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sábado, 1 de setembro de 2012

Oração da Manhã / Oração Celta



Amanheço hoje

Com as Forças do Céu,
A Luz do Sol,
O Esplendor do Fogo,
O Resplendor das Chamas,
A Velocidade do Vento,
A Rapidez do Raio,
A Firmeza da Rocha,
A Estabilidade da Terra,
A Profundidade do Mar.

Amanheço hoje

Pela força secreta e
Divina que me guia.

Que assim seja!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Tai Chi


Tai Chi é uma arte marcial não combativa que contém em sua prática meditação e exercícios para beneficiar a saúde global do organismo.

É um dos componentes da medicina chinesa, composta também por acupuntura, acupressura, fitoterapia e massagem.

Utilizado na manutenção da saúde e alívio do estresse, o Tai Chi é também um meio de se buscar a longevidade e a consciência espiritual.

Indicação: O Tai Chi proporciona amplos resultados contra distúrbios ligados ao estresse. Pressão arterial, tensão e ansiedade são amenizadas pela sua prática. Há pacientes que se beneficiaram da prática do Tai Chi com melhoria de artrites e lesões.

Em longo prazo, diminui a incidência de problemas ósseos e da coluna.

Método: A base do Tai Chi é a prática da "forma", que consiste em um conjunto de exercícios lentos, harmoniosos e padronizados. Estas diferem-se de acordo com o estilo praticado - uns mais lentos e constantes, outros com ritmo variável. Assim, há formas breves e outras mais longas.

Os movimentos estimulam o relaxamento geral e a harmonia entre mente, corpo e espírito. Com caráter de autodefesa, todos são planejados para equilibrar o fluxo do CHI pelos meridianos bem como harmonizar o fluxo da linfa e do sangue.

Fonte: 
verdor


Os ideogramas que compõe a palavra Tai Chi Chuan significam:

太, Tai significa "o maior", "o mais alto", "supremo", "absoluto".

極 (ou 极, em chinês simplificado), Chi (ou Ji) significa, original e literalmente, a parte mais alta do telhado - "cumeeira".

拳, Chuan (ou Quan) significa Punho, aqui simbolizando "soco", "luta à mãos livres" (desarmadas), "boxe"

Portanto, algumas das possíveis traduções literais de Tai Chi Chuan são: "Punho da Suprema Cumeeira", "Punho do Limite Supremo" ou simplesmente "Punho do Tai Chi". Como cada ideograma pode ter mais de um sentido, há outras formas de traduzir o termo além destas.

No Taoísmo, onde o Tai Chi Chuan teve sua origem, a "Suprema Cumeeira", ou "Limite Absoluto" tem a conotação filosófica de "Elevação", "Sublimação", "Purificação", resultante, entre outras, do desenvolvimento de um mecanismo de defesa emocional pelo qual tendências ou sentimentos inferiores se transformam em outros que não o sejam.

O Tai Chi também simboliza o "Cosmos" e a interação, dos princípios energéticos Yin e Yang, em constante mutação, sendo conhecida a sua representação pelo Tai Chi Tu (Diagrama do Tai Chi), mais conhecido no Ocidente como o "Símbolo do Yin-Yang".

O Tai Chi Chuan (em chinês: 太極拳 pinyin: Taiji Quan) é uma arte marcial interna chinesa, categoria nomeada em chinês de neijia (內家).

Este estilo de arte marcial é reconhecido também como uma forma de meditação em movimento. Os princípios filosóficos do Tai Chi Chuan remetem ao Taoísmo e à Alquimia Chinesa. A relação de Yin e Yang, os Cinco Elementos, o Ba Gua (Oito Trigramas), o Livro das Mutações (I Ching) e o Tao Te Ching de Lao Zi são algumas das principais referências para a compreensão de seus fundamentos.

Os textos clássicos do Tai Chi Chuan escritos pelos mestres orientam a:

Vencer o movimento através da quietude (Yi Jing Zhi Dong) 以靜制動

Vencer a dureza através da suavidade (Yi Rou Ke Gang) 以柔克剛

Vencer o rápido através do lento (Yi Man Sheng Kuai) 以慢勝快

Apesar de ter suas raízes na antiga China, o Tai Chi Chuan é atualmente uma arte praticada em todo o mundo. É apreciado no ocidente especialmente por sua relação com a meditação e com a promoção da saúde, oferecendo aos que vivem no ritmo veloz das grandes cidades uma referência de tranquilidade e equilíbrio.

Os criadores do Tai Chi Chuan basearam sua arte na observação da Natureza - não apenas na observação dos animais, mas no estudo dos princípios da interação entre os diversos elementos naturais.

Fonte: Wikipédia

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Os quatro Temperamentos x Os quatro Elementos







1- Qualidades primitivas

As energias mais primitivas começam com o quente (expansão) e o frio (contração), seco (individualização) e úmido (união). As energias primitivas servem de base de apoio para o Zodíaco e para os planetas.


QUENTE 


Plano físico – calor, mobilidade e expansão.
Plano anímico-fisiológico – centrífugo, manifestação da energia vital encerrada nas células.
Plano psíquico – excitante, estimulante e impulsivo


FRIO 


Plano físico – frio, adesão, retração.
Plano anímico-fisiológico – centrípeto, retrai e concentra, acumulações e aglomerações, atonia.
Plano psíquico – concentração, resistência, profundidade.


SECO 


Plano físico – tensão, rigidez, isolar.
Plano anímico-fisiológico – condensação e tensão das energias orgânicas.
Plano psíquico – decisão, precisão, veemência, rigor, obstinação.


ÚMIDO


Plano físico – união, fluidez, elasticidade .
Plano anímico-fisiológico – materialização, divisão de energia vital mediante os líquidos orgânicos.
Plano psíquico – feminino, passivo, sensível, brando, plástico, flexível.


2- Os temperamentos

a- Temperamento Colérico ou Bilioso – Quente e Seco – FOGO ( corpo vital ou etérico – sangue)
Mostra-se atuante num sangue com pulsação vigorosa; a força mais íntima irá manter sua organização com robustez e energia, e ao se defrontar com o mundo exterior desejará fazer valer a força de seu eu. 


Caracteriza o homem que quer impor o seu eu em todas as circunstâncias. Grande energia, peito e abdômen alongados, cabelos negros, olhos brilhantes e salientes, rosto quadrado ou retangular, esbelto, pele azeitonada ou amorenada, quente e seca, músculos robustos bem desenvolvidos, magro, braços e pernas compridos, mãos retangulares, dedos fortes, polegar mais comprido — movimentos bruscos e ativos, gosta de exercício, bom apetite, metabolismo acelerado, tem necessidade de fécula e açúcares.


Quem é Fogo, tem intuição e vive à frente do tempo físico. Pode ter angústia porque, quando tenta explicar algo, parece que a intuição acaba, e ele pode chegar à melancolia e depressão. Fogo necessita de motivação e excitação constante; prefere evitar ficar em local fechado. Precisa provocar situações externas fáceis de se dominar e tentar gastar a energia de modo veemente, não em acontecimentos e fatos insignificantes e que não ofereçam resistência.


b- Temperamento Melancólico – Frio e Seco -TERRA (corpo físico)


Pela predominância do corpo físico que opõe resistência aos demais corpos, o homem interior sente obstáculos, pois não consegue dominar o corpo físico, fonte de aflição interior, o qual ele pode apreender através de dor e contrariedade, criando disposição tristonha, melancólica, sendo tocado pela vida de maneira sofrida. 


Tem muita energia mas pouca excitabilidade, sendo geralmente um tipo longilíneo, com cabeça pendente, olhar voltado para baixo, fisionomia triste, ângulos dos lábios puxados para baixo, dentes pequenos, arcada estreita, pele fria e seca, gordura escassa, músculos pouco desenvolvidos, dedos pontiagudos, gestos enérgicos. Come pouco, é exigente na qualidade da comida, tem bom vigor intelectual, secura, frigidez, rigidez, depressão, petrificação, magreza, artrite, tendências crônicas, facilidade para decodificar a linguagem não verbal pelo predomínio das sensações. Precisa concentrar-se nos obstáculos e dificuldades exteriores, com o objetivo de desviar sua dor para os acontecimentos.


c- Temperamento Sanguíneo – Quente e úmido - AR ( corpo mental – sistema nervoso)


Tem interesse efêmero nas coisas, o qual transfere rapidamente de uma coisa para outra, sem se deter em uma só. Não prende sua atenção e interesse a um objeto. Precisa se colocar na posição de que o interesse passageiro é oportuno. O interior se exterioriza e por isso é esbelto. Pouca energia, grande excitabilidade, tipo físico alto, volumoso ou largo, formas flexíveis, cabelos castanhos; apesar de seu dinamismo é pouco propenso a atitudes físicas, necessita de exercícios ao ar livre. Ar é seu elemento e alimento, tem uma ventilação pulmonar ampla e ampla troca gasosa, é expansivo, alimenta-se bem e gosta de dormir, tendência a obesidade.


d- Temperamento linfático ou fleumático - Frio e úmido - ÁGUA - ( corpo emocional ou astral / sistema glandular)


Tende a buscar vida interior, tende a olhar de modo apagado, incolor, a fisionomia imóvel, com desinteresse por coisas externas. Pouca energia, pouca excitabilidade, tipo físico curto, arredondado, pele branca, lábios carnudos, músculos flácidos, mãos frias e úmidas, gestos moles, andar mole, preferência por alimentos pesados e indigestos, disfunções digestivas, intestinais, no aparelho genital e reprodutor, disfunções físicas e psíquicas, hiper-secreções salivares e gástricas, náuseas, vômitos, vermes intestinais, impetigo, eczemas, enfermidades que tendem à cronicidade e são de difícil resolução, devido à baixa imunidade. Precisa esgotar a fleuma, ocupando-se com a maior quantidade possível de objetos desinteressantes. Tende a se conformar com o seu destino.

