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domingo, 2 de fevereiro de 2025
Pensamentos de Deus...
"Quero conhecer os pensamentos de Deus...
O resto é detalhe."
Albert Einstein
Salaman, E. "A Talk with Einstein"
The Listener 54, 1955
Nota: Atribuído a Einstein por Esther Salaman,
sua aluna em Berlim.
Observação: Desconheço a autoria da Imagem
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
Relação entre tipo psicológico e doença física / 4 temperamentos
O problema da relação entre temperamento e doença tem sido debatido pela ciência médica desde a antiguidade, já que quase sempre foi possível notar que a constituição biológica particular de um indivíduo e as suas pré-disposições à doença guardam uma estreita correlação com as suas tendências, com a sua maneira de sentir e se comportar.
Ainda hoje, por exemplo, fala-se da tipologia criada pelo médico grego Hipócrates há mais de dois mil anos, a qual dividia os homens em quatro grandes categorias:
1) o sanguíneo;
2) o fleumático;
3) o colérico;
4) o melancólico.
Tal tipologia, como se pode perceber, baseava-se em diferenças fisiológicas que influenciavam o caráter e o temperamento.
Nos tempos modernos teve uma enorme difusão no campo médico o conceito, introduzido por Pende na Itália, de influência das glândulas endócrinas não somente sobre o tipo físico, mas também sobre a psique, tendo sido criada uma biotipologia baseada na predominância ou na deficiência de determinadas funções glandulares.
A medicina psicossomática também não exclui uma correlação entre caráter e predisposição à doença, mas os pontos de vista dos estudiosos são ainda muito discordantes.
Alexander, por exemplo, afirma que somente das doenças das coronárias é que se pode falar de uma relação entre temperamento e predisposição para tais doenças.
Assim, escreve: "A freqüência de acidentes coronários entre pacientes que pertencem a determinadas categorias profissionais, como médicos, advogados, padres, pessoas que têm funções executivas e postos de alta responsabilidade é um dado familiar ao clínico..." (Medicina psicossomática, p. 61).
Todavia, acrescenta ele que isso também poderia depender do tipo de atividade e não do temperamento específico.
Uma outra estudiosa, Dunbar, parece, por sua vez, mais propensa a admitir uma estreita relação entre caráter e doença, analisando em seu livro Estudo de perfis, algumas correlações estatísticas entre as doenças e a personalidade.
Diz ela, por exemplo, que o diabete melito atinge mais facilmente os tipos ansiosos, passivos, indecisos, que encontram dificuldade em passar do estado de dependência infantil para um estado de maturidade e de autonomia.
De fato, foi provado que o medo e a ansiedade podem provocar distúrbios no metabolismo dos carboidratos até mesmo em indivíduos não diabéticos.
Para dar um outro exemplo de correlação entre temperamento e doença, lembremos o caso da artrite reumatóide, anteriormente mencionada, e que parece se originar de agressividade e ira reprimidas, em pessoas propensas, por temperamento, a reagir com rebeldia e hostilidade às adversidades da vida.
Escreve Alexander, a propósito justamente da artrite reumatóide:"O fundo psicodinâmico geral de todos os casos é um estado de agressividade cronicamente inibida e revolta contra todas as formas de constrangimento exteriores ou interiores, contra o controle exercido por segundos ou contra a ação inibidora da própria consciência hipersensível". (Medicina psicossomática, p. 185.)
Voltando agora para a Medicina psico-espiritual, encontramos nela conceitos muito mais precisos e definidos, em perfeita analogia com aquilo que a ciência oficial ainda debate e pesquisa.
A relação entre tipo psicológico e doença é tida como uma realidade, pois, de acordo com o esoterismo, o que produz a diferença de temperamento entre os indivíduos é a predominância de uma determinada faculdade ou energia, também em estreita correlação com um centro etéreo e com uma glândula endócrina específica no plano físico.
Mencionaremos agora, rapidamente, a tipologia psicológica das doutrinas esotéricas.
