Essa luz vem do nosso Eu Superior, do nosso Anjo Solar.
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domingo, 1 de fevereiro de 2015
Aproximação consciente do Homem com seu Anjo Solar
Perdidos nas brumas dos problemas cotidianos, que nos exigem um sentido de atenção progressivo e imediato, é muito difícil sermos conscientes do poder magnético espiritual que emana constantemente do nosso Anjo Solar, aquela Alma liberada cuja missão é a de "nos agasalhar com Seu manto de amor e de sacrifício".
Durante um imenso período de tempo em que processos históricos ou cronológicos da nossa vida aqui na Terra vão se sucedendo, o afã do imediato tem regido inexoravelmente o nosso destino.
Em algumas ocasiôes, quando ultrapassado o auge ou o limite do permitido no turbilhão das paixões humanas, após o que a prova mais difícil e o primeiro perigo é o de "voltar aos antigos valores transcendidos" com seus consequentes vícios, defeitos, contrariedades e temores, nossa vida é inundada por um fúlgido raio de luz contendo resolução e esperança, dando-nos uma visão mais serena das coisas e acalmando o nosso ânimo.
Essa luz vem do nosso Eu Superior, do nosso Anjo Solar.
Nos momentos culminantes da nossa vida, no processo mágico do nascimento, quando deixamos o corpo físico no momento da morte ou quando enfrentamos um problema verdadeiro e angustiante na vida que nos consome em intenso sofrimento e profunda aflição, a visão serena e o amor desmedido do Anjo Solar estão mais perto de nós do que nunca, "cobrindo-nos com Seu manto de amor e de sacrifício".
Essa frase, reiteradamente, repetida para dar uma idéia da missão do Anjo Solar relativa à nossa Alma em evolução, está escrita com caracteres de fogo nos livros sagrados.
Foi retirada de lá porque não existe outra frase que expresse com tanta clareza e simplicidade a missão voluntária que o Anjo Solar um dia se impôs para com a Alma humana.
A reiteração dessa frase vem a ser como um mantra de atenção que deve nos aproximar em alguma medida da glória perene Daquele que é o nosso primeiro e único Mestre em todo trabalho de relação consciente com o Cosmos.
Quando nos referimos ao Anjo Solar, falando em termos hierárquicos, nós o fazemos nos termos "é um Mestre de Compaixão e Sabedoria, um Adepto da Lei", com o que não fazemos senão evidenciar a pureza infinita de Sua aura, a perfeição de Suas virtudes e o poder indescritível de Suas resoluções de amor e de sacrifício em relação a nós.
A compreensão dessas razões deve ser o princípio de uma relação inteligente com a aura magnética do Anjo Solar.
Compreender o Mistério infinito de Sua vida, que nos aproxima da profunda compreensão dos destinos secretos da Alma do nosso Logos Solar "que cobre todo o Universo com Seu manto de Amor e de Sacrifício", é a verdadeira tarefa iniciática, pois o único Mistério e verdadeiro segredo de nossa vida em relação à Vida infinita do "nosso Pai nos Céus" encontra-se na relação magnética que possamos estabelecer com o nosso Anjo Solar.
O encontro consciente, aida que se dê em lampejos ou intervalos, sempre produz uma confiança indescritível e uma alegria profunda.
A chegada do Anjo Solar na Terra para incorporar-se ao propósito evolutivo do Logos Planetário e Seu destino final de liberação, uma vez cumprida através dos tempos, a Sua missão de trazer para o Reino Humano, encarnada na Alma do homem, a Perfeição espiritual de sua vida.
Nesse amplo intervalo em que acontesse esse movimento incessante, da roda dos nascimentos, mortes e períodos devachânicos, configura-se de fato a vida humana aqui na Terra, a partir do próprio momento da indididualização da Humanidade até alcançar a Quinta Iniciação, ou retorno da Alma do homem ou ponto dinâmico da Vida Monádica para o seu verdadeiro Reino, o Quinto, o Reino das Almas ou Hierarquia Planetária, com todo o amor, o saber e a capacidade de sacrifício gravados no coração pela intervenção divina do Anjo Solar. Passar desse ponto seria entrar no campo nebuloso das cojecturas e hipóteses da mente inferior ou perder-se no insondável do Mistério.
Contudo, podemos avançar constantemente, pois uma das missões do homem, quando atinge um certo ponto de sua vida espiritual, é perder-se constantemente no profundo vácuo das amplas e insondáveis perspectivas do cósmico, naquelas indescritíveis avenidas de luz que os Logos imortais utilizam para percorrer os ciclos dos tempo.
Talvez não seja necessário fazer isso para ter uma noção exata do que o termo "Luz Solar" significa para nós em relação aos nossos veículos inferiores, nossa Alma e o próprio Espírito.
A luz do Sol contém infinidades de qualidades e matizes que só o conhecimento e a compreensão do mundo dévico pode esclarecer em uma medida apreciável e inteligente.
Uma das qualidades ou matizes solares, de onde provém em essência o termo imortal "manto de amor e de sacrifício", corresponde a um Raio especial que surge do Coração místico do Sol e encarna no Anjo Solar, cofigurando Sua vida com certas virtudes especiais que O capacitam para a elevada missão de redenção da Alma humana que Se impôs voluntariamente.
Outros Raios de luz provenientes do Sol físico (na realidade toda forma de luz é um aspecto distinto do grande Raio de Amor do Pai do Universo) codicionam a vida periódica dos veículos inferiores, o físico, o emocional e o metal concreto, enquanto que outros que emanam do Grande Sol Central, constituem a própria vida indescritivelmente profunda do nosso Espírito mais elevado ou Mônada, como citado nos estudos esotéricos.
No centro de todo processo mágico da vida da entidade humana, o amor e a vida do Anjo Solar aparecem como a essência unificadora que une a personalidade do homem em constante integração de valores com seu "Pai nos Céus", ou seja, com a Mônada ou Espírito Essencial em sua concepção mais elevada.
Compreender isso é começar a desenvolver em nós mesmos a tarefa vinculativa que um dia o Anjo Solar iniciou, é começar a usar conscientemente o poder misterioso dos Raios evolutivos no processo místico da vida e começar a caminhar pelas sendas da imortalidade.
Uma das tarefas ashrâmicas a que nos propusemos é a de revelar os mistérios dos principais Raios que nos condicionam para termos, assim, uma idéia mais exata do que o Anjo Solar significa em nossas vidas e de como estabelecer contato consciente com Ele.
O contato consciente com o Anjo Solar que, uma vez estabelecido, tudo que acontece em torno do mistério dos nascimentos e mortes do homem finito será compreendido como uma reprodução ou projeção do que acontece na vida mais íntima do Criador do Universo.
Compreender o alcance dessa primeira relação consciente com o nosso Ser imortal é criar voluntariamente em nós mesmos a Senda e a Meta, ou seja, o Caminho de Busca e a Meta de Liberação.
A importância do processo estará mais na autenticidade dos nossos desejos e na sinceridade do nosso interesse por descobriri o que está oculto por trás do Mistério permanente do Anjo Solar do que nos profundos e constantes estudos, às vezes intrincados e insípidos, a respeito das leis e processos universais, que serão melhor compreendidos se deixarmos que seja o próprio Anjo Solar quem nos revele, a partir do interior, através da linha de lus do Antahkarana, e nos libertarmos da influência da mente intelectualizada, tão predisposta ao erro por estar vinculada ao turbilhão procedente do mundo emocional e ao processo corrente de conceitos preestabelecidos.
Trata-se de uma tarefa da maior simplicidade que todos poderão incorporar imediatamente à sua própria visão ou concepção esotérica das coisas.
Tudo que vimos lendo até aqui neste capítulo terá especial valor vinculativo se deixarmos a mente serenamente expectante, ao considerarmos os valores implícitos na vida íntima dos tres elementos essenciais que constituem o nosso ser.
Esses tres elementos são a personalidade nos tres mundos: o físico, o emocional e o mental concreto.
O Eu Superior ou Anjo Solar corresponde ao Plano Causal e o Espírito ou Mônada, ao mundo espiritual.
A inter-relação desses elementos com os principais Raios de Poder que atuam no nosso Universo e com o próprio Logos Criador é a seguinte:
Espírito
1o. Raio
Relação com o Grande Sol Espiritual
Anjo Solar
2o. Raio
Relação com o Coração Místico do Sol
Personalidade
3o. Raio
Relação com as emanações do Sol físico
Essa é uma relação muito simples e limitada dentro do campo infinito das que podem ser estabelecidas através do Mistério dos Raios, mas nos bastará para a compreensão das idéiasimplicadas neste texto com a finalidade de esclarecer a missão específica do Anjo Solar e a forma mais exequível ao nosso alcance para estabelecer contato com Ele.
Um dos motivos essenciais que originou a atuação do Anjo Solar na Alma humana foi o espírito de compaixão que surgia como uma emanação natural do profundo âmago do Coração do Sol ou Centro de Amor do Deus do Universo.
O sacrifício dos Anjos Solares, cuja essência é nirvânica e, portanto, está livre do karma, não pode ser medido com o entendimento inerente à nossa pequena mente humana.