3- Formação dos elementos

FOGO – energia universal radiante, núcleo dinâmico da energia psíquica (Jung), experiência centralizada na identidade pessoal, decisão, entusiasmo, intuição, impulsividade. O eu é sentido como uma projeção do princípio da vida na natureza e agindo sobre a natureza. Precisa estar ao ar livre, na luz solar e manter-se fisicamente ativo, a fim de captar energia ígnea. Relaciona-se com as salamandras, cuja qualidade é a serenidade.


a- ênfase – hiper-atividade , inquietação, impulsividade, egocentrismo, imediatismo.


b- carência – deficiência digestiva, falta de ânimo, falta de confiança.


TERRA – praticidade, cinestesia, sintonização com os sentidos e o mundo das formas, tendência a ser cauteloso, convencional e premeditado, vê a natureza como um campo para a manifestação da vida. Precisa de contato com a terra, com a natureza, os animais, pisar na lama, etc. Relaciona-se com os gnomos, cuja qualidade é a generosidade jovial.


a- ênfase – tende a confiar demais nas coisas como elas se apresentam; preocupação obsessiva com aquilo que dá resultado; cinismo ou ceticismo.


b- carência – dificuldade para adaptar-se às necessidades práticas, pode sentir-se deslocado, pode ignorar as exigências do corpo; precisa aprender a respeitar horários.


AR – focaliza suas energias em idéias específicas que ainda não se materializaram; experiência na sua preocupação com as relações teóricas; precisa de ar limpo, leve, acima do nível do mar. Relaciona-se aos silfos, cuja qualidade é a constância.


a- ênfase – hiperatividade mental, a mente pode conduzir a um esplendor conceitual .


b- carência – decisões sem reflexão, dificuldade de adaptação a idéias novas, falta de capacidade para refletir sobre o próprio eu ou a vida.


ÁGUA – motivado por anseios emocionais e sentimentos, sente-se mais feliz quando sua fluidez é canalizada e modelada pelos outros; precisa de envolvimento emocional com tudo o que estiver fazendo. Alcança sua melhor forma psíquica e emocional , quando tem a oportunidade de mergulhar em água corrente, ou estar na presença dela. Relaciona-se às ondinas, cuja qualidade é firmeza.


a- ênfase – hipersensibilidade, reações descontroladas ou descontrole emocional, tendência a extremos comportamentais.


b- carência- dificuldades para se colocar em contato com os sentimentos e necessidades emocionais, desconfiança inata no conhecimento intuitivo, resistência a terapias, toxidez excessiva, que pode conduzir a sintomas físicos de doença.


4- Modalidades operacionais

a- Cardeal ou Cardinal – modo como começa as coisas, iniciador, pode desgastar a energia adoecendo com isso ( necessita de proteína animal). (Áries, Câncer, Libra, Capricórnio)


b- Fixo – modo como cristaliza, concretizador, perseverança, formalidade, possessividade, dificilmente adoece, porém tende a doenças crônicas. (Touro, Leão, Escorpião, Aquário)


c- Mutável – modo como transforma, tende à mudança ou adaptação; perda de autonomia; capacidade de ver alternativas, flexibilidade; adoece mais facilmente. (Gêmeos, Virgem, Sagitário, Peixes).


5- Triangularidades dos elementos

Triângulo de Fogo – Compõe as energias que conduzem à ação individual ( Áries) em busca da realização (gesto criador), gerando sua filosofia de vida e suas crenças ( Sagitário). Constitui o triângulo da vida ou da identidade, que pode determinar o dinamismo inato da pessoa. Este triângulo é análogo às Casas I, V e IX.

Triângulo de Terra – Compõe as energias que conduzem à materialização, à sustentação material da pessoa, a partir do reconhecimento de seu caminho ( Capricórnio), por meio de recursos ( Touro) e determinando o servir (Virgem). Constitui o triângulo da matéria ou do poder objetivo; é análogo às Casas X, II e VI.


Triângulo de Ar – Compõe as energias que conduzem ao pensamento, expressão e comunicação e relacionamento. Indica o tipo ou condições de relacionamento, o outro ( Libra), o grupo ou os amigos (Aquário) e a troca de informações ou aprendizado (Gêmeos). Constitui o triângulo das relações e é análogo às Casas VII, XI, III.

Triângulo de Água – Compõe as energias que indicam as origens (Câncer), e o que precisa ser transformado (Escorpião) para atingir a totalidade (Peixes). Constitui o triângulo do destino. É análogo às Casas IV, VIII e XII.

Autoria do texto de I. C. Chrysóstomo 



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Você quer identificar o seu temperamento dominante
e equilibrar os 4 Temperamentos? 

(Com teste para os 4 Temperamentos)



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http://www.sandrabellezanovelli.com/2015/04/reflexao-e-consciencia-para-identificar_82.html


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A Senhora do Mar


“...Sou a estrela que surge do mar, o mar do crepúsculo,
Trago aos homens os sonhos que regem os seus destinos
Trago as marés do sonho às almas dos homens
As marés que fluem e refluem e tornam a fluir,
As silenciosas marés íntimas que governam os homens;
Elas são o meu segredo e pertencem a mim...”
A sacerdotisa do mar - Dion Fortune


O mar engloba as misteriosas origens da vida, que, após inúmeras transmutações e percursos, para ele volta no final do seu ciclo. Desde o instante em que nascemos do líquido salgado do ventre materno, até quando os nossos pulmões se preenchem com os fluidos corporais no momento da morte, somos um receptáculo para o caminho da água, o nosso mais precioso e sagrado presente. Desde a antiguidade o mar simbolizou vida, magia e mistério, sendo o berço da própria vida, pois ele existiu desde o começo dos tempos, antes que a terra fosse formada. Em muitas culturas a primeira imagem do mundo era de um oceano, ilimitado, indefinido e eterno, pleno de energias que podiam criar as variadas formas da vida. O primeiro estágio do mundo era descrito como uma massa aquática inerte, da qual emergiram a Terra, o céu e todos os seres. O mar primordial, informe, escuro e silencioso representava um modelo para o caos, que existia antes da criação e uma metáfora para o líquido amniótico que sustentava a vida.

Os povos antigos respeitavam o mar como uma força criadora e nutridora, mas também temiam o seu poder destruidor. O mar detinha segredos e mistérios, suas profundezas ocultavam seres sobrenaturais - benéficos ou não - e divindades que moravam em palácios repletos de riquezas e tesouros. As lendas sobre os tesouros enterrados no fundo do mar na realidade são as reminiscências das antigas lendas sobre as divindades que governavam a fertilidade representada pela riqueza da fauna e flora aquáticas.

A Deusa se manifesta em todos os elementos, Ela é a Mãe Terra, o Sopro da Inspiração, a Senhora das Chamas, mas o elemento em que A encontramos mais facilmente é a água, pois assim Ela está presente em todos nós. A vida começou no mar e o nosso corpo guarda esta lembrança no líquido amniótico, nas lágrimas, no sangue, nas células e nos fluidos corporais. Nossos ventres e nossas emoções respondem ao chamado das marés e da Lua e retornaremos ao ventre primordial seguindo o eterno fluir do tempo, do seu inicio até o fim. A Grande Deusa é a quintessência fluida formada das águas, as celestes e as subterrâneas (onde pertencem os córregos, riachos, rios, cachoeiras, fontes, lagos, mares), em cujo ventre a vida se formou como se fosse um peixe.

A Mãe do Mar aparece de várias formas, às vezes Ela é escura e profunda como o vazio primordial onde a vida apareceu primeiramente. Outras vezes Ela brinca e ri com as ondas na areia, brilha com a luz do Sol ou da Lua ou se enfurece e rodopia com o rugido da tempestade. A sua presença foi louvada e honrada em inúmeras canções e poemas, apareceu em mitos, histórias, contos e lendas em vários lugares do mundo. Dion Fortune - escritora, ocultista e sacerdotisa da Deusa - vê o mar como “origem de todos os seres, a vida nela aparecendo como uma onda silenciosa que segue seu rumo e volta para recolhê-la no final.”

Ao longo dos milênios a Mãe do Mar recebeu muitos nomes e representações, Ela era a Grande Deusa cujas marés seguiam as fases da Lua e que foi vista como Tiamat, o dragão das profundezas, Atargatis e Derceto, deusas sírias com caudas de peixe e regentes da fertilidade, equivalentes das deusas venusianas Astarte e Ishtar, Ísis e Maria adoradas como Stella Maris, a Estrela do Mar ou Iemanjá, a nossa Mãe das águas.

A Mãe do Mar como “Senhora dos peixes” tem uma origem muito antiga, foram encontradas esculturas de uma deusa–peixe datadas de 6000 a.C. no sitio arqueológico de Lepenski Vir na antiga Iugoslávia, indicando um culto exclusivo de moças, que nos períodos de seca ou enchente se ofertavam à Deusa - deixando-se levar pelos redemoinhos do rio Danúbio - para implorar Sua benevolência.

Na Grécia existiam antigos cultos da Senhora da navegação e da Mãe das criaturas marinhas que tinham vários altares. A Mãe do mar é um emblema universal do nascimento e renascimento, reproduzido nas religiões patriarcais de maneira oculta e simbólica pelo batismo e a pia batismal. O peixe é totem da Deusa Mãe e aparece como sua montaria ou emblema, estilizado como yoni, símbolo do órgão sexual feminino, uma imagem central do ventre nos mitos de fertilidade e renascimento, adotado depois como símbolo cristão (por ter sido considerado Cristo o pescador das almas).

