Mostrando postagens com marcador Responsabilidade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Responsabilidade. Mostrar todas as postagens

sábado, 29 de março de 2014

Acordes da Harmonia





"Quando um acorde musical é tocado, uma certa harmonia é produzida por aquela combinação de notas. Mas um acorde no qual haja apenas uma nota incorreta produz discordância, dissonância. Isso tem um efeito muito definido.

A mesma coisa acontece aos homens. Se um aspecto está fora de harmonia com o restante, não funcionamos com suavidade; nossas ações vêm de campos de consciência que não estão integrados. Isso pode resultar em doença. Se os acordes de muitos indivíduos não estiverem em harmonia, grupos de seres humanos podem se tornar mutuamente destrutivos, como testemunhamos hoje em dia.

Em comparação, consideremos a natureza. A natureza é como uma orquestra que reúne incontáveis notas. Desde o tempo de Pitágoras, essa sinfonia cósmica é conhecida como a Música das Esferas. De acordo com esse conceito, cada diminuto átomo está afinado a uma nota musical e está constantemente em movimento com velocidades incríveis, cada velocidade possuindo sua própria qualidade ou nota numérica. Se tivermos ouvidos para ouvir, poderíamos realmente perceber uma árvore crescer ou uma flor desabrochar. Da mesma forma, poderíamos ouvir os gritos de outros seres humanos e de outras formas de vida no planeta, e estaríamos melhor equipados para aliviá-los.

Nós, seres humanos, parecemos estar sempre buscando algo, numa tentativa de redescobrir um aspecto perdido da natureza – o acorde da harmonia com o universo. Harmonia não é um conceito visionário de contos de fadas. É muito relevante na vida diária. Ademais, a harmonia não está limitada ao individual, à família e à comunidade humana.

Antes, implica um estado de profunda ressonância interna com toda a vida no mundo terrestre, e, no final das contas, com toda a vida que reside nos domínios ainda mais inferiores. A busca por esse acorde perdido nos tem levado em miríades de direções. Estamos buscando preencher os vazios existentes em nossas estruturas, para nos tornarmos integrais.

Consequentemente, os seres humanos são grandes aventureiros. Procuramos em todos os recantos da vida para tentar descobrir aquele tesouro precioso – através da excitação, drogas, álcool, novas formas de prazer, riqueza, gurus, meditação e assim por diante. Pode-se dizer que o ser humano muitas vezes se parece com água represada, em vez de um participante ativo no grande sonho da vida.



Notas da existência

Nós só podemos nos tornar unos com a corrente, reconectarmo-nos a ela, quando descobrirmos a nossa profundidade. Como podemos, como indivíduos, redescobrir as notas mais profundas de nossa existência, que podem nos ajudar a nos movermos conscientemente em direção ao estado de harmonia?



Ouvir - Cada uma das miríades de formas de vida tem um conjunto único de vibrações. E isso inclui o ser humano. Podemos sentir as notas mais profundas de outra pessoa? Nós verdadeiramente ouvimos o outro – não apenas as palavras faladas mas os gestos da outra pessoa, os olhos, aquilo que não é dito, para que apliquemos nossos sentidos internos ao que a pessoa está comunicando? Krishnamurti comentava que nós sempre ouvimos com ideia preconcebida ou a partir de um ponto de vista particular. Podemos ouvir com “novos” ouvidos? 



Confiança - Nós de fato confiamos na vida, ou de algum modo temos medo dela? Nossas ações podem estar baseadas no medo, tal como o medo do que alguém pensa de nós. À  medida que evoluímos, as convenções da sociedade de algum modo afrouxam a pressão e a nossa moralidade individual torna-se a base de nossa vida, em vez da moralidade do mundo, que pode estar fora de harmonia com o funcionamento do universo.

Em Cartas dos Mahatmas, o mestre K. H. diz: “Um Mahatma deve obedecer ao impulso interno de sua mente sem se importar com as considerações de prudência e sagacidade da ciência mundana.” A assim chamada sabedoria do mundo pode, às vezes, não ser mais que um reflexo daquela sabedoria que pode penetrar, oriunda dos níveis mais profundos, inundada com a luz debuddhi. À medida que nos tornamos mais confiantes internamente, os temores desse tipo recuam, e nós confiamos na vida porque de algum modo confiamos em nós mesmos. Aprendemos a lidar melhor com as situações, com os nossos relacionamentos, com os fardos da vida e com as tarefas que temos no momento.



Responsabilidade - Em que nível nós verdadeiramente assumimos a responsabilidade pelo que fazemos? Se assumimos responsabilidades por nossas ações, nos tornamos mais conscientemente responsáveis pelo estado do mundo. A idéia do carma pode não ser nada mais que uma noção interessante revolvendo em nossa mente. Mas uma ação consciente do trabalho do carma na nossa vida diária resulta numa suposição consciente da responsabilidade por nossas ações.



Aspiração - Pode-se pensar na aspiração como sendo o coração da vida espiritual. Um dos significados de aspirar é buscar. Buscar sugere a procura de algo que está oculto, como uma terra não descoberta. Por exemplo, quando aspiramos pela verdade, ou a buscamos, estamos nos esforçando para além do mundano, do lugar-comum, além dos nossos limites conhecidos, em direção a um novo território.



Chegando à verdade

Os ensinamentos teosóficos sugerem que nós fracionamos a verdade por meio das divisões da mente concreta, do mesmo modo como a luz do sol é dividida quando atravessa um prisma. O microbiologista Darryl Reanney, em seu livro Music of the Mind, comenta que o nosso modo primário de expressão física, a linguagem, também fraciona a verdade.

Contudo, devemos qualificar isso, porque a linguagem também oferece oportunidades de enxergar além do mundano. Podemos ouvir ou ler palavras belas, inspiradoras, que agem como catalisadores para novos insights, novos entendimentos. A linguagem é o nosso modo primário de expressar o pensamento, e o pensamento tem muitas manifestações. Portanto, a linguagem deve dar voz àquilo que é sublime, e também aos aspectos grosseiros da mente humana. No final das contas, a verdade pode prescindir da linguagem, como ilustra uma história da tradição Zen.

