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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

sábado, 24 de novembro de 2012

Quem sou eu?



"Eu sou quem quer que você pense que eu sou,
porque isso depende de você.

Se você olhar para mim num vazio total,
eu serei de uma maneira.

Se olhar para mim com idéias na mente,
essas idéias vão me colorir.

Se se aproximar de mim com preconceito,
então serei de outra maneira.

Eu sou apenas um espelho.

A sua face será refletida nele.

Assim,
depende da maneira como me olha.

Eu desapareci completamente;
portanto,
não posso impor a você quem sou.

Nada tenho para impor.

Existe apenas um vácuo,
um espelho.

Agora você tem completa liberdade.

Se quiser realmente saber quem sou,
você precisa estar
tão absolutamente vazio quanto eu.

Desse modo,
dois espelhos estarão um diante do outro,
e só o vazio será refletido.

Um vazio infinito será refletido:
dois espelhos se olhando.

Mas se existir em você alguma idéia,
então,
você verá sua própria idéia em mim."

Autor Desconhecido

sábado, 8 de setembro de 2012

Lenda Chinesa


Há muito tempo, na China, a jovem Lírio se casou e foi viver com o marido e a sogra.

Depois de alguns dias, Lírio passou a não se entender com a sogra, que só a criticava. De acordo com a antiga tradição chinesa, a nora tinha que se curvar à sogra e obedecê-la em tudo. Lírio, já não suportando mais conviver com a sogra, decidiu tomar uma atitude e foi visitar um amigo de seu pai.

Depois de ouvi-la, ele pegou um pacote de ervas e lhe disse:- Vou lhe dar várias ervas que irão lentamente envenenando sua sogra.

Você não poderá usá-las de uma só vez para se libertar dela, porque isso causaria suspeita.

- A cada dois dias ponha um pouco destas ervas na comida dela e para ter certeza de que ninguém suspeitará de você quando ela morrer, você deve agir de forma muito amigável.

- Não discuta e ajudar a resolver seu problema, mas você tem que seguir todas as instruções que eu lhe der.

Lírio respondeu:- Sim, Sr. Huang, eu farei de tudo o que o senhor me pediu. 

Lírio ficou muito contente, agradeceu ao Sr. Huang e voltou apressada para casa para começar o projeto de assassinar sua sogra.

Semanas se passaram e a cada dois dias Lírio servia a comida "especialmente preparada" à sua sogra. 

Ela sempre lembrava do que o Sr. Huang tinha recomendado sobre como evitar suspeitas e, assim, controlou o seu temperamento, obedeceu a sogra e a tratou como se fosse sua própria mãe.

Depois de seis meses, a casa inteira estava com outro astral. Lírio tinha controlado seu temperamento e quase nunca se aborrecia. Nesses seis meses, não tinha tido nenhuma discussão com a sogra, que agora parecia mais amável e fácil de lidar e elas passaram a se tratar como mãe e filha.

Um dia, Lírio foi novamente procurar o Sr. Huang para pedir-lhe ajuda e lhe disse:- Querido Sr. Huang, por favor, me ajude a evitar que o veneno mate minha sogra. Ela se transformou numa mulher agradável e eu a amo como se fosse minha mãe. Não quero que ela morra por causa do veneno que eu lhe dei.

O Sr. Huang sorriu e acenou com a cabeça:- Lírio, não precisa se preocupar. As ervas que eu dei eram vitaminas para melhorar a saúde dela. O veneno estava na sua mente e na sua atitude, mas foram jogados fora e substituídos pelo amor, o carinho e a atenção que você passou a dar a ela. Voce mudou... e tudo mudou!

sábado, 9 de junho de 2012

...o mundo é como um espelho...


"O mundo é como um espelho 
que devolve a cada pessoa 
o reflexo 
de seus próprios pensamentos e seus atos.


A maneira como você encara a vida 
é que faz toda diferença.


A vida muda, quando você muda."

Autor Desconhecido

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Poema Sufi


Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.
Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.

Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.

Ninguém fala para si mesmo em voz alta.
Já que todos somos um,
falemos desse outro modo.

Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma
Fechemos pois a boca e conversemos através da alma
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.
Vem, se te interessas, posso mostrar-te.

Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.

Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal
Como pode isto ser segredo para ti?

Finalmente, foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.

Contempla teu corpo 
- um punhado de pó -
vê quão perfeito se tornou!

Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regressar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.

Não durmas,
senta com teus pares
A escuridão oculta a água da vida.
Não te apresses, vasculha o escuro.
Os viajantes noturnos estão plenos de luz;
não te afastes pois da companhia de teus pares.

Faltam-te pés para viajar?
Viaja dentro de ti mesmo,
e reflete, como a mina de rubis,
os raios de sol para fora de ti.
A viagem conduzirá a teu ser,
transmutará teu pó em ouro puro.

Sofreste em excesso
por tua ignorância,
carregaste teus trapos
para um lado e para outro,
agora fica aqui.

Na verdade, 
somos uma só alma, 
tu e eu.
Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti.
Eis aqui o sentido profundo de minha relação contigo,
Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu.

Oh, dia, levanta! 
Os átomos dançam,
As almas, loucas de êxtase dançam.
A abóbada celeste, por causa deste Ser, dança,
Ao ouvido te direi aonde a leva sua dança.

Ontem à noite, confidencialmente, eu disse a um velho sábio:
- Não me esconda nada dos segredos do mundo!
Muito docemente, ele me disse ao ouvido:
- Uh! Podemos compreender, mas não exprimir!

Quero fugir a cem léguas da razão,
Quero da presença do bem e do mal me liberar.