Porém, a efusão de vida amorosa do Logos, "alegremente arrancando do Seu Coração aquelas pétalas de sacrifício que são os Anjos Solares" (frase do Livro dos Iniciados), pode nos dar uma pequena idéia das implicações profundas da relação tríplice a que estamos nos referindo, idéia essa que mais adinate será enriquecida com os elementos vivos da intuição.
A compaixão é uma virtude causal do Anjo Solar, desse Adepto da Lei que, por sê-lo, deve adquirir automaticamente para nós o valor espiritual dos Mestres ou Adeptos da Hierarquia Planetária denominados "Mestres de Compaixão e Sabedoria".
Se aplicarmos a analogia, poderemos concluir que os Anjos Solares participam conscientemente das tarefas hierárquicas e contribuem com Suas funções para a evolução do Plano do Logos Planetário.
Portanto, são membros conscientes da Hierarquia e nenhum ser humano poderá colocar-se em contato com a Hierarquia Planetária nem com qualquer de seus Mestres sem que antes tenha existido uma série de contatos conscientes com o seu próprio Anjo Solar, com aquele bendito Ser com Quem vem ligado através dos tempos.
Um dos grandes empenhos da Hierarquia neste início da Era de Aquário, cuja atividade já está presente no coração de muitos homens e mulheres de boa vontade, é o de fazer com que a Humanidade seja consciente dos vínculos sagrados que a unem com o Anjo Solar de sua vida, pois assim haverá a possibilidade da redenção pela qual o Logos Planetário, mediante o Coração de Cristo, tem almejado através dos tempos.
Todos os acontecimentos planetários, a atividade da Hierarquia e o próprio propósito de Sanat Kumara trabalham simultaneamente para que esse trabalho de redenção planetária seja possível.
O principal elo de ligação é sempre o Anjo Solar, chamado nos termos esotéricos do Ashram "O Grande Intermediário Cósmico".
É Ele que deve "unir a Terra e o Céu" com as leis infinitas do Amor universal. Essa tarefa, iniciada há milhões de anos, começa a culminar nos corações de muitos seres humanso. De agora em diante, à medida que a pressão de Aquário se acentua sobre a aura da Terra, o que vai acontecer será uma obra mágica de proporções gigantescas para compreender, e nossa mente deverá aumentar consideravelmente o seu ritmo vibratório.
Texto de Vicente Beltrán Anglada
Fonte:
Livro A Hierarquia, os Anjos Solares e a Humanidade
Fonte da Imagem:
Joop Zand
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Evangelho de Lucas (Antroposofia)
No princípio do evangelho de Lucas é narrada uma cena que nos permite ver as secretas ligações existentes entre a alma humana e o mundo divino. O já idoso sacerdote Zacarias encontra-se no templo de Jerusalém oferecendo o sacrifício do incenso, enquanto lá fora no pátio o povo ora devotamente em silêncio. Então, nas volutas da fumaça, aparece a Zacarias a figura de luz de um anjo e lhe anuncia o nascimento de um filho. É o arcanjo Gabriel indicando a eminente encarnação de João Batista.
Essa narrativa singela desvenda um profundo mistério da vida religiosa da humanidade pré-cristã. Os atos cúlticos daquele tempo não eram cerimônias vazias, eram acontecimentos através dos quais os homens entravam em contato com poderes superiores. O ouvir de suas preces era vivenciado por eles como uma revelação do mundo divino. O altar era o lugar onde se recebia a iluminação celeste.
Ao homem da atualidade que, como protestante, rejeita o culto como cerimônia exterior, ou que católico, não mais entende seu significado, tais pensamentos terão que ser estranhos. Mas quem quer entender o Evangelho precisa familiarizar-se com a idéia de que, no passado, religião era um real intercâmbio das almas com Deus. Nos atos cúlticos sempre havia momentos em que a cortina diante do mundo espiritual se abria e o homem em que a cortina diante do mundo espiritual se abria e o homem em oração podia ver os reinos dos céus. Justamente quando sua alma em íntimo anseio seguia as nuvens ascendentes do incenso, muitas vezes vinha-lhe ao encontro a revelação do mundo dos anjos. Em virtude de tais experiências suprassensíveis, o homem sabia que os anjos existem. Especialmente uma das esferas do mundo espiritual podia revelar-se ao homem da época pré-cristã durante o culto: o reino das almas não-nascidas. O pintor Rafael trouxe isso novamente á consciência da humanidade por meio da sua conhecida Madona Sixtina. Por entre nuvens azuis, inúmeras cabeças de crianças olham para a terra, á espera do momento de descer a ela para nascer. O menino Jesus repousando no regaço de sua mãe é tão somente uma delas, já a caminho da encarnação.
A linguagem dessa imagem é hoje tão pouco entendida, porque os homens crêem no dogma segundo o qual Deus cria as almas a partir do nada no momento da concepção. Esse modo de ver, representado tanto pela igreja católica quanto pelas confissões reformistas, absolutamente não é de origem cristã. Nós o encontramos já no filósofo grego, Aristóteles. No entanto, ainda seu mestre, Platão, defendia a opinião da pré-existência da alma, isto é, ele ensinava que antes de nascer no corpo a alma permanece como um ser espiritual nos mundos divinos. A representação de que o homem é imortal depois da fé física só tem sentido se a alma em si mesma for eterna. Mas então ela é eterna não só depois da morte como também antes do nascimento. Nascimento e morte, princípio e fim da vida eterna, por esse modo de ver são apenas etapas no caminho da alma humana eterna em seu desenvolvimento sem limite de tempo. Antes do nascimento, ela permanece nas alturas do mundo espiritual, desce á terra com a concepção, aqui faz as suas experiências felizes e dolorosas e, após a morte, novamente as leva para os reinos a que pertence de eternidade em eternidade. Esta era a opinião óbvia e natural do homem pré-cristão a respeito do ser da alma. Só Aristóteles desligou-se dessa opinião no século IV A.C. e ensinou que a alma tem um princípio mas não tem um fim. Daí, esse ensinamento passou para a igreja cristã, mas nem por isso se tornou mais verdadeiro.
O modo de ver popular, segundo o qual cegonha retira as crianças de uma lagoa onde dormem em cálices de flores, decididamente se aproxima mais da verdade do que o dogma da criação da alma a partir do nada. Pois o povo pelo menos ainda tem a intuição de que as almas não-nascidas repousam no mar do espírito e são trazidas á terra por um gênio, um ser alado.
O evangelho de Lucas logo na primeira página nos mostra que ainda sabe da existência do reino dos não-nascidos. Descreve-nos Gabriel como senso o arcanjo que prepara o caminho do nascimento das almas. Os homens de outrora conheciam esses mistérios, devido á experiências que faziam com o culto, o que o exemplo de Zacarias mostra claramente. Em momentos de graça, o culto os elevava á esfera de inocência das almas não-nascidas. Dessa fonte da juventude, hauriam a força para conduzir sua vida de acordo com o espiritual. Toda religiosidade pré-cristã indicava o caminho para trás, para o paraíso da vida pré-natal.
Diante da imagem do sacerdote pré-cristão, que nas nuvens do incenso via o anjo, o guia das almas não-nascidas, coloquemos, então, o sacerdote cristão que, junto ao altar, com a fumaça do incenso envia sua oração para as alturas divinas. Suas palavras dizem que “nosso primordial no Espírito” queira, abençoando, preencher a fumaça, por estar Cristo vivendo em nosso orar... Assim acontece no Ato de Consagração do Homem. Aqui comunidade cristã pede que sua oração seja ouvida pelo tornar-se manifesta a entidade primordial do homem. Como resposta a essa prece, deve desvendar-se ao orante seu verdadeiro Eu, o Eu superior, cujas raízes estão no espírito. O sacerdote cristão e sua comunidade não estão mais sob a sombra da nuvem dos não-nascidos na mesma medida como dantes. Sobre as nuvens de fumaça deve descer até aos que estão reunidos para o culto o próprio ser de luz do espírito humano eterno. Os presentes pedem que seu próprio ser imortal lhes dê a graça da sua presença.
Na missa católica as palavras correspondentes a esse ponto são: Per intercessionem beati Michaelis archangeli, stanti a dextris altaris incensi, et omnium electorum suorum, incensum istud, dignetur Dominus benedicere ET in odorem suavitates accipere. ( Pela intercessão do santo arcanjo Micael, que está a direita do altar do incenso, e de todos os Teus eleitos, queiras Tu, oh Senhor, abençoar este sacrifício e aceitá-lo em suave odor).
No lugar do arcanjo Gabriel, que ao ofertante do Antigo Testamento se revela como espírito-guia dos não-nascidos, no culto cristão está o arcanjo Micael, o qual luta com o Adversário pela imortalidade da alma humana. A epístola de Judas, do Novo Testamento, diz expressamente, que Micael lutou com Satanás pelo cadáver de Moisés. Assim como Gabriel cuida da entidade humana eterna antes do nascimento, assim Micael vigia pela imortalidade do homem após a morte. Os mencionados trechos mostram claramente que a alma humana está no caminho desde Gabriel para Micael.
