  • a que reflete sobre a palavra ( ela pondera, medita, pensa)
  • a que pergunta ao anjo ( ela interpela o anjo)
  • a que se submete á palavra do anjo ( ela se entrega á vontade de Deus)
A alma de Maria fica perplexa com a palavra do anjo. Ela se deixa tocar e abalar pela vivência supra-sensível, não permanece fria e fechada perante tal vivência. Ser inabalável nem sempre é uma virtude, pode indicar endurecimento e insensibilidade. Quem não se emociona com nada, não tem nem possibilidade de evoluir e nem futuro. Maria está aberta perante o mundo espiritual. Não traz couraça com torno da alma que a feche para o Espírito. Ela se expõe ás forças e aos seres supra-sensíveis, não lhe opõe resistência e reserva. Por isso o Espírito consegue penetrá-la, falar-lhe poderosamente. Inicialmente ela não estava á altura desse falar e nela prevalecia uma certa confusão, até mesmo medo.

Ela treme sob o bafejo do mundo divino. Ela é como um instrumento de cordas que sob a mão do tocador treme e vibra. Uma atitude contrária mostraria uma alma que diante da palavra do espírito permanece endurecida em si mesma, surda e não-receptiva. A alma de Maria pode ser abalada. Ela não permanece em preguiçosa apatia e insensibilidade. Depois que Maria, em certa camada de sua alma, superou o assustar-se, uma outra faculdade nela se faz valer: o pensar, a reflexão; ela (consigo) “refletiu, que saudação seria aquela”. Superando o sentimento de susto, passa a atuar a força do pensamento com a qual procura assimilar a vivência. Para além da alma que sente, entra em ação a alma pensante, a razão. A alma de Maria é também pensadora. Pensando, ela quer obter clareza sobre a vivência espiritual, pensando, ela quer dominar a confusão em que a colocou o encontro com o anjo. Ao fazê-lo, o anjo pode, então, revelar o nascimento do filho Jesus, que será chamado Filho do Altíssimo.

Em seguida, Maria ergue-se para uma ação arrojada. Ela ousa perguntar ao anjo: “Como pode ser isto, se não conheço homem algum?” (1,34). Podemos dizer que se tratou de uma audaciosa interpelação, pois foi necessária uma grande coragem e força interior, levantar-se para uma palavra própria diante do poderoso arcanjo. Maria consegue ter a força de alma de colocar uma questão de cognição no âmbito da vida supra-sensível. Ela não é das almas resignadas que acreditam em limites do conhecer, porém crê corajosamente que para a alma que pergunta possam fluir respostas do mundo dos espíritos, capazes de esclarecer e solucionar os enigmas da vida. 

A alma de Maria crê no conhecimento. Perguntando audaciosamente, seu empenho cognitivo se dirige ao supra-sensível. Ela não pode permanecer parada com a simples anunciação do mundo espiritual, porém ousa perguntar como pode ser. Ela quer entender, quer saber, com humana força de consciência ela quer compreender como a palavra do anjo deve ser recebida e traduzir a relação do supra-sensível para o pensar humano. Ela não recebe a revelação com fé cega. 

E o anjo atende e diz sim ao seu audacioso empenho por conhecer. Á sua pergunta ele responde: ”O Espírito Santo virá sobre ti...”. O Espírito Santo ilumina a sua alma que luta por consciência. Ele satisfaz seu anseio cognitivo, sua sede de saber. 

Maria experimenta a verdade, que a satisfaz seu anseio cognitivo, sua sede de saber. Maria experimenta a verdade, que a satisfaz no fundo do seu íntimo: “Nenhuma palavra que vem de Deus será sem força” (1,37). Impulsos espirituais autênticos se impõem, alcançam sua meta. Segurar isto no íntimo denomina-se crer. Por isso, mais tarde Elisabeth exclama: ”E bem-aventurada é a que creu no cumprimento daquilo que lhe foi falado da parte do Senhor”, (1,45).Um impulso proveniente do Espírito encontrará conclusão, realização. Com esta verdade permeia-se totalmente a alma de Maria.

Assim que a vivência espiritual pôde, então, desembocar nas palavras de total submissão á vontade de Deus: “Maria porém disse: Vê, eu sou a serva do Senhor; aconteça a mim conforme a tua palavra”, (1,38). Não é uma submissão cega, pois sua alma obteve esclarecimento do mundo espiritual. Ela se une á vontade do Espírito, porque sabe. Profunda paz agora nela opera, mas essa paz, essa comunhão com a vontade divina foi antecedida por uma luta interior, por um drama íntimo. 

Maria atravessou o susto, a reflexão, o perguntar, para finalmente unir-se nas profundezas íntimas com a vontade de Deus, expressa pela palavra do anjo. Ela se mostrou: abalável, pensativa, crente na cognição, submissa a Deus.