O cachorro do instrutor Zen adorava as brincadeiras noturnas com seu mestre. Corria daqui para ali para pegar um pedaço de pau, depois retornava, sacudia o rabo, esperava pela próxima brincadeira. Uma noite, o instrutor convidou um dos seus estudantes mais brilhantes para ir até sua casa – um rapaz tão inteligente que ficava confuso com as aparentes contradições da doutrina budista.

“Você deve entender,” disse o instrutor, “que as palavras são apenas postes de orientação. Jamais deixe que as palavras ou os símbolos se interponham no caminho da verdade. Venha cá, eu vou lhe mostrar.” O instrutor chamou seu alegre cachorro. “Pegue a lua”, disse ele ao cachorro, e apontou  para a lua cheia.

“Para onde está olhando o cachorro?”, perguntou o instrutor ao inteligente aluno. “Para o seu dedo”, respondeu o aluno. “Exatamente. Não seja como o meu cachorro. Não confunda o dedo que aponta para uma coisa com a coisa que está sendo apontada. Todas as nossas palavras são apenas sinais indicativos. Todo homem luta para, através das palavras de outro homem, encontrar a sua própria verdade.”

Darryl Reanney afirma que a sociedade de hoje confunde conhecimento, que nasce do insight, com memória, que nasce da repetição. O insight vem em seu próprio tempo, quando a mente está pronta e é capaz de transformar a informação em sabedoria. Ele assinala que a memória permite acessar a experiência sem necessariamente compreendê-la, o que explica o empobrecimento espiritual de nossa era. “O conhecimento profundo é um prêmio que pode ser conseguido viajando até as profundezas da nossa consciência e pagando o preço total em dor e paciência, exigidas daqueles que, de maneira passional, precisam conhecer.” E não serão a dor e a paciência partes integrantes da vida espiritual do aspirante?  O presente que se obtém pelo conhecimento profundo é a verdade.

A busca pela harmonia que perdemos pode ser comparada à procura do ilusório pote de ouro nas extremidades do arco-íris. Consideramos isso um processo alquímico.



União complementar

A ciência demonstrou que um elétron existe como um composto paradoxal em dois estados: onda e partícula. Darryl Reanney sugere que o comportamento de um elétron pode ser uma metáfora apropriada para a união complementar do mundo da experiência interna subjetiva (estrutura de ondas) e o mundo da observação exterior (estrutura de partículas).

Segundo Reanney, o conheci-mento, em sua própria natureza, existe sob a forma de onda. A poesia é mais evocativa que a prosa porque já tem a estrutura de ondas. A música é a mais alquímica de todas as forças, já que as ressonâncias que ela estabelece “podem vibrar em sintonia com a lógica interior do universo.” O poder do mantra, por exemplo, é bem conhecido. Se nos alinharmos com uma peça musical, ressoaremos com a sua harmonia. Certas ondas musicais podem nos transportar mais facilmente aos reinos arquetípicos, à morada da verdade.



A importância do silêncio

A alquimia é descrita como uma forma medieval de química cujo objetivo principal é descobrir como transformar metais comuns em ouro. Produzir ouro é, portanto, o objetivo tradicional do alquimista. O primeiro princípio do alquimista, segundo Helena Blavatsky, é a existência de um certo “solvente universal” por meio do qual todos os corpos compostos são dissolvidos na substância homogênea da qual todos surgiram. Esse ouro puro é também chamado summa materia, ou a essência da matéria.

O desabrochar de um ser humano também requer um processo alquími-co. Blavatsky descreveu a alquimia como “a química da natureza”, e assinalou que ela possui aspectos cósmicos, humanos e terrestres. Ela comentou que a transmutação de metais inferiores em ouro é apenas um aspecto terrestre da alquimia, pois o processo alquímico possui também uma significação mais profunda. Ao recusar o ouro da terra, o “ocultista alquimista” direciona seus esforços a uma transmutação: daquilo a que os teosofistas com freqüência se referem como “quaternário inferior” em direção à tríade superior do ser humano.

Poderíamos dizer que o ouro é produzido pelo florescimento da nossa natureza mais interna. Portanto, Blavatsky dizia que a alquimia é tanto uma filosofia espiritual quanto uma ciência física. Ela equacionou o processo misterioso da transformação do chumbo em ouro com a transformação dapersonalidade em espírito puro, homogêneo. A pedra filosofal, dizia ela, nasce do espírito. Ela explica que isso é a alma (manas) e o corpo do ser humano sendo assimilado pelo espírito (buddhi). Nesse processo, eles se fundem na vida una.

É interessante que Blavatsky tenha enfatizado a assimilação do espírito ou buddhi por nós, e não a nossa assimilação pelo espírito. Isso salienta o significado do esforço individual à medida que evoluímos, tão bem expressado na terceira Proposição Fundamental de A Doutrina Secreta. Parece que a alquimia do espírito, aquela transformação total da personalidade que produz um ser humano regenerado, depende de esforço – pelo menos até um certo ponto. A qualidade, o tempo e a orientação do esforço de cada um de nós é de suprema importância e pode permitir que o processo alquímico continue exponencialmente.

Darryl Reanney tem uma outra maneira de expor isso: purificando o seu conhecimento do ruído do ego, o “você que é verdadeiramente você” pode se unir à sinfonia da criação, e a canção na qual você se tornou pode se fundir sem emendas com a música que é. Em outras palavras, purificar o nosso conhecimento, com a purificação da mente, é crucial para a nossa harmonização. Esse é um ponto fundamental em obras como Os Yoga-Sutras de Patañjali. Talvez uma maneira de purificar a mente seja aprender a permanecermos quietos.

Purificar o nosso conhecimento do ruído do ego exige que disponibilizemos oportunidades para reduzir esse ruído, se quisermos permanecer lúcidos e sãos, no mundo de hoje. Jocelyn Underhill escreveu que uma das mais lamentáveis características da vida moderna é o medo do silêncio, que permeia todas as fileiras da sociedade. Muita conversa fiada e  inconsequente, afirma ela, surge do medo. Talvez o silêncio crie um aparente vazio, algo que é desconhecido e que, portanto, nós tememos.

O silêncio tem uma importância capital na vida espiritual. O que significa permanecer totalmente quieto? O corpo está aquietado; não se inquieta. As células não estão agitadas. As emoções estão em repouso e todavia a mente ainda está alerta. É interessante observar o silêncio entre pensamentos. Eles se tornam mais espaçados e podem mudar de qualidade com o passar do tempo. A própria experiência do tempo muda quando experimentamos estados internos de percepção.