De acordo com o esoterismo, tudo o que resulta da criação, portanto também o homem, está sob a influência de sete grandes energias cósmicas chamadas "Raios"; energias que derivam do Uno, que em um primeiro momento torna-se Três e depois Sete.
[Para maiores informações sobre a teoria dos "Sete Raios", ver o volume de Angela Maria La Sala: Os sete temperamentos humanos, útil do ponto de vista psicológico, ou então o Tratado sobre os Sete Raios, de Alice Bailey, que aborda o assunto de um ponto de vista cósmico e esotérico.]
Na realidade, tais energias exprimem sete notas, sete qualidades que, mesmo parecendo na manifestação e no homem bem distintas e separadas, formam em seu conjunto a harmonia e a totalidade do Uno, justamente como as sete cores do arco-íris, reunidas, produzem a luz branca.
Estas sete qualidades são, para o homem, "sete caminhos evolutivos", conforme está escrito na Doutrina Secreta de Helena P. Blavatsky, isto é, sete modos de retornar ao Absoluto, sendo que os homens, no correr do processo evolutivo, podem vir a encontrar-se em um ou outro dos caminhos, o qual representa a linha de menor resistência individual.
Quando estamos próximos do despertar da consciência do Si, a nota, ou raio prevalente, começa a fazer sentir a sua presença, pois delineia-se a nossa individualidade, antes latente mas sufocada pela "falsa" consciência, pelo conjunto de condicionamentos e automatismos que impediam ao verdadeiro ser central se manifestar.
É o momento que Sri Aurobindo denomina individualização da consciência, que faz emergir o centro de consciência, o verdadeiro "eu".
"Um ser consciente está no centro de mim mesmo; ele governa o passado e o futuro, é como um fogo sem fumaça... é preciso desembaraçá-lo pacientemente do próprio corpo", afirma o Upanishad (Katha Upanishad IV).
É este um momento extremamente importante para a evolução do homem, pois o "eu" deve ser formado, o centro de consciência do nosso ser deve ser evocado, pois é justamente através deste centro que nos superamos e atingimos o mundo da Realidade.
O caminho para a realização do Si é constituído primeiramente por uma interiorização, depois por uma "concentração" da atenção em um ponto central, que é como um cerne, um apoio, um centro de focalização em que se recolhem e giram harmoniosamente todas as energias da personalidade, que são somente instrumentais.
Este ponto central é o "eu", a individualidade, a nossa criatividade, a nossa "ipseidade", que em seguida deverá ser transcendida, ou melhor, ampliada até a identificação com o Eu Universal.
Afirma Sri Aurobindo: "O eu é ajuda; o eu é obstáculo", querendo dizer com estas palavras que primeiramente devemos evocar e criar a nossa individualidade, o Ser Psíquico, como ele o chama, pois sem ele não poderíamos nos tornar conscientes e realizados, e em seguida devemos superá-lo para que ele não constitua uma limitação, um impedimento.
A individualidade não é a personalidade; isso deve ficar bem claro pois esta última não apresenta realidade própria mas somente uma "falsa" consciência, quando ainda não emergiu o "centro de consciência" que é justamente a individualidade.
A personalidade é constituída pelo conjunto dos três veículos de expressão, não sendo mais que automatismo e mecanicidade: é somente um instrumento.
A individualidade é o Eu verdadeiro, o reflexo do Si, seu ponto de apoio e de expressão.
É também chamada por alguns Alma ou Ego superior, sendo ela que cria a continuidade entre uma e outra encarnação.
Este Eu individual ou Alma não é algo vago e impreciso, mas bem caracterizado e especificado.
Traz em si uma marca precisa, sua, somente sua, diferente da de qualquer outro, sendo ela também o seu caminho, a sua "missão", o seu encargo no grande Plano evolutivo, do qual é uma partícula, conquanto mínima.
Esta "marca" individual é justamente o "raio" que exprime, a nível psicológico, qualidades e características bem precisas, formando um determinado "temperamento" ou tipo.