Com estas quatro faculdades a alma de Maria é, também, modelo para o homem de atualidade. São forças de Advento. Se as nutrirmos e cuidarmos, farão da nossa alma a morada d’Aquele que vem.

Willi Nuesch

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Época de Pastores (Antroposofia)



A Bíblia nos relata que na noite santa chegam para admirar o menino Deus os pastores do campo e os anjos do Senhor. Ambos declaram a fórmula específica que acompanha este nascimento: “revelado seja o Deus nas alturas e paz na Terra aos seres humanos que têm boa vontade”.

Para conseguir que algo maior nasça dentro de nós, não precisamos de conhecimento. Só é necessário boa vontade para conseguir “paz na terra”, ou seja, confraternização e respeito entre os homens e em relação as outras criaturas vivas do planeta.

Quando o homem decide por si mesmo que vai atuar com bom senso e boa vontade, espalhando paz na terra, os seres superiores, os anjos, assintem-no, fortalecendo essa decisão. Para fazer brotar esse Eu superior é necessária , principalmente, a qualidade do coração quente, sensível, como a dos pastores que se dirigem ao estábulo para contemplar e cumprimentar a chegada do Mestre.

Mas como não basta só ter boa vontade para caminhar pelo mundo, precisamos também de sabedoria e conhecimento, para fundir ao coração sensibilizado. Senão o caminho se torna enganoso e perigoso. É a chegada, em 6 de janeiro, dos reis magos, dos homens de sabedoria, que representa essa união entre a intuição pura dos pastores e o conhecimento secular. Representa também o fim do ciclo, que se esgotou, representado pela meta dos dez mandamentos, em um novo, onde a única lei é “amem aos outros como a si mesmo”.

Quem começa a caminhar em dezembro de cada ano desta forma, vai andar o maravilhoso percurso da transformação do conhecimento e da sabedoria na capacidade de amar sempre mais, até que a paz se estabeleça na terra. Também vai poder transformar o condicionamento do dez mandamentos:  “não pode... não deve..."na capacidade de poder ser livre para realizar o que for necessário ser realizado.

Este é o caminho da digna liberdade de agir a partir da própria força, longe das amarras do condicionamento religioso e social e consciente da própria responsabilidade. Dos atos de cada um, e unicamente deles, virão as consequências dos erros e dos acertos na caminhada anual.

Texto de Evelyn Scheven
Do livro O Caminho Do Cristo

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Natal: manifestação do que queremos fazer luzir no mundo!



"Até mesmo um fio de cabelo produz sombra!"
Goethe

Muitas das narrações dos acontecimentos natalinos estão bem marcadas em nossa memória. O caminho de Maria e José a Belém está povoado de lindas lendas e imagens que foram surgindo ao longo dos séculos. Nossas crianças se alegram cada ano de novo quando as épocas do Advento e do Natal se aproximam.

Com o nascimento do menino Jesus uma grande Luz começa a irradiar para dentro da evolução do Homem na Terra.

Entretanto na Terra sempre que surge Luz, surgem também sombras...

A luz por si mesma não gera nem trevas nem sombras, mas ela encontra anteparos, que não pode transpassar. O relato do Evangelho de Mateus nos fala deste fato. Os sábios do oriente, iluminados pela luz espiritual da estrela, buscam o novo (e verdadeiro) rei dos judeus. O velho (e falso) rei Herodes está “opaco” em sua alma para esta luminosa revelação dos magos. Sua decisão, logo ao saber da notícia, é madar matar a todas as crianças menores de dois anos, para assim estar seguro que o menino-rei sucumbiria. Este lado escuro dos acontecimentos natalinos também deve estar presente em nossas reflexões e meditações nesta época. 

 Luz espiritual quando é trazida ao mundo, ao mesmo tempo que alumbra a sua volta, coloca em evidência diversas sombras. Seria ilusório não querer enxergar este fato e querer olhar apenas para o lado luminoso. 

 A relevância do trabalho meditativo e espiritual de autoconhecimento está justamente no fato de nos ajudar a reconhecer e discernir onde está a luz e onde permanecem as sombras, na vida e em nós mesmos. O maior perigo das sombras é não serem reconhecidas como tal, ou passarem despercebidas à nossa consciência.

Não se trata contudo de cair num pessimismo ou num negativismo. Tampouco seria esta a forma de viver n´alma o “espírito do Natal”.

Esta época é propícia aos homens para trazer ao mundo idéias inovadoras, dito em outra palavras, “encarnar” impulsos de origem espiritual. Assim tanto maior deve ser o cuidado em observar o que surge como sombra ou opacidade à volta destes impulsos. O receio de gerar sobras não deve paralisar! É necessário muita coragem para trazer luz ao mundo e atenção para ver o que surge ao seu redor!