O que é o silêncio? Comumente, consideramos o silêncio como a ausência de som. Mas Jocelyn Underhill afirma que “o silêncio é muito mais que a negação do som; é o próprio som”. As coisas espirituais vistas dos mundos inferiores na maioria das vezes apresentam-se como paradoxos. Por isso podem não ser facilmente assimiláveis, e às vezes requerem um salto de fé antes que possam ser verdadeiramente conhecidas.

A noção do silêncio como som está bem exemplificada no maravilhoso clássico teosófico A Voz do Silêncio. Helen Zahara sugere que essa voz assume diferentes formas, dependendo do nosso estado de consciência: “Às vezes sentimos uma compulsão interna ou orientação para tomar uma atitude particular. Para muitos, essa não é uma idéia estranha. A questão é se o impulso é um genuíno impulso espiritual. Precisamos saber se nossos desejos emocionais ou nossos pensamentos são influenciados por nós. Para isso, o discernimento precisa ser desenvolvido. A chave aqui é examinar nossos motivos.”

A consciência é outro tipo de voz interior que determina a extensão da nossa moralidade. A verdadeira consciência provém dos reinos do espírito. Mas o que achamos ser consciência pode ter uma origem externa, produzida pela sociedade.

Às vezes um pensamento estranho aparece na mente, quase como uma voz se expressando. Mais uma vez precisamos determinar a sua fonte para saber se é uma manifestação da “voz do silêncio”.

Ao longo da história, místicos e visionários relataram que foram inspirados por uma voz interior. O estado místico parece ser de grande iluminação interior, um fluxo de luz e de alegria, uma tremenda sensação de unidade. Esse estado de consciência tem a sua própria voz; todavia, as tentativas de descrevê-la representam, quando muito, uma aproximação da realidade.

Não é preciso temer o silêncio. Pode ser um grande conforto levar até ele todo o alcance de nossas experiências – as dores mais profundas, os nobres pensamentos e assim por diante, até atingirmos as nossas mais elevadas aspirações. Podemos criar espaço para o silêncio, permitir que ele paire sobre as águas profundas da alma?

O silêncio não precisa ser confinado a momentos de meditação, e isso é algo que nós podemos experienciar. O que acontece nos momentos em que não podemos nos retirar para o silêncio físico? Talvez o segredo seja permitir que os ruídos fluam através de nós, em vez de enfrentá-los com resistência. Desse modo, a harmonia não é perturbada.

Os aborígines australianos usam o termo “versos de uma canção” para descrever “o padrão entremeado de trilhas de tempo que riscam a paisagem de sua terra.” Darryl Reanney refere-se aos versos de uma canção como “a totalidade do conhecimento sobre o tempo.” Em resposta à pergunta “quem sou eu?”, ele responde: “Somos os versos da canção de nossas vidas.” Ele comenta que se os versos da canção de sua vida estiverem desafinados com o coro da criação, eles não podem se tornar parte do universo, a canção única, a música que compõe o mundo ou o somatório harmônico de tudo o que é. No curso da evolução, os sons dissonantes eventualmente vão se mesclar com esse vasto mar de harmonia, a Música das Esferas.

Qual é então, o nosso desafio? Nós, que participamos da orquestra da vida, estamos de algum modo  tentando tocar novamente aquele acorde perdido. Precisamos decidir no fundo como agir de acordo com os desígnios da natureza enquanto expressamos uma gama única de notas que marcam a nossa própria individualidade.

Como sabermos o modo de agir? Uma afirmação profunda é feita em Luz no Caminho:“Ouvir a voz do silêncio é compreender que do interior vem a única orientação verdadeira. Assim, o ouro que resulta da alquimia do espírito, nascido no silêncio, pode nos transformar radicalmente. As partículas das nossas observações objetivas do dia-a-dia são então transmutadas nas ondas do nosso mundo interior e subjetivo de experiências. Esta é a verdadeira regeneração.”

Finalmente, tenhamos em mente as palavras de Jocelyn Underhill: “Para o ouvido espiritualmente treinado sempre há música aguardando para ser ouvida, e esse som insonoro eleva-se e segue adiante até que se une com a palpitação do eterno mar e o claro chamado das estrelas, sendo ambos acordes pertencentes à grande melodia das vozes dos anjos de Deus e dos filhos da manhã, a música que preenche o cosmo com uma harmonia eterna e divina.”



Vontade espiritual

Helen Zahara citou uma definição de C.W. Leadbeater: “A voz do silêncio para qualquer pessoa é aquela que vem da parte de si mesma que é mais elevada do que sua consciência normal pode alcançar.” Portanto, é lógico e natural que essa voz se modifique à medida que o indivíduo evolui. Essas mudanças podem ser consideradas como três estágios:

1. Para aqueles que têm o foco da consciência na personalidade, essa voz poderia se originar nos aspectos mais sutis da mente, onde há uma qualidade de compreensão conceitual e sintetizadora.

2. Para indivíduos mais sensíveis, poderia ser a voz de buddhi, que provê uma compreensão iluminada.

3. Eventualmente essa voz pode vir do nível de anima. Poderíamos então considerar a voz como vontade espiritual. A evolução monádica [de mônada: centelha da vida, a parte imortal do homem] iria repousar primariamente no futuro, para a humanidade.

Quando se chega ao adeptado, não há dúvida de que ainda há expressões mais sutis dessa voz. De acordo com os ensinamentos da sabedoria, esta originalmente começou com a Palavra ou o Grande Alento, que vibrou através do espaço no início do universo e através de sete grandes campos de consciência. Se o universo consiste desses vastos campos, e se nós somos parte da vida una, então ouvir essa voz ou som significa certamente despertar em cada um desses níveis. Como diz a Voz do Silêncio, “antes de colocares teu pé no degrau mais elevado da escada, a escada dos sons místicos, tens de ouvir a voz do teu deus interno de sete maneiras.”  Essas sete maneiras são às vezes equacionadas com vibrações desses sete campos ou domínios, mas podem também ter outras conotações.