Os raios, como dissemos, são sete:
I Raio da Vontade-Poder;
II Raio do Amor-Sabedoria;
III Raio da Inteligência Criativa;
IV Raio da Harmonia através do conflito;
V Raio da Ciência Concreta;
VI Raio da Devoção e do Idealismo;
VII Raio da Concreção Física.
Cada um de nós pertence, enquanto individualidade, a um ou outro dos raios acima mencionados, o qual representa a sua nota a ser expressa e posteriormente aperfeiçoada, e que, sendo latente e potencial, deve ser descoberta e depois expressa até a sua plenitude.
Portanto, durante um longo ciclo de encarnações, cada um de nós permanece no mesmo raio, até que tenhamos expressado plenamente, quando então passamos para outro raio, pois a meta é chegar à totalidade, à perfeita harmonia, que compreende em si todas as sete notas.
No que diz respeito às doenças, de acordo com a Medicina psico-espiritual, existe uma relação direta e bastante clara entre faculdade, tendências, características psíquicas e veículo físico, sendo, pois, lógico que o temperamento de um determinado indivíduo possa conduzi-lo a erros e defeitos capazes de gerar distúrbios físicos e doenças.
De fato, sendo todo Raio, na a mais alta essência, expressão de faculdades elevadas e espirituais, ao se manifestar em um indivíduo ainda não evoluído e purificado, ele se altera e, assim dizer, é poluído, manifestando aspectos negativos e deletérios.
Assim por exemplo, o Raio da Vontade-Poder, pode, se o indivíduo não é evoluído, exprimir violência, autoritarismo, auto-afirmação, ira e destrutividade em outras palavras, a força de vontade é degradada e invertida, exprimindo sobretudo agressividade e instinto de auto-afirmação, sendo canalizada como vimos, no plano etéreo, através do Centro da base da espinha dorsal.
É preciso, a essa altura, mencionar que os Raios, conquanto somem Sete derivam na realidade dos três aspectos do Uno de que tantas vezes falamos, e podem ser reencontrados em todos os planos da manifestação, sob infinitas formas.
Recordemos estes três aspectos:
a) Pai (I aspecto) Vontade
b) Filho (II aspecto) Amor
c) Espírito Santo (III aspecto) Inteligência Criativa
Entre os três primeiros e os três últimos Raios, há uma perfeita correspondência, pois eles exprimem justamente as três energias, embora orientadas em diferentes direções e, portanto, utilizadas com finalidades diferentes.
De fato, os três primeiros utilizam as energias dirigindo-as para o mundo subjetivo, interior, e os três últimos, ao contrário, dirigindo-as para o mundo objetivo e exterior.
Portanto, constatamos que:
O I Raio dirige a Vontade para o mundo interior;
O II Raio dirige o Amor para o mundo interior;
O III Raio dirige a Inteligência para o mundo interior;
O VII Raio dirige a Vontade para o mundo exterior;
O VI Raio dirige o Amor para o mundo exterior;
O V Raio dirige a Inteligência para o mundo exterior.
Assim, os três primeiros poderiam ser considerados introvertidos, e os três últimos extrovertidos.
O IV é "ambivertido" pois se dirige tanto para o interior como para o exterior, visando a superar a dualidade, e suscitar novamente união e harmonia entre os dois pólos do Espírito e da Matéria.
É lógico, portanto, deduzir daí que a preponderância de um determinado Raio num indivíduo conduza ao hiper ou ao hipofuncionamento de um determinado centro e da glândula correspondente, conforme este seja extrovertido (isto é, levado à congestão), ou introvertido (isto é, levado à inibição), como vimos na primeira parte deste livro.
Naturalmente, os distúrbios e as doenças acham-se relacionadas com o centro e a glândula em questão, e serão doenças provocadas por congestão ou por inibição, em razão do motivo acima mencionado.
No caso do aspirante espiritual próximo da realização do Si, o problema se apresenta mais claramente, pois com a gradativa emergência da individualidade, o Raio predominante se revela, buscando exprimir-se através do centro correspondente, podendo, entretanto, encontrar obstáculos conscientes ou inconscientes.