O homem pré-cristão buscava a eternidade antes do nascimento, o homem cristão busca-a principalmente após a morte. Como Gabriel em nome de Jeová dava ao homem em oração suas inspirações, hoje Micael, a “face de Cristo”, indica ao homem como pode conquistar a eternidade de sua alma neste mundo mudado. Gabriel anunciava o nascimento de um filho corpóreo, Micael indica os caminhos para um novo nascimento das almas, para que ela possa em seu seio conceber o Filho divino.
Outrora o culto era – como o evangelho de Lucas acentua com ênfase – uma real comunicação do homem com as entidades celestes que dirigem a humanidade. A seriedade inerente ao culto, ao longo do desenvolvimento cristão, os homens deixaram de sentir já há muitos séculos. Na Comunidade de Cristãos a vida cúltica foi renovada, porque reconhece que atualmente temos urgente necessidade de novamente nos comunicar com os poderes divinos. É preciso que os anjos possam outra vez nos guiar, se não quisermos decair para o degrau do homem animalesco.
O altar do Ato de Consagração do Homem foi erigido, para que no nosso meio exista um lugar sagrado onde o homem e Deus possam novamente encontrar-se. O arcanjo Micael, aquele que ajuda o homem na luta contra o espírito do animal que vem do abismo, é o guardião e o inspirador desse sacrifício de consagração. Às almas humanas que ousam novamente bater á porta da eternidade, o ser solar de Micael abençoa com as dádivas das metas divinas, da coragem celestial e da força supra-terrena.
Tradução Liselotte Sobotta
Extraído do livro Micael
Comunidade de Cristãos
Movimento de Renovação Religiosa
Movimento de Renovação Religiosa
sábado, 29 de setembro de 2012
Dia de Arcanjo Miguel / 29 de Setembro / Oração de Micael para a Era de Micael / Micaelis Arcanjus / São Miguel Arcanjo / Antroposofia / Rudolf Steiner
do que o futuro possa trazer ao homem.
Temos que adquirir serenidade
em todos os sentimentos e pensamentos
a respeito do futuro.
Temos que olhar para a frente
com absoluta equanimidade
para com tudo o que possa vir.
Temos que pensar somente que tudo o que vier,
nos será dado
por uma direção mundial plena de sabedoria.
Isto é parte do que temos que aprender nesta era:
Viver com pura confiança
sem qualquer segurança na existência.
Confiança
na ajuda
sempre presente
do mundo espiritual.
Em verdade,
nada terá valor se a coragem nos faltar.
Disciplinemos nossa vontade
e busquemos o despertar interior,
todas as manhãs e todas as noites".
Rudolf Steiner
Lenda da Bulgaria: Micael / Michael / Arcanjo Miguel e o Mal
Preso de inveja ele decidiu igualar-se a Deus.
Em seu orgulho pensou: “Meu trono estará nas nuvens do céu e serei venerado como Deus”.
O Senhor, adivinhando seus pensamentos, enviou o Arcanjo Michael para que o afastasse dos Céus. Mas Satanás o atacou chamuscando-o com seu fogo. Disse Michael para Deus: “Fiz como ordenaste, mas Satanás me queimou com fogo”. Então aumentou Deus o poder de Michael, e seu nome, que antes era Micha, desde esse momento se tornou Michael.
Satanael passou a se chamar Satanás. E ordenou Deus que Michael com o cetro divino tocasse Satanás no ombro e o atirasse fora dos Céus e com todo o seu séquito do mal. Porém, Michael ainda assim não conseguiu acercar-se do trono de Satanás, por causa do fogo que emanava dele. Então, criando coragem bateu com toda força no ombro de Satanás com o cetro de Deus e o afastou dos Céus, juntamente com seu séquito do mal.
Os adeptos de Satanás voaram durante três noites e três dias pelos ares como gotas de chuva. E no terceiro dia reuniram-se os anjos dos Céus, e Deus nomeou Míchael como chefe dos exércitos celestiais.
E os portais do Céu foram fechados, mas os anjos caídos foram deixados de fora. Muitos ficaram presos nas rochas ou caíram nos abismos, outros ficaram no ar e ainda outros chegaram a Terra para aliciar os homens, cada um à sua maneira, e até hoje estão aí.
Lenda da Bulgaria
Micael / Micha'el / Mîkha'el / Miguel Arcanjo / Arcanjo Miguel
Micael (em hebraico: Micha'el ou Mîkha'el)
A tradição cristã do povo hebreu,
venera,
desde longa data,
a seres divinos,
enviados por Deus,
denominados anjos ou arcanjos.
Entre eles Miguel ou Micael, cujo nome significa: Quem é como Deus? – na Comunidade de Cristãos preferimos esta última denominação, foneticamente mais próxima à forma original - nos é apresentado como o condutor das milícias celestes, empreendedor da luta contra as forças do mal (Ap 12, 1 - 12).
São poucas as passagens do Velho Testamento que diretamente o identificam pelo nome.
A tradição hebraica porém vê a Micael em muitos outros lugares onde os textos sagrados apenas mencionam a manifestação de um "Anjo do Senhor".
Um exemplo encontramos no Gênesis 32, 25ss: O patriarca Jacó, ao regressar a sua terra natal, para recebê-la em herança pela primogenitura conquistada a seu irmão Esaú, enfrenta-se com um "homem" que lhe impede a passagem. Na luta Jacó percebe que se trata de um ser divino e não o solta até que ele (Micael) lhe concede a benção. Dádiva de dupla consequência : Jacó passa a se chamar Israel (e torna-se assim o fundador das doze tribos do povo judeu), mas ao mesmo tempo recebe um golpe no quadril que o deixa coxo. Ambos - nome e mutilação - marcam profundamente não só o destino do patriarca, como também de todo o povo: os filhos de Jacó passam a se chamar israelitas e desde então não comem o músculo da articulação da coxa de nenhum animal que abatem (Gn 32,33).
A história de Jacó pode ser entendida como uma imagem, como uma parábola sobre a maneira como Micael intervém no destino humano. A vida nos coloca frente a situações em que devemos vencer obstáculos, superar dificuldades. Invocamos a ajuda divina. Nem sempre, porém, estamos conscientes das possíveis consequências.
Certas decisões ou posicionamentos na vida exigem mudanças profundas. É necessário assumir um compromisso com as forças do alto que querem nos ajudar. "Israel" significa "aquele que luta com Deus", no sentido de lutar ao lado de Deus. O mundo espiritual quer ajudar ao homem nas "batalhas" que venha enfrentar, mas é o homem quem deve lutar.
Através de uma compreensão moderna do Cristianismo sentimos que não é ajuda quando alguém ou alguma força "resolve" nossos problemas e nós passivamente apenas observamos o acontecer dos fatos.
Verdadeira ajuda é quando nós mesmo aprendemos a vencer dificuldades, sentindo em nosso interior a coragem para lutar.
Micael quer ser o companheiro de batalha do ser humano, ajudando-nos a não esmorecer, a permanecer na peleja até o final. Ao mesmo tempo sabemos bem, que ao empreendermos algo, ao tomar decisões, ao assumir responsabilidades o destino nos impõe seus desafios.
Os caminhos a trilhar não são fáceis. Adversidades ou desânimos podem nos fazer claudicar. Golpes e cicatrizes não são sinônimos de erros, ao contrário, muitas vezes são a confirmação do nosso próprio esforço. As marcas no corpo do guerreiro são a prova da luta.
Verdadeira ajuda é quando nós mesmo aprendemos a vencer dificuldades, sentindo em nosso interior a coragem para lutar.
Micael quer ser o companheiro de batalha do ser humano, ajudando-nos a não esmorecer, a permanecer na peleja até o final. Ao mesmo tempo sabemos bem, que ao empreendermos algo, ao tomar decisões, ao assumir responsabilidades o destino nos impõe seus desafios.
Os caminhos a trilhar não são fáceis. Adversidades ou desânimos podem nos fazer claudicar. Golpes e cicatrizes não são sinônimos de erros, ao contrário, muitas vezes são a confirmação do nosso próprio esforço. As marcas no corpo do guerreiro são a prova da luta.
Jacó, ao medir forças com Micael, torna-se um exemplo para o homem moderno: conquista o patriarcado de um povo com grande missão, mas a cada passo é lembrado do significado dessa conquista.
Por Pastor Renato Gomes / Botucatu (SP) Brasil
Por Pastor Renato Gomes / Botucatu (SP) Brasil
Dia de São Miguel Arcanjo / Arcanjo Miguel por Rudolf Steiner (Antroposofia)
Imaginação do Arcanjo Micael
Oh luminosas potências espirituais
Agraciadas pelo cosmos, nascidas das potências solares,
Sois predestinadas pelo pensar dos deuses
A ser a veste resplandecente de Micael.
.
Ele, o enviado de Cristo, indica em vós,
A sacra vontade cósmica, que sustém os homens;
Vós, claros entes do cosmos etéreo,
Levais o verbo de Cristo aos homens.
.
Assim surge o arauto de Cristo,
Às almas ansiosas e sedentas;
Iluminadas sejam elas pelo vosso verbo fulgurante,
Na era cósmica do homem espiritual.
.
Vós, discípulos do conhecimento espiritual,
Aceitai o sábio aceno de Micael,
Aceitai o verbo de amor da vontade cósmica
Atuantes nas altas metas das almas.