Não é tão difícil assim vislumbrar na vida moderna diferentes manifestações destas sombras. Tarefa mais difícil quiçá no tangente à nossa própria vida interior! 

Ao nos prepararmos para a época de Advento e Natal aspiremos também ser capazes de identificar as coisas opacas surgem, antepondo-se à luz das ideia e dos impulsos genuínos que queremos fazer luzir no mundo.

Por Pastor Renato Gomes 
Botucatu (SP) / Brasil

domingo, 2 de dezembro de 2012

Advento: e seu significado (Antroposofia)



A Época do Advento inicia-se logo após os dias de finados, quando estamos envolvidos com os entes falecidos, com o tempo já ido, com o passado. 

No Advento, dirigimo-nos ao futuro, a época vindoura, assim como se expressa a composição da palavra ADVENTO: “aquele que vem”. É uma época cheia de tradições e, aqui, vamo-nos aprofundar um pouco em alguns de seus símbolos.

No advento, deveríamos atravessar um portal enorme e silencioso: o que nos conduz do exterior, que nos rodeia, para dentro do nosso mais oculto interior. O sol, o calor, a vegetação exuberante chamam a nossa alma para fora de nós; isto está certo e correto quando ocorre na ocasião e hora certa. A alma até deve poder viver em um mundo de sensações e de beleza natural. Porém, no advento, devemos iniciar uma introspecção, uma vivência interiorizada.

Se nos interiorizarmos, haveremos de ver como nós somos e nos prepararmos para o SER que virá, sem a necessidade de usar chavões, posturas adquiridas, máscaras. Lembremo-nos do dito popular: “ouça os milagres do silêncio; a sabedoria não reside aos ruídos”.

Chegou a hora certa de contar a lenda do diabo, para quem a festa do Natal era constante razão de aborrecimento. “Se eu não conseguir acabar com esta festa, todo o ano a Humanidade vai ter novamente a visão do céu e esta saudade voltará sempre. Deste modo, não conseguirei acabar com o cristianismo”. E matutou muito; chegou a ficar pálido, mais magro e cheio de preocupações, quando, repentinamente, soube o que fazer! E o que foi? Inventou a febre natalina! O comerciante PRECISA lucrar. Eis que surgem os dias “dourados”. E ao anoitecer da data máxima da cristandade, o homem está acabado; talvez ainda consiga contar seu dinheiro... e provavelmente precisará ter um longo sono! A dona da casa, porém, que deve se preocupar com filhos e parentes, com todos os tios e tias, com os preparativos da casa, quase desfalece no sofá ao chegar a noite santa. “Deixem-me em paz! Não posso mais!”

Estes dois instrumentos infernais, o barulho e a pressa, amortecem em nossa alma todos aqueles sentimentos delicados e suaves que nos querem “re-ligar” à nossa origem celeste, mundo que foi perdido e esquecido.

Esta é uma das tarefas, provavelmente a mais difícil, que nos fica por tentar cumprir na época do Natal: precisamos treinar conscientemente a achar o silêncio, a compenetração e a reflexão. Não somente combatendo ruídos e interferências exteriores, porém, principalmente, tentando encontrar, ou melhor, encontrando uma ligação nova com o mundo espiritual.

Sabemos como é benéfica e cheia de paz uma contemplação prolongada do céu estrelado: sentimo-nos acalmados, mais abertos e confortados até o fundo da nossa alma. Há inúmeros versos e canções a este respeito. Este fato é como um chamado de alerta para a alma: assim como as estrelas querem iluminar a escuridão terrestre, igualmente, nós devemos achar em nossa vida terrena pontos de luz dentro de nós; devemos nos iluminar com o que achamos dentro de nós, com o que vem do mundo espiritual.

A cor que corresponde ao advento é o azul, como a do manto de Maria e ele simboliza a vontade que temos de nos ligarmos novamente com a nossa origem. O azul representa a escuridão que foi permeada de luz. Este azul é a cor do terreno que deve envolver o espiritual, assim como o manto azul de Maria envolve o espírito vindouro, a criança , o germinar celestial que está por vir.

Conseguiremos iluminar-nos interiormente? Conseguiremos que nossa alma possa manifestar sua luz e, com isto, transformar a escuridão em luminosidade? Vejamos, pois, o símbolo da TRANSPARÊNCIA.

