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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025
Geometria Sagrada Por Robert Edward Grant
"A geometria é o som que vemos
com os nossos olhos".
Robert Edward Grant
Draw Geometry
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sábado, 4 de janeiro de 2025
Bashar Por Darryl Anka
Princípios básicos de Bashar
Os Princípios Básicos de Bashar explicam
como navegar em nossa experiência humana,
abandonando o medo,
abraçando nosso verdadeiro eu,
seguindo nossas paixões e
reconhecendo a interconexão de todas as coisas
para que possamos criar uma vida plena
e cheia de propósito.
Você é uma consciência não física
que está experimentando a realidade física.
Você está aqui na Terra
neste momento
porque escolheu estar.
Você foi criado à imagem do Criador,
suas essências essenciais são amor incondicional
e a experiência do êxtase
é seu direito de nascença .
O maior propósito da sua vida é
ser você mesmo
da melhor forma possível e
viver cada momento
da forma mais plena possível.
Você sempre tem livre arbítrio
e liberdade para escolher.
Qualquer coisa
que você possa imaginar
que seja relevante
para o tema da sua vida
é possível que você experimente.
Você atrai suas experiências de vida
por meio da interação
de suas crenças, emoções e ações mais fortes.
A exaltação é
a tradução física da ressonância vibracional
que é seu verdadeiro ser natural e essencial.
Siga sua exaltação!
Você é naturalmente abundante
e suas escolhas
são sempre apoiadas pela criação.
Na verdade,
há apenas um momento na criação.
Tudo o que você experimenta
é o mesmo momento
de um ponto de vista diferente.
Você cria o passado e o futuro
a partir do aqui e agora.
Você é um ser eterno e,
embora possa mudar de forma,
sua consciência não pode deixar de existir.
Tudo o que você vivencia
é outro aspecto de si mesmo.
Você é amado
tão incondicionalmente pela Criação
que pode até escolher
acreditar que não é amado.
Fonte: https://www.bashar.org/
domingo, 1 de dezembro de 2024
Ritual ao Conselho Cármico / Senhores do Karma ( 4 vezes ao ano / solstícios e equinócios )
O Conselho Cármico é um grupo de Seres de Luz, também conhecidos como "Senhores do Karma", que se reúne periodicamente para avaliar a evolução das almas e ajudar a reduzir os fardos cármicos dos seres humanos.
Conselho Cármico
O que é
Grupo de Seres de Luz que zelam pelo equilíbrio cármico da humanidade
Quando se reúne
Quatro vezes por ano, nos solstícios e equinócios
O que acontece
As almas se encontram com os Seres de Luz para escolherem seus destinos para os próximos 3 meses consecutivos
Benefícios
Os Seres de Luz liberam a Luz da Misericórdia de Deus, que ajuda a reduzir os fardos cármicos
Oportunidades
Os Seres de Luz dão a oportunidade de pedir bênçãos e patrocínio para objetivos construtivos
Segundo a Astrologia
De acordo com a astrologia, um ciclo cármico é um padrão inconsciente que repetimos, gerando situações e desafios que precisam ser enfrentados para que possamos aprender e evoluir.
RITUAL AO CONSELHO CÁRMICO
O Grande Conselho Cármico é composto por Seres de Puro Amor que auxiliam-nos a equilibrar nossas pendências, missões, cortar ligações, planejar objetivos terrenos, encarnar, desencarnar, etc.
Em sua Compaixão e Iluminação, recebem nossos fardos, bloqueios, mágoas, "problemas" e os avaliam, dando-nos, sempre que possível, oportunidade para saná-los, estendendo-nos a mão e agindo de maneira JUSTA e IMPARCIAL para que possamos acelerar nossos processos de Ascensão e LIberdade, liberando bênçãos de perdão, liberdade, curas, prosperidade, etc.
O Conselho Cármico do final do ano pelo calendário gregoriano (em dezembro) é o mais forte, onde são tratados os assuntos planetários, com base nas decisões de todos os seres, transmutando aquilo que é permitido pelo nosso livre-arbítrio, além de ser um excelente momento para IMPULSIONAR SEUS OBJETIVOS, entregando-se ao seu Deus Interno, escolhendo servir somente à Luz e a cumprir suas missões de Amor no Planeta, invocando pela SAÚDE, RIQUEZA, ALEGRIA, PAZ EQUILÍBRIO DA NATUREZA, CONSCIÊNCIA ELEVADA, RESPEITO, AMOR-PRÓPRIO, AMOR PARA COM TODOS OS NOSSOS IRMÃOS / DA HUMANIDADE, etc.
O Grande Conselho Cármico Universal é composto pelos amados Seres:
MÃE KWAN YIN — Deusa da Misericórdia — Chama púrpura-rei
MESTRA NADA — Deusa do Amor, Paz, Cura — Chama Rubi-Dourado
MESTRA PÓRTIA — Deusa da Justiça e da Oportunidade — Chama violeta
MESTRA PALAS ATENA — Deusa da Verdade — Chama Verde
ELOHIM VISTA — Deus da Iniciação — Chama Verde
SAITHRÚ — Manú da 7A Raça Raiz — Chama Violeta
LORD SAITHRU - Ser que trará a 7ª raça-raíz do planeta
MESTRA LIBRA — Deusa do Equilíbrio — Chama rosa
MESTE SAINT GERMAIN — Dirigente da Nova Era — Chama Violeta
IRMÃOS INTERPLANETÁRIOS
SERES INTERDIMENSIONAIS
ARCANJO MIGUEL - Grande Arcanjo Protetor - Chama Azul
NOSSAS PRESENÇAS EU SOU
RITUAL
No dia 31 de dezembro, faça o seu ritual em casa em horário de quadrante, ou seja: 6h, 9h, 12h, 15h, 18h ou 21h.
Tenha em mãos três pedaços de papel de seda (papel para pipa, que também embrulha presentes; se possível, branco).
Em um deles, escreva à lápis o seu nome de batismo, a sua data de nascimento, e a frase: “PEÇO PELA PAZ E CURA UNIVERSAL”.
Em seguida, no mesmo pedaço de papel, escreva seus pedidos ao Conselho Cármico.
Feito isso, dobre o papel e faça uma oração de poder.
(Sugerimos o Pai Nosso, a Ave Maria ou A Grande Invocação)
A GRANDE INVOCAÇÃO:
"Do ponto de Luz na mente de Deus, que flua Luz às mentes dos homens, e que a Luz desça à Terra. Do ponto de Amor no coração de Deus, que flua amor ao coração dos homens, que Cristo retorne à Terra. Do centro onde a vontade de Deus é conhecida, que o propósito guie as pequenas vontades dos homens, propósito que os Mestres conhecem e servem. Do centro a que chamamos a raça dos homens, que se realize o plano de Amor e de Luz e feche a porta onde se encontra o mal. Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano Divino sobre a Terra hoje e por toda a eternidade. Amém."
Então, em seguida, queime os pedaços de papel na ordem a seguir, oferecendo-os às Salamandras (elementais do Fogo), que se encarregarão de levá-los ao seu destino junto aos Silfos (elementais do Ar) e manifestarão seus objetivos através da energia de Transformação do fogo.
A queima deve ser na seguinte ordem, independente de quantas pessoas fizerem juntas o ritual:
1º um papel de seda branco; — depois, o papel em que você escreveu e os dos demais participantes, um de cada vez; — por último, mais um papel em branco, selando a Pureza e Iluminação.
Deixe, se possível e seguro, a vela queimar até o final. Sugestão de cor da vela: branca, violeta, dourada, azul, lilás ou rosa.