Rudolf Steiner
Poderosa Oração de Arcanjo Miguel
A Oração da Espada de Chama Azul do Arcanjo Miguel ajuda a eliminar toda e qualquer energia não qualificada que se manifesta em nossas vidas e nos impede de viver plenamente e feliz.
Para potencializar os efeitos desta oração, é importante que primeiramente você peça mentalmente, e de forma clara, ao universo, o que deseja e qual a sua intenção com relação a esta oração.
Dentro desta intenção/desejo, a oração deve ser lida diariamente durante 21 dias ininterruptos (se esquecer 1 dia, deve começar tudo de novo). E, para cada nova intenção/desejo, 21 dias de oração.
O Poder da Espada de Excalibur
Saudações à Espada de Excalibur!
Você é o poder da força em épocas do Armagedon.
Você é o poder que corta e elimina as forças sinistras.
Você é o poder fulminante que corta a ligação de todo o mal,
a defesa inabalável em batalhas da ordem Angélica.
Você é a força e o poder divino.
O Guerreiro da Luz deve usá-la em nome do ARCANJO MIGUEL, deve erguê-la à Luz de Toda-Poderosa presença da Chama Azul e selar seu nome em Cristo.
Vem em nome das Hierarquias Angélicas e das Legiões do fogo azul de Miguel, vem em nome da toda poderosa presença do Eu Sou Em Mim.
Apelo a vós, Hostes Celestiais de Luz!
Vinde, vinde, vinde.
Envie, em nome da proteção divina, a poderosa e fulminante Espada de Excalibur, a espada de Chama Azul da presença do Arcanjo Miguel. Envie esta espada até a minha mão direita para que eu possa defender a luz. Que suas safiras, esmeraldas, rubis e diamantes transformem-se em tochas e raios de luz de Luz Cósmica, cortando e seccionando (3 vezes), toda a energia mal qualificada, toda imperfeição, toda frequencia que não for frequencia da luz. Tudo que não for a luz deve ser cortado e eliminado em nome do Arcanjo Miguel, o Arcanjo de Cristo.
Em nome das Hostes Celestiais, em nome da toda poderosa Espada de Chama Azul, eu peço às legiões do Fogo Azul de Miguel: proteja-me em um poderoso tubo de chamas de luz de um fogo azul consumidor de toda discórdia, que este fogo consumidor vá limpando e purificando tudo em torno de mim, e que todo ser que não for da luz, seja encaminhado ao plano espiritual no qual sua evolução é permitida. Que toda influência negativa seja banida para bem longe, onde lá seja transmutada em luz. Eu peço, pelo poder da Espada de Excalibur, que nada ouse penetrar neste campo de luz eletrônica, que nada ouse chegar neste turbilhão de Chamas Azuis.
Que pousem cruzes de Chamas Azuis sobre as portas e janelas, acima e abaixo, que todo o meu ser, assim como tudo a minha volta, seja selado na luz, no selo crístico do bem amado mestre Jesus Cristo, sob os comandos de Miguel e suas legiões de anjos azuis, sob a proteção do Raio Azul de El Morya e Elohim Hércules. Limpe, purifique, corte e seccione todo o resquício negativo que ainda houver, envie relâmpagos, raios, tornados e ciclones de chamas azuis. Parta do alto sua poderosa espada e coloque-a em minha mente, selando-me na força do Cristo, selando-me na consciência divina, selando-me em tua consciência cristica de luz.
Que a Espada de Excalibur resplandeça em fogo, em luz!
Corte e seccione poderosa Espada de Excalibur (3 vezes) e concede o poder da separação entre a discórdia e a luz. Em sua chama se consumirá toda a discórdia. Tudo o que não for a luz deve receber o fogo da sua verdade. Em nome da luz da Grande Presença das irmandades cósmicas, que a luz radiante volte a brilhar em todo o meu ser.
Que assim seja!
domingo, 3 de junho de 2012
Livro de Urântia / Síntese Parte 2 - 2
Os Primeiros Seres Humanos
Há 1 milhão e meio de anos surgiram de repente, no Oeste da Índia, os primeiros mamíferos proto-humanos, depois evoluídos para primatas. Em mais 500 mil anos, na mesma região, nasceram dentre os primatas “dois seres humanos primitivos, os verdadeiros antepassados da humanidade”. Seu grupo havia sido o primeiro a lançar pedras e usar o garrote em suas lutas. Eram dois gêmeos, ele Andon, ela Fonta, que desenvolveram uma linguagem de 50 sinais e palavras que os outros de sua tribo não conseguiam aprender. Graças a eles Urântia foi, há exatamente 993.477 anos, registrada como mundo habitado por humanos no tempo-espaço. Foi esse casal que inventou a técnica de produção do fogo, inicialmente queimando um ninho de pássaros seco com as fagulhas produzidas por dois blocos de sílex, após semanas de tentativas.
Esse domínio do fogo seria essencial para sua sobrevivência, juntamente com as roupas de pele de animais que aprenderam a fazer para se protegerem do frio. Vendo-se diferentes dos demais e já habitados por Monitores do Pensamento, aos 11 anos de idade decidiram partir em direção ao norte e ao frio, deixando seus parentes primitivos no aprazível clima da futura Índia. Dois anos depois lhes nasceu Sontad, o primeiro dos 19 filhos que teriam, os quais lhes deram quase 50 netos e 6 bisnetos antes de sua morte em um terremoto, aos 42 anos. As almas de Andon e Fonta seguiram o caminho dos Mundos de Aperfeiçoamento Inicial, até a cidadania em Jerusém, fusionados com seus Monitores Divinos. "Estão agora servindo com as personalidades moronciais que recebem no primeiro Mundo as almas ascendentes de Urântia".
Os andonitas tinham olhos negros e pele morena, como os esquimós de hoje, e um pouco mais de pelos no corpo do que o homem moderno. Adotaram para a chefia do clã os primogênitos varões dos descendentes diretos de Sontad. Quando faltou um descendente masculino na linha direta, dois rivais empreenderam uma luta bem humana pelo poder. Mais tarde houve novos conflitos entre os diversos clãs, que provocaram a perda de bons potenciais e chegaram a ameaçar de extinção a sua civilização primitiva.
Porém a dispersão ocorrida a partir da 20ª geração serviu de mecanismo atenuador dos instintos agressivos herdados dos animais. Antes que o gelo da 3ª glaciação avançasse sobre a França e a Inglaterra, os andonitas neandertais haviam estabelecido mais de 1000 assentamentos separados ao longo dos grandes rios que desembocavam no Mar do Norte, de temperatura amena nessa época. Viviam em grutas às margens dos rios ou em casas de pedra e eram quase que exclusivamente carnívoros. Usavam lanças e arpões, bem como elaborados artefatos de pedra. A dispersão foi reduzindo a qualidade cultural e espiritual dos clãs, até que 20 mil anos depois se afirmou a liderança de Onagar. Ele semeou a paz entre os diversos grupos, guiou-os à adoração de “Aquele que dá o alento aos homens e animais” e enviou os primeiros missionários com a sua mensagem religiosa. Onagar "instituiu um governo tribal eficaz, que não teve paralelo entre as sucessivas gerações durante muitos milênios", até a chegada do Príncipe Planetário, há 500 mil anos.
A Cidade Planetária (a verdadeira Atlântida)
Quando chegou a Urântia o Príncipe Planetário Caligástia, há cerca de 500 mil anos, havia no planeta quase 500 milhões de seres humanos primitivos e estavam surgindo as seis raças de cor que sempre aparecem nas esferas geológicas. As raças primárias são a vermelha, a amarela e a azul; e as secundárias são a alaranjada, a verde e a negra. Aqui a alaranjada e a verde se extinguiram, a amarela se concentrou na Ásia, a vermelha nas Américas e a negra na África. A azul, por sua vez, deu origem aos povos brancos de hoje, em parte combinada com o sangue adâmico e nodita. A raça amarela também recebeu pequena mas potente infusão da raça violeta.
A sede central do Príncipe, que inspirou o mito da Atlântida, estabeleceu-se na zona da futura Mesopotâmia, onde hoje se encontra o Iraque. Caligástia era um Filho Lanonandeque da ordem secundária, com grande experiência e dotado de mente original e brilhante. Ele veio acompanhado do também Lanonandeque Daligástia, de grande grupo de anjos e de muitos outros seres celestiais, para promover os interesses e o bem-estar das raças humanas. Com estes também vieram 100 seres materiais (50 homens e 50 mulheres), os "Cem de Caligástia", cidadãos ascendentes de Jerusém originários de 100 planetas diferentes de Satânia. Para estes foram construídos corpos de carne e osso, com o plasma vital de 100 humanos descendentes de Andon e Fonta. Os doadores do plasma receberam modificações em seu metabolismo, de forma a se tornarem imortais para sua longa missão civilizadora. Sua imortalidade (e a dos "Cem de Caligástia") era mantida pela ligação aos circuitos vitais do sistema e pelo consumo dos frutos e folhas da "Árvore da Vida", um arbusto trazido de Edêntia, capital da nossa Constelação de Norlatiadeque.
