- a que se assusta com a palavra ( ela fica confusa, atônica, perplexa)
- a que reflete sobre a palavra ( ela pondera, medita, pensa)
- a que pergunta ao anjo ( ela interpela o anjo)
- a que se submete á palavra do anjo ( ela se entrega á vontade de Deus)
Mostrando postagens com marcador Evangelho de Lucas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Evangelho de Lucas. Mostrar todas as postagens
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Atitude da alma de Maria (Antroposofia)
Na história da humanidade há uma figura, na qual a atitude e a mentalidade própria do Advento se nos defronta como que personificada: é Maria. Ela é o ser humano que pôde preparar o corpo para o Redentor que estava vindo. Para ele Maria estava de“boa esperança”, a espera advêntica para ela foi um fato corpóreo. Ela cuidou de germinar que devia vir á luz do mundo.
Mas Maria é também uma alma advêntica. Isto verifica com maravilhosa nitidez no evangelho de Lucas, o qual, aliás, é o evangelista de Maria. Aprofundar-se na questão da atitude da alma de Maria corresponde ao caráter da época de Advento.
Assim como Maria se tornou o envoltório protetor do menino Jesus, assim a época de advento quer ensinar ao homem a preparar sua alma para 'se+r' envoltório do Cristo.
Como deve ser minha alma para poder ter esperança de nela nascer o homem superior, o homem-espírito?
Como minha alma deve conduzir-se, como deve agir para que o“Filho do Homem” possa nela manifestar-se?
O que ela tem que fazer, como ela tem que ser para que o Filho de Deus possa nela revelar-se?
Olhar para a atitude da alma de Maria pode dar respostas a essas perguntas.
O evangelho de Lucas primeiro descreve a anunciação do nascimento de Jesus pelo anjo Gabriel.
Como o evangelho caracteriza a alma de Maria? O que ela faz? Como ela se conduz?
Dos dizeres do Evangelho (Cap.1, 29-38) depreendem-se os seguintes modos de conduta: Maria é:
A alma de Maria fica perplexa com a palavra do anjo. Ela se deixa tocar e abalar pela vivência supra-sensível, não permanece fria e fechada perante tal vivência. Ser inabalável nem sempre é uma virtude, pode indicar endurecimento e insensibilidade. Quem não se emociona com nada, não tem nem possibilidade de evoluir e nem futuro. Maria está aberta perante o mundo espiritual. Não traz couraça com torno da alma que a feche para o Espírito. Ela se expõe ás forças e aos seres supra-sensíveis, não lhe opõe resistência e reserva. Por isso o Espírito consegue penetrá-la, falar-lhe poderosamente. Inicialmente ela não estava á altura desse falar e nela prevalecia uma certa confusão, até mesmo medo.
Ela treme sob o bafejo do mundo divino. Ela é como um instrumento de cordas que sob a mão do tocador treme e vibra. Uma atitude contrária mostraria uma alma que diante da palavra do espírito permanece endurecida em si mesma, surda e não-receptiva. A alma de Maria pode ser abalada. Ela não permanece em preguiçosa apatia e insensibilidade. Depois que Maria, em certa camada de sua alma, superou o assustar-se, uma outra faculdade nela se faz valer: o pensar, a reflexão; ela (consigo) “refletiu, que saudação seria aquela”. Superando o sentimento de susto, passa a atuar a força do pensamento com a qual procura assimilar a vivência. Para além da alma que sente, entra em ação a alma pensante, a razão. A alma de Maria é também pensadora. Pensando, ela quer obter clareza sobre a vivência espiritual, pensando, ela quer dominar a confusão em que a colocou o encontro com o anjo. Ao fazê-lo, o anjo pode, então, revelar o nascimento do filho Jesus, que será chamado Filho do Altíssimo.
Em seguida, Maria ergue-se para uma ação arrojada. Ela ousa perguntar ao anjo: “Como pode ser isto, se não conheço homem algum?” (1,34). Podemos dizer que se tratou de uma audaciosa interpelação, pois foi necessária uma grande coragem e força interior, levantar-se para uma palavra própria diante do poderoso arcanjo. Maria consegue ter a força de alma de colocar uma questão de cognição no âmbito da vida supra-sensível. Ela não é das almas resignadas que acreditam em limites do conhecer, porém crê corajosamente que para a alma que pergunta possam fluir respostas do mundo dos espíritos, capazes de esclarecer e solucionar os enigmas da vida.