O Grande Conselho Cármico Universal reúne-se quatro vezes ao ano:
* em 30 de março,
* 30 de junho,
* 30 de setembro e
* 31 de dezembro.
São nesses momentos que saldamos nossas “dívidas espirituais” e percebemos quanto e de que modo cumprimos o que viemos fazer em missão e aprendizado, pois, antes de encarnarmos, escolhemos a maioria dos acontecimentos diários que farão parte da nossa vida.
O Planeta Terra é uma escola, e às vezes demoramos a compreender e assimilar seu aprendizado.
Quando desencarnamos, um Anjo da Legião de Arcanjo Miguel, sob orientação de Astréa, nos conduz a um local de repouso. Dependendo da situação de cada alma, esse repouso, até algum tempo atrás, era em forma de sono profundo, que muitas vezes perdurava até 200 anos.
Com a rápida aceleração do processo de evolução de cada um, esse repouso tonou-se muito breve, apenas para o entendimento e o respectivo desligamento das esferas terrestres.
Num leve despertar por um Mensageiro de Miguel, somos encaminhados à presença do Conselho Cármico.
A grande maioria dos desencarnados permanece como se estivesse sonhando, pois é nesse momento que recebem visitas de entes queridos também desencarnados.
Após uma triagem, somos levados a um ambiente especial, para o total despertar e consciência da situação.
Há exceções para aqueles altamente espiritualizados, que já estão preparados para a Ascensão e não necessitam do repouso esclarecedor.
Dependendo também do estado de evolução, podemos comparecer à Tribuna individualmente ou em grupo.
Somos sempre acompanhados por nossos Mestres espirituais e nossos Guardiões, que defenderão as causas que cumprimos na Terra.
Tudo é exposto de forma imparcial, inclusive o que poderíamos, com as nossas aptidões, ter cumprido e não o fizemos.
Tudo é comparado para se obter o resultado das oportunidades e possibilidades recebidas e aproveitadas.
Nesse momento, participantes da Grande Fraternidade Branca Universal falam em prol de nossas atividades na Terra, porém, jamais seremos julgados ou castigados.
É a própria consciência que determina e discerne os acontecimentos.
Por isso, é muito importante nos lembrarmos de que os carmas negativos são pensamentos e atitudes de baixa frequência vibratória que temos em relação a nós mesmos e aos outros, que acabam por se condensar e que, muitas vezes, trouxemos de outras encarnações e, por outras vezes, criamos na encarnação que vivemos, acarretando até carmas futuros.
Com o único propósito e por graça divina, nos é dada outra encarnação e consequente oportunidade de aprendizado.
Portanto, a vida é um bem inestimável, e a responsabilidade dos carmas negativos é sempre nossa e nunca vinda de outros.
Os carmas positivos são bagagens de conhecimento e experiências bem-sucedidas em nossa missão individual, que chamamos de dons, habilidades e talentos naturais que trazemos também de outras vidas, mas também os criamos nesta toda vez que transmutarmos algum carma negativo em positivo, e os levaremos para futuras encarnações.
Carma positivo também é o resultado de toda ação executada em prol de nossas missões coletivas.
Já o Dharma é conquistado toda vez que efetuamos uma ação direta ou indireta que modifica e transmuta o carma negativo e coletivo da humanidade, ou seja toda ação que é executada por puro amor incondicional, sem o menor resquício de ego ou de vantagem para si mesmo.
Essas são as leis de Ação e Reação, de Causa e Efeito que regem as nossas encarnações e que devemos salientar quanto é importante uma encarnação, pois, para cada três almas, somente a uma é dada a oportunidade de encarnar e, nestes momentos de grande aceleração do processo evolucional de cada um, é uma dádiva divina estar presente em corpo físico na Terra quando todas almas querem participar diretamente deste grande e único momento no Planeta que, com todos os reinos, se prepara para ascensionar e dar início a Idade de Ouro de completa Paz e Harmonia.
Nessas ocasiões, enquanto dormimos, nosso corpo espiritual comparece diante da Tribuna e temos a chance de verificar o andamento de nossa missão, bem como de pleitear outras condições que possam favorecer nossa estada no Planeta.
Quando acordamos, não nos lembramos conscientemente dos acordos estabelecidos, porém, fica lançada em nossa vida mais uma oportunidade de precipitações de eventos que acelerarão ainda mais o nosso processo evolucional por caminhos mais leves e sutis de aprendizado.
sexta-feira, 2 de setembro de 2016
Imensa Onda de Mudanças Cósmicas
Há um poderoso Portal Cósmico abrindo-se entre Júpiter e a Terra, que tinha sido fechado há milênios. Parece algo como um 'wormhole' ( buraco de minhoca ) e traz, pela primeira vez em milhões de anos, o retorno de uma consciência cósmica de massa que está sendo incorporada em determinados Portais Estelares neste sistema solar.
Os mecanismos deste campo enorme de consciência é a dos primórdios, quando as primeiras galáxias foram formadas, as primeiras 12 Galáxias Mestres; e, então, quando as guerras dos céus começaram este Portal grandioso foi fechado e moveu-se para as novas galáxias formadas nos confins do Cosmos.
Ele afetará as pirâmides e as grades de pirâmides na superfície e aquelas sob o mar, e traz a aceleração da elevação de consciência no planeta.
Acionará bancos de memória imensos em nosso DNA e a memória molecular inerentes e irá ocasionar uma grande mudança na maneira como percebemos nosso mundo material; como um grande começo da desintegração do que cada um percebe sobre outras formas de vida, que têm vivido ao nosso lado, em diferentes estados dimensionais e também no interior da Terra, e que agora, pela primeira vez, são visíveis para aqueles que estão sintonizando os impulsos cósmicos emitidos por este Portal.
Este Portal está diretamente ligado à Constelação da Ursa, pois foi uma das primeiras galáxias a evoluir verdadeiramente à Super Consciência, provocando uma maior grande mudança no Cosmos e, em seguida, influenciou a vida em Sírius, Andrômeda, Plêiades, Arcturus, Orion e Via Láctea, bem como Pégasus, Touro e Leão.
O Portal vai começar a afetar-nos e a abrir as Redes de energia da Terra.
É uma Energia de alta frequência que não pode ser detectada ainda por medições humanas, uma vez que vibra em uma faixa que está fora da nossa órbita.
Ele vai trazer ativação das sinapses ocultas ( latentes ) dentro de nosso cérebro – aquelas partes que não temos utilizado há milhares de anos.
Ele trará uma abertura repentina de dons, habilidades e capacidades que nos permitirão fazer uma mudança total de consciência dentro de um período muito curto de tempo, assim como o planeta está agora pronto para a etapa de incrementar a consciência e está puxando-nos em uma banda de frequência muito maior.
Isso significa que equipamentos eletrônicos, de repente, começarão a avariar e comunicações por satélite serão afetadas.
Haverá aprimoramento em faixas de frequências mais baixas que, lenta e seguramente, começarão a desintegração e, portanto, não poderão funcionar mais na banda que costumavam funcionar.
Ele vai trazer um movimento de massas para os espaços de energia do coração que então desintegram velhos padrões, que são também padrões ancestrais, e mais os padrões de pensamento antigos que já não servem a este planeta; desse modo, este campo de energia está agora penetrando a matriz da energia existente e mudando todo o campo.