Por Linda Oliveira

Fonte:
http://www.sociedadeteosofica.org.br/artigos.asp?item=734&idioma=

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Época de Pastores (Antroposofia)



A Bíblia nos relata que na noite santa chegam para admirar o menino Deus os pastores do campo e os anjos do Senhor. Ambos declaram a fórmula específica que acompanha este nascimento: “revelado seja o Deus nas alturas e paz na Terra aos seres humanos que têm boa vontade”.

Para conseguir que algo maior nasça dentro de nós, não precisamos de conhecimento. Só é necessário boa vontade para conseguir “paz na terra”, ou seja, confraternização e respeito entre os homens e em relação as outras criaturas vivas do planeta.

Quando o homem decide por si mesmo que vai atuar com bom senso e boa vontade, espalhando paz na terra, os seres superiores, os anjos, assintem-no, fortalecendo essa decisão. Para fazer brotar esse Eu superior é necessária , principalmente, a qualidade do coração quente, sensível, como a dos pastores que se dirigem ao estábulo para contemplar e cumprimentar a chegada do Mestre.

Mas como não basta só ter boa vontade para caminhar pelo mundo, precisamos também de sabedoria e conhecimento, para fundir ao coração sensibilizado. Senão o caminho se torna enganoso e perigoso. É a chegada, em 6 de janeiro, dos reis magos, dos homens de sabedoria, que representa essa união entre a intuição pura dos pastores e o conhecimento secular. Representa também o fim do ciclo, que se esgotou, representado pela meta dos dez mandamentos, em um novo, onde a única lei é “amem aos outros como a si mesmo”.

Quem começa a caminhar em dezembro de cada ano desta forma, vai andar o maravilhoso percurso da transformação do conhecimento e da sabedoria na capacidade de amar sempre mais, até que a paz se estabeleça na terra. Também vai poder transformar o condicionamento do dez mandamentos:  “não pode... não deve..."na capacidade de poder ser livre para realizar o que for necessário ser realizado.

Este é o caminho da digna liberdade de agir a partir da própria força, longe das amarras do condicionamento religioso e social e consciente da própria responsabilidade. Dos atos de cada um, e unicamente deles, virão as consequências dos erros e dos acertos na caminhada anual.

Texto de Evelyn Scheven
Do livro O Caminho Do Cristo

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Caminhos...


Num bosque amarelo dois caminhos se separavam, 
E lamentando não poder seguir os dois 
E sendo apenas um viajante, 
fiquei muito tempo parado. 

E olhei para um deles tão distante quanto pude 
Até onde se perdia na mata; 
Então segui o outro, 
como sendo mais merecedor, 
E tendo talvez melhor direito, 
Porque coberto de mato e querendo uso. 

Embora os que lá passaram 
Os tenham percorrido igualmente de igual forma, 
E ambos ficaram esta manhã 
Com folhas que passo nenhum pisou. 

Oh, guardei o primeiro para outro dia! 

Embora sabendo como um caminho leva para longe, 
Duvidasse que algum dia voltasse novamente. 

Direi isto suspirando 
Em algum lugar, 
daqui a muito e muito tempo: 
Dois caminhos se separaram entre um bosque e eu… 
Eu escolhi o menos percorrido. 

E isso fez toda a diferença.

Por Robert Frost

sábado, 24 de novembro de 2012

Quem sou eu?



"Eu sou quem quer que você pense que eu sou,
porque isso depende de você.

Se você olhar para mim num vazio total,
eu serei de uma maneira.

Se olhar para mim com idéias na mente,
essas idéias vão me colorir.

Se se aproximar de mim com preconceito,
então serei de outra maneira.

Eu sou apenas um espelho.

A sua face será refletida nele.

Assim,
depende da maneira como me olha.

Eu desapareci completamente;
portanto,
não posso impor a você quem sou.

Nada tenho para impor.

Existe apenas um vácuo,
um espelho.

Agora você tem completa liberdade.

Se quiser realmente saber quem sou,
você precisa estar
tão absolutamente vazio quanto eu.

Desse modo,
dois espelhos estarão um diante do outro,
e só o vazio será refletido.

Um vazio infinito será refletido:
dois espelhos se olhando.

Mas se existir em você alguma idéia,
então,
você verá sua própria idéia em mim."

Autor Desconhecido

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

...a amizade...


''A amizade é sempre uma doce responsabilidade, 
nunca uma oportunidade.'' 

 Khalil Gibran

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Saúde: O Corpo é um espelho de nossas Crenças


"Embora muitas pessoas me vejam como alguém com o poder de curar os outros, eu não curo ninguém. Meu trabalho é ajudar as pessoas a compreenderem como seus pensamentos criam, constantemente, suas próprias experiências de vida - todas elas, tanto as boas quanto as que chamamos de más experiências. 

Você já se viu indo para o trabalho remoendo ressentimentos em relação a um colega ou alimentando sua insegurança por causa de uma tarefa que lhe foi solicitada? É um exemplo simples, mas que ajuda a entender o que afirmo. 

Se, em vez de pensar negativamente, você procurasse pensar nas razões que poderiam ter levado o companheiro de escritório à atitude agressiva, e imaginasse formas afetuosas de resolver o conflito, seu encontro com ele poderia gerar uma aproximação feliz para ambos. Se, em vez de inventariar suas próprias falhas, você tomasse consciência de sua capacidade e repetisse para si que poderia realizar a tarefa solicitada com sucesso - pedindo ajuda se precisasse, provavelmente você a desempenharia com outro ânimo e competência. 

Nossos pensamentos podem, da mesma forma, estar contribuindo para o bem-estar ou para o mal-estar de nossos corpos. Não queremos ficar doentes e, no entanto, precisamos de cada doença que contraímos. É a maneira que nossos corpos encontram para nos dizerem que estamos com uma idéia errada, com uma percepção falsa, e que precisamos mudar nossa forma de pensar. 

Tenho uma amiga que precisou passar por uma pneumonia grave para concluir que era indispensável mudar seu ritmo de vida e fazer uma terapia que a ajudasse a rever seus relacionamentos. 

Há pessoas que usam a doença como forma de não assumir compromissos, mantendo-se permanentemente numa situação fragilizada. 

Cada doença é uma lição que precisamos aprender. Por favor, não fique só reclamando: "quero me livrar desta doença." Isso não vai trazer a cura que você deseja e você não vai aprender a lição de que necessita. Não se coloque também numa atitude defensiva, como se a doença fosse uma espécie de acusação. Não se trata de condenar nem de sentir nenhuma culpa. Tanto na doença quanto em qualquer situação de vida, o importante é observar o que está acontecendo conosco para entender o que precisa ser libertado e transformado. 