Esta é uma forma muito profunda para demonstrar-nos o que nossa alma pode ser: uma iluminação que vem do nosso interior. Podemos comparar cada ser humano com uma transparência que ele mesmo fez de si próprio - com suas peculiaridades, suas dificuldades e seus dons, cada um, dentro do que pode ou quis, recortou, colou, tirou ou adicionou seu papel de seda ou retalhinho colorido. Todos ainda sem a luz interior um mais harmonioso, outro pouco chamativo, mas cada um bem individual, bem “ele mesmo.” Porém, ao acender, as velas de cada um sairá luminosidade, cada um, sem exceção, será iluminado, nenhum ficará esquecido ou precisará de luz quando a vela o iluminar de dentro para fora.

Se observarmos um vitral na janela de igrejas, a impressão será bem diferente daquele que teremos ao ver uma foto, por melhor que seja, desse mesmo vitral. É o segredo é a magia da iluminação através de algo, da transparência. A transparência deixa isto bem claro: cada ser humano é um “eu” particular e original, inicialmente sem iluminação, ainda escuro. Ele precisa achar a luz interior, que é a MESMA para cada um no mundo, e com esta luz iluminar o seu próprio eu, sem ser necessário amoldar este seu “eu”! Cada individualidade deve manter ( e não esconder) o que lhe é peculiar e pessoal e isto com a luz que é igual para todos! Com esta luz, não só cada um deve trazer ao mundo o que é pessoal e seu, mas com este seu eu iluminado, deve trazer claridade ao mundo TODO!

E damos, então, o passo para o símbolo da VELA. A vela seria como a luz que brilha IGUALMENTE para todos. E é clara e quente; não uma luz ofuscante como a luz artificial e nem somente quente como o calor, mas suave no clarear e no esquentar. A vela é como deveriam ser a cabeça e o coração do homem: clara no pensar e quente no amar. E, assim como a vela se consome ao ofertar luz e calor, o ser humano também deve-se exaurir, sacrificar-se, queimando, para poder dar luz e calor a tudo e a todos!

Se perguntarmos, retrucar-nos-ão que sempre existiu a coroa do advento! E que nasceu junto com o pinheiro de Natal! Mas foi somente no início deste século vinte que ela começou a expandir-se largamente e se divulgou bastante durante o movimento juvenil dos alemães andarilhos (caminhadores, excursionistas). Eles costumavam enviar aos companheiros falecidos em combate uma coroa com velas acesas por cima de lagos e lagoas, como símbolo da viagem ao mundo do além. E, com isto, surgia uma crença e força grande para viverem esperançosos e, principalmente confortados pela fé. Levamos coroas aos túmulos dos falecidos como símbolo de um círculo vital que se completou. E, assim como a natureza que fenece transforma-se em novo crescimento, em florescer e amadurecer, igualmente, a morte do ser humano é apenas uma passagem para um mundo diferente, se contemplarmos o fato através do milagre do nascimento de Cristo.

Uma grande esperança surge-nos desta visão e todo o peão (talvez esta palavra esteja errada) que sentimos se desfaz e nos sentimos aliviados e leves. E o luto fica na terra. A coroa de flores que ficara por terra deitada no túmulo eleva-se a gravita, flutua, como que livres do seu peso físico. E se a dependurarmos abaixo do teto, será um símbolo da vida futura, que fechará seu círculo iniciado na vida física sobre a terra. A coroa, então, espelha a espera e a vinda do que a nossa alma já esta sentindo.

Suas quatro vela, acesas em sequência de quatro domingos, cada domingo uma a mais até se queimarem todas, mostram-nos quatro direções na imensidão dos mundos, aonde os doze signos do zodíaco se fecham, também em um círculo. As quatro velas do advento são sua cruz luminosa: a cruz dos quatro evangelistas, a quem o simbolismo cristão deu, também, um signo:

Mateus – o homem / aquário
Marcos – o touro
Marcos – o leão
João     - a água que no futuro trará a vitória sobre o escorpião

Se as quatro velas da coroa flutuante estão acesas, o caminho para a vinda ao mundo do “Senhor dos Elementos” (como diziam os Celtas D’Aquele que está por vir) estará iluminado.

O nosso modo tradicional de colocar a árvore de Natal de pé na sala faz perder muito do simbolismo original tão abrangente. Há pessoas na Tchecoslováquia e outras regiões que se recordam de terem sido, também, as árvores penduradas como flutuantes, nos tetos. Assim, seriam um símbolo das amplidões dos mundos. No pé da árvore dependurada pendia uma maça como símbolo da terra, para a qual o milagre da luz havia acontecido. Esta terra, fruto e sinal do pecado original do tempo, vivencia do Natal o milagre da libertação e redenção pelo amor demonstrado por Deus, redimindo e elevando-nos para uma nova humanidade.

O dia 24 de Dezembro chama-se Adão e Eva e esta relação já foi praticamente esquecida. Mas até o começo do século apresentava-se neste dia a peça do paraíso e dos pastores ( o nascimento de Cristo) em Oberufer {Alemanha}, tradição que as Escolas Waldorf continuam, para a alegria de muitos.