Os obstáculos são quase sempre inevitáveis, pois, como já dissemos, estando a personalidade (o conjunto dos três veículos inferiores) até aquele momento abandonada a si mesma, funcionando "mecanicamente", ela se estabilizou num determinado ritmo, adotou determinados hábitos e por pouco não se petrificou numa espécie de entidade, num "eu" falso, que não quer ceder o seu domínio.
Não é fácil vencer os hábitos da personalidade, dissolver a sua solidificação, mudar o seu ritmo, mesmo que a essa altura tenhamos consciência de uma outra realidade e comecemos a sentir a presença do verdadeiro Eu.
É preciso um longo e lento trabalho de libertação e transformação para instaurar um novo ritmo, o que pode conduzir a períodos de conflito, tormento, sofrimento e doença.
Neste período, justamente, a doença é sintoma desse estado interno de sofrimento e transformação, durante o qual desatam-se os nós dos antigos hábitos, dissolvem-se cristalizações, inverte-se a direção das energias e, dependendo do tipo de doença, o indivíduo pode descobrir qual é a nota central implicada, qual é a energia que procura exprimir-se, e que, uma vez liberta, revelar-se-á o seu "caminho".
Para exemplificar, se o aspirante se encontra no Segundo Raio, poderá antes do despertar do Si sofrer uma doença das vias respiratórias (pleurite, pneumonia etc), pois as energias sobem em direção ao Centro do Coração e buscam se exprimir através deste sob a forma de Amor e sentimentos de União, embora os automatismos inconscientes do eu pessoal se oponham e continuem a funcionar à base de antigos ritmos e hábitos de apego, amor possessivo e limitado por cega e obstinada mecanicidade.
As energias do amor, não podendo se exprimir através do Centro do Coração, invadem a área ao redor provocando "congestões", disfunções, alterações em todos os órgãos do tórax.
De fato, a doença representa uma "ruptura" de ritmo, uma crise que rompe velhos hábitos, uma superação de etapa árdua e cansativa, que vai dar, enfim, numa reviravolta, num renascimento, no início de um novo ciclo de vida.
Portanto, a relação entre o próprio temperamento ou Raio e a doença existe e se revela especialmente no período que antecede o despertar do Si, pois a própria nota central, antes de se exprimir em toda a sua pureza e plenitude, deve se libertar dos hábitos viciados em que vinha incorrendo, deve fazer ecoar a sua real vibração espiritual e cumprir o seu trabalho.
Esta teoria dos Sete Raios nos oferece um modo de "reconhecer" sem grande dificuldade o caminho de menor resistência para nos auto-realizarmos e manifestarmos a realidade espiritual latente em nós, segundo a nossa espontaneidade, a nossa autenticidade, deixando que nos guiemos pela corrente irresistível e poderosa da força central do nosso ser, o qual, sendo por natureza de origem divina, nos leva de volta para o alto.
Eis por que todas as escolas, todos os Mestres e todas as doutrinas psicológicas baseadas na intuição afirmam que, para reencontrar o Si espiritual, a essência divina em nosso interior, devemos antes de mais nada aprender a ser o que somos, devemos reencontrar a nossa autenticidade, a nossa realidade profunda, libertando-nos das infra-estruturas, dos condicionamentos e falsos "eus".
Reencontrar a nós mesmos e ao verdadeiro Eu nos leva automaticamente a entrar em sintonia com a energia divina e verdadeira que nos anima, que nos impulsiona, o que significa exprimi-la plenamente, encontrando a perfeita harmonia com o nosso núcleo profundo, o qual, mesmo que individualizado e específico, é uma partícula do Uno, é uma nota da grande sinfonia cósmica da criação.
Fonte:
Livro MEDICINA PSICO-ESPIRITUAL
Angela Maria La Sala Bata
Tradução de Pier Luigi Cabra
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Depois do despertar da Consciência do nosso verdadeiro Eu
Para entender corretamente as conseqüências e os efeitos produzidos pelo despertar da verdadeira consciência, é preciso saber que há dois aspectos implícitos na natureza do Si, a saber:
a) o aspecto da consciência e
b) o aspecto da energia.