Detrás do véu existe tanta beleza: lá está meu ser.
Quero me enamorar de mim mesmo, ó vós que não sabeis!

Eu soube enfim que o amor está ligado a mim.
E eu agarro esta cabeleira de mil tranças.
Embora ontem à noite eu estivesse bêbado da taça,
Hoje, eu sou tal, que a taça se embebeda de mim.

Ele chegou... Chegou aquele que nunca partiu;
Esta água nunca faltou a este riacho
Ele é a substância do almíscar e nós o seu perfume,
Alguma vez se viu o almíscar separado de seu cheiro?

Se busco meu coração, o encontro em teu quintal,
Se busco minha alma, 
não a vejo a não ser nos cachos de teu cabelo.
Se bebo água, quando estou sedento
Vejo na água o reflexo do teu rosto.

Sou medido, ao medir teu amor.
Sou levado, ao levar teu amor.
Não posso comer de dia nem dormir de noite.
Para ser teu amigo
Tornei-me meu próprio inimigo.

Teu amor me tirou de mim.
De ti, preciso de ti
Noite e dia, eu queimo por ti.
De ti, preciso de ti.

Não posso dormir quando estou contigo
por causa de teu amor.
Não posso dormir quando estou sem ti
por causa de meu pranto e gemidos.
Passo as duas noites acordado
mas, que diferença entre uma e outra!

Não temos nada além do amor.
Não temos antes, princípio nem fim.
A alma grita e geme dentro de nós:
- Louco, é assim o amor.
Colhe-me, colhe-me, colhe-me!

À noite, pedi a um velho sábio
que me contasse todos os segredos do universo.
Ele murmurou lentamente em meu ouvido:
- Isto não se pode dizer, isto se aprende.

A fé da religião do Amor é diferente.
A embriaguez do vinho do Amor é diferente.
Tudo que aprendes na escola é diferente.
Tudo que aprendes do Amor é diferente.

- Vem ao jardim na primavera, disseste.
- Aqui estão todas as belezas, o vinho e a luz.
Que posso fazer com tudo isso sem ti?
E, se estás aqui, para que preciso disso?

Jalal Al-Din Rumi

Fonte:
Poesia Sufi

terça-feira, 17 de abril de 2012

Encontrei...


"Procurei a mim mesmo, 
não encontrei...

Procurei a Deus,
não encontrei...

Procurei o próximo, 
e encontrei os três sorrindo para mim".

Clara Maria Rita

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Nem Eu... Nem Tu...


"Na verdade... 
somos uma só alma: tu e eu.

Nos mostramos e nos escondemos: 
tu em mim, 
eu em ti.

Eis aqui 
o sentido profundo 
de minha relação contigo,

porque não existe, 
entre tu e eu, 
nem eu, 
nem tu."

Rumi

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Pensamento Pensar Pense...


Tenha seus próprios pensamentos.


Se você simplesmente engole o que você vê, ouve e lê sem analisar, você não está vivendo como uma pessoa inteligente. Por outro lado, se você pesar, examinar e filtrar as evidências, você terá mais chances de encontrar a verdade e compartilhá-la com os outros.

Pense antes de agir.


Atitudes “no calor do momento” são geralmente baseadas em pensamentos superficiais e confusos. Mesmo um único momento de reflexão pode ter grandes e duradouras consequências.

Pense objetivamente.


Desenvolve a facilidade de pensar além de um ponto de vista limitado e egoísta. Se você for além da tendência humana de ouvir apenas o que quer ouvir, e de ser temeroso aos fatos, você será mais apto a receber a verdade, sem tentar adaptá-la ou distorcê-la.

Pense à frente.


Cultive o hábito de olhar além do presente. É importante pensar à frente. Pese as consequências no tempo e na eternidade das coisas que você pensa, diz e faz hoje.

Pense positiva e construtivamente.


Uma pessoa construtiva vê uma oportunidade em cada calamidade enquanto um cínico vê uma calamidade em cada oportunidade. Acostume-se a pensar esperançosamente nas circunstâncias mais desanimadoras.

Pense sobre as coisas.


Reserve alguns momentos para pensar sobre as coisas e você terá mais probabilidade de chegar à verdade do que perdê-la ou distorcê-la.

Pense caridosamente.


Um amor genuíno pelos outros é a melhor preparação para um pensamento claro e sem preconceitos. A pessoa hostil, invejosa e amarga raramente pensa direito sobre os assuntos humanos ou divinos.

Certifique-se e certifique-se novamente.


Faça uma investigação decente dos fatos antes de tomar uma decisão.

Cuidado com preconceitos.


Compromenta-se com sua consciência que você vai ter todos os fatos essenciais antes de chegar a uma conclusão final.

Olhe honestamente para seus próprios erros.


Ampliar as dificuldades dos outros enquanto diminui as próprias é o caminho mais curto para pensar torto e pode até mesmo levar a sérios problemas com a lei moral, como trapaça, fraude , mentira e julgamento.

Vá além do pensamento aspirador.


Você terá vigor e claridade no pensamento se você se disciplinar a carregar suas boas intenção para a ação. É fácil se iludir confundindo o pensamento que aspira pelas coisas com a real conquista delas.

Não subestime o óbvio.


Quando um grande caminhão ficou preso embaixo de um viaduto todos os esforços para tirá-lo de lá foram fracassados. Um garotinho que tinha assistido a todos os procedimentos finalmente disse para o motorista: “quer saber como fazê-lo soltar? Esvazie um pouco os pneus”.

Pense com determinação.


Persiga ideias valiosas de uma maneira que você possa tirar o máximo delas. Se você se esforçar para ter ideias valiosas, estará numa posição mais forte para passá-las adiante.