Como isso traz campos cósmicos enormes de novas energias, juntamente com as erupções solares cósmicas emitidas do Sol – que também são cada vez mais afetadas por esta abertura do Portal – afeta nossas vidas diárias no campo subconsciente quando iniciamos a compreensão cada vez maior que as velhas estruturas, as velhas mentiras, os velhos mecanismos de controle desabam e o novo começo forma o que é de tão alta frequência que o antigo não pode se mover para esses campos.
Enquanto nos movemos para a maior verdade e integridade da nossa própria Alma e seu sistema de orientação interior, vamos receber ajuda daqueles nas Dimensões Superiores para incorporar as alterações e, assim, avançar com este campo passando para os estados mais elevados de consciência.
É, portanto, imperativo que continuemos com a limpeza de tudo o que vem à tona em nossos bancos de memória, quer seja pessoal, familiar e purificação coletiva. Só sentirá imensamente desorientado se não estiver disposto a fazer a limpeza interior e deixar-se ir com o fluxo cósmico.
O que mais será afetado é a forma de pensar, de maneira que a ciência vai finalmente entender que todo o pensamento não incorporado à uma abordagem holística centrada no coração do Ser é apenas uma ilusão.
À medida que damos passos maiores nas faixas de frequências e consciência, caminhamos mais e mais para o papel de Co-criador.
No entanto, isso só pode acontecer quando começarmos a aderir às leis cósmicas e estivermos em harmonia com elas e, assim, aprender a fluir com as faixas de frequências cósmicas e nos tornar Um com elas.
Espere, então, por alterações escalares e para mais mudanças chegando.
Nada está estabelecido.
Tudo está em um tremendo fluxo e todos estão ocupados aparentando formar algo novo.
Segure-se a nada.
Segure-se a ninguém e nada.
Isso não significa que você não possa amar alguém – só não agrilhoe-se.
Aprenda a ir com o fluxo e não resista a ele.
Você somente sentirá dor intensa se resistir a esta Onda Cósmica, massiva de desintegração, de modo que a integração em grande escala cósmica possa ocorrer.
É tempo para a Nova Era se fazer sentir e nada mais, nestas bandas de frequência cósmicas mais elevadas.
Texto de Judith Kusel
Fonte: http://www. judithkusel. com/
Publicado Por: Jorge Augusto Gonçalves Bandeira
Imensa Onda de Mudanças Cósmicas está sobre nós Desde 28 de Agosto de 2016
domingo, 24 de julho de 2016
Olhos bem abertos para a Espiritualidade
10 Doenças espiritualmente transmissíveis: As seguintes 10 categorizações não se destinam a ser definitivas, mas são oferecidos como uma ferramenta para se tornar consciente de algumas das doenças mais comuns transmitidas espiritualmente.
1. A Espiritualidade Fast-Food: Misture a espiritualidade com uma cultura que celebra a velocidade, a multitarefa e gratificação instantânea e o resultado é provável que seja a espiritualidade fast-food. A espiritualidade fast-food é um produto da fantasia comum e compreensível que o alívio do sofrimento da nossa condição humana pode ser rápida e fácil. Uma coisa é certa, porém: a transformação espiritual não pode ser obtida em uma solução rápida.
2. Falsa Espiritualidade: a espiritualidade do falso é a tendência de falar, vestir e agir como se imagina que uma pessoa espiritual seja. É uma espécie de imitação da espiritualidade que imita a realização espiritual da maneira que o tecido estampado de pele de onça imita a pele genuína de uma onça.
3. Motivações Confusas: Embora o nosso desejo de crescer seja genuíno e puro, muitas vezes ele se confunde com motivações menores, incluindo o desejo de ser amado, o desejo de pertencer, a necessidade de preencher nosso vazio interno, a crença de que o caminho espiritual removerá o nosso sofrimento e ambição espiritual, o desejo de ser especial, de ser melhor do que, para ser "o único".
4. Identificando-se com Experiências Espirituais: Nesta doença, o ego se identifica com a nossa experiência espiritual e a toma como sua própria, e nós começamos a acreditar que estamos incorporando 'insights' e ideias que surgiram dentro de nós em determinados momentos. Na maioria dos casos, isso não dura indefinidamente, embora tenda a perdurar por longos períodos de tempo para aqueles que se julgam iluminados e / ou que trabalham como professores espirituais.
5. O Ego Espiritualizado: Essa doença ocorre quando a própria estrutura da personalidade egoica se torna profundamente integrada com conceitos espirituais e idéias. O resultado é uma estrutura egoica, que é 'à prova de bala'. Quando o ego se torna espiritualizado, somos invulneráveis a ajudar, uma nova entrada, ou comentários construtivos. Nos tornamos seres humanos e impenetráveis e estamos tolhidos em nosso crescimento espiritual, tudo em nome da espiritualidade.
6. Produção em Massa de Professores Espirituais: Há uma série de atuais tradições espirituais da moda , que produzem pessoas que acreditam estar em um nível de iluminação espiritual, ou mestria, que está muito além de seu nível real. Esta doença funciona como uma correia transportadora espiritual: coloca este brilho, leva àquele 'insight', e - buuuum! - Você está iluminado e pronto para iluminar os outros de maneira similar. O problema não é aquilo que tais professores ensinam, mas que representam a si próprios como tendo realizado a mestria espiritual .
7. Orgulho Espiritual: O 'orgulho espiritual' surge quando o profissional, através de anos de esforço trabalhado efetivamente alcançou um certo nível de sabedoria e que usa esse conhecimento para se desligar a novas experiências. Um sentimento de 'superioridade espiritual' é outro sintoma desta doença transmitida espiritualmente. Ela se manifesta como uma sensação sutil de que 'Eu sou melhor, mais sábio e acima dos outros porque sou espiritualizado'.
8. Mente de Grupo: Também conhecido como o pensamento grupal, mentalidade de culto ou doença 'ashram'. A mente de grupo é um vírus insidioso que contém muitos elementos tradicionais da co-dependência. Um grupo espiritual faz acordos sutis e inconscientes sobre as formas corretas de pensar, falar, vestir e agir. Indivíduos e grupos infectados com o 'espírito de grupo' rejeitam indivíduos, atitudes e circunstâncias que não estão em conformidade com as regras, muitas vezes não escritas do grupo.
9. O Complexo de Povo Escolhido: O complexo de pessoas escolhidas não se limita aos judeus. É a crença de que 'O nosso grupo é mais poderoso, iluminado e evoluído espiritualmente, e simplesmente colocado, melhor do que qualquer outro grupo'. Há uma distinção importante entre o reconhecimento de que alguém encontrou o caminho certo, o professor, ou comunidade para si, e tendo encontrado aquele, O Único.
10. O Vírus Mortal: 'Eu Cheguei'. Esta doença é tão potente que tem a capacidade de ser terminal e mortal para a nossa evolução espiritual. Esta é a crença de que 'Eu cheguei' na meta final do caminho espiritual. Nosso progresso espiritual termina no ponto em que essa crença se cristalizou em nossa psique, no momento em que começamos a acreditar que chegamos ao fim do caminho, um maior crescimento cessa.
Por Mariana Caplan, Ph.D.
Adaptado de Eyes Wide Open (Olhos Bem Abertos): Cultivando o Discernimento no Caminho Espiritual (True Sounds)
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
Nikola Testa (Documentário)
A must watch Nikola Tesla Documentary
This program reveals the discoveries of a forgotten genius, many of which went virtually unnoticed for nearly a century. Nikola Tesla is considered the father of our modern technological age and one of the most mysterious and controversial scientists in history. How did this obscure visionary from what is now Croatia, lay the foundation for modern communications and energy research?