Mesmo que estes dois aspectos estejam na realidade fundidos no plano espiritual, ao se manifestarem no plano pessoal, eles se dividem em dois, daí podemos subdividir os efeitos do despertar do Si em duas categorias, uma que se refere ao aspecto da "consciência" e outra ao aspecto da "energia".
Afirmamos implicitamente que encontramos uma confirmação de tudo o que foi dito acima no fato de o Si ou Alma relacionar-se com a personalidade do homem através de "um fio de vida", chamado sutratma, que, ao chegar ao veículo físico, se divide em dois ramos, um deles localizado no cérebro, na glândula pineal, e o outro no coração.
O primeiro é o aspecto da consciência do Si, o outro o aspecto da energia ou vida.
Quando surge uma centelha de contato entre a personalidade e o Si há, portanto, um despertar precípuo do aspecto da consciência, o qual proporciona um sentimento de auto-reconhecimento, iluminação e compreensão total da vida, mas também um aumento da afluência de energia espiritual para a personalidade através do fio que direciona o aspecto da vida, produzindo uma regeneração e uma estimulação dos veículos pessoais e dos centros etéreos, o que não se dá sem inconvenientes, mal-estares e perturbações.
Quanto ao aspecto da consciência, o mesmo já não ocorre.
Ao contrário, como dissemos, o despertar proporciona uma sensação de bem-estar, harmonia, alegria, luz: tudo se resolve e é saneado, enquanto o indivíduo se sente completamente realizado e em paz.
E isso acontece porque a posse, enfim, da "consciência" da realidade de si mesmo, o estar fora e acima de todo conflito, proporciona um estado de lucidez extrema, de visão e compreensão.
Já a afluência das poderosas energias espirituais para os veículos pessoais, ainda não de todo purificados, não está isenta de perigos.
Existe uma lei esotérica que explica como isso se dá.
Tal lei é chamada "Lei de degradação das energias", e conforme as palavras de A. Besant, que a ela se refere em seu livro Teosofia e nova psicologia, enuncia-se da seguinte forma:
"Quando uma força qualquer desce de um plano superior para um inferior, ela se sujeita a uma transmutação no veículo pelo qual desce, transmutação que depende da natureza do veículo. Nem todas as forças se transmutam, pois uma parte delas vai conservando a sua própria beleza e se afirma no mundo inferior em todo o seu esplendor espiritual, mas grande parte delas é alterada pelo veículo por que passa e se transforma na modalidade de energia à qual o veículo mais facilmente se presta" (p. 70).
Portanto, a energia espiritual pode ser em parte "poluída" e degradada pela impureza do veículo por que desce, podendo, por isso mesmo, aumentar e reativar aspectos inferiores, caso estes ainda estejam presentes no indivíduo.
A energia do Si é semelhante à do sol, que ilumina, aquece e vitaliza tudo o que com ela entra em contato, fazendo brotar "o grão e a grama", as boas e as más sementes presentes na terra.
Portanto, num primeiro momento, a energia espiritual poderia levar à luz e acentuar mais determinados "erros" e desequilíbrios nossos, sobretudo do ponto de vista da utilização das forças pessoais e da direção que lhe imprimimos, o que se tornou em nós um hábito inconsciente.
Então, às vezes, pode haver em nós um dualismo entre o estado de consciência e a utilização das energias pessoais, as quais se dobram automaticamente a condicionamentos nelas impressos talvez em épocas remotas e por isso muito difíceis de superar.
Assim, pode acontecer às vezes que o despertar da Alma traga consigo não apenas alegria mas também certa problemática, pois somente então o homem toma consciência dos condicionamentos e da força de inércia de seus corpos inferiores, devendo por isso, na medida em que se sente livre, lúcido e realizado como consciência, lutar continuamente contra o chamado insidioso dos antigos ritmos.