A alma de Maria crê no conhecimento. Perguntando audaciosamente, seu empenho cognitivo se dirige ao supra-sensível. Ela não pode permanecer parada com a simples anunciação do mundo espiritual, porém ousa perguntar como pode ser. Ela quer entender, quer saber, com humana força de consciência ela quer compreender como a palavra do anjo deve ser recebida e traduzir a relação do supra-sensível para o pensar humano. Ela não recebe a revelação com fé cega.
E o anjo atende e diz sim ao seu audacioso empenho por conhecer. Á sua pergunta ele responde: ”O Espírito Santo virá sobre ti...”. O Espírito Santo ilumina a sua alma que luta por consciência. Ele satisfaz seu anseio cognitivo, sua sede de saber.
Maria experimenta a verdade, que a satisfaz seu anseio cognitivo, sua sede de saber. Maria experimenta a verdade, que a satisfaz no fundo do seu íntimo: “Nenhuma palavra que vem de Deus será sem força” (1,37). Impulsos espirituais autênticos se impõem, alcançam sua meta. Segurar isto no íntimo denomina-se crer. Por isso, mais tarde Elisabeth exclama: ”E bem-aventurada é a que creu no cumprimento daquilo que lhe foi falado da parte do Senhor”, (1,45).Um impulso proveniente do Espírito encontrará conclusão, realização. Com esta verdade permeia-se totalmente a alma de Maria.
Assim que a vivência espiritual pôde, então, desembocar nas palavras de total submissão á vontade de Deus: “Maria porém disse: Vê, eu sou a serva do Senhor; aconteça a mim conforme a tua palavra”, (1,38). Não é uma submissão cega, pois sua alma obteve esclarecimento do mundo espiritual. Ela se une á vontade do Espírito, porque sabe. Profunda paz agora nela opera, mas essa paz, essa comunhão com a vontade divina foi antecedida por uma luta interior, por um drama íntimo.
Maria atravessou o susto, a reflexão, o perguntar, para finalmente unir-se nas profundezas íntimas com a vontade de Deus, expressa pela palavra do anjo. Ela se mostrou: abalável, pensativa, crente na cognição, submissa a Deus.
Com estas quatro faculdades a alma de Maria é, também, modelo para o homem de atualidade. São forças de Advento. Se as nutrirmos e cuidarmos, farão da nossa alma a morada d’Aquele que vem.
Willi Nuesch
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Evangelho de Lucas (Antroposofia)
No princípio do evangelho de Lucas é narrada uma cena que nos permite ver as secretas ligações existentes entre a alma humana e o mundo divino. O já idoso sacerdote Zacarias encontra-se no templo de Jerusalém oferecendo o sacrifício do incenso, enquanto lá fora no pátio o povo ora devotamente em silêncio. Então, nas volutas da fumaça, aparece a Zacarias a figura de luz de um anjo e lhe anuncia o nascimento de um filho. É o arcanjo Gabriel indicando a eminente encarnação de João Batista.
Essa narrativa singela desvenda um profundo mistério da vida religiosa da humanidade pré-cristã. Os atos cúlticos daquele tempo não eram cerimônias vazias, eram acontecimentos através dos quais os homens entravam em contato com poderes superiores. O ouvir de suas preces era vivenciado por eles como uma revelação do mundo divino. O altar era o lugar onde se recebia a iluminação celeste.
Ao homem da atualidade que, como protestante, rejeita o culto como cerimônia exterior, ou que católico, não mais entende seu significado, tais pensamentos terão que ser estranhos. Mas quem quer entender o Evangelho precisa familiarizar-se com a idéia de que, no passado, religião era um real intercâmbio das almas com Deus. Nos atos cúlticos sempre havia momentos em que a cortina diante do mundo espiritual se abria e o homem em que a cortina diante do mundo espiritual se abria e o homem em oração podia ver os reinos dos céus. Justamente quando sua alma em íntimo anseio seguia as nuvens ascendentes do incenso, muitas vezes vinha-lhe ao encontro a revelação do mundo dos anjos. Em virtude de tais experiências suprassensíveis, o homem sabia que os anjos existem. Especialmente uma das esferas do mundo espiritual podia revelar-se ao homem da época pré-cristã durante o culto: o reino das almas não-nascidas. O pintor Rafael trouxe isso novamente á consciência da humanidade por meio da sua conhecida Madona Sixtina. Por entre nuvens azuis, inúmeras cabeças de crianças olham para a terra, á espera do momento de descer a ela para nascer. O menino Jesus repousando no regaço de sua mãe é tão somente uma delas, já a caminho da encarnação.