Algum tempo depois da chegada, os integrantes corpóreos do séqüito do Príncipe descobriram que podiam gerar seres intermediários entre os humanos e os anjos, com alta versatilidade e utilidade prática. Cada um dos 50 casais produziu 1000 de tais seres e em seguida perdeu a capacidade reprodutiva. Dessa forma surgiram os 50 mil Seres Intermediários Primários (os Secundários são descendentes de Adamson, o primogênito de Adão e Eva).
A Cidade Planetária era simples mas muito bela, cercada por uma muralha de 12 metros de altura e localizada mais ou menos ao centro da população da época. Chamou-se Dalamátia em homenagem a Daligástia, lugar-tenente de Caligástia. O templo do Pai Invisível, no centro, tinha três pavimentos; as sedes dos dez conselhos do Príncipe tinham dois andares. Todos os demais prédios eram térreos e igualmente construídos com os materiais mais disponíveis: tijolos e pouca madeira ou pedra. A cidade era belamente arborizada e decorada com obras de produção local. O clima de então era muito aprazível e abundantes as frutas e nozes nas quais se baseava a dieta dos "Cem de Caligástia", que não consumiam carne alguma.
A Organização dos "Cem de Caligástia"
Os cem integrantes do séqüito corpóreo do Príncipe (e seus cem associados humanos) se organizaram em dez conselhos autônomos, cada um com dez membros:
Conselho de alimentação e bem-estar material;
Junta de domesticação dos animais;
Assessores sobre o controle dos animais de rapina;
Corpo docente para a difusão do conhecimento;
Comissão de indústria e comércio;
Colégio da religião revelada;
Guardiães da saúde e da vida;
Conselho planetário das artes e ciências;
Governadores das relações tribais avançadas; e
Tribunal supremo de coordenação tribal e cooperação racial.
Esses conselhos ensinaram às tribos circunvizinhas a tecelagem, o tratamento das peles de animais, o cozimento da comida, a defumação e secagem das carnes, a pecuária e a domesticação dos animais, a escavação de poços, a produção de manteiga e queijo, a utilização da roda, o combate aos animais ferozes, a construção de moradias, o uso de um alfabeto de 25 letras na escrita, algumas manufaturas, rudimentos de religião, medidas preventivas de higiene, a química e a física elementares, a confecção da cerâmica e as artes decorativas, bem como a metalurgia.
O modo de atuação dos 100 graduados dos Mundos de Aperfeiçoamento Inicial da Alma era "atrair os melhores intelectos das tribos circundantes e, depois de tê-los preparado, enviá-los de volta ao seu povo respectivo como emissários da elevação social". Os jovens eram levados por volta dos 13 a 15 anos para viver na Cidade Planetária, em famílias de 10 "filhos", com cada um dos 50 casais instrutores. Aos 16 ou 17 anos voltavam eles aos seus povos, para o casamento e a atuação como emissários do Príncipe, aplicando os conhecimentos adquiridos. Buscava-se "o progresso mediante a evolução e não a revolução".
O código moral da Cidade, ou "Caminho do Pai", constava dos seguintes mandamentos:
Não temas nem sirvas a outro Deus que não seja o Pai de tudo;
Não desobedeças ao Filho do Pai, o governante mundial, nem faltes ao respeito com seus associados sobre-humanos;
Não mintas perante os juízes do povo;
Não mates homens, mulheres ou crianças;
Não roubes os bens nem o gado de teu próximo;
Não toques a esposa de teu amigo;
Não faltes ao respeito com teus pais nem com os anciãos da tribo.
A Cidade Planetária funcionou normalmente durante 300 mil anos, com população de cerca de 20 mil habitantes. Sua atuação civilizadora se estendeu por um raio de 160 quilômetros à sua volta, pouco a pouco elevando o homem primitivo de caçador a agricultor e pecuarista. Os descendentes primários de Andon e Fonta (os andonitas) e todas as seis raças de cor tiveram a oportunidade de beneficiar-se dos ensinamentos dos "Cem de Caligástia". Aprenderam o valor da família e da residência unifamiliar estável, com o importante conhecimento de que "o homem selvagem ama seus filhos, mas o homem civilizado ama também os seus netos". Há 200 mil anos, lamentavelmente, o Príncipe Planetário de Urântia se uniu à rebelião de Lúcifer e "a catástrofe de engano e sedição de Caligástia aniquilou quase todos os descobrimentos maravilhosos dos humanos daqueles dias".
A Rebelião de Lúcifer
No universo de Nébadon existem 10 mil sistemas planetários como o nosso de Satânia, programados para terem cerca de 1000 mundos habitados cada um. Em toda a história deste universo houve apenas três rebeliões de Soberanos de Sistemas; a de Lúcifer foi a última e a mais grave delas, envolvendo 37 planetas habitados. Filho Lanonandeque primário, Lúcifer era uma das cem personalidades mais hábeis e brilhantes dentre os 700 mil de sua ordem. Ele era o chefe executivo dos então 607 mundos habitados de Satânia, ao lado de seu assistente Satã, havendo governado normalmente por mais de 500 mil anos.
Há mais ou menos 200 mil anos Lúcifer divulgou, durante reunião anual em Jerusém, sua "Declaração de Liberdade", como ele mesmo a chamou, na qual, em essência, afirmava que o Pai Universal não existia (!), sendo apenas "um mito inventado pelos Filhos Paradisíacos, com o objetivo de reter o governo dos universos"; que aceitava Micael de Nébadon como seu Pai Criador, mas não como seu Deus e governante; e "que se gastava demasiado tempo e energia no esquema de capacitar" os mortais ascendentes.
Na mesma ocasião prometeu aos Príncipes Planetários que eles seriam os executivos supremos em cada um de seus mundos, ao mesmo tempo advogando que os poderes legislativo e judiciário ficassem sediados na capital de cada sistema planetário e não na capital da constelação e do universo, respectivamente. Começou então a organizar sua própria assembléia legislativa e seus tribunais, sob a supervisão de Satã. Todo o seu gabinete administrativo lhe prestou juramento de fidelidade. Micael de Nébadon decidiu não interferir e deixar que as personalidades locais tomassem sua decisão. Gabriel de Sálvington, que estava presente, anunciou que no devido tempo falaria em nome de seu pai. Declarou ainda que "o governo dos Filhos em nome do Pai só desejava lealdade e devoção voluntárias, sinceras e à prova de sofismas".
Transcorreram cerca de sete anos até que Lúcifer fosse destituído do poder, mas logo depois do início da rebelião a capital do sistema foi isolada dos circuitos de comunicação e de transporte que a ligavam à constelação e à sede do universo, bem como aos planetas integrantes de Satânia. As forças leais contavam com o auxílio emergencial das linhas de comunicação do vizinho sistema planetário de Rantúlia.
Enquanto durou a rebelião ativa Gabriel permaneceu no Mundo do Pai, em órbita de Jerusém, liderando as forças fiéis a Micael de Nébadon. As personalidades em dúvida sobre que posição adotar deslocavam-se entre o anfiteatro planetário onde Lúcifer permaneceu e o Mundo do Pai, ouvindo os argumentos de Gabriel. Mesmo assim, houve mais comprometidos com esta rebelião do que com as outras duas anteriores juntas. O pecado havia atingido até dois outros sistemas planetários vizinhos.
Porém ao cabo de sete anos o Lanonandeque Primário Lanaforge foi empossado como Soberano do Sistema e Lúcifer destituído de seu cargo de confiança, embora deixado em liberdade para circular por todo o sistema, juntamente com seus seguidores. Satã foi temporariamente autorizado a servir como interlocutor junto aos 37 Príncipes Planetários rebeldes. Assim esteve operando o sistema de Satânia, com os rebeldes livres embora fora do poder, durante pouco menos de 200 mil anos, enquanto os tribunais da capital do superuniverso deliberavam sobre as medidas a tomar. Antes do sétimo auto-outorgamento entre suas criaturas, o Cristo Micael ainda não detinha todo o poder de Filho Criador Maior sobre Nébadon, como detém desde o fim de sua encarnação em Urântia, e na ocasião preferiu não interferir.
Ainda durante a vida de Jesus entre nós Lúcifer foi aprisionado nos mundos de detenção em órbita de Jerusém, onde tem contato apenas com o carcereiro que lhe leva a alimentação, pois nenhuma personalidade quis visitá-lo. Cristo Micael lhe ofereceu sua misericórdia caso se arrependesse sinceramente, porém Lúcifer não aceitou. Todos os seus seguidores que aceitaram o perdão oferecido começaram sua reabilitação depois da ressurreição de Jesus. Satã também foi incondicionalmente encarcerado antes da publicação do Livro de Urântia. Os 37 Príncipes Planetários rebeldes foram substituídos por governantes provisórios. Embora não tenha sido preso, Caligástia foi substituído por Maquiventa Melquisedeque à frente do Governo de Urântia e aguarda as deliberações dos Tribunais do Superuniverso em Uversa.