No mito babilônio da criação o primeiro ser foi Tiamat, Mãe de todos os deuses e detentora das tábuas dos destinos, que se apresentava como uma grande serpente – ou dragão- e regia as águas salgadas dos mares. Fecundada pelas águas doces pertencendo ao seu amado Apsu, do seu imenso ventre nasceram todas as formas de vida, perfeitas e monstruosas, até que no final nasceram os deuses. Após um tempo, os filhos divinos se revoltaram contra seus pais, mataram Apsu e o primogênito Marduk despedaçou Tiamat, criando das metades do seu corpo o céu, a Terra e todas as águas.

Mari significava mar e ventre na tradição suméria, Afrodite Mari era conhecida como a Mãe de todos, nascida do mar e Criadora da essência da água. Como Afrodite, Pandemos é representada cavalgando um golfinho e foi reverenciada na Síria como Atargatis. 

A Mãe primordial grega era Rhea, que separou os elementos sólidos e líquidos do abismo primordial e criou assim a Terra e o mar. Tetis, descrita como a Grande Rainha grega do oceano, filha de Gaia e Urano, chamada de Mare Nostrum pelos romanos, era mãe de 6000 filhos, suas 3000 filhas sendo as Ocêanides. Depois da revolta e vitória dos deuses olímpicos sobre as divindades pré-helênicas, a regência do mar foi conferida a Posêidon. Para poder governar ele teve que casar-se com a regente ancestral do mar, a deusa Anfitrite, que continuou governando as profundezas do mar, enquanto Posêidon dirigia sua carruagem na superfície das ondas, acompanhado pelas ninfas marinhas, as Nereidas. Na mitologia celta a deusa Fand também regia as profundezas do mar, enquanto seu marido Manannan Mac Lyr navegava na superfície. O casal de gigantes nórdicos Ran e Aegir era temido pelos navegantes, que lhes pediam proteção fazendo oferendas e orações, para evitar que as tempestades levassem seus barcos para as moradas divinas do fundo do mar. Suas filhas, as Donzelas das Ondas em número de nove eram as mães do deus Heimdall, o guardião de Bifrost, a ponte do arco-íris da mitologia nórdica. Temu era o nome egípcio do vazio uterino cósmico e primordial, do qual foram criadas as divindades e os mundos.

Na China existe a lenda de uma moça - Lin Mo Ning - cujas qualidades extraordinárias de devoção a Kwan Yin, a sua bondade e as curas milagrosas por ela realizadas lhe permitiram a iluminação e ascensão. Aos 28 anos ela foi elevada para o céu em uma nuvem dourada e se transformou em um arco-íris, equivalente chinês do dragão e símbolo de cura e boa sorte. Ela foi deificada e tornou-se Mat-su ou Mazu, a deusa do mar reverenciada até hoje em inúmeros templos a Ela dedicados, como protetora dos barcos nas tempestades e das pessoas nas inundações.

O mito de Sedna, deusa do mar dos inuits - Senhora dos animais marinhos, Doadora da fertilidade - retrata a trajetória mítica de uma jovem mortal passando por decepções afetivas e filiais. Ao ser sacrificada pelo seu pai (para ele se salvar) representa o caos seguido pela abundância, pois ao mergulhar nas profundezas do mar, a jovem Sedna se transformou na mãe arquetípica fornecedora do alimento para o seu povo.

Na África a regência do mar é dividida entre Olokun (que aparece ora como orixá masculino, ora como feminino) e Yemayá ou Iemanjá, também honrada como Iyá Mo Ayé, a Mãe dos mundos, Criadora do céu e do mar. Originariamente Iemanjá era divindade das águas doces, regente do rio Ogum, associada à fertilidade das mulheres, maternidade, criação do mundo e continuidade da vida. Por ser regente do plantio e colheita (dos inhames) e da pesca, seu nome ficou Yeyé Omo Ejá, a “Mãe dos filhos peixes”. Nas representações míticas e nas várias imagens seus poderes - gerador e nutridor - são revelados pelos seios fartos e as ancas largas. Nos mitos Ela aparece como uma Grande Mãe, protetora das cabeças dos mortais, generosa nas suas dádivas e representando os diversos papéis da mulher: mãe, filha, esposa, irmã.

Na transposição para o Brasil foi transferido para Iemanjá a regência do mar, que na África pertencia a seu pai ou mãe, Olokun, pois segundo conta uma lenda “ as lágrimas derramadas pelos escravos na travessia do oceano salgaram as águas doces de Iemanjá”. Mas mesmo considerada orixá do mar, Iemanjá continua sendo saudada no Candomblé como Odo Iyá, Mãe do rio, da qual sua filha Oxum herdou o domínio das águas doces. Outro aspecto de Iemanjá no Brasil é relacionado à sua denominação deRainha do mar, que a associa à figura da sereia, de origem africana (as três sereias de Angola: do mar, do rio e da lagoa) e europeia (dos mitos gregos, celtas, e nórdicos). Como divindade marinha Iemanjá tem um papel duplo: de mãe que controla as marés e propicia a pesca, e também de sereia sedutora e sensual que atrai o pescador ou o navegante para as profundezas do mar.

Concebida popularmente como a Mãe propiciadora de saúde, prosperidade e boa sorte, além de garantir sanidade, equilíbrio e clareza mental como “dona das cabeças”, Iemanjá aos poucos foi perdendo seus atributos originais de divindade guerreira e mulher sensual dos mitos africanos e foi sendo ampliado o seu papel de deusa mãe. À medida do fortalecimento do seu papel materno, Iemanjá foi sendo aproximada da figura de Nossa Senhora com quem Ela é sincretizada em Cuba e Brasil e suas festas comemoradas de acordo com o calendário católico (como Nossa Senhora das Candeias na Bahia, do Carmo no Recife, dos Navegantes no Rio Grande do Sul, da Conceição em São Paulo). Aos poucos Ela foi assumindo novos aspectos iconográficos trocando seus traços africanos por características europeias e sendo retratada como uma mulher branca, com longos cabelos negros e lisos, de vestido azul com cauda, caminhando sobre as ondas do mar, espalhando rosas brancas e usando uma tiara em forma de estrela, aparecendo assim como a própria Stella Maris. Na Umbanda foi atribuída à Iemanjá a chefia de falanges de “caboclos e caboclas do mar”; associada a diferentes Mães d’Água indígenas foi sendo chamada de Iara, a Mãe d’Água ou Senhora Janaina. Seus atributos de sedução e sensualidade foram transferidos para uma entidade complexa e controvertida - Pomba Gira - e realçados apenas os atributos maternos e protetores. Na Santeria cubana Iemanjá é sincretizada com La Virgem dela Regla e retratada como uma Madona Negra, protetora dos navegantes.

A crescente participação da população nas Suas festas nas praias brasileiras - principalmente nos dias 31 de janeiro e dois de fevereiro - tornou Iemanjá o orixá mais popular e reverenciado no Brasil, não somente pelos adeptos de Candomblé e Umbanda, mas pela sociedade como um todo.

Transcendendo as tradições afro-caribenhas que deram origem aos cultos modernos, Iemanjá é cultuada atualmente pelos círculos sagrados femininos, os adeptos dos grupos da tradição Wicca e neo-pagãos, nos Estados Unidos e no Brasil, como uma Deusa Mãe. Apesar das suas modificações ao longo do tempo e espaço, os atributos de amor e nutrição que Iemanjá traz para seus adeptos são prova do seu poder milenar como protetora das crianças, mulheres e famílias. Enquanto Olokum detém os poderes de destruição subindo enfurecida das profundezas do mar, Iemanjá rege em contrapartida a superfície e a calmaria. A suavidade da filha pode acalmar a fúria da mãe, pois ambas representam os ciclos de mudança: dar a vida, proteger, abrigar, nutrir, transformar ou dar-lhe o fim. Com a ajuda de Iemanjá podemos superar as marés e mudanças na nossa vida e buscar a tranqüilidade mesmo no meio da tempestade.

Os mitos da Mãe do Mar refletem o mundo natural ao nosso redor e principalmente o poder do oceano, que inspira respeito e medo pela sua força destruidora como vemos nostsunamis, tufões e maremotos. A mutabilidade do mar nos ensina como buscar o equilíbrio e a conciliação dos opostos na nossa própria natureza, alternando a ação e a quietude, a aceitação da dor e da alegria, as fases de tumulto ou de estagnação.

Ao longo dos séculos os seres humanos lidaram com os desafios do mar e por isso o reverenciavam por saberem que estavam à mercê das suas forças. Mas agora, pela primeira vez na história da humanidade, os homens têm o poder de envenenar as suas águas, de matar sem discernimento ou necessidade os seres vivos que nele habitam. Para continuarmos a receber as bênçãos e dádivas da Mãe do Mar precisamos nos envolver em alguma atividade ecológica para impedir a destruição dos recifes de corais, a extinção das espécies marinhas, a poluição pelos resíduos industriais e domésticos. Precisamos honrar a Mãe do Mar e lhe pedir compaixão e generosidade para o nosso renascimento, nos elevando da cobiça, violência, falta de respeito e compaixão com os outros seres para a harmonia, o convívio pacifico e a serenidade, exterior e interior.