Então eu lhe digo: é hora de se curar, de tornar sua vida e seu corpo íntegros, que significa que você deseja investir na sua saúde. 

Eu sei que você tem, dentro de si, tudo de que precisa para conseguir isso. Quando você começar a compreender o processo que leva à saúde ou à doença, será capaz de assumir o controle consciente das mudanças que deseja fazer. 

É um processo muito emocionante que vai se tornar uma das aventuras mais felizes da sua vida.  

Acredito que existe um centro de sabedoria dentro de cada um de nós e que, quando estamos prontos para fazer mudanças positivas, atraímos o que é necessário para nos ajudar. Pode ter certeza de que alguma coisa dentro de você se transformou e o processo de cura já começou. 

Pare um instante a leitura e diga em voz alta: Eu já comecei o meu processo de cura. 

O corpo é um espelho das nossas crenças e dos nossos pensamentos mais íntimos. O corpo está sempre conversando conosco. É preciso aprender a escutar o que ele tem a dizer. Cada célula reage a cada pensamento seu, a cada palavra que você pronuncia. Por isso, se prolongamos durante muito tempo determinadas formas de pensar e de falar, elas irão produzir comportamentos e posturas corporais, assim como um maior ou menor bem-estar. Suas palavras e pensamentos contribuem para sua saúde ou sua doença. 

Uma pessoa que está sempre com o rosto fechado provavelmente não tem muitos pensamentos alegres e amorosos. Os rostos e corpos dos mais velhos mostram claramente como foi sua vida e seus comportamentos. 

Pare um pouco e pense: que aparência eu vou ter quando entrar na terceira idade? Como acredito que todos nós nascemos com o direito de ser completamente saudáveis e satisfeitos em todas as áreas de nossas vidas, quero ajudar você a conquistar esse direito agora. 

Algumas das coisas que vou sugerir talvez pareçam simples demais, mas fique sabendo que estas idéias foram testadas muitas vezes com enorme sucesso. Elas funcionam de verdade. Antes de continuar a ler este texto, repare no seu corpo. Coloque-se numa posição confortável, respire fundo e procure relaxar. Abra-se para acolher todas as idéias, aceitando apenas as que se aplicam ou fazem sentido para você. Acredito que toda doença é uma criação própria. É claro que não dizemos quero ter tal doença, mas criamos um ambiente mental que faz com que a doença apareça e se desenvolva. 

Volto a repetir: nossos diálogos interiores provocam reações em cada célula do corpo. Ouvi um médico dizer recentemente: "Se um cirurgião operar um paciente sem fazer coisa alguma para ajudar a descobrir e curar a causa da doença, ele estará apenas adiando o problema, pois o paciente criará um outro mal-estar." Não basta tratar o sintoma. Precisamos eliminar a causa da doença. 

E para isso precisamos penetrar no lugar, dentro de nós mesmos, onde o processo teve início. 

Somos profundamente responsáveis por quase todas as experiências por que passamos em nossas vidas. Tanto as melhores quanto as piores. Porque, como já disse, somos nós que criamos nossas experiências através dos pensamentos que temos e das palavras que pronunciamos. O universo apóia completamente nosso diálogo interior. 

Nosso subconsciente aceita como verdade aquilo em que escolhemos acreditar. Isto significa que o que acredito ser verdade a meu próprio respeito e a respeito da vida se tornará verdade para mim. 

Essa é uma escolha que você faz. É claro que os pensamentos vêm à cabeça sem nosso controle, mas, ao reconhecê-los, você pode alimentá-los ou procurar desapegar-se deles, tentando olhar a realidade de outra perspectiva. Temos também o impulso de pronunciar certas palavras, mas somos capazes de silenciá-las ou substituí-las por outras mais amorosas, impregnadas de compreensão e tolerância. 

O que pensamos e sentimos a respeito de nós mesmos e de nossa vida formou-se desde criança, pelas reações e comportamentos dos adultos que nos rodeavam. Assim, se você viveu com pessoas assustadas ou com pessoas extremamente infelizes, aprendeu uma porção de coisas negativas a seu próprio respeito e a respeito da vida. E é possível que ainda acredite nelas. Não estou dizendo isso para que culpemos nossos pais. Eles provavelmente foram vítimas de seus próprios pais e não podiam nos ensinar o que não sabiam. Se sua mãe não gostava dela mesma e se seu pai não sabia ser carinhoso e atento, eles não teriam condições de ensinar você a se amar e a se tratar com carinho e atenção. Por mais bem intencionados que fossem. Acredito que escolhemos nossos pais. 

Cada um de nós decide encarnar neste planeta em épocas e locais específicos. Fazemos assim porque estamos neste mundo para aprender as lições que nos farão avançar em nosso caminho espiritual. Para isso, escolhemos nosso sexo, nossa cor, nosso país e as pessoas que nos farão ter as experiências de que precisamos para evoluir. 

Muitas vezes, quando crescemos, acusamos nossos pais e nos queixamos: "foi você quem fez isto comigo, a culpa é sua". Mas, na verdade, nós os escolhemos, porque era com eles que podíamos viver aquilo que queríamos aprender a superar. Passamos a vida criando experiências que combinem com as crenças adquiridas na infância. 

Olhe para trás e observe quantas vezes você passou pelo mesmo tipo de relacionamento e pela mesma qualidade de problema. É bem possível que você tenha criado essas experiências repetidamente porque elas refletem o que você pensa a seu respeito. 

Mas não adianta ficar remoendo os problemas do passado, porque é o momento presente que importa. O que aconteceu no passado, até este momento, foi criado por você, com seus próprios pensamentos e antigas crenças, sem que você se desse conta. 

Mas o que você escolhe pensar, acreditar e dizer hoje, neste exato lugar, neste exato momento, está criando o seu futuro. Seu diálogo interior de agora está criando o seu amanhã, a semana que vem, o próximo mês e o ano que vem. 

Então, preste atenção no que você está pensando neste instante. 

Você quer que este pensamento crie o seu futuro? 

Ele é negativo ou é positivo? 

Observe, preste atenção. 