Nikola Tesla’s contributions to science and technology include the invention of radio, television, radio-astronomy, remote control and robotics, radar, medical x-ray and the wireless transmission of electricity. Many of Nikola Tesla’s inventions were and in some cases still are considered too revolutionary by government agencies and the power brokers of the time and are discussed in detail in this program.
Encyclopedia Britannica lists Nikola Tesla as one of the top ten most fascinating people in history. So why is he virtually unknown to the general public? This program is a penetrating study of the life and mind of a scientific superman who, against all odds, dedicated his life to the task of designing and improving technology for the service and advancement of humanity.
domingo, 31 de janeiro de 2016
Por que a Evolução não é um simples fruto do acaso?
"Certa vez, durante minha graduação em Ciências Biológicas, um professor de uma disciplina de Física apresentou à turma um pequeno problema. Ele nos pediu para que imaginássemos um conjunto formado por alguns palitos. Em seguida, deveríamos calcular as chances de que todos os palitos, ao serem jogados aleatoriamente, caíssem alinhados uns com os outros em uma determinada área. Não me recordo bem o número de palitos e o tamanho da área, mas no final da atividade concluiu-se que se fizéssemos uma jogada a cada segundo, levaríamos um tempo maior do que o tempo de existência do Universo para conseguir alinhar todos os palitos aleatoriamente. No fim, o professor terminou com a frase “alinhar palitos é muito mais fácil que formar uma girafa, por exemplo”. O meu maior espanto não ocorreu com a colocação do professor. A biologia não fazia parte da sua formação e não era sua obrigação compreender como funciona a evolução. O que mais me assustou foi que uma turma formada majoritariamente por estudantes de biologia havia concordado com tal colocação.
Se apenas a aleatoriedade atuasse na evolução, certamente ainda não existiria vida na Terra. Provavelmente o mais complexo material que encontraríamos no planeta seria alguns tipos de moléculas orgânicas. Formar um ser vivo complexo por pura aleatoriedade também levaria muito mais tempo do que a existência do Universo. No entanto, para a nossa sorte, existe um fator fundamental que gera e direciona a evolução: a seleção.
Imagine o seguinte exemplo. Quais seriam as chances de que um computador programado para digitar aleatoriamente um conjunto de 31 caracteres a cada segundo, formasse a frase “a evolucao e um fato cientifico”? Para facilitar as contas, vamos considerar apenas as teclas referentes às letras do alfabeto e a barra de espaço. Temos então que para cada carácter existem 27 possibilidades (26 letras + a barra de espação). Como a frase é formada por 31 caracteres, as chances dessa frase aparecer aleatoriamente seriam de 1 em 2731. Isso dá um valor de 1/( 2,3565502 x 1044), ou:
1/235.655.020.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000
Isso quer dizer que se o computador fizesse uma tentativa a cada segundo, ele levaria, no mínimo, 7.4674569 x 1036 anos para compreender todas as possibilidades. Isso representa um tempo bilhões de bilhões de bilhões de vezes maior do que o tempo de existência do Universo.
Agora imagine que este mesmo computador fosse programado para gerar várias combinações aleatória de 31 caracteres, e dentre essas combinações, escolher aquela que mais se assemelha à frase “a evolucao e um fato cientifico”. Essa combinação selecionada seria copiada para a geração seguinte, com chances de sofrer mutações em cada letra. Na geração seguinte, novas combinações seriam geradas a partir da combinação escolhida. Dentre essas novas combinações, a mais semelhante à frase alvo seria escolhida novamente para a geração seguinte. Esse processo se repetiria até que se formasse a frase desejada. Note que desta vez adicionamos o fator “seleção” no programa. E ele fará toda a diferença.
Esse tipo de programa recebe o nome de Dawkins’ “Weasel” Program, em referência ao biólogo Richard Dawkins, que o propôs e o criou. É possível “brincar” com esse programa em sites como http://antievolution.org/cs/dawkins_weasel. Na primeira vez que rodei o programa com a frase “a evolucao e um fato cientifico” ele levou 57 gerações para chegar ao resultado esperado, como é possível ver a seguir:
Beginning run
Gen. 1, 4 letters, trskohdcwtxjkptdanty qmsgjajo v
Gen. 2, 5 letters, trskOhdCwtxjkpt anTy qmsgjajo v
Gen. 3, 6 letters, trskOhdCwtxjppt FnTy qmsgjano v
Gen. 4, 7 letters, trskOhdCwtxjppt FnTy qmsgjanI v
Gen. 5, 8 letters, trskOhdCwtxjppt FnTy qmsgjanICv
Gen. 6, 9 letters, trskOhdCwtxjpUt FnTy qmsgjanICv
Gen. 7, 10 letters, t skOhdCwtxjpUt FnTy kmsgjtnICv
Gen. 8, 11 letters, t skOhdCwyxjpUd FnTy CnsgjtnICv
Gen. 9, 11 letters, t skOhdCwydjpUd FnTy CnsgjtnICv
Gen. 10, 12 letters, t skOhdCwydj Ud FnTy CnsgjtnICv
Gen. 11, 12 letters, t skOhdCiydj Ud FnTy CnsgjttICv
Gen. 12, 13 letters, t skOhdCiydj Ud FnTy CIsgjttICv
Gen. 13, 13 letters, t skOhdCiydj Ud FnTy CIsgjttICv
Gen. 14, 13 letters, t szOhdCiydj Ud FnTy CIlgmttICv
Gen. 15, 14 letters, A szOhdCiydj Ut FnTy CIlgmtpICv
Gen. 16, 15 letters, A szOhdCiydE Ut FnTy CIlgmtpICv
Gen. 17, 15 letters, A szOhdCiydE Ut FnTy CIlgmtpICv
Gen. 18, 16 letters, A szOhdCAydE Ut FnTy CIlgmtpICv
Gen. 19, 17 letters, A szOhdCAydE Ut FnTy CIlgTqpICv
Gen. 20, 18 letters, A szOhdCAy E Ut FnTy CIogTqpICv
Gen. 21, 19 letters, A szOhUCAy E Ut FnTt CIjgTqpICv
Gen. 22, 20 letters, A szOhUCAO E Ut FnTt CIjgTqpICv
Gen. 23, 21 letters, A szOhUCAO E Ut FnTt CIjgTIpICv
Gen. 24, 21 letters, A szOhUCAO E Ut FnTt CIjgTIpICv
Gen. 25, 21 letters, A smOhUCAO E Ut FnTt CIjgTIpICv
Gen. 26, 21 letters, A suOhUCAO E Ut FnTt CIjgTIpICv
Gen. 27, 22 letters, A suOhUCAO E Ut FnTO CIjgTIpICv
Gen. 28, 23 letters, A suOhUCAO E Ut FnTO CIEgTIpICv
Gen. 29, 23 letters, A suOhUCAO E Ut FnTO CIEgTIpICv
Gen. 30, 23 letters, A suOhUCAO E Ut FnTO CIEgTIpICv
Gen. 31, 23 letters, A suOhUCAO E Ut FnTO CIEgTIpICv
Gen. 32, 24 letters, A suOhUCAO E Ut FnTO CIENTIpICv
Gen. 33, 24 letters, A suOhUCAO E Ut FnTO CIENTIpICv
Gen. 34, 25 letters, A EuOhUCAO E Ut FnTO CIENTIpICv
Gen. 35, 25 letters, A EuOhUCAO E Ut FnTO CIENTIpICv
Gen. 36, 25 letters, A EuOhUCAO E Ut FnTO CIENTIpICv
Gen. 37, 26 letters, A EuOtUCAO E Ut FATO CIENTIpICv
Gen. 38, 26 letters, A EuOtUCAO E Ut FATO CIENTIpICv
Gen. 39, 27 letters, A EVOtUCAO E Ut FATO CIENTIpICv
Gen. 40, 27 letters, A EVOtUCAO E Ut FATO CIENTIpICv
Gen. 41, 27 letters, A EVOtUCAO E Ut FATO CIENTIpICk
Gen. 42, 27 letters, A EVOtUCAO E Ut FATO CIENTIpICk
Gen. 43, 27 letters, A EVOtUCAO E Ut FATO CIENTIpICk
Gen. 44, 27 letters, A EVOtUCAO E Ut FATO CIENTIpICk
Gen. 45, 27 letters, A EVOtUCAO E Ut FATO CIENTIpICk
Gen. 46, 27 letters, A EVOtUCAO E Ut FATO CIENTIpICk
Gen. 47, 28 letters, A EVOLUCAO E Ut FATO CIENTIpICk
Gen. 48, 29 letters, A EVOLUCAO E Ut FATO CIENTIFICk
Gen. 49, 29 letters, A EVOLUCAO E Ut FATO CIENTIFICk
Gen. 50, 30 letters, A EVOLUCAO E UM FATO CIENTIFICk
Gen. 51, 30 letters, A EVOLUCAO E UM FATO CIENTIFICk
Gen. 52, 30 letters, A EVOLUCAO E UM FATO CIENTIFICk
Gen. 53, 30 letters, A EVOLUCAO E UM FATO CIENTIFICk
Gen. 54, 30 letters, A EVOLUCAO E UM FATO CIENTIFICk
Gen. 55, 30 letters, A EVOLUCAO E UM FATO CIENTIFICk
Gen. 56, 30 letters, A EVOLUCAO E UM FATO CIENTIFICk
Gen. 57, 31 letters, A EVOLUCAO E UM FATO CIENTIFICO
31 Matched! in 57 generations.
Em outras duas rodadas, o programa levou 105 e 73 gerações, respectivamente, para chegar ao resultado esperado. Se o programa revelasse uma geração por segundo, ele levaria de 1 a 2 minutos para chegar ao resultado final. Isso é um tempo muito menor do que os bilhões de bilhões de bilhões de vezes o tempo de existência do Universo.
Note que a combinação de letras foi gerada “ao acaso”, mas a seleção cumulativa ao longo das gerações direcionou essas mudanças, mantendo aquelas que mais se “adequavam” às nossas regras, e excluindo aquelas menos “adequadas”. As combinações selecionadas podiam se “reproduzir” para as próximas gerações. Esse experimento mostra o poder da seleção cumulativa.
A evolução biológica ocorre de forma análoga. O DNA é uma molécula formada por milhares ou milhões de “letras”, os nucleotídeos. Existem quatro tipos de nucleotídeos que compõem o DNA – Citosina (C), Guanina (G), Adenina (A) e Timina (T). A ordem com que esses nucleotídeos estão dispostos ao longo da cadeia de DNA e a quantidade destes nucleotídeos, junto com outros fatores, determina as características do organismo. Toda essa sequência de nucleotídeos é chamada de genoma. Podemos dizer que o genoma, na nossa analogia, é a frase, enquanto os nucleotídeos são as letras. A cada vez que uma célula se divide, todo esse genoma é replicado de forma semiconservativa. Essa replicação está sujeita a falhas, o que insere mutações no genoma (assim como o nosso programa gera mutações aleatórias nas sequências de letras a cada replicação). Essas mutações, se passadas à próxima geração por meio das células reprodutivas (os gametas), podem (ou não) alterar características físicas, comportamentais e/ou fisiológicas. Se essas mutações causarem alterações desvantajosas, o organismo e seus descendentes terão menos chances de sobreviver e passar seus genes para a próxima geração. No entanto, se essa alteração, por menor que seja, trouxer algum benefício para o organismo, este terá mais chances de sobreviver a tempo de passar seus genes para a próxima geração. Como o DNA da próxima geração foi gerado por replicação semiconservativa a partir do DNA da geração anterior, ele não é “embaralhado” do zero, como no primeiro exemplo acima. Ele é copiado a cada geração, como no segundo exemplo, mantendo a maior parte do arranjo das sequências de nucleotídeos. Essa sequência pode ser alterada levemente pelas mutações. Mutações no DNA que geram características vantajosas são selecionadas pelo ambiente, aumentando as chances de reprodução dessas mutações. Esse processo recebe o nome de Seleção Natural. Com o tempo, essas mudanças vantajosas são selecionadas cumulativamente, gerando mudanças físicas significativas. Em 3,5 bilhões de anos de processo evolutivo constante, a vida na Terra foi capaz de se ramificar em milhões de formas distintas.
No entanto, ao contrário do processo evolutivo biológico, nesse programa a seleção não é natural. Havia um objetivo final no programa, que era chegar à frase “a evolucao e um fato cientifico” definido artificialmente por mim. A evolução biológica não tem um objetivo final, como alguns acreditam. Ela simplesmente acontece. Por outro lado, o programa deixa claro que a seleção é um agente capaz de direcionar e gerar evolução em tempos muito menores que a simples aleatoriedade.
Por isso, da próxima vez que você ouvir que a vida na Terra não poderia apresentar as formas que apresenta por mero acaso, lembre-se do poder da seleção natural. É ela o motor principal da evolução, e, aliada ao tempo, ela é capaz de criar “infinitas formas de grande beleza”.
Fonte: O Relojoeiro Cego – Richard Dawkins – 1986
Texto de Gabriel Negreira
quinta-feira, 7 de janeiro de 2016
O Mundo Contemporâneo Por Roberto Crema
"O mundo contemporâneo vive uma crise que denomino de demolição, lição do demo. Lição da fragmentação, da dissociação e da desvinculação. Por certo, necessitamos nos aprofundar no contexto crítico planetário, para compreender o sentido do que está desabando, mas também para entrever e acolher o milagre do que está desabrochando, do que está surgindo dos escombros.
Eis uma metáfora que aprecio muito, para indicar nosso momento de transição, caracterizado pela aceleração dos processos mutacionais: a lagarta já morreu e a borboleta ainda não nasceu.
Numa brevíssima e precária resenha histórica de contextualização, voltemos nossos olhos para o momento histórico, na inquieta pensamentosfera européia, que deu início a Idade Moderna, no século XVII e que depois se desdobrou através da revolução científica. Naquela ocasião, estávamos transcendendo um paradigma esclerosado, o mesmo que transcorre atualmente. Recordo que, no sentido mais amplo, como foi concebido por Thomas Kuhn, no seu livro sobre as revoluções científicas, um paradigma não é simplesmente uma filosofia, nem uma religião, nem uma ciência, nem uma arte; é uma estrutura que gera pensamentos e, portanto, gera ideologias, filosofias, ciências, artes e místicas.