Cuidado com os detalhes.


Certifique-se que você tem completo conhecimento do que espera fazer e evitará equívocos. Às vezes o número do pedido está certo, o número do apartamento está certo, mas o número do prédio está errado…

Procure o significado mais profundo.


Mergulhe abaixo da superfície do que você ouve e lê. Tome, por exemplo, as palavras de Jesus Cristo: “Assim como você deseja que façam por você, faça pelos outros”. Antes que qualquer pogresso seja feito para resgatar a paz no mundo, é absolutamente necessário que milhares de pessoas como você pense no que significa “fazer aos outros como se você fosse os outros."

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Sincronicidade... para ver a Magia da Vida / Deepak Chopra


Leis da Sincronicidade 

1. Meu espírito é um campo de possibilidades infinitas que conecta tudo o mais. 

Esta frase resume a totalidade do que estou expondo. Se você esquecer tudo o mais, lembre-se apenas disso.

2. Meu diálogo interno reflete meu poder interno. 

O dialogo interno das pessoas auto-realizadas pode ser descrito assim: é imune a críticas; não tem apego aos resultados; não tem interesse em obter poder sobre os outros; não tem medo. 

Isso porque o ponto de referência é interno, não externo.

3. Minhas intenções tem poder infinito de organização. 

Se minha intenção vem do nível do silêncio, do espírito, ela traz em si os mecanismos para se concretizar.

4. Relacionamentos são a coisa mais importante na minha vida. E alimentar os relacionamentos é tudo o que importa. 

As relações são cármicas e quem nós amamos ou odiamos é o espelho de nós mesmos: queremos mais daquelas qualidades que vemos em quem amamos e menos daquelas que identificamos em quem odiamos.

5. Eu sei como atravessar turbulências emocionais. 

Para chegar ao espírito é preciso ter sobriedade. Não dá para nutrir sentimentos como hostilidade, ciúme, medo, culpa, depressão. Essas são emoções tóxicas. 

Importante: onde há prazer, há a semente da dor, e vice-versa. 

O segredo é o movimento: não ficar preso na dor, nem no prazer (que então vira vício). Não se deve reprimir ou evitar a dor, mas tomar responsabilidade sobre ela.

6. Eu abraço o feminino e o masculino em mim. 

Esta é a dança cósmica, acontecendo no meu próprio eu. 

A energia masculina: poder, conquista, decisão. 

A energia feminina: beleza, intuição, cuidado, afeto, sabedoria. 

Num nível mais profundo, a energia masculina cria, destrói, renova. A energia feminina é puro silêncio, pura intenção, pura sabedoria.

7. Estou alerta para a conspirações das improbabilidades. 

Tudo o que me acontece de diferente na vida é cármico. É, portanto, um sinal de que posso aprender alguma coisa com aquela experiência. 

Em toda adversidade há a semente da oportunidade.

Deepak Chopra

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

...reflexo...

"Se sou amado,
quanto mais amado mais correspondo ao amor.

Se sou esquecido,
devo esquecer também...

Pois amor é feito espelho: tem que ter reflexo."

Pablo Neruda

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A vida me ensinou...


"A vida me ensinou que as pessoas são amigáveis, se eu sou amável,
que as pessoas são tristes, se estou triste,
que todos me querem, se eu os quero,
que todos são ruins, se eu os odeio,
que há rostos sorridentes, se eu lhes sorrio,
que há faces amargas, se eu sou amargo,
que o mundo está feliz, se eu estou feliz,
que as pessoas ficam com raiva quando eu estou com raiva,
que as pessoas são gratas, se eu sou grato.
A vida é como um espelho: se você sorri para o espelho, ele sorri de volta.
A atitude que eu tome perante a vida é a mesma que a vida vai tomar perante mim.
Quem quer ser amado, ame."

Mahatma Gandhi

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Voce sorri para a vida?

"Tenho sempre um sorriso para a vida.
Eu sorrio prá ela... e ela sorri de volta prá mim.
É assim..."

Autor Desconhecido

domingo, 11 de dezembro de 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

É tempo de acalmar o coração...


" É tempo de acalmar o coração, 
pois no lago de sentimentos 
e emoções da nossa alma 
quando as águas estão agitadas 
não se vê o reflexo do nosso ser, 
para tomar decisões é necessário a calma, 
pois só vemos nosso rosto refletido nas águas 
quando elas estão tranquilas"

Autor Desconhecido

sábado, 29 de outubro de 2011

Viver... como as flores...


Era uma vez um jovem que caminhava ao lado do seu mestre.

Ele perguntou:- Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes, outras mentirosas... sofro com as que caluniam...

- Pois viva como as flores! - advertiu o mestre.

- Como é viver como as flores? - perguntou o discípulo.

- Repare nestas flores - continuou o mestre - apontando lírios que cresciam no jardim. Elas nascem no esterco, entretanto são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas...

É justo angustiar-se com as próprias questões, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros nos importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento. Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora... Não se deixe contaminar por tudo aquilo que o rodeia... Experimente apenas refletir a condição no estado de consciência.

Assim, você estará vivendo como as flores!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Defeitos? ...Ou qualidades?



"Quando uma pessoa busca defeitos em outra,
a situação torna-se tensa e negativa;
ao contrário,
quando se busca com sinceridade 
os pontos fortes dos outros, 
florescem as melhores conquistas humanas.

É fácil encontrar defeitos, 
qualquer um pode fazê-lo.

Mas encontrar qualidades...
isto é para os sábios."

Khalil Gibran

domingo, 4 de setembro de 2011

É possível curar todos os relacionamentos?