A Secessão de Caligástia em Urântia
Enquanto Lúcifer ainda planejava sua rebelião, Satã esteve em Urântia e obteve a promessa de apoio de Caligástia para a ocasião em que eclodisse o movimento. Assim sendo, quando Lúcifer divulgou sua "Declaração de Liberdade", Caligástia imediatamente se alinhou entre seus seguidores e convocou reunião extraordinária dos dez conselhos da Cidade Planetária. Comunicou que estava para proclamar-se soberano absoluto do planeta e pediu que todos os grupos administrativos renunciassem a suas funções, para a organização do novo governo. O jurista e administrador Van, presidente do Conselho Supremo de Coordenação, pediu a todos os presentes que se abstivessem de qualquer decisão enquanto não se recebesse do Soberano do Sistema uma confirmação da proposta do Príncipe Planetário rebelde. Feita a consulta, a resposta de Lúcifer não tardou a chegar, exigindo absoluta e incondicional lealdade às ordens de Caligástia e confirmando sua designação como soberano supremo. Seu assistente Daligástia o proclamou "Deus de Urântia".
Mesmo diante dessa comunicação o fiel e nobre Van se recusou a obedecer, acusando Caligástia e Lúcifer de desacato à soberania do Universo. Após discurso de sete horas pediu aos Altíssimos da Constelação, uma instância acima, que explicassem aquela confusa situação. Nesse meio-tempo foram cortados todos os circuitos de comunicação e transporte para o nosso planeta, de modo que não foi recebida a comunicação de Edêntia, confirmando o são entendimento de Van. Começava a quarentena de Urântia, que dura até hoje.
Movido pela fidelidade e pelo bom-senso o corajoso Van liderou, durante os sete anos da "Guerra nos Céus", todas as personalidades leais a Micael de Nébadon, mesmo sem ter recebido instruções. Mas as perdas foram muito grandes: 80% dos seres intermediários primários (liderados por Belzebu) se somaram à rebelião, assim como o chefe dos serafins administradores, com quase metade dos seus comandados e grande número de querubins e sanobins. Também se aliaram aos rebeldes 60 dos "Cem de Caligástia". De seus associados humanos modificados, 56 permaneceram fiéis a Micael. Deles o mais destacado foi Amadon, o associado de Van, que se tornou o herói humano da rebelião em Urântia.
Os 60 ascendentes rebeldes logo descobriram que se haviam tornado mortais, ao serem desligados dos circuitos vitais do sistema e privados do consumo da "Árvore da Vida". Os serafins leais a Micael haviam levado a árvore para o acampamento de Van nas montanhas fora da Cidade Planetária. Nod, chefe dos 60 rebeldes ascendentes, determinou então que recorressem à reprodução sexual para fazer frente à sua mortalidade. A procura que fizeram aqueles seres superiores por humanos com quem se acasalarem deu origem às lendas antigas de que deuses desceram à Terra para se reproduzirem com humanos.
Passado algum tempo da execução do plano de Caligástia, de induzir o progresso pela revolução e não mais pela evolução, ocorreu o inevitável: as tribos semi-selvagens, animadas pelas novas liberdades concedidas prematuramente, atacaram e tomaram a própria Cidade Planetária, expulsando os noditas para o Norte da mesopotâmia, que ficaria conhecido como a Terra de Nod, para onde foi Caim tomar esposa, como está na Bíblia.
Após os 7 anos da Guerra nos Céus, o Príncipe Caligástia foi apeado do poder e substituído por uma comissão de 12 síndicos Melquisedeques de emergência. Van e seus associados imortais cuidaram de preservar os conhecimentos e as técnicas desenvolvidas na Cidade Planetária e levaram a cabo o trabalho de elevação cultural e biológica das tribos amigas. Os chefes noditas foram morrendo pouco a pouco. Porém durante mais de 150 mil anos os rebeldes não-humanos estiveram soltos em Urântia, se bem que isolados dos circuitos de comunicação e de transporte.
Como vimos, Lúcifer foi aprisionado ainda durante a vida de Jesus entre nós; Satã foi igualmente preso ao realizar-se a primeira audiência do processo Gabriel versus Lúcifer nos tribunais de Uversa, antes de 1934. Os seguidores de Caligástia em Urântia, ou aceitaram o perdão oferecido por Micael e estão seguindo um programa de reabilitação, ou seguiram para o mundo de prisão em órbita de Jerusém.
O Jardim do Éden
Todos os planetas geológicos de ascensão mortal contam com dois centros de governo: uma Cidade Planetária que civiliza os seres humanos evolutivos e mais tarde um Jardim do Éden, cujos moradores (seres materiais descendentes) continuam o processo civilizacional e procedem à elevação biológica das raças de cor ao se miscigenarem com elas. Se Urântia houvesse seguido os padrões normais ainda teríamos hoje um governo espiritual dirigido pelo Príncipe Planetário residente e um governo material conduzido por Adão e Eva. Porém os planos divinos foram descumpridos pela traição de Caligástia e pela falha de nossos Filhos Materiais.
Apesar da decadência cultural e da pobreza espiritual decorrentes da secessão, por mais de 150 mil anos a evolução orgânica dos seres humanos continuou até que, há cerca de 40 mil anos, atingiu seu apogeu "de um ponto de vista puramente biológico". Os Portadores de Vida e os síndicos Melquisedeques solicitaram o envio de um Filho e uma Filha materiais. Depois de visita de inspeção feita por Tabamântia, Supervisor Soberano dos mundos experimentais, foi autorizada a vinda de Adão e Eva, selecionados pelos examinadores Melquisedeques e também aprovados pelos Altíssimos da Constelação dentre todos de sua ordem que se apresentaram como voluntários.
Ao saber que se aproximava o momento da chegada do casal, Van começou a anunciar sua vinda e a preparar um jardim para sua morada, 83 anos antes de chegarem. Ele e Amadon recrutaram mais de 3 mil trabalhadores entusiastas, dentre os amadonitas (descendentes do séqüito corpóreo fiel), andonitas e mesmo alguns noditas descendentes do séqüito infiel. Apesar de desprovidos de poder, Caligástia e Daligástia tentaram impedir aqueles trabalhos, sem êxito porque Van e Amadon foram incansavelmente apoiados pelos 10 mil Seres Intermediários leais.
O local escolhido para a construção foi uma península então existente nas ribeiras orientais do Mediterrâneo. Levou dois anos a transferência da sede da cultura mundial (inclusive a "Árvore da Vida"), antes situada às margens do Lago Van, no território da Armênia atual. O primeiro trabalho da grande equipe foi erigir com tijolos a muralha protetora de 43 quilômetros de extensão, com 12 portões de acesso ao Jardim do Éden. Este nome, a propósito, provém do fato de que a área residencial dos Filhos Materiais sempre enfatiza, em cada planeta geológico, uma beleza botânica semelhante à dos magníficos jardins de Edêntia, capital da Constelação de Norlatiadeque. Dentro da muralha se praticava a horticultura e a agricultura. No continente ficavam as terras dedicadas ao pastoreio e à pecuária que proporcionavam a carne para os trabalhadores: "no Jardim jamais se mataram animais".
"No centro da península do Éden estava o belo templo de pedra do Pai universal, o santuário sagrado do Jardim". Ao norte ficavam os prédios administrativos e ao sul as casas dos trabalhadores e suas famílias. A oeste foram mais tarde construídas as escolas. No "Leste do Éden" foram edificados os domicílios do Filho Material e seus descendentes imediatos. "Os planos arquitetônicos reservavam casas e terras suficientes para um milhão de seres humanos". Em cerca de 80 anos de formidável trabalho, Van e Amadon já haviam completado 25% dos planos, com milhares de quilômetros de canais de irrigação e drenagem, quase 20 mil quilômetros de passagens e caminhos pavimentados, mais de 5 mil construções de tijolos nos diversos setores e um número incontável de árvores e plantas. "Jamais, antes nem depois, abrigou Urântia uma exibição tão bela e completa de horticultura e agricultura".
A "Árvore da Vida" que havia prolongado a vida de Van, Amadon e seus associados por mais de 150 mil anos foi plantada no centro do templo do Pai, pois Adão e Eva também necessitariam de seus frutos e folhas como auxílio para a imortalidade física. Originária da capital da Constelação, ela cresce também nas capitais dos universos locais e superuniversos, bem como nos Mundos Perfeitos de Havona, mas não existe nas capitais dos sistemas planetários. "Esta superplanta armazena certas energias espaciais que servem de antídoto contra os elementos que produzem o envelhecimento na existência animal". Para os seres humanos evolutivos e para os rebeldes desligados dos circuitos vitais do sistema seu efeito era nulo. Quando Adão e Eva deixaram o Jardim não lhes foi permitido levar mudas da árvore, pois estavam rebaixados à condição de humanos mortais.
O Jardim do Éden foi ocupado por noditas e outros grupos étnicos durante mais de 4 mil anos, até ser coberto pelas águas do Mediterrâneo, que avançaram progressivamente por centenas de anos, em processo exclusivamente natural.
Adão e Eva
Os Filhos Materiais chegaram a Urântia há cerca de 38 mil anos, por transporte seráfico. Pousaram suavemente e sem aviso ao lado do templo do Pai Universal, dentro do qual se desenvolveu durante dez dias o processo de re-materialização de seus corpos de natureza humana dual, programados para a imortalidade. Seu número de ordem era 14.311, da terceira série física de Jerusém e tinham 2,5 metros de altura com perfeitas proporções. Haviam sido professores na escola de cidadania de Jerusém e também lá, nos 15 mil anos anteriores haviam dirigido a divisão de aplicação da energia experimental para a modificação das formas de vida. Já tinham 100 descendentes ao deixar Jerusém, todos prestando serviços à Criação.