Este lembrar-se, este reatar dos símbolos antigos com a história da humanidade no aspecto anímico-espiritual é que nos dará todo o potencial, a base ( o “background”) que nos dias de hoje irá nos ajudar a reconhecer as forças novas que anunciam a vinda, o advento.

Os Quatro Anjos do Advento / Lenda Russa (Antroposofia)


Há muito tempo atrás os homens viviam no mundo, mas não sabiam construir casas, nem plantar e cuidar da terra. 

Viviam em cavernas onde era escuro, não tinham luz Deus, então, chamou os Anjos para que trouxessem luz aos quatro cantos do mundo e avisassem os homens que o Filho de Deus viria. 

O primeiro Anjo tinha as asas azuis. Foi iluminar as cavernas e as grutas com um raio de luz que o sol lhe deu. Foi esse raio de luz de sol que ajudou os anões a fazerem as pedras coloridas. Esse Anjo trouxe a chuva e ela lavou as pedras, encheu os lagos, fez os rios correrem mais depressa. 

O segundo Anjo tinha as asas verdes. Saiu do céu bem cedinho, mas, como voava devagar, chegou na terra ao entardecer. O raio de luz que esse Anjo trouxe deu cor e perfume às plantas. Ele também ensinou os homens a plantar e a deixar a terra bem fofinha para receber a semente. 

O terceiro Anjo tinha as asas amarelas. Ele foi até perto do sol e o sol lhe deu um raio de sua luz para que ele trouxesse até a terra. Quando ele estava chegando, os animais viram aquela luz e ficaram admirados. O Anjo então explicou que iria nascer uma criança muito especial e que todos deveriam se preparar para recebê-La. Os pássaros fizeram músicas muito bonitas, as borboletas coloriram suas asas, os animais de pelo falaram uns com os outros sobre o acontecimento e o vento espalhou a notícia por todos os cantos. 

O quarto Anjo tinha as asas vermelhas. Ele queria tanto ajudar os homens que foi logo falar com Deus, não esperou ser chamado. Deus tirou uma luz de seu trono e disse ao Anjo vermelho que colocasse essa luz no coração de cada homem, de cada mulher e de cada criança. Porque já estava bem perto o dia do nascimento de Jesus. É por isso que até hoje acendemos 4 velas na coroa de Advento, para lembrar os quatro Anjos que nos avisaram da chegada do filho de Deus.

Advento: quarto domingo antes do Natal (Antroposofia)



"No princípio era o verbo e o verbo era Deus e o verbo estava com Deus". (JO 1:1)

"E o verbo se fez carne e habitou entre nós". (JO 1:14)



Vivendo o Advento / Um olhar Antroposófico

Advento é uma palavra latina que significa aproximar-se, vir chegando aos poucos.

O Advento é uma comemoração cristã que tem seu início no quarto domingo antes do Natal.

É um tempo de preparação e alegria, de expectativa, tempo de promover a fraternidade e a paz.

Tempo de espera para o que há de vir.

“O verbo se fez carne e habitou entre nós”.

A coroa do Advento é um sinal importante deste tempo, o redondo cria harmonia, une, agrega.

Faz-nos lembrar que vivemos em um mundo circular, onde os processos são cíclicos e se repetem ano após ano.

Assim temos a oportunidade de transformação a cada ciclo.

Numa coroa de cipreste são colocadas quatro velas que serão acesas a cada domingo que antecede o Natal.

Nestes momentos os adultos podem contar histórias para as crianças e aproveitar para montar o presépio.

Na primeira semana acendem-se a vela azul.

Pedras, terra e areia são colocadas no presépio, representando o mundo mineral e sua ligação com o mundo físico (elemento terra).

Na segunda semana acendem-se a vela azul e a verde.

São colocadas plantas, troncos, musgos e água para o presépio, representando o mundo vegetal e sua ligação com o mundo etérico (elemento água).

Na terceira semana acendem-se as velas azul, verde e amarela.

Colocam-se os animais representando o mundo animal e sua ligação com o mundo anímico (elemento ar).

Na quarta e última semana acendem-se as velas azul, verde, amarela e vermelha.

A luz se torna mais intensa, com a proximidade do nascimento de Jesus, é o Natal, a festa da luz! Então são colocados Maria, José e os pastores, simbolizando as figuras humanas e no dia de Natal, o menino Jesus é colocado na manjedoura. Tudo isso representa o Reino Humano e sua ligação com o mundo espiritual (elemento fogo).

A colocação de todos esses elementos requer uma atitude de veneração por parte do adulto que acompanha as crianças na montagem do Presépio.

Essa atitude será percebida pelas crianças e trará calor e alegria a seus pequeninos corações.