"Enquanto vivia a vida animal dos seus corpos, o homem conhecia uma certa satisfação; mas, com a lembrança de sua verdadeira natureza, com a visão do mundo a que pertence, renasce nele a luta milenar para tentar se libertar da viscosidade dos mundos materiais em que se emaranhou, identificando-os com os seus corpos. Se até aquele momento não sentia os seus corpos como uma limitação, agora eles se tornam como a ardorosa camisa de Nexo, que quanto mais se lhe adere, tanto mais ele se esforça para livrar-se de seu contato". (Van der Leeuw: Deuses no exílio, p. 12.)
Após o despertar repentino do Si, pode formar-se em nós, portanto, um dualismo entre a consciência e as energias, dualismo que deveremos superar pouco a pouco elevando e sublimando as substâncias dos veículos pessoais e libertando-a de condicionamentos e automatismos.
O despertar, então, marca o início de um período de trabalho e transformação, ajudado pela nova consciência e pela visão da meta, os quais constituem o "fio de Ariadne" que nos permite descer até às profundezas de nosso ser, até às camadas mais profundas do inconsciente, nosso passado, para ali levar luz e consciência.
Com base nisso, não devemos desanimar após o despertar, tomados pela alegria, pelo êxtase, pelo sentimento de plenitude e harmonia indescrití- veis, não devemos nos deixar envolver pela euforia deste maravilhoso alcance, mas sim permanecer firmes, lúcidos e preparados, conscientes do trabalho que nos espera e confiantes de que poderemos levá-lo a um bom termo, agora que podemos "ver" e "saber", guiados pela nova consciência como por uma luz e de posse da chave que poderá nos ajudar a abrir as sucessivas portas que encontrarmos.
Além do mais, devemos proteger e alimentar continuamente a nova consciência que "nasceu" dentro de nós, como uma criança recém-nascida precisa ser protegida, bem-tratada e alimentada.
Não por acaso, o símbolo do Si, que acabou de despertar, é o de um recém-nascido, de uma criança profundamente sábia e luminosa, mas indefesa em face das insídias do novo ambiente em que se encontra e das forças adversas que pretendem sujeitá-la.
Este símbolo da criança recém-nascida refere-se ao aspecto da consciência, que é de fato "o filho" nascido da união do Pai-Espírito com a Mãe-Personalidade-Matéria (como já dissemos em outra oportunidade); filho que deve crescer, tornar-se cada vez mais forte, firme e estável.
O despertar é um acontecimento extraordinário que transforma radicalmente a vida do indivíduo, abrindo um canal de comunicação entre a personalidade e o Si, mas não devemos esquecer que ao "fluxo" sempre sucede o "refluxo", e que mesmo a nível espiritual não deixa de vigorar a lei cíclica, segundo a qual se verifica periodicamente a oportunidade de contato e abertura ao Si e de afastamento e descida para o mundo pessoal.
Há como que uma "respiração da Alma", um ritmo interior de expiração e inspiração, gerando um movimento de afluxo e refluxo de energias espirituais do Si para a personalidade, segundo fases precisas que devemos aos poucos aprender a conhecer.
O contato, ou despertar, ocorre sempre no período de "afluxo" das energias do Si para a personalidade, mas cedo ou tarde suceder-se-á inevita- velmente a fase de "refluxo", cujo efeito será o de um esmorecimento da lembrança da experiência vivida, uma atenuação do "estado de graça" e, em determinados casos, até mesmo o reinicio de uma fase depressiva e sombria, a "noite escura da Alma".
Um grande santo e místico, S. João da Cruz, descreve esta penosa experiência detalhadamente em seu livro intitulado justamente A noite escura da alma.
Os sintomas e as manifestações desta fase são muito semelhantes aos da doença psíquica denominada "psicose depressiva".