Quando despertaram no templo do Pai, receberam as boas-vindas de Van e Amadon, heróis que conheciam pelo renome, e de uma "imponente multidão reunida para recebê-los". O idioma do Jardim era o dialeto andônico falado por Amadon, que juntamente com Van havia criado um novo alfabeto de 24 letras. Adão e Eva falavam e escreviam perfeitamente esse dialeto, estudado ainda na capital do Sistema. Era grande o júbilo do Éden, após tantos anos de trabalho e expectativa por esse momento. Os pombos-correio de centenas de colônias fiéis foram soltos para levar a grande notícia, depois de criados por anos a fio para essa ocasião.
Ao meio-dia de seu primeiro dia após despertarem, Adão e Eva receberam, em cerimônia solene, a chefia do governo da Terra, antes a cargo de Van e dos síndicos Melquisedeques. Prestaram juramento de fidelidade a Micael de Nébadon e aos Altíssimos de Norlatiadeque. "Em seguida se escutou a proclamação dos Arcanjos e a voz de Gabriel decretou, por transmissão, o segundo julgamento de Urântia e a ressurreição dos sobreviventes adormecidos da segunda dispensação de graça e perdão no planeta 606 de Satânia".
Milhares de membros das tribos vizinhas em pouco tempo passaram a aceitar os ensinamentos de Van e Amadon e vieram ao Éden para dar boas-vindas ao casal e prestar homenagem ao Pai invisível. Depois de sete anos Van, Amadon e os síndicos Melquisedeques partiram para Jerusém e deixaram a condução dos assuntos planetários exclusivamente com o casal, durante mais de um século antes da falta. Nesse período lhes nasceram 32 filhas mais 31 filhos, cujos descendentes em três gerações perfizeram com eles o total de 1.649 moradores do Éden da pura raça violeta. Todos costumavam alimentar-se uma vez por dia, pouco depois do meio-dia, de frutas, nozes e cereais sem cozimento.
Os corpos do casal (e apenas os deles) irradiavam à noite uma luz trêmula que muito impressionava os nativos. Vestidos com uma capa feita dos têxteis confeccionados desde os tempos de Dalamátia (técnica preservada por Van e Amadon), restava apenas o brilho em volta de suas cabeças. Daí vem a explicação para a auréola que se costuma acrescentar em volta das cabeças de santos e anjos na tradição religiosa ocidental.
Seus filhos, netos, bisnetos e trinetos estudavam pelos métodos educacionais de Jerusém adaptados à realidade de Urântia. Recebiam instrução sobre:
A saúde e o cuidado do corpo;
As normas do trato social;
A relação dos direitos do indivíduo com os do grupo e as obrigações comunitárias;
A história e a cultura das diversas raças da Terra;
Os métodos para avançar e melhorar o comércio mundial;
A coordenação de deveres e emoções contrapostos; e
O cultivo dos jogos, do humor e alternativas competitivas à luta física.
As leis do Éden foram promulgadas de acordo com os códigos mais antigos de Dalamátia, inclusive os "sete mandamentos do regime moral supremo." Ao meio-dia se praticava uma adoração pública e a familiar, ao entardecer. Adão ensinou que "a oração efetiva tem de ser totalmente pessoal e tem de ser o desejo da alma." Porém os edenitas continuaram a usar as fórmulas herdadas da Cidade Planetária. Ele também tentou substituir os sacrifícios sangrentos por oferendas de frutos da terra, mas tampouco conseguiu muito progresso nesse campo.
Passado mais de um século, os Filhos Materiais sentiam-se isolados e desalentados pela dificuldade enorme de sua missão e pelo que lhes parecia pouco progresso em tanto tempo: "às vezes quase lhes faltava a fé". No plano mais importante de sua missão, a elevação biológica, defrontavam-se com um problema que lhes parecia insolúvel: as centenas e centenas de tribos que falavam igual número de dialetos não haviam procedido à eliminação dos anormais e degenerados das raças humanas, e não eram receptivos a essa prática saudável. Em condições normais, seu primeiro trabalho teria sido a coordenação e combinação das raças. Porém a realidade era que "jamais nenhum Adão do serviço planetário havia recebido um mundo mais difícil".
Para complicar a situação, o Príncipe Planetário rebelde continuava em Urântia, opondo-se aos seus propósitos de fidelidade no cumprimento de sua alta missão. Apesar de reiteradas visitas ao Jardim, Caligástia não conseguiu qualquer simpatia de Adão e Eva ou de seus descendentes para as idéias que lhes apresentava. Por esse motivo decidiu atacar indiretamente, aproveitando-se das boas intenção do dirigente nodita Serapatátia, líder da "mais poderosa e inteligente das tribos vizinhas". Este se aproximou de Eva e lhe conquistou a amizade e a confiança em visitas "cada vez mais íntimas e confidenciais". Ele também cativou Adão ao propor um programa de cooperação de sua grande tribo de noditas sírios, com vistas a obter o apoio das demais tribos próximas.
Durante mais de cinco anos esse líder honesto e sincero ponderou a Eva que o mundo se beneficiaria muito com o nascimento de um filho mestiço da raça violeta, para conduzir seu povo em estreita cooperação com o Jardim do Éden. Esse projeto foi se desenvolvendo em segredo, entre ele e Eva, até o momento em que Eva concordou em avistar-se com o belo e entusiasta Cano, líder religioso sincero dos noditas amistosos. Antes de se dar conta da gravidade do que fazia (a poligamia era corrente entre os noditas), Eva incorreu no erro fatídico de trair Adão e conceber Caim.
Percebendo que algo estava seriamente errado, Adão chamou Eva para uma área afastada do Éden e ouviu, sob a lua que brilhava, a história completa do grande erro dela. A "voz do Jardim" que lhes falou então, dizendo que haviam transgredido o pacto, desobedecido às instruções e faltado ao seu juramento, foi do Anjo Solônia, que escreveu quatro dos 196 documentos do "Livro de Urântia" e até hoje permanece em nosso planeta.
A lenda da árvore do bem e do mal, contida na Bíblia, vem do fato de que, cada vez que os Filhos Materiais comiam da "Árvore da Vida", o Arcanjo guardião da planta os advertia a não seguirem "as sugestões de Caligástia no sentido de combinarem o bem e o mal". A advertência exata era a seguinte: "No dia em que combinarem o bem e o mal, vocês sem dúvida se converterão em mortais do reino; seguramente morrerão".
As instruções recebidas pelo atribulado casal rezavam que deveriam gerar 500 mil descendentes antes de começarem o processo de miscigenação com as raças locais. Foi a impaciência de Eva e Serapatátia que provocou o desastre, apesar da sinceridade de ambos e de Cano. Nenhum deles tinha real consciência do que estavam a fazer. Adão "não abrigava senão compaixão e lástima por sua consorte desencaminhada". Ele amava Eva com afeto supra-mortal e desejava seguir o mesmo destino dela. Por esse motivo procurou, no dia seguinte, a talentosa nodita Laota, encarregada das escolas do Éden, e "cometeu o mesmo desatino que Eva", engravidando-a de Sansa.
Ao saberem do ocorrido com Eva, os habitantes do Jardim se enfureceram, atacaram de surpresa o povo nodita vizinho e não deixaram vivo um só homem, mulher ou criança. Cano foi morto nessa ocasião. Informado do massacre, Serapatátia suicidou-se. Adão, por sua vez, aturdido pelos terríveis acontecimentos, vagou sem rumo por um mês inteiro, correndo grave perigo, enquanto seus filhos procuravam reconfortar a mãe desesperada pelo massacre e pelo desaparecimento do marido.
Porém Adão recobrou a razão e voltou ao Éden para planejar o que poderiam salvar da missão tão subitamente fracassada. Sua degradação ficou patente em 70 dias, quando chegaram os síndicos Melquisedeques para assumir o controle dos assuntos mundiais. O quadro se agravou quando lhes veio a informação de que uma coalizão de noditas se preparava para atacar o Éden, em vingança pela tribo chacinada. Ao procurar aconselhar-se com os Melquisedeques, Adão soube que eles estavam proibidos de interferir em seus planos pessoais, embora pudessem cooperar de bom grado com o procedimento que ele escolhesse.
"Adão não era amante da guerra, por conseguinte optou por deixar o primeiro jardim aos noditas, sem oposição". Levou consigo 1200 seguidores leais, além de seus descendentes, com animais e mudas de plantas, à procura de um segundo jardim. Ao terceiro dia a caravana foi interceptada por transportes seráficos de Jerusém que tinham a missão de levar todos os seus descendentes menores de 20 anos, mais aqueles dentre os maiores que desejassem seguir para Edêntia, como pupilos dos Altíssimos. Apenas um terço destes decidiu ficar com os pais e enfrentar os difíceis e heróicos dias que estavam por vir.