Curar nossos relacionamentos é a nossa própria escolha, já que na verdade não são os outros que estamos perdoando realmente. São apenas nossas próprias atitudes e julgamentos a respeito deles que precisam ser perdoados. São os nossos pensamentos e julgamentos hoje, e não mais a outra pessoa, que nos causam dor no presente. E já que estes pensamentos e julgamentos são nossos, apenas nossos, somos nós que precisamos nos empenhar em perdoar, em mudar nossa mente e nos libertar das queixas passadas.

É Possivel Curar Todos Os Relacionamentos? 


Sim! É possível curar não apenas alguns, mas todos os nossos relacionamentos. Podemos fazê-lo desistindo de qualquer forma preconcebida, ou dos roteiros mentais que tenhamos escrito sobre os outros. Podemos fazer isso nos dispondo a acabar com todas as queixas e pensamentos de agressividade.

E podemos fazer isso por meio do processo do perdão.

- Reconhecendo que não somos vítimas dos nossos relacionamentos e, sim, participantes deles.

- Optando por ver os outros como seres que nos amam ou, caso os percebamos como nossos agressores, optando por vê-los como seres cheios de medo que clamam por amor.

- Lembrando que aquilo que percebemos nos outros e no mundo exterior é uma projeção dos pensamentos - quer positivos quer negativos - contidos em nossa mente.

- Tornando-nos "buscadores de amor" em vez de "buscadores de defeitos."

- Direcionando a nós mesmos e escolhendo ser interiormente pacíficos, não importando o que esteja acontecendo fora de nós. 

Podemos começar a reconhecer que a cura dos nossos relacionamentos está diretamente ligada à Cura das Atitudes que estamos conservando em nossa mente a respeito desses relacionamentos.

Afirmações:

1- Escolho curar meu relacionamento comigo mesmo deixando que o hábito de julgar a mim mesmo se vá.
2 - Escolho unir-me aos outros, em vez de me separar deles, abandonando meus julgamentos sobre eles.
3 - Escolho rasgar todos os roteiros que escrevi para o modo como acho que as pessoas deveriam ser em minha vida.
4 - Escolho lembrar que o que realmente conta em meus relacionamentos não é quanto eu faço ou digo... mas sim com quanto amor eu faço ou digo.
5 - As palavras que eu escolho em minhas comunicações sempre determinam se minha intenção é unir ou separar.
6  -  Hoje, eu escolho lembrar-me de que realmente mereço o direito de ser feliz.
7 - Hoje, eu escolho desistir de me sentir uma vítima dos meus relacionamentos e assumirei a responsabilidade por minha vida.
8 - Sempre que ficar preso no passado ou no futuro, escolherei lembrar-me de que o amor só pode ser vivenciado no presente.
9 - Posso optar pelo amor em vez do medo, em todos os meus relacionamentos.

Defesas refletem feridas.
Ataques são gritos por amor.

Relacionamentos são oportunidades de saber quem somos.

Um Curso em Milagres

sábado, 27 de agosto de 2011

A Vida como um Jogo e um Desempenho de Papéis


Como regra geral, nós vivemos a vida mais ou menos como ela vem. Contudo, viver é na realidade uma arte e deveria ser a maior de todas as artes.

Cada arte tem suas técnicas específicas; do mesmo modo, a arte da vida tem suas próprias técnicas, e dominá-las é indispensável para praticá-la com sucesso. 

Uma dessas técnicas é considerar a vida como um jogo e uma atuação teatral. Lidar com jogo não é fácil. O conceito de jogo é complexo, multi-facetado e difícil de compreender, ao ponto em que se poderia dizer que se brinca de esconde-esconde com quem quer que seja que tente identificá-lo e defini-lo. Huizinga, em seu livro "Homo Ludens" (Gallimard, Paris, 1951) lista os pontos de vista de vários escritores sobre o assunto. 

Assim, o jogo foi considerado:

  • Uma forma de descarregar um excesso de vitalidade;
  • Uma maneira de encontrar relaxamento;
  • Um treinamento para preparar-se para alguma atividade séria;
  • Um meio para desenvolver o auto-controle;
  • Um meio para dominar os outros;
  • Uma tomada para o competir;
  • Um método inofensivo de descarregar tendências prejudiciais;
  • Uma atividade compensatória;
  • Um substituto fictício e imaginário para a gratificação de desejos inatingíveis.


Cada um desses pontos de vista enfatiza um aspecto dos jogos, mas cada um é parcial, e este fato chama para uma observação preliminar: as funções de um jogo devem ser distinguidas a partir de sua natureza. Na verdade, a mesma atividade é ou não é um "jogo" de acordo com a atitude psicológica, a intenção, a finalidade que motiva o "jogador". 

O esporte oferece um exemplo claro disto. Considerado etimologicamente, e em sua natureza pura e significado original, o esporte é jogo, lúdico, algo feito para a diversão. Mas hoje em dia muitas pessoas envolvem-se com o esporte de uma maneira cada vez mais "séria", e por razões como ambição ou recompensa financeira, que são incompatíveis com sua natureza intrínseca. Perde-se assim a qualidade do jogo e assume-se o caráter de trabalho. Quando se transforma em uma profissão, o esporte não é mais verdadeiramente esporte. Na realidade, não há nenhuma clara linha divisória entre o "jogo" e o "não-jogo" ou, mais precisamente, em qualquer atividade ostensivamente lúdica a proporção do que é jogo e do que é "sério" (no sentido estrito da palavra) é variável. Certamente, pode mudar durante a própria atividade. Isto é externalizado claramente no caso de crianças que, começando a lutar de brincadeira, ficam irritadas e a lutar pra valer. Jogar jogos de azar (de apostar) fornece um exemplo impressionante em que a proporção elevada da seriedade tende a minimizar o elemento do jogo. Onde o impulso de apostar se transformou em opressão, paixão obsessiva, o aspecto "brincadeira" desaparece.