Por Silberto Azevedo

Fonte:
lemnis farmacia

domingo, 25 de dezembro de 2011

O Anúncio do Nascimento de Jesus Cristo

A Adoração dos Reis, Carlo Dolci (1616-1686),
National Gallery, Londres

Evangelho segundo Mateus 1:18-25 - O Anúncio do Nascimento

1. O Anúncio do Nascimento, 1:18-25
18 Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo.
19 Mas José, seu esposo, sendo justo e não querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente.
20 Enquanto ponderava nestas cousas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo.
21 Ela dará a luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.
22 Ora, tudo isso aconteceu, para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta:
23 Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).
24 Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor, e recebeu sua mulher.
25 Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus.

Evangelho segundo Lucas 1:26-38 - O Anúncio do Nascimento do Filho do Homem

B. O Anúncio do Nascimento do Filho do Homem, 1:26-38
26 No sexto mês foi o anjo Gabriel enviado da parte de Deus, para uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré.
27 a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria.
28 E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo.
29 Ela, porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se muito e pôs-se a penar no que significaria esta saudação.
30 Mas o anjo lhe disse: Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus.
31 Eis que conceberás e darás à luz um filho a quem chamarás pelo nome de Jesus.
32 Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai;
33 ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim.
34 Então disse Maria ao anjo: Como será isto, pois não tenho relação com homem algum?
35 Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus.
36 E Isabel, tua parenta, igualmente concebeu um filho na sua velhice, sendo este já o sexto mês para aquela que diziam ser estéril.
37 Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas.
38 Então disse Maria: Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra. E o anjo se ausentou dela.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A Atitude de Alma de Maria (Antroposofia)


Na história da humanidade há uma figura, na qual a atitude e a mentalidade própria do Advento se nos defronta como que personificada: é Maria. Ela é o ser humano que pôde preparar o corpo para o Redentor que estava vindo. Para ele Maria estava de “boa esperança”, a espera advêntica para ela foi um fato corpóreo. Ela cuidou de germinar que devia vir á luz do mundo.

Mas Maria é também uma alma advêntica. Isto verifica com maravilhosa nitidez no evangelho de Lucas, o qual, aliás, é o evangelista de Maria. Aprofundar-se na questão da atitude da alma de Maria corresponde ao caráter da época de Advento. 

Assim como Maria se tornou o envoltório protetor do menino Jesus, assim a época de advento quer ensinar ao homem a preparar sua alma para se+r envoltório do Cristo. 

Como deve ser minha alma para poder ter esperança de nela nascer o homem superior, o homem-espírito? 

Como minha alma deve conduzir-se, como deve agir para que o “Filho do Homem” possa nela manifestar-se? 

O que ela tem que fazer, como ela tem que ser para que o Filho de Deus possa nela revelar-se? 

Olhar para a atitude da alma de Maria pode dar respostas a essas perguntas.

O evangelho de Lucas primeiro descreve a anunciação do nascimento de Jesus pelo anjo Gabriel. 

Como o evangelho caracteriza a alma de Maria? O que ela faz? Como ela se conduz? 

Dos dizeres do Evangelho (Cap.1, 29-38) depreendem-se os seguintes modos de conduta: Maria é:


  • a que se assusta com a palavra ( ela fica confusa, atônica, perplexa)
  • a que reflete sobre a palavra ( ela pondera, medita, pensa)
  • a que pergunta ao anjo ( ela interpela o anjo)
  • a que se submete á palavra do anjo ( ela se entrega á vontade de Deus)

A alma de Maria fica perplexa com a palavra do anjo. Ela se deixa tocar e abalar pela vivência supra-sensível, não permanece fria e fechada perante tal vivência. Ser inabalável nem sempre é uma virtude, pode indicar endurecimento e insensibilidade. Quem não se emociona com nada, não tem nem possibilidade de evoluir e nem futuro. Maria está aberta perante o mundo espiritual. Não traz couraça com torno da alma que a feche para o Espírito. Ela se expõe ás forças e aos seres supra-sensíveis, não lhe opõe resistência e reserva. Por isso o Espírito consegue penetrá-la, falar-lhe poderosamente. Inicialmente ela não estava á altura desse falar e nela prevalecia uma certa confusão, até mesmo medo.