"Ninguém poderia observar a dolorosa despedida desse Filho e Filha materiais de seus próprios filhos, sem se dar conta de que o caminho do transgressor é duro". Gabriel apareceu para pronunciar sua sentença: Adão e Eva haviam violado o pacto de seu cargo de confiança, mas não foram declarados culpados de rebelião. Caíram de seu estado superior para o de mortais humanos, devendo enfrentar todas as vicissitudes dessa nova condição. Estariam desligados dos circuitos vitais do sistema e proibidos de comerem da "Árvore da Vida". Apesar de tudo suas qualidades superiores os farão realizar, no segundo jardim, a heróica (se bem que desconhecida) missão compensatória que trouxe a humanidade para o patamar em que hoje se encontra.
O Segundo Jardim
A grande caravana deixou o Éden em direção ao leste, começando uma viagem de mais de um ano até a Mesopotâmia. Caim e Sansa nasceram durante a viagem: Eva teve um parto laborioso, mas sobreviveu; Laota, contudo, faleceu durante o nascimento de Sansa, que foi então criada como se fosse gêmea de Caim. Esta filha de Adão "chegou a ser mulher de grande capacidade. Casou-se com Sargan, chefe das raças azuis do norte e contribuiu para o progresso dos homens azuis daqueles tempos".
Quando souberam que se aproximava o sumo sacerdote do Jardim do Éden, as tribos que moravam entre o Tigre e o Eufrates fugiram para as montanhas ao leste. Desta forma se fez pacificamente a instalação dos novos moradores, que trataram de construir suas casas e organizar um novo centro mundial de cultura e religião. Adão e sua família tiveram de adotar métodos rudimentares de vida ao começarem o segundo jardim "com o suor de sua fronte".
"Menos de dois anos depois de Caim nasceu Abel, o primeiro filho de Adão e Eva que veio à luz no segundo jardim". Abel era pastor e oferecia aos sacerdotes animais de sua criação. Caim era agricultor e ofertava frutos da terra. As oferendas de Abel eram preferidas, o que provocou a inveja do irmão mais velho. Os dois brigavam sempre, e Abel insistia em lembrar que Caim não era filho de seu pai. Quando tinham 20 e 18 anos, respectivamente, Abel em certa ocasião provocou o irmão a ponto de enfurecê-lo e foi então morto por ele.
Caim havia sempre rejeitado a disciplina e desprezado a religião, porém depois de matar Abel se arrependeu e pediu a Eva uma orientação espiritual. Ao desejar honestamente a ajuda divina, ganhou um Ajustador do Pensamento. Aconselhado a deixar o jardim, dirigiu-se ao oeste, à terra de Nod, onde se casou com Remona, sua prima distante pela família do sacerdote Cano. Seu primogênito Enoque chegou a ser chefe dos noditas elamitas, que por centenas de anos mantiveram boas relações com os adamitas.
Adão viveu mais 415 anos e Eva 396, depois de enfrentarem "com graça e integridade" a nova situação. A prioridade para os dois, sabendo-se mortais, foi ensinar aos filhos e companheiros destes o que sabiam sobre administração, educação e religião. Em seguida aos primeiros anos mais duros, todos foram pouco a pouco esquecendo os dias de glória no Éden e cuidando com dedicação de seu dia-a-dia, cientes de que apesar de tudo era essencial o que faziam para as futuras gerações urantianas.
Como haviam levado consigo grandes rebanhos e alguns animais domesticados, mais centenas de sementes e bulbos de plantas e cereais, tinham boa vantagem sobre as tribos vizinhas. Criaram o terceiro alfabeto de Urântia e lançaram as bases do que viria a ser a arte, a ciência e a literatura modernas. "Mantiveram a escrita, a metalurgia, a cerâmica e a tecelagem, e produziram uma espécie de arquitetura que não foi superada durante milhares de anos".
Adão preocupou-se em deixar tanta descendência quanto possível, de acordo com o seu principal dever, a elevação biológica. Para esse fim criou uma comissão de 12 membros, chefiada por Eva, para selecionar mulheres das tribos vizinhas que gerassem filhos seus. Um total de 1570 delas tiveram filhos e filhas que sobreviveram até a maturidade. Esses pequenos foram todos criados nas tribos de suas mães e muito contribuíram para o aperfeiçoamento genético de seus povos, fazendo parte da poderosa raça andita.
Pouco após a chegada à Mesopotâmia os Filhos Materiais foram informados sobre sua nova situação espiritual. Ambos haviam recebido Monitores do Pensamento e ao morrer poderiam seguir a carreira ao Paraíso, como os humanos da Terra. Esse fato muito os encorajou na dura transição. Receberam mensagem pessoal de Micael de Nébadon, que entre expressões de amizade e consolo dizia: "Considerei as circunstâncias de vossa falta, e recordei-me de que o desejo de vossos corações sempre foi leal à vontade de meu Pai, e sereis chamados do abraço do sono mortal quando eu chegue a Urântia, caso os Filhos subordinados de meu reino não os chamem antes desse momento".
Embora tivesse dúvidas quanto ao seu entendimento, Adão passou a comentar com os seus mais próximos que Urântia poderia tornar-se o mais privilegiado mundo de Nébadon, ao ser escolhida por Micael para sua única encarnação humana em todo o universo local. Aos menos íntimos sempre transmitia sua certeza de que viria mais tarde um Filho Paradisíaco para acelerar o progresso do planeta, possivelmente um Filho Instrutor. Não soube ele, até morrer, que "o mal e o pecado em Urântia ofereceram ao Filho Criador um ambiente mais espetacular para revelar o amor, a misericórdia e a paciência sem par do Pai Paradisíaco".
Ao terceiro dia da morte de Adão foi emitido um mandado de ressurreição dos sobreviventes de sua missão. Foi assim feita uma dispensação de 1316 de seus associados no Jardim do Éden, que juntamente com ele e Eva foram re-personalizados nos Mundos de Aperfeiçoamento Inicial da Alma de Jerusém. O casal passou rapidamente pelos 7 mundos descritos anteriormente e novamente alcançou a cidadania da capital do Sistema, na nova condição de ascendentes. Passado algum tempo, foram designados para trabalhar com os 24 conselheiros do órgão de assessoria e controle de Urântia, onde permanecem.
Como Adão havia prudentemente instruído seus filhos sobre todos os assuntos do jardim, a transição administrativa se fez sem contratempos ao sobrevir-lhe a morte, por falência múltipla dos órgãos (Eva tinha falecido após problemas cardíacos, 19 anos antes). "Os governantes civis dos adamitas foram, por herança, os filhos do primeiro jardim". Adamson, após alguns anos na Mesopotâmia, partiu para fundar no que viria a ser o Turquestão um centro secundário da raça violeta. Casado com Ratta, a última descendente de pura cepa dos noditas, ele também daria origem aos quase 2000 Seres Intermediários Secundários. O segundo filho de Adão e Eva no Éden, Evason, que tinha sido o principal assistente de seu pai até falecer antes dele, foi o pai de Jansad, o primeiro chefe do segundo jardim após a morte de seu fundador.
O sacerdócio do segundo jardim começou com Set, o mais velho dos sobreviventes nascidos já na Mesopotâmia. Seu filho Enos fundou uma nova ordem de adoração, que se expandiu fortemente quando o seu neto Kenan "instituiu o serviço exterior de missionários para as tribos circunvizinhas próximas e distantes". O sacerdócio setita atuava de forma global nos assuntos da religião, da saúde, da educação e da inspeção sanitária. Seus ministros estenderam a evangelização até à Europa e ao interior da África, à China e ao Japão - de onde saiu um bravo grupo andita de pouco mais de cem pessoas que, viajando de ilha em ilha pelo Pacífico, deixou monumentos na Ilha de Páscoa e chegou ao Peru, onde se miscigenou com os nativos e deu origem às dinastias Incas.
A partir da morte de Adão, a população humana foi se desenvolvendo progressivamente, sobretudo liderada pelos povos anditas, que combinaram o sangue adamita (do povo violeta, de olhos azuis e cabelos loiros, ruivos ou castanhos) com o nodita (que compreendia os descendentes do séqüito corpóreo infiel do Príncipe Planetário) e o amadonita (do séqüito corpóreo fiel), mais os andonitas (descendentes de Andon e Fonta, inclusive as seis raças de cor). Essa evolução demográfica da Terra, que havia tido contribuições das raças Neandertal e Cro-Magnon, desaparecidas como as raças verde e alaranjada, é uma admirável saga magistralmente descrita no "Livro de Urântia". Em suas páginas estão todos os elementos para a adequada compreensão da identidade racial contemporânea. É verdade que nos falta bastante para o ideal dos planetas normais da Criação, que também se destinam à Era de Luz e Vida com uma só raça, uma só língua e uma só religião. Porém no Livro estão todas as verdades que nos faltam para nos entendermos melhor e vivermos em paz.
Os valores mais importantes que devemos procurar entender, por serem os que Deus mais valoriza, são a verdade, a beleza e a bondade: "A verdade é a base da ciência e da filosofia, e oferece o cimento intelectual para a religião. A beleza patrocina a arte, a música e os ritmos significativos de toda experiência humana. A bondade (amor) compreende o sentido da ética, da moralidade e da religião - o desejo de perfeição experiencial".
Brasília, 17 de Dezembro de 2003.
Por
João Frederico Abbott Galvão Jr.
Este trabalho utiliza citações do Livro de Urântia
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