Uma atitude verdadeira, uma atitude esportiva, visa "o jogar bem" ao invés do "vencer". São dois aspectos diferentes: ganhar pode depender de diversos fatores contingentes, tais como uma habilidade inferior do adversário ou condições favoráveis de um tipo ou de outro. O mesmo se aplica ao perder. O desportista genuíno não se sente obrigado a vencer às expensas do estilo, da boa forma e do "fair play". E, como nos demais campos do esforço humano, estar livre da preocupação de ganhar ou não, pode contribuir para a vitória!

Poderia ser acrescentado muito mais ao assunto de jogar jogos e suas funções na educação, na psicoterapia e na psicossíntese, mas eu me deterei em discutir um aspecto particular do jogo, interpretado em seu sentido mais amplo, isto é como um desempenho, ou uma atuação. O jogo e a atuação têm afinidades e diferenças. Uma afinidade é indicada pelo fato de que vários idiomas, além do Inglês, usam a mesma palavra ora com o sentido de jogar, ora com o sentido de atuar em produção teatral. O "jouer" francês e o alemão "spielen" são exemplos. As diferenças serão mostradas a seguir.

Atuar uma parte ou um papel na vida, na verdade vários papeis, constitue uma técnica da Psicossíntese de importância fundamental. 

Pode-se certamente considerar como a técnica pivot da arte de viver, com a qual todas as outras são ligadas e na qual, em algum sentido, elas são dependentes. Inicialmente, esta afirmação pode causar surpresa e mesmo ser considerada como chocante, ou considerada uma atitude demasiadamente frívola. 

Contudo, a observação desapaixonada de nós mesmos e dos outros, sem preconceitos e ilusões, revela - certamente forças acima de nosso reconhecimento - que cada um de nós desempenha, ou "atua" uma variedade de "papéis" na vida. Isto é inevitável, e tais papéis constituem o "enredo" de nossas relações interpessoais e sociais. Mas na maioria das vezes, nós interpretamos nossos papeis inconscientemente, sem estar cientes deles e nós os desempenhamos mal, desajeitadamente, como péssimos atores amadores. 

Entre povos primitivos e em civilizações antigas, o jogo e os desempenhos teatrais tiveram um caráter sagrado e foram considerados como a maneira em que os deuses atuavam. Na continuidade desta tradição, a Representação da Paixão da Idade Média sobreviveu até hoje em alguns lugares, tais como Oberammergau, enquanto outras cidades, como Grassina, perto de Florença, as fizeram re-viver. A história deste caráter sagrado da "atuação" é amplamente documentado no livro de Huizinga.

Wagner também conferiu um significado profundo e uma finalidade espiritual ao teatro musical. Ele denominou alguns de seus dramas musicais "Buhnenweishestsiele", isto é, performances alegres e sagradas (ou consagradas).

A concepção da vida como uma performance no palco é antiga e difundida. Apesar de esta não ser a ocasião de seguir sua origem histórica, um ou dois pontos sobre ela tem uma relevância especial neste contexto. A própria manifestação cósmica tem sido considerada como um jogo, uma performance, uma dança divina. Assim, a "Dança de Shiva" aparece frequentemente em esculturas de templos indianos. A Bíblia, um trabalho de grande solenidade, contem a passagem: "Deus ludit in orbe terrarium".

Um soneto do filósofo Tommaso Campanella está numa linha similar. Aqui estão seu começo e fim:

"No teatro do mundo, nossas almas performam um disfarce,
escondendo-se atrás de seus corpos e de seu efeitos."

"Quando no final nós entregamos nossas máscaras à terra, ao céu e ao mar,
Em Deus nós distinguiremos quem fêz e disse a melhor coisa."

O escritor e dramaturgo russo moderno, Nicholas Evreinoff, enfatizou este aspecto da vida em seu livro "O Teatro da Vida", em que se detém em boa parte do texto sobre o que ele denomina o "instinto teatral". Ao dirigir-se ele prório ao "My God Playwright" (Meu Deus Dramaturgo), ele diz:

"Meu rosto e corpo são senão máscaras e fantasias com as quais o Pai Celestial vestiu meu ego antes de conduzi-lo paro o palco deste mundo, onde está destinado a atuar uma dada peça. Este verso, a peça a mim confiada pelo meu Produtor cósmico "Playwright", é uma peça difícil. Contudo, não negligenciarei minha tarefa nem queixar-me-ei. Como convém a um nobre e leal ator, eu devo invocar todas as minhas forças e desempenhar meu papel neste palco da melhor forma possível. E eu estou certo que o "Playwright" não deixará de recompensar meu esforços."

Em várias de suas peças, Pirandello explorou este tema, mas sua abordagem é pessimista. Ele caracteriza os aspectos fictícios, ilusórios e dramáticos da interação entre os papeis. Hermann Keyserling, ao contrário, na sua décima segunda "Meditação Sul-Americana", intitulado significativamente como "Divina Comédia", [Hermann Keyserling "Méditations Sud-Améncaines", Estoque, Paris - 1932] interpretou mais profundamente do que qualquer outro autor as relações entre jogo, performance e vida real.

Como uma técnica da Psicosíntese, a arte de atuar na vida é fundamentada na estrutura psicológica do ser humano. Isto é descrito em meu livro Psicossíntese: Manual de princípios e técnicas, Ed. Cultrix, São Paulo - 1982 [ou Psychosynthesis: A Manual of Principles and Techniques, Hobbs Dorman, New York - 1965 / Paper back Edition: Viking Press, 1971].