A linguagem dessa imagem é hoje tão pouco entendida, porque os homens crêem no dogma segundo o qual Deus cria as almas a partir do nada no momento da concepção. Esse modo de ver, representado tanto pela igreja católica quanto pelas confissões reformistas, absolutamente não é de origem cristã. Nós o encontramos já no filósofo grego, Aristóteles. No entanto, ainda seu mestre, Platão, defendia a opinião da pré-existência da alma, isto é, ele ensinava que antes de nascer no corpo a alma permanece como um ser espiritual nos mundos divinos. A representação de que o homem é imortal depois da fé física só tem sentido se a alma em si mesma for eterna. Mas então ela é eterna não só depois da morte como também antes do nascimento. Nascimento e morte, princípio e fim da vida eterna, por esse modo de ver são apenas etapas no caminho da alma humana eterna em seu desenvolvimento sem limite de tempo. Antes do nascimento, ela permanece nas alturas do mundo espiritual, desce á terra com a concepção, aqui faz as suas experiências felizes e dolorosas e, após a morte, novamente as leva para os reinos a que pertence de eternidade em eternidade. Esta era a opinião óbvia e natural do homem pré-cristão a respeito do ser da alma. Só Aristóteles desligou-se dessa opinião no século IV A.C. e ensinou que a alma tem um princípio mas não tem um fim. Daí, esse ensinamento passou para a igreja cristã, mas nem por isso se tornou mais verdadeiro.
O modo de ver popular, segundo o qual cegonha retira as crianças de uma lagoa onde dormem em cálices de flores, decididamente se aproxima mais da verdade do que o dogma da criação da alma a partir do nada. Pois o povo pelo menos ainda tem a intuição de que as almas não-nascidas repousam no mar do espírito e são trazidas á terra por um gênio, um ser alado.
O evangelho de Lucas logo na primeira página nos mostra que ainda sabe da existência do reino dos não-nascidos. Descreve-nos Gabriel como senso o arcanjo que prepara o caminho do nascimento das almas. Os homens de outrora conheciam esses mistérios, devido á experiências que faziam com o culto, o que o exemplo de Zacarias mostra claramente. Em momentos de graça, o culto os elevava á esfera de inocência das almas não-nascidas. Dessa fonte da juventude, hauriam a força para conduzir sua vida de acordo com o espiritual. Toda religiosidade pré-cristã indicava o caminho para trás, para o paraíso da vida pré-natal.
Diante da imagem do sacerdote pré-cristão, que nas nuvens do incenso via o anjo, o guia das almas não-nascidas, coloquemos, então, o sacerdote cristão que, junto ao altar, com a fumaça do incenso envia sua oração para as alturas divinas. Suas palavras dizem que “nosso primordial no Espírito” queira, abençoando, preencher a fumaça, por estar Cristo vivendo em nosso orar... Assim acontece no Ato de Consagração do Homem. Aqui comunidade cristã pede que sua oração seja ouvida pelo tornar-se manifesta a entidade primordial do homem. Como resposta a essa prece, deve desvendar-se ao orante seu verdadeiro Eu, o Eu superior, cujas raízes estão no espírito. O sacerdote cristão e sua comunidade não estão mais sob a sombra da nuvem dos não-nascidos na mesma medida como dantes. Sobre as nuvens de fumaça deve descer até aos que estão reunidos para o culto o próprio ser de luz do espírito humano eterno. Os presentes pedem que seu próprio ser imortal lhes dê a graça da sua presença.