Ela treme sob o bafejo do mundo divino. Ela é como um instrumento de cordas que sob a mão do tocador treme e vibra. Uma atitude contrária mostraria uma alma que diante da palavra do espírito permanece endurecida em si mesma, surda e não-receptiva. A alma de Maria pode ser abalada. Ela não permanece em preguiçosa apatia e insensibilidade. Depois que Maria, em certa camada de sua alma, superou o assustar-se, uma outra faculdade nela se faz valer: o pensar, a reflexão; ela (consigo) “refletiu, que saudação seria aquela”. Superando o sentimento de susto, passa a atuar a força do pensamento com a qual procura assimilar a vivência. Para além da alma que sente, entra em ação a alma pensante, a razão. A alma de Maria é também pensadora. Pensando, ela quer obter clareza sobre a vivência espiritual, pensando, ela quer dominar a confusão em que a colocou o encontro com o anjo. Ao fazê-lo, o anjo pode, então, revelar o nascimento do filho Jesus, que será chamado Filho do Altíssimo.

Em seguida, Maria ergue-se para uma ação arrojada. Ela ousa perguntar ao anjo: “Como pode ser isto, se não conheço homem algum?” (1,34). Podemos dizer que se tratou de uma audaciosa interpelação, pois foi necessária uma grande coragem e força interior, levantar-se para uma palavra própria diante do poderoso arcanjo. Maria consegue ter a força de alma de colocar uma questão de cognição no âmbito da vida supra-sensível. Ela não é das almas resignadas que acreditam em limites do conhecer, porém crê corajosamente que para a alma que pergunta possam fluir respostas do mundo dos espíritos, capazes de esclarecer e solucionar os enigmas da vida. 

A alma de Maria crê no conhecimento. Perguntando audaciosamente, seu empenho cognitivo se dirige ao supra-sensível. Ela não pode permanecer parada com a simples anunciação do mundo espiritual, porém ousa perguntar como pode ser. Ela quer entender, quer saber, com humana força de consciência ela quer compreender como a palavra do anjo deve ser recebida e traduzir a relação do supra-sensível para o pensar humano. Ela não recebe a revelação com fé cega. 

E o anjo atende e diz sim ao seu audacioso empenho por conhecer. Á sua pergunta ele responde: ”O Espírito Santo virá sobre ti...”. O Espírito Santo ilumina a sua alma que luta por consciência. Ele satisfaz seu anseio cognitivo, sua sede de saber. 

Maria experimenta a verdade, que a satisfaz seu anseio cognitivo, sua sede de saber. Maria experimenta a verdade, que a satisfaz no fundo do seu íntimo: “Nenhuma palavra que vem de Deus será sem força” (1,37). Impulsos espirituais autênticos se impõem, alcançam sua meta. Segurar isto no íntimo denomina-se crer. Por isso, mais tarde Elisabeth exclama: ”E bem-aventurada é a que creu no cumprimento daquilo que lhe foi falado da parte do Senhor”, (1,45). Um impulso proveniente do Espírito encontrará conclusão, realização. Com esta verdade permeia-se totalmente a alma de Maria.

Assim que a vivência espiritual pôde, então, desembocar nas palavras de total submissão á vontade de Deus: “Maria porém disse: Vê, eu sou a serva do Senhor; aconteça a mim conforme a tua palavra”, (1,38). Não é uma submissão cega, pois sua alma obteve esclarecimento do mundo espiritual. Ela se une á vontade do Espírito, porque sabe. Profunda paz agora nela opera, mas essa paz, essa comunhão com a vontade divina foi antecedida por uma luta interior, por um drama íntimo. 

Maria atravessou o susto, a reflexão, o perguntar, para finalmente unir-se nas profundezas íntimas com a vontade de Deus, expressa pela palavra do anjo. Ela se mostrou: abalável, pensativa, crente na cognição, submissa a Deus.

Com estas quatro faculdades a alma de Maria é, também, modelo para o homem de atualidade. São forças de Advento. Se as nutrirmos e cuidarmos, farão da nossa alma a morada d’Aquele que vem.

Willi Nuesch

domingo, 4 de dezembro de 2011

O Arco-Íris: Um Mistério do Advento (Antroposofia)


O arco-íris é uma das manifestações mais maravilhosas que a natureza produz. A criança contempla toda encantada e também para o adulto do nosso presente ele não deixe de ser tocante.

O arco-íris é uma imagem geral humana, luzindo por sobre justos e injustos, falando ao puro sentimento humano independentemente de povos e raças. Sentimo-nos melhores e elevados, e fortalecidos em nossa confiança no mundo, sempre que sobre um, banco escuro de nuvens vemos estendido o reconciliador arco de cores. 

Nele, a luz e a treva se interpenetram, levando ambas a harmonizar-se, criando um espelho onde, em beleza singela, se refletem profundos mistérios da vida. E a cada vez suas cores brilham magníficas como nos primórdios da criação.

Não é de se admirar que os povos de todos os tempos tenham visto no arco-íris um sinal dos deuses. Se abrirmos o Antigo Testamento, no capítulo 9 do Gênesis, lemos sobre o “sinal da aliança” que Jeová estabeleceu após o dilúvio. E Jeová falou: ”Assentei meu arco nas nuvens; ele deve ser sinal de aliança entre mim e a terra. E quando acontecer de eu conduzir nuvens por sobre a terra, será visto meu arco nas nuvens. Então lembrarei da aliança entre mim e vós e todas as almas viventes”.