Não existe certo ou errado no que pensamos, e volto a dizer que não quero nunca explorar o sentimento de culpa. Pelo contrário, quero eliminá-lo, porque ele paralisa e não faz crescer. 

Estou querendo apenas que você entre em contato com o que está pensando, porque, em geral nós tomamos muito pouca consciência do que se passa em nossas mentes e em nossos corpos. Só prestamos atenção quando ficamos doentes ou quando sentimos dor. E, se não sabemos o que está se passando dentro de nós, como poderemos mudar?"

Por Louise Hay

sábado, 29 de setembro de 2012

O Mal no caminho do Desenvolvimento Humano (Antroposofia)


Observem a imagem do arcanjo Micael empunhando uma espada com seus braços fortes.

A espada ou lança é de ferro, que é a substância usada no combate.

Esse elemento (ferro) está relacionado às forças de Marte, também ligado à qualidade da fala, a força da palavra.

Um grande artista brasileiro da palavra foi Guimarães Rosa.

Seria possível fazer um estudo do encontro com o mal a partir do “Grande Sertão : Veredas”?

Guimarães faz conscientemente o uso da palavra contra o mal. Mais do que uma escrita, o livro é uma fala, tudo tem som, a força da fala está presente. O livro não é dado de presente, mas quando se termina de lê-lo, a pessoa não é mais a mesma que o começou. As primeiras trinta páginas tem todo o conteúdo, é difícil, mas é um processo transformador.

Até que ponto no combate ao mal, não nos tornamos tão maus quanto aqueles que queremos combater?

O que se faz para combater o terrorismo? 

Como reconheço esse mal? 

Como posso superar esse mal não sucumbindo a ele?

Para combater qualquer coisa é preciso conhecê-la, e não dá para combater aquilo que negamos.

Os seres do mal são seres espirituais. Conhecer o mal é tarefa do ser humano.

O anseio pelo conhecimento do mal é motivo do personagem principal do Grande Sertão, Riobaldo – 'rio baldo', aquele que faz a travessia, um épico, como um conto de fadas. Ele está o tempo todo perguntando.

Os seres demoníacos da terceira hierarquia se atrasaram na sua evolução; seu grupo fazia isto, mas eles não o fizeram naquela época e agora vêm fazer o que não foi feito, ou seja, o desenvolvimento do Eu, da individualidade.

Esses seres que na antiga Lua não desenvolveram sua individualidade são os seres Luciféricos – agora eles usam o ser humano para essa finalidade e são afins com o corpo astral.

Similarmente, no antigo Sol, os seres Arimânicos que se atrasaram na sua evolução são afins com o corpo etérico do ser humano, e, da mesma forma, no antigo Saturno, os seres que se atrasaram são os Azuras, afins com o corpo físico humano.

Esses seres não podem atuar diretamente nos corpos, mas na alma humana.

Assim temos :
  • No corpo astral, a alma da sensação, os seres luciféricos (Lúcifer).
  • No corpo etérico, a alma do intelecto, os seres arimânicos (Ariman).
  • No corpo físico, a alma da consciência, os azuras (Azuras).
E além desses três , Rudolf Steiner se refere ao Zorat, demônio do Sol, anterior à evolução humana em Saturno, que atua o Eu humano no Cosmos – carmicamente um Anti- Eu.

A vivência do Cristo etérico é uma vivência da separação do Mal na alma humana. 

O primeiro âmbito para superar as forças do Mal é na alma da sensação, dos sentimentos, e assim por diante. Essa luta tem que ser travada dentro de cada um, no interior da alma individual.

A estória de Riobaldo é muito emblemática, acontece no interior e no exterior do ser humano. 

Sinaliza o fim do Kaliyuga e o começo da atuação de Micael na Terra.

Com relação à alma da sensação, a superação do Mal ocorre na medida em que o homem se preocupa em transformar suas tendências amorais, seu egoísmo, seus baixos instintos, e consegue isso através de auto conhecimento e reconhecimento .

Com relação à alma do intelecto, o homem tem que superar a mentira, toda forma de medo, e a tendência para o materialismo através de decisões justas, juízos corretos, organizações socialmente justas, formar considerações apropriadas através do estudo de assuntos que não domina; desenvolver um conhecimento individual interno, um pensar vivo, orgânico, espiritual, do coração, capaz de superar o pensar frio e puramente racional.

Com relação à alma da consciência, e para se contrapor aos azuras neste lugar, o homem tem que dar um passo para se apossar da sua própria liberdade – vivência do limiar, processo de iniciação, encontro com o guardião do limiar. “Viver é muito perigoso”, é o mote do livro.

É quando os controles externos desaparecem e então, tudo se pode.

O perigo do ser humano que passa por esse processo é a vivência do poder, pois com ele pode-se tudo para o bem ou para o mal.

A responsabilidade do ser humano passa por aqui. 

Ele tem que resistir às tentações.

De onde provém o poder? 

O ser livre percebe a quem obedece.

Só se pode contrapor ao Não Sou com o Eu Sou, através do Eu do Cristo.

O ser humano precisa deixar de ser para ser através do paradoxo, ser “ O Cristo em mim”.

Diadorim é um dos personagens mais misteriosos da estória, um bom lutador com faca. Um anjo micaélico?

A experiência do Cristo também se dá na impotência – o ser humano deve ser capaz de passar pela impotência interior e da ressurreição originada nela, na vivência do “não poder” tem-se a experiência do Cristo.

A peça esculpida em madeira por Rudolf Steiner, da Figura do Homem, traz claramente a imagem do equilíbrio das forças, assim como a meditação da pedra fundamental , que apela à alma humana e às hierarquias superiores na direção da luz do Cristo.

Por Marilda Milanese

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Aceite sua vida com vontade


Aceite sua vida com vontade,
aceite obstáculos, 
como parte da condição humana.

O que você quer dizer por 
'Aceite sua vida com vontade'?

Navegue as ondas altas e também as baixas,
não se preocupe com perdas ou ganhos.
Isso é 'Aceitar sua vida com vontade'.

O que você quer dizer com 
'Aceite obstáculos como parte da condição humana'?

Obstáculos são parte do seu aprendizado.
Sem obstáculos, como poderia haver vida?

Renda-se com vontade;
e a você poderá ser confiado cuidar de todas as coisas.

Ame o mundo como a si mesmo;
e você poderá, 
verdadeiramente, 
cuidar de todas as coisas.