O nascimento da modernidade
O paradigma medieval, que estava decadente no século XVII, era o aristotélico-tomista, uma síntese de Aristóteles com Tomás de Aquino, que prevaleceu durante séculos, tendo tido momentos maravilhosos, como o da Patrística, o dos monastérios e o da construção das catedrais. Entretanto, naquela ocasião, esta visão do mundo estava esgotada e desabando - como no momento está desabando o paradigma da modernidade – pelo peso de suas próprias contradições. Podemos sintetizar afirmando que, nos seus momentos mais obscuros, em função do dogmatismo e de uma tirania do divino, o paradigma medieval reprimia o fator objetivo e a mente analítica crítica, em nome de alguma coisa que, confusamente, era chamada de Deus. A“santa” inquisição matou mais seres humanos, proporcionalmente, do que a II Guerra Mundial, tendo se prolongado cruelmente durante séculos, sob o jugo despótico de uma religião desconectada do Espírito, que acabou se pervertendo num terrorismo consciencial, que silenciava e assassinava os seres humanos dotados das mentes mais ilustres e brilhantes, como a do Galileu. Basta lembrar de Giordano Bruno, que foi torturado e lançado numa fogueira, apenas por ousar pensar de forma lúcida e independente.
Então, precisamos levar em consideração aqueles seres humanos traumatizados por esse obscurantismo, que conspiraram por uma nova cosmovisão. Creio ser justo um elogio aos traumatizados de todos os tempos, esses seres humanos que sentem, na própria pele, a dor de uma humanidade dilacerada, insensível e esquecida de si mesma. Os mentores da idade moderna foram seres feridos por este trauma, que levantaram suas vozes, clamando por um mundo mais saudável e justo. Surge um Galileu, que vai nos introduzir no mundo da quantidade, de uma metodologia científica, hipotético-dedutiva. Atualmente, fala-se muito em qualidade, mas durante séculos ficamos fascinados com a leitura da realidade como sendo apenas aquela dos números, como denunciou tão bem René Guénon, em seu livro, O Reino da Quantidade e os Sinais dos Tempos.
Bacon, numa época em que tudo era visto e julgado através de um livro que está na raiz da palavra biblioteca, a Bíblia, que apenas uma ínfima elite tinha acesso, diga-se de passagem, fez a revolução do empirismo, nos introduzindo aos cinco sentidos, como estratégia natural de investigação e experimentação na realidade. Bacon enfatizava o controle da natureza, com o seu famoso lema: saber é poder. Este princípio de dominação foi introduzido no cerne do pensamento moderno.
Depois, bradou sua voz aquele que é considerado o pai da razão analítica, Descartes, que partia da dúvida como método sistemático, tão traumatizado que estava pelos dogmas da época. Através do exercício de um raciocínio extraordinário, em algum momento, concluiu que precisava pensar para duvidar: penso, logo existo. O pensamento, então, passou a adquirir o estatuto de um fundamento ontológico. Surgiu, triunfante, a análise que é um método de decomposição sistemática, que busca compreender o todo por suas partes. Por outro lado, Descartes era um admirador das máquinas. Ele dizia que os filósofos apenas compreenderiam o ser humano se compreendessem as máquinas. A dimensão mecanicista, portanto, foi introduzida também no coração do novo paradigma.
Finalmente, o gênio raro de Isaac Newton, fez a magistral síntese da matematização de Galileu, do empirismo baconiano e do racionalismo analítico cartesiano, num edifício portentoso, que ele denominou de física mecânica. Newton extrapolou a metáfora da máquina para o universo, que passou a ser visto como um grande engenho, movido por leis eternas. Este modelo de Newton foi identificado com a própria ciência, durante os séculos seguintes.
Todo o movimento liberal da modernidade surgiu, de uma certa forma, para combater aquela imagem dominante de um Deus tirano, que reprimia a liberdade de pensar e de analisar. Voltaire bradava, Lembrem-se das crueldades! Assim, o racionalismo materialista científico pode ser compreendido como um movimento compensatório iluminista, de resgate da razão crítica, que culminou, no século XIX, na religião positivista de Comte, pregando o sermão do progresso, com uma pretensa física social.
Para se compreender a crise que estamos vivendo, não podemos deixar de visualizar esse surgimento do império da razão, com a magistral obra prima desses grandes mentores, que podemos denominar de racionalismo cientifico, inerentemente analítico, que inventou a disciplina que, por sua vez, engendrou o especialista, como o vidente do mínimo, o profeta do minúsculo. Saímos da fascinação pelo Todo para a veneração das partes.
Num movimento dialético, houve uma mudança de polaridade, que determinou um outro extremismo. A experiência da subjetividade, da interioridade e do sagrado, de onde jorram os valores de uma ética essencial, passou a ser reprimida em nome de algo que, de forma confusa, chamamos de ciência. O que foi um grito de inteligência, no século XVII, que conquistou a lucidez lógica e uma consciência de discriminação, no século XIX se transformou em dissociação e desvinculação. Enfim, o espírito científico, fundamentado numa indagação aberta e permanente, se degenerou em cientificismo, uma religião sem Deus! A universidade passou a ser um novo templo, com seu reitor denominado de Magnífico e seus sacerdotes travestidos de pensadores e técnicos. Naturalmente, houve uma hipertrofia da dimensão do conhecimento, sobretudo com a revolução informacional, e a correlata atrofia do universo interior, o empobrecimento lastimável do domínio subjetivo, o naufrágio do sujeito, que se degenerou em objeto.
A ditadura da razão
Em linhas muito vastas e precárias, eis como ocorreu a mudança de um pólo onde predominava uma visão sintética mística, para uma visão dominantemente analítica e objetiva, uma demência racional excludente, que Chesterton denunciou afirmando que louco é quem perdeu tudo, exceto a razão! Do obscurantismo das asas, dissociadas das raízes, passamos para o obscurantismo das raízes, desconectadas com as asas…
Os dois caminhos clássicos de apreensão da realidade, a religião e a ciência, funções que se inscrevem, metaforicamente, nos nossos hemisférios cerebrais - o esquerdo da lógica masculina racional-empírica e o direito, do coração e da intuição feminina -, foram considerados na ordem do antagonismo e da incompatibilidade. Isso levou a uma situação esquizofrênica, de ruptura entre o mundo interior e o exterior. Ou seja, perdemos de vista o que é a consciência da inteireza e o que é o fenômeno humano integral.
Como produto dessa contradição, estamos presenciando uma síndrome global, com sintomas que indicam um esgotamento criativo do paradigma da modernidade, que modelou uma atitude básica, dissociada e polarizada, perante a humanidade e o mundo. Os sinais trágicos dessa falência paradigmática são bastante visíveis nos noticiários de cada dia - a destruição dos ecossistemas, a exclusão de bilhões de seres humanos miseráveis, uma escalada de violência, terrorismos e guerras infindáveis, o abuso contra a infância – um dos mais dilacerantes sintomas, pois a criança é a guardiã do templo da dignidade e de um futuro viável - e essa falência escandalosa da ética. Enfim, um quadro de declínio e de quase fenecimento de nossa civilização.
Muito dessa discussão pode ser traduzida nas concepções de Ocidente e Oriente, compreendidas de forma transgeográfica, como estados de consciência, distintos e complementares. O Ocidente interior pode ser representado pelo hemisfério esquerdo, da tecnociência e da ação no mundo exterior. O Oriente interior pode ser simbolizado como o hemisfério direito, da mística, da musicalidade e da contemplação. Neste sentido, há uma bela sincronicidade, em português: Oriente-se! Precisamos orientar nossa ciência e tecnologia, nosso saber, por essa inteligência sintética, pelo Oriente interior, pelo hemisfério do amor. Esta integração precisa ter início dentro de cada um de nós, na ecologia individual, para que possa ser naturalmente transpirada, para a ecologia social e a ambiental.
Um novo aprender a aprender
Gosto de confiar que estamos despertando para essa premente necessidade, através do paradigma emergente, que é transdisciplinar holístico, postulando o diálogo aberto e sinérgico entre a ciência, a filosofia, a arte e a tradição espiritual.