“Devemos nos lembrar de que o nosso espírito nos leva de volta para a água, pois ele flui no pulsar do rio e retorna para o mar onde a vida começou. Nossas almas são pesadas com tanta dor e decepção e difíceis de carregar, mas nós pediremos ao rio levar nosso peso para o mar e oraremos ao mar lavar e renovar os nossos espíritos. Nossas lágrimas de dor e tristeza lavam nossas almas e nos libertam de tudo o que nos atordoa, removendo as marcas de sofrimento. Levantemo-nos radiantes e sigamos em paz, pois o nosso espírito foi lavado pelas ondas do mar e por elas renovado”.

Adaptado do “Book of Daily Prayer for Today’s Changeable World”

Mirella Faur

Fonte:

domingo, 26 de junho de 2011

Home / Documentário



Sensacional documentário alemão: HOME,
com áudio em inglês (tempo: 1 hora e 33 min).

Clique abaixo para assistir:

Clique em Documentários à direita em marcadores deste blog 
e assita também: I Am por Tom Shadyac,
One: The Movie, O Silêncio das Abelhas, e outros.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Imagem do Homem / Trimembração (Antroposofia)


 Segundo a Antroposofia, cada elemento, substância e ser vivo sobre a face da Terra fazem parte de um conjunto harmônico que respira como um verdadeiro cosmo vivo.

Esse cosmo possui um aspecto sensível, visível e mensurável com o qual nos relacionamos através de nossos sentidos e que compreendemos racionalmente através da nossa ciência acadêmica, mas também possui um conjunto de forças não visíveis, o seu aspecto imaterial ou supra-sensível.

Para a Ciência Espiritual de Rudolf Steiner, esse campo supra-sensível é tão real e passível de ser estudado, quanto o mundo material.

O ser humano ocupa uma posição muito peculiar dentro dessa cosmovisão. Ele é considerado uma imagem condensada desse mundo ao seu redor. Um microcosmo em permanente interação com o macrocosmo material e espiritual.



Os três pólos constituintes do Homem ou Trimembração


Quando contemplamos o corpo humano, podemos perceber três partes bem distintas:

  • cabeça,
  • tronco e
  • membros.
Por trás dessa aparente simplicidade esconde-se, no entanto, um dos grandes segredos da arte antroposófica de curar.

Para um médico antroposófico, o ser humano é um organismo trimembrado.

Aprofundando-se nessa direção, ao observarmos a cabeça, vemos que nela predominam os processos neurossensoriais.

Se observarmos o cérebro, vemos uma estrutura de baixíssima vitalidade e alta especialização. Através da cabeça, a maioria dos estímulos sensoriais penetra no cérebro por meio dos pares cranianos.

Uma outra característica da cabeça é que seus ossos têm formas planas e arredondadas e situam-se na periferia, de maneira a proteger o cérebro.

No pólo oposto encontram-se o abdômen e os membros, com predomínio de intensa atividade metabólica, onde os processos de regeneração celular são muito ativos e há um "ir para o mundo" tanto através das mãos e dos pés, quanto através dos resíduos que eliminamos.

Os ossos, nesse pólo, são longos e retilíneos e encontram-se protegidos por musculatura, dando-lhes sustentação.

Entre essas duas regiões de características tão distintas, encontra-se o tórax, que, na Medicina Antroposófica, abriga o equilíbrio entre as polaridades descritas, sendo a sede do sistema rítmico, que promove a inter-relação saudável entre o pólo neurossensorial e o pólo metabólico.

Aí encontram-se órgãos rítmicos: coração e pulmão, protegidos por um arcabouço, as costelas, que também se movimentam.

E assim, resumidamente, temos um homem trimembrado em seus sistemas:

  • neurossensorial,
  • rítmico e
  • metabólico.

Mas também cada região possui a sua trimembração específica.

Na vida psíquica, essa trimembração pode ser identificada nas três atuações básicas:

  • pensar,
  • sentir e
  • agir.

Os Quatro Elementos Constituintes do Ser Humano ou Quadrimembração


"O homem é o que ele é através do corpo físico, do corpo etérico, do corpo astral (alma) e do Eu (espírito). Ele deve ser visto como homem sadio a partir desses membros; ele deve ser percebido, quando doente, no equilíbrio perturbado deles; para sua saúde devem ser encontrados medicamentos que restabeleçam o equilíbrio perturbado".


Elementos Fundamentais para uma Ampliação da Arte de Curar
Rudolf Steiner e Ita Wegman


Uma das maneiras de apresentar o homem à luz da Antroposofia, é relacioná-lo com a natureza ao seu redor.

Nessa abordagem, o homem é visto como um ser que compartilha semelhanças com os reinos mineral, vegetal e animal, mas que também se distingue deles pela presença da sua autoconsciência.

Podemos dizer que o homem guarda em si todos esses reinos, sendo portador de quatro estruturas essenciais, de quatro elementos constituintes, também chamados de "corpos" no jargão médico-antroposófico.


Corpo Físico: é a estrutura sólida, material, palpável e mensurável, sujeita às leis da física e da química. É o corpo que compartilhamos com os minerais. É uma estrutura totalmente inerte e morta quando não permeada pelo segundo elemento (corpo etérico).


Corpo Etérico ou Vital: são as forças responsáveis por todo o princípio da vida, seja nos vegetais, animais ou seres humanos. O corpo vital nos dá a possibilidade de desenvolvermos vida vegetativa: crescimento, regeneração e reprodução.


Corpo Astral (corpo anímico ou alma): são as forças da consciência, presentes nos reinos animal e humano, e que formam o fundamento para uma vida sensitiva. Tem um papel de "organizador" dos processos vitais e, de maneira didática, podemos dizer que ele manifesta-se como sistema nervoso e vida psíquica.


Organização do Eu (espírito): é o elemento característico do ser humano, que o distingue dos demais reinos e seres da natureza. É o responsável pela atuação saudável dos demais corpos e o aparecimento do andar ereto, da fala e do pensar. É a nossa individualidade, nossa entidade espiritual. Relaciona-se com os processos de calor no âmbito do organismo.


Uma analogia pode ser feita com os quatro elementos alquímicos:

  • terra (corpo físico),
  • água (corpo etérico),
  • ar (corpo astral) e
  • fogo (Eu).

As etapas do desenvolvimento Humano ou Biografia Humana

Uma das grandes contribuições da Antroposofia para a Medicina e a psicologia é o aprofundamento do estudo das leis biológicas.

Se observarmos o ser humano em seu processo de desenvolvimento, veremos que este se dá em ciclos de sete anos, marcados por acontecimentos significativos no campo biológico ou psicológico.

Do nascimento aos sete anos de idade, vemos profundas transformações relacionadas com o crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor. O bebê transforma-se em uma criança com pensar lógico, com sentimentos, vontade própria e muita agilidade.

A troca dos dentes e o início da alfabetização, em torno dos sete anos, marcam essa mudança de ciclo.

Aos quatorze anos, a maioria dos jovens atingiu a puberdade, marcando um amadurecimento biológico e aos 21 anos geralmente buscam a sua independência da família, já tendo alcançado a maioridade jurídica.

E assim, a alma humana vai se transformando junto com o seu corpo físico-biológico, à medida que o Eu, a individualidade, vai se aprofundando em seu caminho pela Terra.

De maneira mais resumida, vemos três grandes marcos biográficos: do nascimento aos 21 anos; dos 21 aos 42 anos; dos 42 aos 63 anos/final da vida.

Cada um desses ciclos pode ser dividido em três setênios com características muito definidas.

Mas, num olhar abrangente sobre o ciclo de vida humana, vemos um início de vida com muita vitalidade física e pouca consciência; depois um período com maior desenvolvimento emocional e o "apropriar-se do mundo", seguido geralmente por uma fase de maturidade, sabedoria e desenvolvimento de consciência social, mas com baixa vitalidade. No fim da vida há um "desprender-se do mundo".

Segundo a Antroposofia, o Eu humano tem uma trajetória encarnatória, descendendo dos mundos espirituais de onde se origina, do nascimento à metade da vida (por volta dos 42 anos), quando esse processo chega ao fim.

Logo após começa a sua trajetória de volta aos mundos espirituais, caracterizando uma trajetória excarnatória, um processo ascendente.

Entre esses acontecimentos, o Eu humano desenvolve uma história individual, única: a sua biografia.

Compreender o processo de saúde e de doença significa compreender o momento biográfico, suas crises e seus frutos.


Fonte:
associação brasileira de medicina antroposófica

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Consciência Ecológica: O Barro e os 4 Elementos da Natureza



O contato com a energia da terra desperta a sensibilidade, alivia as tensões e satisfaz os mais profundos e primitivos instintos humanos da natureza criativa.

É um material vivo que nos coloca em contato com a natureza e os quatros elementos: terra, água, ar e fogo, despertando a consciência para a natureza e possibilitando o reconhecimento da nossa natureza interna.


O Homem faz parte da natureza e por várias circunstâncias acaba se afastando dela e também de si mesmo.

Trabalhar o barro é a oportunidade de resgatar o contato com a natureza, é um re-encontro e um re-conhecimento de si.


O Barro é terra, água, ar e fogo. Ao tocar no barro, o processo começa, e a terra fria é experimentada aguçando as sensações e aí podemos voltar no tempo acessando nossas raízes, nossas memórias.

Trabalhar o elemento terra no barro é poder entrar em contato com a nossa terra interna que nos dá sustentação. É poder enraizar para achar o eixo, o equilíbrio e assim, obter nutrição e acolhimento.

Para Chevalier e Geerbrant a terra é símbolo da origem da vida, que sustenta, nutre e acolhe e também é símbolo ligado às raízes.


A água que contém no barro é responsável pela maleabilidade e flexibilidade no processo da modelagem.

Trabalhar o elemento água no barro é poder entrar em contato com a nossa água interna, com o movimento, com as emoções, que à medida que vamos modelando-a, vamos colocando a energia em movimento.