A produção de uma peça no teatro requer contribuições de três agentes principais e suas mútuas colaborações: 

  • o autor, 
  • o diretor e 
  • os atores. 


No caso da "peça" que cada um de nós tem que interpretar no palco da vida, o autor é, ou deveria ser, o Ser mais Elevado ou "Transpessoal". Ele seleciona o tema, a tarefa, ou melhor, a peça que o personagem deve assumir e as cenas que deveria "representar". Deve ser notado que, via de regra, isso acontece sem a clara consciência do ego, ou "eu", uma vez que o "Self Transpessoal" opera a partir do nível da superconciência. 

O "eu" consciente, o centro da consciência, é o diretor. Sua função é levar adiante o plano de vida que é revelado ao "eu" por etapas, através da inspiração, o alerta interior e as revelações das circunstâncias da vida. O sucesso da produção depende em grande parte do diretor, da compreensão do enredo da peça e situações, da sua aceitação destes e do cuidado e habilidade com que ele dirige o seu elenco. 

Quem são esses atores? São as várias sub-personalidades criadas por cada e todo ser humano durante o curso de suas vidas.

No diagrama abaixo, três sub-personalidades são descritas. O círculo central representa a área do "eu" consciente, no qual uma parte de cada sub-personalidade penetra enquando sua maior parte opera sobre em um de seus níveis inconscientes.



1. O Inconsciente Inferior

2. O Inconsciente Médio

3. O Inconsciente Superior ou Supraconsciente

4. O Campo da Consciência

5. O Self Consciente ou "Eu"

6. O Self Transpessoal

Deve ser observado que as respectivas áreas do inconsciente descritas como ocupadas não são fixas na sua extensão, podendo cada sub-personalidade "subir" ou "descer" durante a atividade na qual está envolvida. Além disso, cada nível acomoda não somente uma sub-personalidade (como mostrado no diagrama para melhor esclarecimento) mas uma variedade delas.

Cada sub-personalidade executa uma função específica, ou, melhor dizendo, ela desempenha seu próprio "papel" na família e na vida social. A família cria os "papéis" do filho ou da filha, do marido ou da esposa, do pai ou da mãe. No ambiente da sociedade, os "papéis" correspondem à carreira ou ocupação de uma pessoa nas várias funções públicas às quais pode servir.

Expandindo a analogia teatral, vamos examinar primeiramente a relação autor-diretor, isto é, a abordagem entre o "Transpessoal" e o "eu" consciente. Estas relações são variadas. Infelizmente, até que certo estágio do desenvolvimento do indivíduo seja alcançado, esse relacionamento é distorcido geralmente pela falta da compreensão, das interpretações errôneas, da resistência e dos conflitos por parte do "eu". Este palco pode gradualmente permitir que o “eu” consciente reconheça seu próprio interesse em compreender a intenção do "Autor", para pôr-se de acordo com o ' Self ' e para cooperar com Ele.

Em seguida, há as relações entre o diretor e os atores. O sucesso da "produção" depende da autoridade e habilidade do diretor em realizar suas responsabilidades específicas: treinar os atores a melhor interpretar suas peças, traçar suas interações, etc. Em termos de vida, isto corresponde ao trabalho do "eu" consciente em desenvolver, em treinar e em harmonizar suas várias sub-personalidades de modo que aprendam a arte da cooperação uma com a outra.

Vem então os "ensaios" que correspondem ao "treinamento imaginativo"; isso deve ser submetido antes de executar qualquer "papel" na vida. Tais "ensaios" têm uma função aparentada àquela do jogo como uma preparação para a vida; este é um método que deveria ser empregado muito mais - e especialmente na família e na educação escolar.

De um ângulo um tanto diferente, um dos mais importantes e clareadores aspectos da analogia entre a atuação e a vida refere-se às relações entre a personalidade do ator, como ser humano, homem ou mulher, e os personagens que ele interpreta sucessivamente, sua "máscara" num sentido psicológico. Isto traz à tona uma importante e muita discutida pergunta: o quanto deve um ator se identificar com o personagem que está interpretando? Ou ele deveria manter-se psicologicamente - ou seja, emocionalmente - destacado da peça para permiti-lo aplicar seus recursos técnicos completos para o controle de sua interpretação? Que método faz o melhor ator?

Diderot despertou discussões vívidas sobre esta pergunta com a posição que ele tomou em seu livro, "The Paradox of the Comedian". Ele defendeu que a "sensibilidade extrema (no sentido emocional) pertence ao ator medíocre, enquanto a sua total ausência contribui para a formação de um ator sublime". Expresso dogmaticamente desta forma, essa posição incorreu em muita desaprovação, e deu forma a um tema de investigação científica. Entre vários investigadores, os professores Marzi e Vignoli entregaram um questionário a dezoito atores italianos proeminentes e publicaram os resultados de seu exame num artigo "The Expression of the Emotions on the Stage" (A Expressão das Emoções no Palco) publicado na Rivista di Psicologia - 1944-1945. Esses resultados indicaram que a extensão com que os atores se envolvem no contexto emocional dos personagens que eles interpretam varia amplamente. Alguns deles responderam que eles experimentam uma identificação parcial com o personagem. De acordo com Renzo Ricci, a emoção que um autor sente no palco assemelha-se às emoções reais, com suas reações psicossomáticas. Ele afirma que:

"Após preparar-se, o ator está no personagem, ou o personagem está nele. A fusão não está completa entretanto... até os momentos mais dramáticos, em que o ator abandona-se completamente ao papel do personagem".