Um bom andarilho não deixa pegadas;
um bom orador não comete deslizes;
um bom contador não precisa contar,
uma boa porta não precisa de tranca,
e, 
mesmo assim, 
ninguém conseguirá abri-la.

Uma boa amarra não precisa de nós,
e, 
mesmo assim, 
ninguém consegue desprende-la.

O sábio, portanto, cuida de todos os homens
e não abandona ninguém.
Ele cuida de todas as coisas
e não abandona nada.
Isso é chamado de 'seguir a luz',
esse é o coração do mistério.

O Tao

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O Caminho


O que é o Caminho?

No primeiro capitulo do livro “O Caminho da Autotransformação” o Guia nos coloca uma primeira e vasta gama de conceitos, fornecendo sua preciosa definição de “Caminho”.

Sugere que existem níveis de realidade ainda a serem explorados e diferentes formas de empreender a caminhada devido à unicidade de cada ser humano em sua jornada evolutiva, mesmo que em sua essência o Caminho fundamentalmente seja sempre o mesmo.

Colocando em seguida para todos a postura confiante ao se entregar para esta energia de busca e sem forçar conclusões superficiais baseadas na teoria, lembrando que cada ser humano existe em profundidade tão grande e sobre a qual pode não ter consciência.


Nestes níveis até agora inexplorados todos possuímos os meios de transcender as fronteiras de nossa personalidade, acessando outros reinos e entidades que nos proporcionarão um conhecimento maior e mais profundo.

Como primeiro passo é essencial lidar com nossas confusões, com as atitudes destrutivas, os mal entendidos, as emoções negativas, os sentimentos paralisados, as defesas alienantes... e o Guia nos confirma que o Caminho começa de fato onde esta fase crucial termina.


Esta primeira parte do trabalho só terá sucesso caso o contato com o nosso Ser Espiritual seja regularmente cultivado e utilizado.

A segunda e mais importante fase consiste em aprender como ativar a consciência superior inerente a cada alma humana. Quanto antes voce descobrir a infinita fonte interna de sabedoria, tanto mais fácil e rápido poderá deixar para trás todas as obstruções.

Vale lembrar que não estamos lidando com uma pratica que consista em exclusivamente querer atingir uma consciência espiritual superior, assim como muitas disciplinas espirituais que não focam aquelas áreas do ego perdidas na negatividade e destrutividade.


É comum que muitos seres humanos, evitando propositadamente lidar com determinadas partes deles mesmos, muitas vezes encontrem refugio em disciplinas ou atalhos que permitem evitar este encontro consigo mesmo. Os dois extremos são: 

  • a ilusão de evitar o que está no nosso profundo, 
  • e o que nega ou teme o que existe em você.
Qualquer seu aspecto interior problemático pode ser transformado, não interessa o quanto destrutivo este possa ser.

Recapitulando, o caminho não é Psicoterapia e nem jornada espiritual no sentido comum da palavra e, ao mesmo tempo, é ambos. O aspecto psicológico é lateral, representando mais uma via para superar obstáculos.

Três pontos importantes:


- Primeiro, o entendimento e a verdadeira iluminação virão ao descer em sua próprias profundezas e ao experimentar a própria riqueza interior em conexão com o Universo.


- Segundo, entrando no Caminho você não inicia uma terapia. Você embarca para uma viagem que o levará no novo território de seu universo interior, lembrando que a finalidade do caminho não é a de simplesmente cura-lo de uma doença mental ou emocional, mesmo que isso seja conseguido muito bem caso você faça o trabalho exigido corretamente.


- Terceiro, este Caminho deverá focar todos os aspectos da personalidade, incluindo os de que menos gostamos, pois somente quando fazemos isso podemos finalmente nos amar. Somente assim podemos encontrar nossa essência e o nosso verdadeiro Deus que existe em nós.

Toda confusão e contradição aparente vem da consciência de dualidade que permeia neste estagio a mente humana, o ambos/ou, bom ou ruim, certo ou errado, preto ou branco.


O caminho da dualidade é um caminho correto somente em parte, podendo nos fazer perceber somente fragmentos de realidade, sendo que a verdade plena nunca pode ser encontrada nesta lógica dualista. Tem uma voz interior nos dizendo que tem muito, muito mais em nossa vida e em você que você possa ter experimentado até aqui... mas como encontrar clareza sobre o que é real e o que é falso neste seu propósito?

O desejo é falso quando sua personalidade deseja amor e felicidade - ou prazer e expansão criativa - sem pagar o preço da mais completa e honesta auto-confrontação.


É falso também quando você não assume a responsabilidade pelo seu estado atual, culpando os outros de algum modo. Como o que é bom sempre vem de dentro, poderá também estar colocando a recompensa pela sua transformação no lado de fora, novamente, se frustrando por consequência e mantendo ainda o apego a padrões frustrantes e destrutivos.

A pista para a realização deve estar em voce, buscando com isenção e honestidade os nós que o impedem de ser pleno e realizado. Encontramos assim as razões de estar atraindo determinadas situações de sofrimento, somente quando deixarmos de lutar e permitimos que a intuição se manifeste operando em todos os seus níveis de manifestação, trazendo criatividade, estímulo, alegria e paz em nosso dia-a-dia.

Compreendemos aos poucos que é possível encontrar o estado de felicidade no viver diário, transmutando antes todos os conteúdos negativos e traumáticos de nossa mente. O “efeito colateral” desta transmutação será um estado crescente de alegria e harmonia.

De que maneira encontrar seu eu verdadeiro nesta jornada em território desconhecido?


Utilizando o instrumento da atenção focada nas suas áreas negativas, destrutivas e mal compreendidas; começando finalmente a desfrutar de uma inabalável certeza interior.


Somente enfrentando nosso conteúdo interior por inteiro, chegaremos a nos amar de verdade e a descobrir nosso Eu divino.


Se esse desafio é tarefa fácil, partindo de início de uma mente ainda limitada? ...é claro que não! Exige esforço e disponibilidade em aceitar novas possibilidades e alternativas para a nossa expansão na vida, mas seguramente o desafio estimula e por fim compensa todas as dificuldades em enfrentar as nossas áreas de sombra, fazendo assim de nossa vida algo pleno, excitante e verdadeiro.