Quando uma espécie encontra-se ameaçada na sua perpetuação, mecanismos intrínsecos, biológicos, da sua inteligência são acionados e um novo paradigma é concebido e desenvolvido, num processo orgânico e vital. É o que está acontecendo na minha percepção, em meio à agonia de um modelo racionalista e objetivista, esgotado e decadente. Trata-se de conservar o positivo da razão crítica e da ciência contemporânea, ousando abrir novos horizontes, rumo à integração dos aspectos reprimidos e negligenciados, para que transcorra uma sinergia de renovação. Entre os dois hemisférios cerebrais há uma ponte de milhões de neurônios, denominada de corpo caloso. Eis uma simbólica formidável de aliança, entre o Ocidente e o Oriente, entre o masculino e a feminino, entre a razão e o coração, a sensação e a intuição, o profano e o sagrado, a matéria e a Luz. Consciente desta solução criativa, Carl Sagan afirmava que o futuro da humanidade depende do corpo caloso.
Na abordagem holística, há um princípio que é muito valioso: não mesclar, não separar, nem fusão, nem divisão, nem “um” nem “dois”. A mescla da ciência com a religião é um equívoco alienante, um pseudosincretismo degradante. Por outro lado, considerá-las na ordem do antagonismo e da exclusão conduz a outra cilada, do sectarismo e desconexão. A ciência tem um caminho próprio, que é o analítico. A religião tem um caminho próprio, que é o sintético. Um não precisa do outro. Mas como afirmou Fritjof Capra, o ser humano necessita de ambos! São as duas pernas que um ser humano inteiro e íntegro necessita, para empreender uma jornada, com sentido e orientação.
Assim como a Idade Média enalteceu o um, da união indiferenciada do misticismo, a Idade Moderna se fundamentou no dois, da diferenciação dual, da separatividade analítica. Encontra-se em jogo, aqui, uma outra polaridade, que podemos denominar, metodologicamente, de symbolos e de diabolos. Symbolos é o fator que religa, da religiosidade e do método sintético, o um. O seu oposto é diabolos, o que divide e estabelece fronteiras, característica do método analítico, o dois. Num movimento dialético natural, o excesso de symbolos medieval nos levou a um excesso de diabolos, na modernidade. Necessitamos da virtude integrativa do três. Assim, um novo cosmo brotará do caos. Trata-se de um movimento natural da fusão para a diferenciação e desta para a Aliança, metaforizada no mencionado corpo caloso, que os antigos denominavam de Chifre do Unicórnio.
A Idade do Três
Através do paradigma transdisciplinar holístico, confio que inauguraremos a Idade do Três, através da emergência de um horizonte do saber e do ser, que transcenderá o que conhecemos convencionalmente como ciência e como religião. Creio que o futuro das novas gerações dependerá do desenvolvimento desta inteligência integral do potencial de nossa espécie. Manter o positivo do um, a união, e o positivo do dois, a diferenciação, numa metanóia de uma consciência de inteireza, onde aprenderemos a nos unir e nos diferenciar, no milagre do Encontro inclusivo, onde dançam o amante, a amada e o Amor.
Falando de um outro modo, há um denominador comum na crise contemporânea, que é o ego. Há um egocentrismo na fonte mesmo de todas as nossas contradições. Do ponto de vista psíquico, o ego representa o elemento básico e pessoal da separatividade. A crise de fragmentação tem o ego como seu suporte e agente fundamental. E não será pela lógica que inventou o problema que iremos resolvê-lo, naturalmente. Foi Carl Gustav Jung que postulou, no Ocidente, um processo iniciático, de iniciação ao mistério da totalidade, denominado de individuação: uma trilha no mundo interior que conduz a pessoa, da superficialidade egóica à centralidade do Self. Precisamos de uma visão transcendente que não é contra o ego e nem significa sua destruição, mas que poderá abri-lo para uma dimensão de solidariedade, de fraternidade e de comunhão, virtudes que emanam do hemisfério sintético.
No século XIX emergiram vários tipos de determinismos, com uma ênfase na competição e conflito. Darwin afirmava a competição entre as espécies no seu determinismo biológico. Marx postulava a competição entre as classes no seu determinismo econômico. Freud indicava a competição entre as potências psicológicas no seu determinismo psíquico… A Revolução Francesa, que representou um momento redefinidor da história ocidental, enalteceu três valores fundamentais: a liberdade, a igualdade e a fraternidade. O bloco liberal-capitalista centrou-se na liberdade, o bloco social-comunista na igualdade e, ambos, menosprezaram a fraternidade, frutos que eram do mesmo paradigma materialista, racionalista, atomístico e mecanicista.
Portanto, como lograr fraternidade, num mundo dilacerado por conflitos egocêntricos? Postulando um paradigma novo, da integração, do três. Essa virtude emana da mente sintética que é o apanágio das religiões. O que significa que é impossível a sobrevivência da espécie através de um salto qualitativo de consciência sem o resgate dessa visão, dessa consciência holística, capaz de solidariedade, através da experiência da comunhão, sem perder o valor do discernimento analítico.
Por um pacto da Aliança
Gosto de falar do que considero o pacto do século XVII, entre o poder despótico da época já mencionado, o da Igreja, e os frágeis representantes do racionalismo científico, naquela ocasião vulneravelmente emergente. Que pacto é este? É tão simples que dói: os cientistas deveriam se restringir à investigação do mundo objetivo da matéria, que pode ser manipulada, quantificada, controlada e a Igreja ficaria com o mundo interior, da alma, da consciência, do Espírito! Ora, a ciência fez um bom trabalho, explorando e construindo no mundo exterior. Infelizmente, a Igreja se fragmentou além da medida, tendo prevalecido a força da instituição e da hierarquia, que subjugou a conexão com o Sopro do Mistério, que se traduz na mística do amor compassivo. É motivo de alegria e consolo constatar que, no front da ciência, da filosofia, da arte e da espiritualidade, levantam-se os novos traumatizados, na tarefa conspiratória de atualizarem este esclerosado pacto.
Considero o novo pacto a abordagem que chamamos de transdisciplinaridade, uma convocação ao exercício dialógico entre os grandes fragmentos epistemológicos da ciência, arte, filosofia e mística, buscando resgatar a unidade do conhecimento e uma forma mais integrada de agir na realidade. Um documento seminal e impactante, da UNESCO, foi a Declaração de Veneza (1986), produto de um colóquio que congregou representantes notáveis das diversas áreas do saber e do fazer, com a liderança lúcida de Basarab Nicolescu. Este texto afirma ter a ciência chegado aos seus limites, necessitando de um premente e urgente diálogo com outras formas de conhecimento. Esse documento, juntamente com a carta magna da Universidade Holística Internacional, formulada por Pierre Weil, Jean-Yves Leloup e Monique Thoenig, representaram textos de base, que nos impulsionaram a realizar, em Brasília, o I Congresso Holístico Internacional, I CHI (1987), um encontro transdisciplinar formidável e definitivo, que deflagrou a criação da Fundação Cidade da Paz, mantenedora da Unipaz, hoje Rede Unipaz, que congrega dezenas de unidades no Brasil e no mundo. Este evento engendrou a Carta de Brasília, afirmando que uma nova civilização está nascendo e que uma mutação de consciência está em curso, traduzida pelo progressivo reconhecimento mundial da visão holística, que estabelece pontes sobre todas as fronteiras do conhecimento humano, resgatando o amor essencial como base da veiculação entre todos os viventes. Termina afirmando, de forma contundente: O século XXI será holístico, ou não será.