É a fluidez da água que ajuda dar forma às sensações, sentimentos e pensamentos.

Segundo Chevalier e Geerbrant a água é símbolo de expansão, fluidez, purificação e fonte de vida e também objeto da fantasia que acolhe as emoções, a sensibilidade e a intuição.


O elemento ar entra para secar a peça modelada.

E é no processo de secagem que a forma modelada muda de cor, se estrutura buscando uma solidez interna. É um processo lento e intenso.

Trabalhar o ar no barro é se dar conta do ar que respiramos, do nosso potencial criativo, do poder de criação que ao comunicar liberta.

Quando estamos inspirados ficamos mais perto do nosso ser criativo.

Chevalier e Geerbrant nos diz que o ar é o símbolo de liberdade, de criação e de comunicação.


A peça modelada está pronta para ser comunicada e colocada no forno alquímico é então o momento do elemento fogo entrar em ação para transformar o barro em cerâmica.

Trabalhar o elemento fogo no barro é se conscientizar que a matéria mudou. Há uma mudança interna significativa.

Para Gouvêa levar uma peça ao forno é não saber com precisão absoluta qual será a reação da matéria.

"Esse é um momento de grande emoção, de pura emoção. É o momento do fogo da emoção e no homem, só há vida onde há emoção".

No forno tudo pode acontecer inclusive, a peça explodir. O fogo é símbolo purificador, regenerador e transformador, o fogo ilumina, mas também pode destruir.


Vivenciar os quatro elementos da natureza no barro é possibilitar o encontro com o criativo desde o momento de tocar, de sentir a massa, de dialogar com ela até dar forma às sensações experimentadas, às emoções escondidas e às imagens em ação.

É no contato com a massa fria, escura que entramos no espaço silêncio do barro para "dar forma à verdade interior, libertando o ser das amarras do mundo imaginário restrito. A energia em movimento amplia consciência e resgata a vocação da alma".


O diálogo dos quatro elementos no barro faz a energia fluir abrindo-se à fonte energética da natureza.

Para que haja uma conexão com o ritmo da natureza é preciso deixar a energia em movimento, em ritmo de criação para expandir a consciência, uma consciência ecológica que sustenta o emocional, que liberta e transforma a matéria.


Por Regina Fiorezzi Chiesa

rchiesa@ uol. com. br


Fonte:
Livros/Referências Bibliográficas

*CHIESA, Regina Fiorezzi; FABIETTI, Deolinda. A Arte e os 4 Elementos. In: ALLESSANDRINI, Cristina Dias (org.). Tramas Criadoras na Construção do Ser Si Mesmo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.
*CHIESA, Regina Fiorezzi. O Diálogo com o Barro o Encontro com o Criativo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004
*CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos. 10 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1996.

*GOUVÊA, Alvaro Pinheiro. Sol da Terra. São Paulo: Summus, 1989.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Qual a origem da vida na Terra?



Se a vida é um fenômeno raro no Universo - ao menos, no Universo observável -, por que, então, a Terra foi premiada?


Durante séculos, houve várias respostas para essa pergunta. A mais comum é a religiosa. A vida teria origem em um evento sobrenatural. Houve também quem acreditasse que a vida surgia espontaneamente a partir da matéria, tese conhecida como a da Geração Espontânea, que prevaleceu até o século 19. E houve também quem sugerisse que a vida e a matéria coexistem desde a origem do planeta.


Para a maioria dos cientistas, contudo, a vida nasceu de uma série de reações químicas ocorridas sob condições especiais. A base dessa explicação surgiu na década de 1950 quando os cientistas Harold Urey e Stanley Miller produziram aminoácidos essenciais à vida ao misturarem os elementos presentes na atmosfera primitiva e os submeterem a descargas elétricas, simulando os raios na atmosfera.


Desde então, os cientistas conhecem os principais ingredientes que deram origem à vida. A base seria o carbono, que serve como uma espécie de liga entre os demais ingredientes. Do nosso DNA às unhas de nossos pés, o carbono está presente como um dos mais importantes elementos da vida. Acontece que o carbono é abundante no Universo e nem por isso há vida em todos os planetas. O segredo da receita da vida na Terra estaria então no ambiente em que o carbono e outros ingredientes se mesclaram.


A primeira dessas condições foi a existência de água. A segunda foi a existência de uma atmosfera gasosa exposta a altas temperaturas e descargas elétricas. Dentro dessa espécie de cozinha primordial, surgiram os primeiros compostos complexos, alguns deles cercados por uma fina membrana externa, capazes de se auto-replicar ao reagir com a energia do ambiente.

Nasciam assim as primeiras bactérias, capazes de sobreviver a temperaturas altíssimas até hoje elas são encontradas na cratera de vulcões , que se reproduziam usando como energia o hidrogênio, o dióxido de carbono ou o enxofre.


Até aí, tudo o que chamamos de vida poderia se resumir a essas bactérias. Mas o grande salto que a vida deu no planeta ocorreu quando uma delas passou a se comportar de uma maneira diferente, captando a luz sobre um pigmento verde (clorofila) e transformando o dióxido de carbono em dois elementos: o carbono, usado para sua nutrição, e oxigênio, liberado para a atmosfera como um subproduto.


Ao ser liberado como uma espécie de excremento durante milhões de anos, o oxigênio terminou fazendo da Terra um planeta completamente diferente dos outros conhecidos no Universo. O oxigênio liberado pela fotossíntese lentamente transformou a atmosfera e eliminou alguns dos gases que teriam impedido o desenvolvimento da vida, escreveu o biólogo inglês Richard Fortey, autor de Vida: Uma Biografia Não Autorizada. Como explica o biólogo, foi esse fenômeno que permitiu o surgimento de organismos mais complexos, como o próprio homem.


O mistério aqui é saber o que fez com que essa bactéria se comportasse dessa maneira. Apesar da experiência da década de 1950 ter produzido aminoácidos fundamentais à vida, ela não conseguiu produzir vida. Por isso mesmo, há quem considere a hipótese de que a vida na Terra pode ter vindo do espaço, talvez trazida por um dos milhares de meteoritos que caíram no planeta em seus primórdios.


Outros cientistas dizem apenas que, como não temos como reproduzir hoje todas as condições da atmosfera primitiva, tudo o que falta é encontrarmos uma ou outra pequena peça perdida que logo deve ser achada. Até lá, é preciso esperar.


Por Rodrigo Cavalcante


Fonte:
super abril revista

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O Espelho Perfeito / Essênios



Tenho ouvido falar dos Essênios, sobretudo através dos Manuscritos do Mar Morto.
O que se pode extrair dos seus ensinamentos?

Quatorze Arquétipos Essênicos

Falar dos Essênios não é coisa fácil, pois há muita controvérsia sobre o que teria sido seu modo de vida e sua cosmovisão.

A começar por sua origem, pois muitos não os vêem unicamente como um dos quatro ramos semitas existentes na época de Jesus, juntamente com os Zelotes, os Fariseus e os Saduceus.

Há os que afirmam que a base do “essenismo” já era ensinada por Hermes Trimegisto, no Egito, cuja teoria poderia ser resumida através da sua própria fórmula:

“O que está no alto é como o que está embaixo”.

Muitos estudiosos distingüem assim claramente a prática mística dos essênios da religião hebréia.

Poderíamos abordar aqui precisamente essa especificidade essênica.

No entanto, tentarei evitar toda polêmica, pois discutir e comparar as inúmeras interpretações dos documentos sobre os essênios não é o objeto da sua questão, muito menos da minha competência!

Mas é possível nós nos basearmos aqui no que há de mais consensual sobre o que teriam sido as práticas essênicas.

Analisando a questão sob o ponto de vista “arquetípico”, poderíamos dizer que os essênios buscavam uma comunicação direta, sem a intermediação de xamãs ou sacerdotes, com o que o ocidente chamaria de: “forças da natureza”.

Para eles, todas essas forças eram vivas e conscientes, eles viam nelas a manifestação, o “corpo” dos anjos.

Creio que a maioria dos estudiosos concordaria em dizer que os essênios viviam em função de uma agenda semanal, estabelecida por eles mesmos.

Na base dessa dinâmica situavam-se suas vinte e uma meditações semanais, três para cada dia da semana, a serem realizadas pela manhã, ao meio-dia e à noite.

Nessas meditações, os essênios desenvolviam sua capacidade de comunicar-se e aprender dessas “forças”, tais como a água, o sol, a terra, o ar, etc.

Esses “anjos” estariam a serviço do “Deus Pai” e da “Deusa Mãe”, ambos reunidos em uma noção mais ampla de “Deus absoluto”, entidade global, também conhecida como o “Sem Nome”, ou o “Todo em Tudo”.

Para evitar toda polêmica, proponho que os que têm dificuldade com o conceito de anjo considerem-no aqui sob o seu aspecto de arquétipo (há um estudo a esse respeito no livro “Arcanjos e Arquétipos, entre a crença e a razão”, ainda não publicado).

Poderíamos então perfeitamente resumir o ensinamento essênico descrevendo a maneira como eles concebiam e praticavam essas meditações, das quais abordaremos apenas as quatorze principais, da manhã e da noite, para não extrapolar demais o conteúdo dessa resposta.

Os “anjos do dia”, sete ao todo, eram associados à “Deusa Mãe” e à nutrição, que dependia dela.

Ela mesma era um deles, contatada na meditação/comunhão do sábado.

Já os anjos da noite, igualmente sete, eram associados ao “Deus Pai” e aos seus ensinamentos. Ele também era objeto de uma comunicação direta na sexta-feira à noite.