Assagioli, em seu artigo "Desenvolvimento espiritual e doenças nervosas", descreve os sintomas dessa experiência da seguinte maneira: "... um estado emotivo de intensa depressão, que pode chegar ao desespero; um senso agudo da própria indignidade; uma forte tendência para a autocrítica e a autocondenação, que em alguns casos chega até mesmo à convicção de que se está perdido ou condenado, um sentimento penoso de impotência intelectual; enfraquecimento da vontade e do autodomínio, desgosto e grande dificuldade para agir".
Esse estado é muito penoso e doloroso, mas a sua causa não é somente o afastamento do efeito do despertar e seu enfraquecimento, mas também o processo de transmutação em curso no aspirante, devido à penetração da energia do Si nos veículos e ao despertar dos centros.
A transmutação das energias inferiores em energias superiores e a sublimação são quase sempre difíceis e dolorosas, dando origem a um sentimento de perturbação interior.
É preciso, portanto, saber que após a abertura para a nova consciência e a maravilhosa experiência do "despertar", sucedem-se fases menos radiosas e felizes, mas cheias de intensa atividade e experiências interiores.
Começa, a partir desse momento, a verdadeira obra alquímica pela qual a personalidade deve aos poucos se purificar, transformar e sublimar-se, gerando assim alimento, vida e energia para o Si criança, para a consciência desperta que deve crescer, tornar-se cada vez mais forte e clara, alimentando-se através da "Mãe", que é exatamente a personalidade com substâncias e energias em estado de matéria frente ao Espírito.
À medida que a consciência do Si se torna mais forte e estável, a personalidade e o eu inferior enfraquecem e perdem vitalidade, conforme a lei do sacrifício, que é o segredo da sublimação.
É esta alquimia espiritual pela qual o ouro do Si superior é produzido pela transformação das substâncias inferiores brutas.
Está claro, portanto, pelo que foi dito até agora sobre os estados que se apresentam no indivíduo após o despertar do Si, que as eventuais dificuldades e possíveis inconvenientes provêm sobretudo da maior afluência de energias espirituais para a personalidade ainda não completamente purificada.
Do ponto de vista da consciência, tem-se uma iluminação, uma revelação, uma abertura e uma nova orientação que jamais se apagarão da nossa mente, constituindo doravante uma ajuda, uma força, uma espécie de "sinal de reconhecimento", que serão para sempre parte integrante da nossa natureza.
Quanto às energias, porém, é preciso estar atento para saber canalizá-las e direcioná-las corretamente para a obra de transformação e regeneração dos veículos pessoais que se inicia após o despertar.
O único perigo que pode se apresentar à consciência é a diminuição da lembrança e do estado de exaltação e alegria que se sucedem à iluminação, e a possibilidade de que, ao tornar-se o novo estado interior um fato habitual, perca ele um pouco da sua maravilhosa luminosidade e extraordinariedade.
Mas não devemos nos prender aos efeitos secundários e não-essenciais do "despertar", quais sejam, justamente, a euforia, a maravilha, a comoção, a "despertar", quais sejam, justamente, a euforia, a maravilha, a comoção, a felicidade e a alegria.
Devemos, pelo contrário, cultivar e manter vivos o que são os verdadeiros resultados, ou seja, a clara visão da meta, a orientação segura e firme, a superação do eu ilusório e a compreensão do verdadeiro significado da vida (para mencionar somente alguns) que fazem parte de um real amadurecimento interior, de um crescimento que não pode retroceder.
A enorme afluência de energias superiores, ao contrário, como já mencionamos acima, pode produzir em alguns indivíduos menos firmes, desequilíbrios temporários, mal-estares e dificuldades que se pode agrupar sob o termo genérico de "estímulos", isto é, uma galvanização da vibração dos veículos pessoais ou dos centros etéreos, com aumento da atividade e das manifestações próprias a um determinado veículo ou centro.
Já nos referimos, na primeira parte deste livro, aos distúrbios que se podem verificar por esse motivo, antes mesmo do despertar, sempre que haja 202 um aumento da afluência das energias espirituais para a personalidade.
Como é óbvio, após a abertura do canal em direção ao Si, após o contato verdadeiro, a afluência é ainda mais forte e os efeitos muito mais evidentes.