Outros declararam que durante suas performances mantêm uma atitude de observação e crítica, e uma clara consciência deles próprios. Anna Proclemer vai além ao dizer:

"o ator deve sentir o personagem, mas não durante a atuação, quando o controle deve ser estabelecido para impossibilitar qualquer entrega à emoção".

Alguns como Ruggero Ruggeri e Elena da Venezia falam de uma separação, e a observação de Anna Torrieri carrega um significado particular a esse respeito:

"Para controlar a sim mesmo em qualquer situação de emergência na vida, para habituar-se a sim mesmo a um controle contínuo, é necessário tornar o "controle" no teatro algo habitual, quando o papel será vivido com o equilíbrio e o auto-controle que caracterizam a vida real".

Seria mais realísta dizer "deveria caracterizar".

Assim, estes atores mantêm sua auto-consciência individual distinta, apesar dos papeis que eles encenam no teatro, porém em diversos graus. Por meio da habilidade de preservar um estado de auto-controle e de auto-observação, eles estabelecem uma dicotomia entre a parte deles que observa e dirige e a parte que atua, e assim atingem a desidentificação. Suas afirmações são significativas por que elas são espontâneas e representam o fruto de sua experiência profissional, ao invés de opiniões guarnecidas de pesquisa psicológica técnica.

Vamos agora examinar como isso pode ser aplicado às funções que desempenhamos na vida, e quais conclusões podemos tirar disso. Nesta esfera também, podemos observar que os graus de identificação do "ator" com o "personagem" variam amplamente. Em geral, um ator "vive" o seu papel "instintivamente" (usando a palavra no sentido usual e não no sentido científico), ou seja, sob comando de impulsos interiores ou por reações ou respostas a estimulos externos e condicionamentos. Este fato provê a base para as concepções psicológicas que dizem respeito a seres humanos ativados por necessidades, direcionamentos e reflexos condicionados. Estas concepções, à quais as teorias comportamentais e reflexológicas estão enraizadassão, são extremamente unilaterais no sentido que elas importam somente ao que é menos "humano" na natureza do homem. Ainda assim, eles devem receber crédito por focarem este aspecto da natureza humana, e por nos tornar atentos a ela, ajudando-nos - intencionalmente ou não - a lidar com ela.

É verdade que a vasta maioria dos homens e mulheres se permite de ser controlados pelos seus "papéis", e frequentemente são tão influenciados por eles, que virtualmente não têm nenhuma vida autônoma, genuína e auto-consciente fora deles. Exemplos típicos são aquelas mulheres que se identificam inteiramente com sua função maternal e aqueles homens que apenas se sentem genuínos e importantes quando realizam sua função como oficial comandante, magistrado, diretor, e assim por diante. Existem também aqueles que se identificam com suas posses. Um proprietário de terras francês uma vez disse: "eu sou minha terra".

Existem razões importantes, entretanto, para não nos identificarmos tão proximamente com um único papel ou uma única função. Se nos restringirmos a um papel apenas, nos comprometendo totalmente a ele e concentrando todo o nosso interesse nele, limitamos gravemente toda a nossa capacidade de atender adequadamente outras funções que devemos realizar. O funcionário público, o profissional que dedica todas as suas forças ao trabalho terá pouco tempo e energia sobrando para atender propriamente à sua função como marido ou pai. Da mesma forma, a mulher que se identifica totalmente com a função materna não será capaz de preencher propriamente seu papel de esposa e arriscará o atrofiamento das suas potencialidades de experiência e expressão como um ser humano no meio social. Além disso, quando a realização da função à qual a pessoa tem se dedicado quase que exclusivamente torna-se impossível por força das circunstâncias (doenças, idade, perda ou separação do parceiro matrimonial ou do filho), uma séria crise pode ocorrer, um colapso que pode conduzir a doenças psicossomáticas ou mesmo suicídio. Em contraste, uma pessoa que tenha adquirido habilidade em distribuir os interesses vitais, auto-estima e energias entre os papeis que a vida lhes tenha atribuído, e que ela voluntariamente tenha aceito, estará em posição de encontrar compensações e, em alguns casos, de fazer um uso ativo de seus talentos e de assumir atividades que até então haviam sido negligenciadas ou deixadas de lado.

Por outro lado, há aquelas pessoas que mantém uma constante auto-observação durante suas atividades, e se submetem a uma frequente auto-crítica. Algumas delas, de fato, praticam isso em excesso permitindo, dessa forma, que sua auto-análise e criticismo inibam ou mesmo paralisem suas ações. Estas estão entre os extremamente introvertidos.

Também existem aqueles que conscientemente exercem um papel por motivos utilitários, para enganar e explorar ou por diversão. Mas isso não deve encorajar a crença de que a forma instintiva de viver é a única genuína, e que toda "atuação" consciente é vergonhosa. Essa noção falsa pode ser chamada de "falácia da hipocrisia", uma vez que iguala sinceridade com impulsividade descontrolada.

Em vez disso, existe uma maneira de "atuar" na vida que não somente é genuína e real, mas que o é num padrão tão elevado que às vezes pode se constituir numa obrigação.

Em geral, a diferença entre os dois estilos de vida pode ser comparada à diferença entre natureza e arte. Um estilo é viver "naturalmente", de acordo com os ditados do instinto, o outro é exercer a arte de viver, ou "vivendo como arte". 

O correto relacionamento entre as duas formas é sinteticamente expressa no ditado: "A arte é baseada na natureza, mas a aperfeiçoa". 