Anjos do Dia:
1. Deusa Mãe
2. Terra (Solo)
3. Vida
4. Alegria (Beleza)
5. Sol
6. Água
7. Ar


Anjos da Noite:
1. Deus Pai
2. Eternidade
3. Criatividade (Trabalho criativo)
4. Paz
5. Força
6. Amor
7. Pensamento (o Novo)

Antes de iniciarmos sua descrição, lembremos que os essênios destacavam o conceito de “Ser Interior” como sendo o guia interno, ou o “anjo da guarda” intrínseco a cada ser humano, que se comunica com a “personalidade terrestre” de cada um deles, mais conhecida hoje como “ego”.

Vamos agora ao estudo destes quatorze anjos-arquétipos.

Começaremos com um dos mais representativos deles:

A Paz

O Essênios viam a paz como a autêntica geradora do tempo.

Tentemos seguir esse raciocínio nos aproximando o máximo que pudermos do que poderia ser sua maneira de apreender a realidade.

Para que essa reflexão fique mais fluida e menos descritiva, adotarei, sempre que possível, um estilo próximo do que poderemos imaginar que seria sua pedagogia, adaptando, no entanto, a idéia aos nossos conceitos atuais.

Continuando sobre a paz:

Já notaram como “sem calma” não há tempo para nada?

Tudo parece agoniado, malfeito, incompleto, cansativo, insatisfatório.

Não é à-toa que falamos da “paciência” como sendo a “ciência da paz”.

Por isso é que a PAZ será a base desses quatorze “arquétipos” básicos, já que só sobre ela pode-se erigir a noção de tempo, e sem tempo não se faz nada na Terra.

Comecemos então nossa meditação ativa com esse primeiro tópico:

1. A PAZ GERA O TEMPO, QUE GERA A HARMONIA, QUE GERA A BELEZA, QUE GERA A ALEGRIA.

Embora haja aí cinco conceitos (paz/tempo/harmonia/beleza/alegria), considerem que eles são redutíveis a dois: PAZ E ALEGRIA.

A PAZ GERA ALEGRIA.

O tempo, a harmonia e a beleza são etapas que unem esses dois sentimentos.

Situaremos essa meditação sobre a paz na segunda-feira à noite, para que a meditação sobre o “Pai” situe-se na sexta-feira à noite, como era o costume dos povos semitas.

Seguindo essa seqüência, a terça-feira será o dia da alegria, já que a noite anterior, a da segunda-feira, que a gerou, será a noite da paz.

Mas não vejam um “acaso” nisso, pois assim procediam os essênios, eles utilizavam os dias e as noites como suportes de suas meditações contínuas, assim eles sempre estavam meditando sobre um desses quatorze arquétipos básicos.
As noites eram para eles as geradoras dos dias, ou seja, forças internas “espirituais” que desenvolviam sua mente, no sentido o mais amplo dessa palavra.

Eles as utilizavam para cultivar seu espírito, elegendo (livre-arbítrio) deixar seu inconsciente “sonhar” com uma dessas forças a cada noite.

E pela manhã eles sempre tinham aprendido algo mais sobre a “força” em questão.

Geralmente, antes de dormir e ao amanhecer, eles pensavam na força da noite que estava em evidência, em estudo/meditação, e era geralmente aí que aspectos até então pouco utilizados dela começavam a ficar mais claros nas suas mentes, a fazer mais sentido, podendo assim ser melhor aplicados.

Quanto aos dias, os essênios os utilizavam sobretudo para se “nutrir” dos elementos da terra.

Já vimos o exemplo da terça-feira, gerada na paz da noite da segunda-feira.

Nesse dia, eles “comungavam” (esse era o termo utilizado por eles) com a harmonia e a beleza que está em todas as partes na natureza, nutrindo seu corpo delas.

Corpo? Poderíamos perguntar aqui. Mas a beleza não nutre sobretudo o espírito??

Não, diriam os essênios, a beleza e a harmonia (sinônimos) nutrem sobretudo seu corpo, pois se você deixá-las penetrarem sua alma, elas vão impregnar, literalmente, sua estrutura corporal, celular, delas.

Mesmo que os essênios desconhecessem a genética como a concebemos hoje, eles a praticavam a um nível “psicossomático” próximo do absoluto:

“Somos o que pensamos”, ensinava sua medicina.

Visão essa precursora da idéia “holística”, que extrapola nossa concepção atual do alcance da medicina psicossomática.

Assim, a beleza era sua alimentação básica. E eles davam à contemplação das belezas da natureza um peso muito maior em suas vidas do que comer ou beber.

Eles sabiam que só a beleza/harmonia pode realmente curar.

Sabiam que de nada adiantava “jogar” comida ou líquido no estômago se o espírito estivesse fechado, incapaz de assimilar a beleza externa da natureza:

Como iria essa harmonia converter-se em saúde, em energia, através de alimentos, se a mente estivesse indiferente a isso?

Eles sabiam que alimentar-se com o espírito cerrado só gerava veneno, tóxicos e seus conseqüentes desequilíbrios (desarmonia), com o seu cortejo de enfermidades.

A terça-feira era então o dia que eles usavam para nutrir seus corpos da beleza/harmonia que viam e sentiam no céu e na terra.

E eles sabiam que só estavam bem alimentados de harmonia/beleza quando sua observação delas lhes causava um sentimento de alegria:

Sabiam assim que haviam se carregado com a energia da beleza.

Usavam então essa alegria para preparar a viagem/meditação dessa noite da terça-feira:

2. A ALEGRIA DÁ ENERGIA, ENERGIA É FORÇA E FORÇA É VONTADE

Nesta terça-feira à noite os essênios buscavam então contato com a idéia mais pura de energia que pudessem assimilar e deixavam que esta se convertesse em força em seus espíritos.

Em seguida, eles convertiam essa força em vontade própria.

E era essa vontade que eles utilizavam para dirigir absolutamente tudo em suas vidas.

Os essênios tinham uma visão extremamente positiva da criação, devido à sua absoluta confiança no “Deus Pai”.

Assim, eles viam cada obstáculo como uma etapa rumo a uma felicidade ainda maior.

Poderíamos imaginar que eles possuíam um lema, uma divisa, um pensamento básico, ao qual aderiam e que repetiam mentalmente para si mesmos em toda situação, “boa” ou “ruim”, que chamasse sua atenção:

QUE ÓTIMO É ISSO!!!

Esse pensamento pode nos parecer insensato, haja vista nossas dúvidas sobre o porquê dos eventos, sobretudo os que julgamos trágicos.

Mas, repito, sua confiança na criação era sem falhas.

Imagine só, no nosso mudo atual, um de nós pronunciar tal frase para quem acaba de receber uma péssima notícia, sofreu um acidente, presenciou uma injustiça, ou uma catástrofe, ou tudo aquilo que repugna o julgamento das nossas emoções, que cataloga o que sentimos em “bom” ou “ruim”.

Mas, se entendemos que os essênios cultivavam sempre a VONTADE DE SEMPRE CRIAR HARMONIA E UNIDADE, entendemos que eles não se referiam ao fato em si, nem ao que este provocava neles ou em quem ali estava, mas este “que ótimo é isso!!” deles referia-se simplesmente à sua vontade inabalável de criar harmonia de tudo, com tudo, a partir de tudo.

Assim, desde que algo era julgado “ruim” pelos seus sentidos, vindo assim perturbar sua mente, gerando medo, revolta e seus tóxicos físicos (excesso de adrenalina, etc.), eles simplesmente reafirmavam a mesma ordem de harmonia para seu corpo:

AINDA ESTAMOS NO COMANDO!!!

Este “que ótimo é isso” significava que uma felicidade maior do que a de antes estava em preparação.

Era a sua maneira de dizer ao corpo (corpo esse considerado como outro anjo-arquétipo contatado por eles, na comunhão do meio-dia):

“Não se preocupe, nossa vontade inabalável continua sendo a de criar harmonia, não há desorientação do comando central mental em relação a esse novo fato, ele está aqui, a postos, nessa situação, como em qualquer outra, para utilizar esse fato novo para criar mais harmonia ainda do que já havia antes. Todas as células podem continuar seu trabalho normal, os hormônios não precisam se “desesperar” e sobrecarregar o corpo, ainda é a vontade que orienta a cabeça, vontade essa sempre de harmonia, apesar das sensações, que apenas descrevem e alertam para o evento, mas as decisões serão tomadas por esta invariável, singular e única vontade de harmonizar.”

Mandando esta mensagem clara e uníssona ao seu corpo através do pensamento “que ótimo é isso”, os essênios ficavam com a cabeça absolutamente livre para restabelecer a harmonia, ali onde ela foi rompida, a um nível maior que o anterior, pois eles sabiam que, para dar “saltos quânticos” na sua evolução, eles teriam de aceitar a mudança, ou seja, o fim da velha situação de harmonia, que às vezes se rompia/evoluía de modo doloroso.

E era com essa energia/força/vontade cultivada todas às terças-feiras à noite que eles ancoravam esse arquétipo a cada semana mais profundamente em si mesmos, aprendendo, a cada nova terça-feira, aspectos até então desconhecidos, logo, inexplorados, da energia/força/vontade.

Da terça-feira eles seguiam para a nutrição corporal da quarta-feira:

3. A VONTADE TRAZ CLAREZA

Os essênios percebiam perfeitamente a relação entre o termo “clareza”, no sentido mental, e “claridade”, no sentido físico.

A quarta-feira era então o dia que eles utilizavam para se alimentar de luz.

Eles sabiam que a luz física vem do sol e que ela é um dos nutrientes básicos do corpo.