O centro situado no alto da cabeça começa a se ativar, o centro da garganta e o centro do coração despertam e o centro entre as sobrancelhas começa a exercer a sua função.
Tudo isso significa movimento de energias, transferência dos centros situados abaixo do diafragma para os de cima, desenvolvimento de qualidades, manifestação de novos aspectos e necessidade de readaptações e reequilíbrios "em novo comprimento de onda".
É lógico, portanto, que o indivíduo que atravessa essa fase, venha a sofrer mal-estares, momentos de perturbação e até mesmo doença, pois ele mesmo é o campo em que se está cumprindo a transformação, onde se opera a "transubstanciação" das energias pessoais em energias espirituais, e onde se prepara a transição do IV para o V reino.
Às vezes, pode acontecer que ele não saiba claramente o que se passa em seu interior, pois este complicado processo pode todo ele se verificar até mesmo a nível inconsciente, e experimentando então períodos de dúvida e sofrimento, nada podendo fazer senão esperar, abandonar-se ao divino que atua dentro de si.
Outras vezes, no entanto, devido à luz que recebe e à consciência desperta, tem a revelação dos abismos do seu subconsciente e das forças escuras ainda nele ocultas, sentindo-se vacilante pelo temor de não ser suficientemente forte para efetuar a "descida ao plano inferior", libertar estas forças e levá-las à luz para transformá-las em consciência.
Todavia, consegue afinal cumprir este trabalho guiado pelo seu Si, — ajuda e testemunha, — que lhe impede de recair vítima daquela escuridão e lhe indica o caminho, como Virgílio a*Dante, símbolo justo do aspecto objetivo e separado do Si...
Há um evento específico, em meio a todas estas provações e problemas, que é de enorme ajuda para o "despertar": o encontro com o seu Mestre.
Tal encontro não se dá no plano físico.
É um contato entre Almas, e se revela somente pelo repentino esclarecimento da própria linha de trabalho no campo espiritual, pela revelação da própria "nota", do caminho a ser escolhido para ajudar os outros, sentindo-se ele guiado, comandado e irresistivelmente levado por uma Vontade superior, talvez invisível, mas certa e com a qual se adere totalmente.
Ele sente que é integrante de um grupo mais amplo, que não está só, que faz parte de uma totalidade e representa um aspecto, uma nota, mesmo que infinitesimal, de um Plano mais amplo e universal.
De fato, como já tivemos oportunidade de mencionar, pelo despertar do Si o homem passa do nível de aspirante espiritual para o de discípulo, sendo esta uma maneira de dizer que, tendo superado o eu egoísta, agora ele pode colaborar com o plano evolutivo para a Terra, pondo-se a serviço das Forças Superiores, dos Grandes Seres que por detrás do véu guiam o destino da humanidade.
Começa o período fecundo do "serviço", do amor participante, que pode se manifestar através do centro do coração desperto e que é um dos efeitos fundamentais do despertar do Si.
Fonte:
MEDICINA PSICO-ESPIRITUAL
Angela Maria La Sala Bata
Tradução de Pier Luigi Cabra
SINOPSE:
Este livro é uma indagação sobre as verdadeiras causas da doença e sobre o seu significado evolutivo e espiritual.
Medicina Psico-Espiritual é uma tentativa de criar uma ponte entre a Medicina do Ocidente e a Medicina do Oriente, entre a interpretação psicossomática, que se baseia na psicologia profunda, e a visão intuitiva da Medicina Esotérica, que vê o homem como um centro Consciência Espiritual que procura expressar-se por meio de um corpo e de uma psique visto como um agregado de energias.
Como em todos os livros a Autora usa uma linguagem acessível, obediente a uma norma que ela própria estabelece nas primeiras páginas deste volume: ''O dever do estudioso de esoterismo, hoje, é o de estar no mundo e não o de abstrair-se dele, e de levar ao mundo o conhecimento e a luz que ele possui, tornando-se intérprete das verdades ocultas e traduzindo-as em termos compreensíveis e aceitáveis.''
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