Na missa católica as palavras correspondentes a esse ponto são: Per intercessionem beati Michaelis archangeli, stanti a dextris altaris incensi, et omnium electorum suorum, incensum istud, dignetur Dominus benedicere ET in odorem suavitates accipere. ( Pela intercessão do santo arcanjo Micael, que está a direita do altar do incenso, e de todos os Teus eleitos, queiras Tu, oh Senhor, abençoar este sacrifício e aceitá-lo em suave odor).
No lugar do arcanjo Gabriel, que ao ofertante do Antigo Testamento se revela como espírito-guia dos não-nascidos, no culto cristão está o arcanjo Micael, o qual luta com o Adversário pela imortalidade da alma humana. A epístola de Judas, do Novo Testamento, diz expressamente, que Micael lutou com Satanás pelo cadáver de Moisés. Assim como Gabriel cuida da entidade humana eterna antes do nascimento, assim Micael vigia pela imortalidade do homem após a morte. Os mencionados trechos mostram claramente que a alma humana está no caminho desde Gabriel para Micael.
O homem pré-cristão buscava a eternidade antes do nascimento, o homem cristão busca-a principalmente após a morte. Como Gabriel em nome de Jeová dava ao homem em oração suas inspirações, hoje Micael, a “face de Cristo”, indica ao homem como pode conquistar a eternidade de sua alma neste mundo mudado. Gabriel anunciava o nascimento de um filho corpóreo, Micael indica os caminhos para um novo nascimento das almas, para que ela possa em seu seio conceber o Filho divino.
Outrora o culto era – como o evangelho de Lucas acentua com ênfase – uma real comunicação do homem com as entidades celestes que dirigem a humanidade. A seriedade inerente ao culto, ao longo do desenvolvimento cristão, os homens deixaram de sentir já há muitos séculos. Na Comunidade de Cristãos a vida cúltica foi renovada, porque reconhece que atualmente temos urgente necessidade de novamente nos comunicar com os poderes divinos. É preciso que os anjos possam outra vez nos guiar, se não quisermos decair para o degrau do homem animalesco.
O altar do Ato de Consagração do Homem foi erigido, para que no nosso meio exista um lugar sagrado onde o homem e Deus possam novamente encontrar-se. O arcanjo Micael, aquele que ajuda o homem na luta contra o espírito do animal que vem do abismo, é o guardião e o inspirador desse sacrifício de consagração. Às almas humanas que ousam novamente bater á porta da eternidade, o ser solar de Micael abençoa com as dádivas das metas divinas, da coragem celestial e da força supra-terrena.
Tradução Liselotte Sobotta
Extraído do livro Micael
Comunidade de Cristãos
Movimento de Renovação Religiosa
Movimento de Renovação Religiosa
domingo, 25 de dezembro de 2011
O Anúncio do Nascimento de Jesus Cristo
![]() |
A Adoração dos Reis, Carlo Dolci (1616-1686), National Gallery, Londres |
Evangelho segundo Mateus 1:18-25 - O Anúncio do Nascimento
1. O Anúncio do Nascimento, 1:18-25
18 Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo.
19 Mas José, seu esposo, sendo justo e não querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente.
20 Enquanto ponderava nestas cousas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo.
21 Ela dará a luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.
22 Ora, tudo isso aconteceu, para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta:
23 Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).
24 Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor, e recebeu sua mulher.
25 Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus.
Evangelho segundo Lucas 1:26-38 - O Anúncio do Nascimento do Filho do Homem
B. O Anúncio do Nascimento do Filho do Homem, 1:26-38
26 No sexto mês foi o anjo Gabriel enviado da parte de Deus, para uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré.
27 a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria.
28 E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo.
29 Ela, porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se muito e pôs-se a penar no que significaria esta saudação.
30 Mas o anjo lhe disse: Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus.
31 Eis que conceberás e darás à luz um filho a quem chamarás pelo nome de Jesus.
32 Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai;
33 ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim.
34 Então disse Maria ao anjo: Como será isto, pois não tenho relação com homem algum?
35 Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus.
36 E Isabel, tua parenta, igualmente concebeu um filho na sua velhice, sendo este já o sexto mês para aquela que diziam ser estéril.
37 Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas.
38 Então disse Maria: Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra. E o anjo se ausentou dela.
Assinar:
Postagens (Atom)