Era então com o sol que eles “comungavam” na quarta-feira.

Eles realizavam nesse dia a relação entre a energia do fogo e da luz, pois sabiam que luz é fogo “alquimisado”.

E que esse “fogo” é o mesmo que habitava seus espíritos e que alimenta tudo o que vive.

Eles passavam então esse dia mandando mentalmente luz para seu corpo, para suas células, diríamos hoje.

Aproveitavam a presença do sol, ou das nuvens, quando eram as nuvens as “portadoras do sol” daquele dia, para reforçar esse “banho interior de luz” assim como haviam se lavado de beleza/harmonia no dia anterior.

Mentalizavam bem sua intenção de deixar a energia da luz penetrar todo seu corpo, sobretudo aquelas partes doloridas ou enfermas, que eles sabiam ser as que estavam recebendo menos a luz mental, que hoje substituiríamos por noções como “descarga elétrica adequada das sinapses e outros reguladores neuro-hormonais” (hormônios e nervos também formam um todo, como corpo/mente e espaço/tempo).

Devidamente nutridos de clareza, os essênios preparavam-se para a importantíssima noite da quarta-feira, na qual iriam encontrar a UNIDADE:

4. AMOR: A CLAREZA MANTÉM A UNIDADE

Os essênios sabiam que o que está obscuro está “corrompido”, ou seja, rompido em sua unidade, sem possibilidade de se integrar consigo mesmo, logo, mais dificilmente ainda com o que o cerca, com o fundo de todas as coisas que o nutre.

Eles meditavam então sobre este conceito de “unidade mantida pela clareza”.

E assim como eles sabiam que haviam se nutrido de harmonia/beleza quando sentiam alegria, eles sabiam que haviam se nutrido de clareza/unidade quando sentiam amor, pois eles sabiam que esse sentimento nada mais era que a presença, a manifestação na sua mente, deste arquétipo-anjo da unidade que habita e une tudo em todo cosmo.

Claro que eles não utilizavam este termo que aqui emprego – “arquétipo” – para falar dessas energias básicas; como vimos, eles utilizavam o conceito de “anjos”, ou energias divinas vivas.

A “comunhão” essênica da quarta-feira à noite era então com o “anjo do amor”.

E eles aproveitam esse estudo/meditação semanal para descobrir sempre novos aspectos ainda não aplicados da idéia de “unidade”, que eles traduziam em prática desde a manhã seguinte.

E a manhã seguinte era a do seu encontro com a idéia de “circulação”.

Eles iriam então neste dia nutrir-se de tudo que circula:

5. A UNIDADE DO AMOR (pleonasmo) CIRCULA

Os essênios sabiam que o amor nada mais pode fazer do que circular, mover-se, dirigir-se em todas as direções, até tornar-se uma expansão.

Mas os essênios nutriam-se da idéia de circulação antes de levá-la ao seu auge, a expansão, no dia seguinte, pois usavam a noite para fundamentar a expansão deste amor/unidade sobre a idéia de “pensamento em si”, pois para eles esse conceito era vital a essa expansão, como veremos em seguida.

Mas vejamos antes mais alguns detalhes sobre essa meditação da quinta-feira, na qual eles se nutriam de “CIRCULAÇÃO”.

Elas ligavam esta idéia à água, pois nada circula na terra melhor e mais visivelmente que ela.

Para eles, água, vinho (bebidas) e sangue eram a mesma coisa:

O sangue da Terra Mãe.

Há, inclusive, uma alusão indireta na bíblia a essa associação, pois o primeiro milagre realizado por Jesus foi o de transformar água em vinho, a pedido da sua mãe, em um “casamento” ao qual os dois foram convidados. E seu último milagre, antes da ressurreição, foi o de transformar vinho em sangue, “Este é o meu sangue, bebei-o”, durante a última ceia.

Para alguns analistas da questão, as bodas de Canaã, como é conhecido o primeiro milagre, faz alusão à “comunhão espiritual” entre Cristo e sua Mãe.

Eles supõem uma possível ligação entre o primeiro milagre, onde há uma transformação do “sangue” da Mãe Terra (representado pela água) no vinho retirado da fermentação de uvas e o último deles, a futura “eucaristia”, onde Jesus indica claramente que seu sangue agora é vinho.

Transformando, no primeiro milagre, a água, o “sangue” da Mãe Terra, em vinho, Jesus já anunciava sua intenção de transformá-lo, finalmente, em seu próprio sangue, associando-se assim à Mãe Terra em seu próprio seio.

Assim seria visto o texto bíblico segundo a concepção dos essênios, para os quais o Messias viria transmitir todo o ensinamento “cósmico” dessa alquimia, ou química que leva em conta todos os elementos, unindo deste modo a Terra ao Céu.

Segundo sua crença, isso faria com que o Messias estivesse em seguida plenamente disponível a eles no corpo da Mãe Terra, onde sua “idéia”, seu “espírito”, estaria presente para sempre nessa viagem com eles:

“Assim na Terra como no Céu”.

A quinta-feira era então o dia de eles nutrirem-se de CIRCULAÇÃO.

E como já vimos, eles associavam a circulação à água e observavam sua fluidez na natureza, sua presença em todos os líquidos, alimentado-se assim dessa visão, vivendo muito mais do que vivenciavam, do que “comiam com o espírito”, do que com a boca.

A famosa frase de Jesus:

“Nem só de pão vive o homem, mas da palavra do Pai Celeste”,

seria por certo aprovada por todo essênio.

Pois a “palavra do Pai Celeste”, para todos os essênios, estava escrita em qualquer fenômeno natural. Assim, eles buscavam entender a informação que continha cada forma do universo, percebido como um livro vivo.

Poderíamos dizer que esse cuidado em recolher a informação veiculada por cada forma fazia deles, de uma certa forma, os precursores da informática, da cibernética e do uso dos computadores com suas memórias.

Na quinta-feira, então, os essênios enviavam a idéia de “circulação” para suas células, assim como as tinham nutrido de harmonia/beleza/alegria na terça-feira, e de luz na quarta-feira.

Eles deixavam que a circulação fosse seu alimento-curador desse dia.

E devidamente nutridos de água/sangue/circulação, eles sentiam-se prontos para, à noite, meditar/aprofundar a idéia de RENOVAÇÃO/RENASCER:

6. A CIRCULAÇÃO ESTIMULA O CO-NASCIMENTO

Os essênios concebiam o ato de conhecer como um “co-nascer”.

A língua francesa ainda mantém o traço semântico desse vínculo entre as idéias de “conhecer” e “co-nascer” (renascer com o que nasce), pois a palavra “connaissance” (conhecimento) se escreve literalmente como co-nascimento.

E os essênios conheciam “co-nascendo” com o evento que desejavam compreender.

SER, co-nascer, para eles, era então pensar.

E pensar para eles era buscar o novo, o desconhecido dos nossos esquemas mentais habituais.

Os essênios renasciam assim literalmente mentalmente toda quinta-feira à noite, dia que eles dedicavam ao conhecer, ao co-nascer, ao pensamento, ao novo.

Eles dirigiam-se mentalmente às estrelas mais longínquas, buscavam o que estava mais longe do seu dia-a-dia e deixavam que o fundo arquetípico do seu inconsciente lhes presenteasse com maneiras novas de perceber o “velho”, já morto, pois convertido em “memória”.

A “comunhão” da quinta-feira à noite era então com o “anjo do pensamento”.

Mas é preciso entender o que eles concebiam como “pensar”, pois esse ato para eles estava longe do que seria simplesmente uma troca de informações ou a repetição de antigos padrões, de esquemas mentais memorizados e automatizados.

Pensar tinha para eles uma conotação “socrática” poderíamos dizer aqui à guisa de comparação.

Bem que eles poderiam dizer “Só sei que nada sei”, já que para eles pensar, “co-nascer”, era entregar-se ao desconhecido, deixar-se guiar por ele.

Eles tentavam, assim, na quinta-feira à noite, liberar suas mentes do “velho” para que o “novo” pudesse emergir.

Eles acreditavam estabelecer um contato com as estrelas longínquas, imaginando que elas poderiam brindá-los com idéias novas, abordagens antes ignoradas, deixando em seguida que o sono e o inconsciente fizessem seu trabalho de ir buscar os arquétipos no fundo da mente.

E agora sim, armados do novo, que só poderia traduzir-se em “desconhecido”, eles ativavam a circulação exercitada na quinta-feira e a transformavam em expansão na comunhão da sexta-feira de dia.

Expansão esta não do “velho” mas do novo que busca suas formas e seus caminhos:

7. O CO-NASCIMENTO/PENSAMENTO CRIA A EXPANSÃO

Já sabemos que esse pensamento não utiliza a memória mas o silêncio, a escuta do nada.

Já sabemos também que os essênios atingiam essa profunda meditação simplesmente projetando suas mentes, antes de dormir, aos confins das estrelas.

Eles passavam então todo o dia da sexta-feira nutrindo-se de “expansão”, associando-a ao elemento “ar”.

Sexta-feira os essênios nutriam-se então de ar, mas bem menos do ar físico que respiramos do que da noção de “atma”, ou do “prana” dos hindus, já que era a idéia que eles ingeriam, bem mais que seu suporte físico.

Durante todo este dia eles enviavam este “ar” para os confins das suas “células”, pois eles percebiam os diferentes órgãos do seu corpo como sendo a realidade interna equivalente ao que eles viam como estrelas no céu.

Creio que seria mais fácil, em vez de nos perdermos aqui em conceitos como “atma” ou “prana”, se considerássemos que o ar nos traz sobretudo oxigênio.