Se olharmos para o arco-íris com os olhos dos antigos gregos, precisamos estar especialmente abertos para sua natureza cromática, seu esplendor e sua plenitude de cores. Ele era para os gregos a fonte de onde os deuses alimentavam a terra com cores. Nele, se constituía toda manifestação colorida que de maneira tão diversificada se encontra difundida pela terra. Onde o arco-íris toca a terra, por ali suas cores jorram para ela, assim pensavam eles. Ele era a paleta líquida dos deuses, da qual todas as coisas obtinham sua cor.

Para os antigos germanos o arco-íris era a ponte que levava ao Walhalla. As almas bem-aventuradas dos guerreiros de escol que habitavam o Walhalla, cavalgavam por ele para a terra, através dele os heróis tombados na luta alcançam o castelo dos deuses. Bem alto, ele se estendia por sobre a existência comum, simbolizando o fato de que Deus e o homem não estão separados para sempre.

As três imagens lendárias dão prova da crença na natureza divina da luz, que se revela no arco de cores e mostra sua amplitude. Todas as três contêm um maravilhoso cerne de verdade. O mesmo Deus que fala ao ouvido do homem: Eu sou o 'A' e o 'O', - a soma e o resumo de todos os sons, a palavra universal, o Logos – fala também aos olhos do homem: Vê, Eu sou o vermelho e o azul – soma e resumo de todas as manifestações coloridas, a luz universal. No formar-se e extinguir-se o arco-íris, é a palavra de mistérios de Deus: Vê, Eu sou o Alpha e o Omega, traduzida para a linguagem da luz.

É interessante notar, como a revelação divina se misturava com o respectivo caráter do povo. Os antigos hebreus, que por primeiro na humanidade desenvolveram o pensamento intelectual, revestiam sua vivência com a linguagem do direito. Esse povo, o qual tinha o elemento jurídico no sangue desde o princípio, considerou a revelação de deus como uma aliança, como um contrato. 

Os gregos, que olhavam para o mundo com uma alma infinitivamente sensível, abarcam a verdade que contemplavam com sentimento artístico. Expressavam-na em imagens de contos artísticos. 

Os antigos germanos eram dos três povos o mais jovem, que com ingente vontade juvenil, ingressam na História. Assim também abarcam a revelação cósmica divina com sua natureza volitiva. 

O arco-íris tornou-se a ponte pela qual se podia tomar o céu, de assalto. Mas no cristianismo, onde é o lugar para o arco das cores? 

Podemos deixar-nos conduzir a ele por meio das orações da época do Advento do Ato de Consagração do homem. Essas orações mencionam as imagens da natureza que profeticamente falaram aos olhos dos antigos sábios. Elas também se referem ao luzir do arco-íris que se estende pelo céu. Mas elas também nos ensinam a entender, que a antiga vivência do arco de cores a certa altura começou a extinguir-se, os poderes divino-espirituais deixaram de estar presentes nele. 

Embora ainda hoje seja tão belo quanto antes, o é, todavia, como obra de Deus. Ainda hoje admiramos a sua beleza com olhar pensativo, mas seria inadequado cair de joelhos e adorá-lo. 

Nos tempos antigos isto era diferente, pois os seres divinos habitavam nele. Estes o abandonaram. E para onde foram? Encontraram no envoltório de um homem. O A e o O que dantes falava ao homem pelo sussurrar da floresta, pelo murmúrio da águas, pelo sopro do vento, pelo rugir da flama, quando chegou a virada dos tempos passou a soar na boca de um homem: Eu sou o A e o O e a luz cósmica espiritual, da qual jorrava a sabedoria para o homem a partir do carro solar e do esplendoroso arco de cores, quando o tempo se cumpriu, jorrou de um ser humano: Eu sou a luz do mundo. 

O que antigamente falava ao homem lá fora no cosmos, através do arco colorido, hoje fala ao homem através da auréola de Glória do Cristo. Na aura do Cristo, na Glória do Cristo, fala de um novo modo. Assim o vemos até pintado no quadro dos nossos altares. 

E agora, o homem, que em si abrigou o Cristo, deve irradiá-lo para a natureza exterior. 

Agora, o homem, em amor e conhecimento, deve devolver a palavra que o Cristo lhe trouxe das alturas do céu. Agora a luz espiritual deve responder dentro do homem, quando a beleza do arco-íris encanta seus olhos sensoriais. Então o mundo voltará a ser um, como era no princípio.

Texto: Comunidade de Cristãos