De um outro ponto de vista, pode ser dito que o valor ético e espiritual genuíno, e portanto o humano, de nossa conduta repousa na intenção que a anima, no objetivo ao qual é direcionada, e finalmente na sabedoria e na habilidade técnica que informa nossas ações.

Vamos agora aplicar o que tem sido dito acima para descrever o método que pode conduzir alguém a "desempenhar" bem o seu "papel" no palco do mundo. 

O passo essencial consiste em tomar conhecimento do nosso ser verdadeiro, com o nosso "Self" e com o que realmente somos. Mas, a fim de atingirmos isso, devemos fazer uma viagem de descobertas para colocar em ordem os vários elementos que compreendem nossa personalidade, tomar conhecimento da "anatomia" e "psicologia" da nossa estrutura psicológica. 

Esse é o significado real da velha, mas sempre tópica, injunção: "Conheça a ti mesmo". Sua realização demanda a desidentificação de nós mesmos dos muitos conteúdos da nossa psique e das nossas várias subpersonalidades. Isso nos habilita a reconhecer-nos como "uma identidade auto-consciente e permanente": o "eu" pessoal (auto-conhecimento) e o "eu" transpessoal (ou espiritual).

Há um exercício, o "Exercício de Desidentificação e de Auto-identificação", que é de muita ajuda no cultivo dessa atitude de "observador gentil". Este exercício é publicado no meu livro Psicossíntese: Manual de princípios e técnicas, Ed. Cultrix, São Paulo - 1982, capítulo IV [ou Psychosynthesis: A Manual of Principles and Techniques, Hobbs Dorman, New York - 1965, chapter IV, page 116].

Terminando a analogia teatral, a segunda fase é aquela na qual as sub-personalidades existentes são transformadas e treinadas pelo "diretor". É a esse estágio que as duas outras "senhas" adotadas pela psicosíntese se referem: Possua a ti mesmo e Transforme a ti mesmo. Todos as técnicas da Psicossíntese tem isso como objetivo.

Mas alguém pode perguntar: qual é o grau - a porcentagem, por assim dizer - de identificação parcial durante a ação? 

Isso varia amplamente de acordo com o tipo de ação e o tipo psicológico da pessoa em questão; mas, em cada caso existe uma proporção ideal e pode ser encontrada e adotada. 

Uma regra geral a aplicar quando uma nova função ou habilidade é desenvolvida é de dedicar a máxima atenção para ela no início, aprendendo-a e realizando-a com o melhor de nossa capacidade. 

Como o inconsciente toma controle gradativamente, a prática reduz progressivamente a necessidade de acompanhar de perto a sua realização, enquanto a qualidade da performance melhora, com cada vez menos envolvimento emocional. Isso é análogo à forma com a qual os atores, tornando-se gradativamente familiares com o seu papel na peça, podem sustentar o decréscimo do seu envolvimento pessoal nela. Existe também um método eficiente, análogo aos ensaios de uma peça, que consiste na ação preparatória por meio de exercícios de "Treinamento Imaginativo".

O uso de todos esses métodos, no entanto, pressupõe uma auto-consciência clara e estável, o uso de uma vontade firme e decidida, e um senso de auto-conhecimento constante, como sujeito passivo e, ao mesmo tempo, como agente. Essa atitude pode ser tomada ao nível do "eu" pessoal, o ego, mas a forma mais eficiente é de estabelecer o contato e relacionamento com o "eu" Transpessoal, do qual o "eu" pessoal é uma emanação ou reflexão. A partir dessa Realidade elevada, nós podemos constantemente tirar a luz e a força requeridas para resistir a toda atração interna e externa, toda tentação e indução que costumam desviar-nos da nossa tarefa: para realizar a melhor atuação de que somos capazes no desempenho do papel que nos é atribuído, ou que nos escolhemos, no grande drama humano.


Por Dr. Roberto Assagioli 

Artigo "Life as a game and stage performance: (role playing)" publicado por Roberto Assagioli em 1973. O artigo foi traduzido para o português por Luizete dos Santos Camargo. 

(#) Roberto Assagioli, Dr.: (Veneza, Itália, 27 de fevereiro de 1888 - Capolona d'Arezzo, 23 de agosto de 1974). Médico, especializou-se em neurologia e psiquiatria. Estudou e manteve contatos pessoais com Sigmund Freud e Carl Jung. Em 1910, em Veneza, apresentou os ensinamentos de Freud à comunidade médica, sendo um dos pioneiros do movimento psicanalítico na Itália.
Na mesma época, por volta de 1910, Assagioli estabeleceu os fundamentos da Psicossíntese. Ele percebeu que havia a necessidade de alguma coisa além da análise. Era a necessidade de reconhecer as diversas partes da pessoa e de integrá-las num todo mais amplo, harmonizando-as através da síntese. Assagioli afirmava que, da mesma maneira que havia um inconsciente inferior, havia também um superconsciente. Ele o descreve como a Fonte Superior do Ser, que contém nosso potencial mais profundo, a fonte na qual se encontra o Projeto que o Ser veio desenvolver e manifestar nesse Planeta. Assagioli formulou suas descobertas numa abordagem que ele chamou de Psicossíntese.
Em 1926, fundou em Roma o Istituto di Psicosintesi. Com o advento do Fascismo na Itália, o Instituto teve que ser fechado. Logo após a guerra, Dr. Assagioli reabriu o Istituto di Psicosintesi em Florença (onde se encontra até hoje), além dos 14 Centros de Psicossíntese em diversas cidades italianas.
A partir de 1958 foram fundados, a nível mundial, o Psychosynthesis Research Foundation, nos EUA, o Centro de Biopsicossíntese, na Argentina e numerosos outros Centros na Índia, Califórnia, Canadá, Europa e Brasil.