E que o oxigênio, além de ser a “droga” e principal alimento do cérebro (suporte material do sistema nervoso, ligado ao pensamento e à expansão da nossa consciência no corpo), é também o melhor agente “antioxidante” apesar de ser ele oxigênio, já que ele queima, literalmente, toda energia velha e parada no corpo.

Creio então que não trairemos a idéia essênica de “expansão” associada ao ar se utilizarmos o conceito moderno de “oxigenação” para veicular essa expansão do ar em nosso interior, levando-o a todos os recônditos celulares.

Chegando então à nutrição através da expansão, durante todo o dia da sexta-feira, os essênios chegavam ao máximo de “distância” possível e a reconheciam em sua essência:

8. A EXPANSÃO É O TODO E O TODO É UMA UNIDADE (Eu e o Pai somos UM)

Chegando aí, os essênios chegavam à sua aspiração maior:

Expandir-se a si mesmos, a partir da sua base na Mãe Terra, a fim de estender-se até os céus e unir-se novamente com o “Todo”, com essa “unidade de tudo com tudo”, com esse “Tudo em Tudo”, a quem eles chamavam, carinhosamente de Pai Celeste.

Durante toda essa noite da sexta-feira, início do sábado, ou “Shabat” como chamam os hebreus, os essênios concentravam-se mentalmente nessa idéia de “Todo”, concebendo uma “unidade” entre tudo, em estado de expansão, em renovação permanente.

E através dessa meditação eles se dirigiam à sua aspiração única e última:

SER UM COM O PAI.

“Eu e o Pai somo UM” era o lema dessa comunhão essênica da sexta-feira, frase essa que ficou famosa, proferida pelo Cristo.

E ao despertarem, depois de terem sidos instruídos durante seu sono na “escola da expansão renovada” dessa sexta-feira, expansão essa sempre desconhecida mas sempre coesa, coerente, harmônica, unida e uníssona, os essênios recomeçavam um novo ciclo semanal, voltavam ao berço, às raízes, ao útero, “comungando” com a Mãe Terra.

9. A UNIDADE É MEU ÚNICO ALIMENTO

Completamente unidos, logo, em harmonia, com tudo em torno de si, através dessa união com a “unidade expansão de tudo” os essênios fixavam essa idéia de unidade e de alimento na Mãe Terra.

Eles “comungavam” com a idéia de receber dela todos os seus frutos:

1.   O solo (veremos na “comunhão” do domingo);
2.   A vida (veremos na “comunhão” da segunda-feira de dia);
3.   A harmonia/beleza/alegria;
4.   O fogo/luz;
5.   A água/sangue em circulação e
6.   O ar em expansão.

Para os essênios, esses seis elementos, mais a comunhão do sábado de dia com a Mãe Terra que lhes proporcionava os seis citados, sete ao todo, eram os elementos nutritivos do seu corpo, que eles renovavam semanalmente.

O sábado era para eles um dia de muita alegria, dia em que pensavam em receber toda nutrição da sua Mãe Terra, tal como um feto é nutrido pelo útero da sua mãe.

Lembro que essa nutrição NÃO se dava principalmente no aspecto físico, mas sim nesse reconhecimento do corpo da mãe no que ingeriam (“este é o meu corpo, comei-o”).

E era esta força da terra que eles tentavam captar para si.

Tratava-se aqui bem mais de uma busca de reconforto e de carinho terrestre, tão em falta hoje em dia para nós todos, do que buscar simplesmente afogar medos e angústias em “comes e bebes”.

Eles sentiam-se gratos à terra, pensavam nela com carinho, tentando retribuir-lhe um pouco o tanto que recebiam dela: “Grato minha mãe, pela vida”.

Esta era a “comunhão” do sábado de dia dos essênios.

Nutridos a nível celular desta idéia, eles ingressavam na noite do sábado com uma só idéia em mente:

10. A VIDA É ETERNA

O fato de terem se nutrido de tudo que a terra dá, o fato de vê-la nutrindo-se de tudo que “vem do céu”, como sol e chuva, permitia-lhes se projetar na eternidade da vida fora do tempo.

Nesta noite do sábado eles buscavam utilizar a força da nutrição da terra para lançar-se além do seu campo gravitacional.

Mas eles não buscavam projetar-se mentalmente tão longe quanto na quinta-feira à noite, no âmbito das estrelas, eles ficavam “por ali”, no sistema solar mesmo.

No sábado eles davam só um primeiro passo rumo à eternidade, concebendo-se não unicamente como “filhos da terra”, mas também do sol, ou seja, do sistema solar.

Eles iam então mentalmente visitar seus “tios”, ou seja, outros planetas, como Marte, Vênus ou a Lua, assim como também seus “primos”, ou toda forma de vida que lá existia, pois para os essênios tudo estava vivo, tudo era vida.

E na manhã seguinte eles traziam essa “força planetária”, que eles concebiam perfeitamente em sua “astrologia/astronomia” através da observação da relação entre a Lua, as marés, ou as estações do ano, segundo a posição do Sol e o crescimento das plantas, e se dedicavam inteiramente ao solo:

11. EU SOU O SOLO PERMANENTEMENTE FÉRTIL E EM CONSTANTE “RE-GENERAÇÃO” POR TODA A ETERNIDADE

E para “ancorar” essa idéia em si, eles passavam o equivalente ao nosso “domingo”, nosso “dia de repouso”, regenerando-se celularmente em “comunhão” com o “solo”, ou com a camada fértil da terra.

É impossível para nós imaginarmos hoje a suma importância que essa camada tinha para eles.

Eles a simbolizavam através da relva, humilde, rasteira, mas forte e tenaz, que sempre renasce e se regenera demonstrando em si a força vital em todo o seu esplendor.

A relva era o símbolo dessa regeneração. Assim como vamos aos nossos parques e o que resta dos nossos bosques buscar a relva para deitarmos, descansarmos ou jogarmos futebol, eles a cultuavam como a mais digna e humilde demonstração de/da vida. Eles expunham mesmo seus órgãos genitais, centro de regeneração, especialmente à luz solar nesse dia, como nossas garotas vão pegar aquele bronzeado dominical na praia deixando o sol esquentar seus corpos.

Completamente assim regenerados, nossos irmãos essênios encaminhavam-se para mais um encontro com um dos “Anjos do Pai”, pois eles viam seu encontro meditativo noturno como um encontro com as forças/anjos do Céu Pai e as comunhões do dia como um encontro com os anjos fisicamente reconhecíveis da Mãe Terra: ela mesma, sua beleza, o ar, o sol, a água, o solo e a vida.

E o encontro deste domingo à noite era com outro arquétipo-anjo que eles veneravam muito: a criatividade.

Esta “comunhão” era então:

12. SÓ A REGENERAÇAO CRIA E SÓ A CRIAÇAO É UM DOM DO AMOR

Eles dedicavam então seus pensamentos dessa noite a todas as obras que eles conheciam, todos os escritos “sagrados”, todos os conhecimentos a eles transmitidos e à sua vontade de aperfeiçoá-los e legá-los ainda mais belos, harmoniosos e úteis à próxima geração.

Eles associavam o (anjo do) trabalho criativo às abelhas, que sempre criam riqueza para sua comunidade.

E amanheciam então cheios de novas idéias sobre seu próprio trabalho, cheios de vontade de executá-lo e oferecê-lo à comunidade humana, fazendo de cada ato um autêntico dom de amor universal.

E para executá-lo com vigor e amor, eles associavam cada ato seu ao trabalho que a vida executa na terra, ao trabalho da sua Mãe Terra.

Sua comunhão desse dia, o equivalente da nossa segunda-feira era então:

13. A VIDA É UM DOM DO AMOR

A tônica dessa frase está na palavra DOM, CRIAÇÃO.

Eles viam na vida todo o trabalho criativo da natureza para propiciar-nos tudo que necessitamos.

Para eles, a consagração desse trabalho da vida eram as imponentes árvores, que crescem regeneradas e nutridas pelo solo e pelo trabalho da humilde relva.

Neste dia eles buscavam ver, abraçar, acariciar as árvores, mas qualquer outra planta também.

Eles nutriam assim suas células o dia todo de tudo que vive na terra, sobretudo das árvores.

Eles enviavam a ENERGIA VITAL que estas lhe inspiravam a todas as suas células, estimulando-as a captarem e desenvolverem em si toda a força, toda essa energia vital que a terra colocava à sua disposição.

E depois de um dia de labor, de “dever cumprido”, bem “vivido”, o quê mais importante do que um descanso, na…

Paz.

Pois é, amigos, esta segunda-feira à noite era o tempo que os essênios se davam Tempo:

14. A PAZ É A MÃE DO TEMPO

Eles passavam então todo o tempo dessa noite a enviar paz, calma, ou seja, tempo, aos quatro cantos do mundo.

Prontos para, a partir dela, no dia seguinte dar-se todo o tempo necessário para criar toda harmonia necessária.

Harmonia que produz beleza.

Beleza que dá alegria.

Alegria que energiza.

Energia que aclara.

Clareza que unifica.

Unidade que se traduz em amor.

Amor que circula.

Circulação que gera o movimento do pensamento, criando o novo, o desconhecido.

Desconhecido esse que se expande “no ar” e se une a tudo que sempre existiu e existirá.

“Expansão unitária” que, por sua vez, nutre, tal qual uma mãe, tudo que a compõe, levando a vida à sua dimensão eterna.

Eternidade que se ancora no solo fértil de toda coisa viva, fazendo dom de seu trabalho criativo, que é visível na exuberância do que vive, que, em paz, se dando todo o tempo do mundo de viver, se transforma em beleza, harmonia e alegria.

Texto de Austro Queiroz



Fonte: austro