As poucas regras do caminho pedem que você seja íntegro e leal com seu eu, que experimente toda sua vulnerabilidade e que retire todas suas máscaras e dissimulações, e, então, a partir deste entendimento, tudo se tornará propício, natural e suave.

A postura com a qual encaramos o Caminho irá depender do ponto de vista de sua experimentação, que poderá ser a partir de um lado positivo ou negativo, mesmo que estas polaridades representem a mesma (e única) corrente de energia. A busca da honestidade em todos os níveis, mesmo os mais sutis, deve ser integral e permanente.

O Guia fala também neste capitulo sobre as imagens mentais que constituem nossos “códigos de conteúdos” inconscientes, e que ficam impressas de forma profunda em nossa psique podendo - ao ser lidas e interpretadas - contar nossas estórias de desarmonias, bloqueios e traumas que podem ter sido causados por falsas crenças e percepções distorcidas da realidade em qualquer época de nossa vida (ou vidas).

Através dos exercícios específicos de cada capitulo, os conteúdos podem ser reprogramados por cada usuário em sua busca do autoconhecimento e da sua realização plena como ser total. O conteúdo emocional individual desta e de outras vidas, que em muitos casos fica como que comprimido dentro do nosso inconsciente, gera uma pressão constante que pode se manifestar em inúmeras desarmonias para o indivíduo e, ao se confrontar os velhos (e cristalizados) padrões com os novos padrões de realidade criados pelo conhecimento emocional atualizado e em alguns casos já livre de preconceitos e crenças limitadoras...


Recomendamos que faça por uma semana ao acordar o exercício deste primeiro capitulo: “O inicio de uma vida nova”. (Que se encontra no final deste texto). Novas percepções e conceitos de renovação e harmonização estarão atuando positivamente em seu ser.

Um auto-exame de nosso estado atual poderá ser levado a cabo nos fazendo perguntas simples e esclarecedoras sobre como estamos levando nossa vida, se de forma compensadora e produtiva, se nos sentimos realmente à vontade com outras pessoas de nosso convívio... Precisamos perceber se existe tensão, ansiedade, angústia e solidão. O Caminho bem trilhado levará em conta o ponto de partida, lembrando os estados iniciais, avaliados de forma honesta, completa e humilde, de forma que os resultados conquistados na evolução espiritual possam ser percebidos e comparados de forma absolutamente simples e clara.

Quando finalmente operamos a partir de nosso centro, e não mais buscando a aprovação dos outros, ou as crenças limitadoras e controladoras exteriores, estamos finalmente fazendo desabrochar nossa parte mais profunda, criativa, poderosa. Nossa essência representará finalmente nossa capacidade inata de gerar o fluxo abundante e merecido da vida que nos é reservado em nossa preciosa e única missão de vida.

No caminho serão fornecidas as ferramentas e os instrumentos para finalmente chegar nesta essência central que está e sempre esteve à espera de ser finalmente descoberta, permitindo merecidamente viver a harmonia total em nossa vida, sem mais fugir ao encarar nossos cantos sombrios, estando finalmente aptos a nos relacionar com todos os aspectos de nossa alma e a reconhecer o poder da cadeia de acontecimentos que brota de nossos pensamentos e opiniões, gerando sentimentos, emoções e comportamentos que constituem afinal a complexa e interligada teia da vida.

O Guia se concentra sobre o medo, dizendo tratar-se de algo que, quando por fim experimentado, pode levar a um estado mais profundo de realidade, representando o medo, a negação de vários sentimentos que, ao serem finalmente vivenciados e confrontados, permitem que o bloqueio se dissolva. O medo nos afasta da vida plena e impede nosso desenvolvimento até que consigamos assumir nossa responsabilidade pelos nosso sentimentos e os acontecimentos que atuam em nosso campo, deixando finalmente de responsabilizar os outros.


Somente desta forma nosso eu espiritual poderá emergir, transformando as distorções em  energia primordial pura e atuante. Consciência e energia retornarão em sua ação criativa e positiva somente quando nossa intenção e nosso conhecimento da Luz estiverem novamente positivos e focados.

Nosso centro divino, nossa essência espiritual contém tudo de que precisamos para cumprir a missão que nos foi confiada, sendo assim, cada um de nós - a expressão de tudo que existe-, que o Guia coloca como “Todo-Consciência”, busca este centro deixando a vaidade e as demais ilusões de lado como condição fundamental, passando obrigatoriamente pela escuridão das próprias camadas profundas para de deparar com a luz.

A meditação e a visualização criativa serão instrumentos importantes nesta busca e sua frase para reflexão: "O portal da consciência está em você, abra-o com amor e percorra o caminho de volta para casa".

O caminho estará se abrindo pra você após os passos iniciais fazendo com que finalmente o seu interior lhe permita experimentar, talvez pela primeira vez na vida, seu maravilhoso e inesgotável potencial de ser, de atuar em níveis superiores de consciência, descobrindo de forma irreversível sua própria divindade.

Se você está disposto a livrar-se de medos, condicionamentos, a aceitar sua responsabilidade plena sem mais depender dos outros para a sua realização, e com certeza receberá do Universo todo o apoio e carinho na realização desta missão especial, amorosa e solidária.


Vamos começar?

Exercício de Imagens Mentais: O inicio de uma vida nova.

Sente num ambiente calmo e tranquilo. 
Os pés devem estar firmes no chão, as mãos colocadas sobre as pernas e os olhos fechados do começo ao fim. 
Antes é preciso respirar até conseguir um estado de tranquilidade e depois desta tranquilização leve sua atenção para a intenção deste exercício:


Veja, sinta, perceba ou imagine que uma cortina se abre à sua frente e você avista um caminho. Este caminho está nublado.
Imagine que em sua mão direita você tem um aspirador que retira esta neblina e que o caminho está clareado.
Comece a andar por este caminho e encontre um grande buraco.
Este buraco representa seus medos e apegos.
Encha este buraco de pedras e cimento até que você possa passar.
Deixando os medos e o vazio para trás, continue a viagem e aviste o rio.
Agora, do outro lado do rio aviste seu Ser Espiritual perfeito.
Crie uma ponte e atravesse seu rio.
Caia nos braços seguros de seu Ser Interior.

Respire e abra os olhos


Fazer por 7 dias ao acordar.


Por Izabel Telles