Outros documentos importantes e complementares, como a Declaração de Vancouver (1989), a Carta de Paris (1991), a Declaração de Belém (1992) e, de modo muito particular, a Carta da Trandisciplinaridade (1994), que foi gerada em Portugal, foram se somando e aprofundando este desafio tremendo, que aponta para a nova aliança, da ciência com a consciência. Merece ser destacado outro documento, formulado no Congresso de Locarno (1997), centrado no tema da evolução transdisciplinar da universidade, que postula os quatro pilares de uma nova educação: educar para conhecer, para fazer, para conviver e para Ser. Então, para que possamos aliar, através do Três, o efetivo ao afetivo, a razão ao coração, a análise à síntese, o intelecto ao espírito, o masculino ao feminino, precisamos seguir nos exercitando na estratégia da transdisciplinaridade, pois se encontra em jogo o futuro da humanidade e da própria biosfera.
Assim, nossa crise é também a da crisálida, a de uma transição consciencial, a do parto de uma nova forma de saber e de ser no mundo. Necessitamos de uma abertura para a renovação, para um salto quântico de consciência. A ciência materialista convencional, desprovida de uma visão de altitude e de uma ética de cuidado, tem sido mais um instrumento de dominação e de exclusão, sua tecnologia sendo utilizada de forma irresponsável e perversa ecologicamente, destituída das motivações mais nobres. Lembro-me de Oppenheimer, que coordenou a Operação Manhattam, que gerou a bomba atômica, quando viu esse artefato explodir Hiroshima e Nagasaki que, para ele, foi uma experiência dilaceradora. Depois de estudar ciências sociais, ele afirmou: O maior perigo da humanidade é o cientista alienado.
Com relação às contradições religiosas, podemos citar que em 2003, de acordo com Bob Walter, presidente da Fundação Joseph Campbell, presenciamos cerca de 35 guerras, das quais 33 tiveram causas religiosas. Precisamos de uma religião de fato, que honre a etimologia da própria palavra: religare. Nossa tarefa comum, como conlamava Dante Alighieri, e a de sermos Sumos Pontífices, pontes entre a terra ao céu. De outra forma, seremos cada vez mais vítimas de um certo “materialismo religioso”, uma máfia de instituições pseudo-religiosas, que movimenta bilhões de dólares, explorando a legítima fome de infinito que habita o coração, o cerne do ser humano, dominando e alienando rebanhos, através de manipulações que bem conhecemos.
Espiritualidade transreligiosa
Juntamente com a transdisciplinaridade, precisamos exercitar a transculturalidade, a convivência e o respeito às diversas culturas, com a riqueza de suas singularidades e no reconhecimento daquilo também que elas têm de comum. É fundamental, também, o desenvolvimento da espiritualidade transreligiosa, que respeita todas as religiões, ao mesmo tempo que as transcendem, fundamentando-se nos valores comuns compartilhados, do amor compassivo e da fraternidade universal. Nossa ênfase, portanto, é numa espiritualidade transreligiosa, cuja essência se traduz por amor e cuja prática se encarna no exercício solidário e fraterno. Está aí a emergência de uma nova forma de ser religioso no mundo atual. Colocar ênfase não naquilo que é histórico, naquilo que é do domínio existencial e institucional e sim no transhistórico, nos valores perenes, no plano essencial.
Todas as religiões surgiram do sagrado, esse assombro perante o Mistério da Vida, que não é um latifúndio de nenhuma instituição. O sagrado é uma experiência vital e numinosa, que pode ser vivida no exercício da ciência, da filosofia, da arte e também no da religião, naturalmente. Enfim, trata-se do milagre devastador e atômico do Amor, a tecnologia sutil mais sofisticada de todos os universos. Penso em Teilhard de Chardin, que afirmava que, quem sabe, depois de dominar as forças da natureza, dos furacões, dos maremotos, quem sabe a humanidade dominará as forças do Amor. Então, pela segunda vez na história, o ser humano terá inventado o fogo…
De fato, o maior perigo da humanidade é o ser humano alienado. Sobretudo quando se trata da alienação do que é o mais propriamente humano, do Ser que viemos dar testemunho na Terra. Necessitamos de uma pedagogia do cuidado e da inteireza, que possa facilitar o florescimento total do humano.
Educação integral
O jardineiro é, talvez, a metáfora mais plena do que é um verdadeiro educador. O que faz um jardineiro? Prepara um solo fértil, banhado pela luz solar, rega-o com a água justa propiciando os nutrientes minerais apropriados e uma poda adequada a cada planta. Se o terreno é bem cuidado, a planta tem um tropismo para se desenvolve por si mesma, na direção do que realmente é. Nenhum jardineiro é tão tolo a ponto de querer ensinar uma rosa a ser uma rosa ou um jasmim a ser um jasmim. Ou, pior ainda, comparar uma rosa com um jasmim, exigindo de todas as flores o mesmo resultado, através de um mesmo currículo!…
Eis, também, a tarefa do autêntico educador: cultivar um solo propício para que o aprendiz desvele a sua palavra e revele a sua singularidade. Trata-se de apoiar e, também, de frustrar, pois os limites têm que ser aplicados, centrados no aprendiz. E jamais utilizar a técnica perversa da comparação, através de uma ética do respeito à diferença, ao semblante único de cada aprendiz. Por que um ser humano não floresceria se tivesse esse cuidado? Vale ainda afirmar que o bom jardineiro é menos o conhecedor da botânica e mais o amante da planta. Aí, estamos diante da grande pedagogia do amor, que é a primeira e a derradeira lição na escola da existência.
Como já afirmamos, a proposta de uma educação integral, transdisciplinar, centra-se em quatro alvos fundamentais: por um lado, aprender a conhecer e a fazer. Por outro, aprender a conviver e a Ser. Os dois primeiros, embora de forma muito fragmentada, são considerados na educação convencional. Estas tarefas precisam ser aperfeiçoadas, para que o conhecimento seja mais unificado e a ação mais integrada e com sentido.
Aprender a conviver
O grande desafio é o de aprender a conviver – consigo mesmo, com o outro, os outros, a natureza – ou seja, viver com. Para tal, precisamos do que tenho denominado de uma alfabetização psíquica, que consiste em colocar e integrar a alma nas escolas. É o que temos feito a quase duas décadas, na Universidade Holística Internacional, Unipaz. Todos os nossos programas e projetos visam, inicialmente, a um processo de integração das quatro funções psíquicas, pesquisadas por Jung: a razão e o coração (o pensamento e o sentimento), a sensação e a intuição. O racionalismo científico é produto da articulação e dialogicidade da função da sensação – o empirismo - com a função do pensamento – o racionalismo. A grande ingenuidade desta abordagem analítica é pretender compreender a totalidade psíquica através de apenas duas de suas funções! Então, urge uma estratégia educacional que possa facilitar a cada aprendiz a identificação das funções psíquicas que são dominantes, em si, para desenvolver as que estão atrofiadas, buscando integrá-las e harmonizá-las.
Compreendo que alfabetizar a alma implica no desenvolvimento de três inteligências: a emocional, a relacional e a onírica. É fundamental um currículo através do qual o aprendiz possa aprender a expressar as emoções naturais, que são mecanismos homeostáticos imprescindíveis para a manutenção da saúde, no nível individual e coletivo. Aprender a expressar afeto, alegria, tristeza, raiva e medo é muito importante para o aprendiz não precisar substituí-las com emoções secundárias e disfuncionais, que na análise transacional são denominadas de disfarces, a exemplo da ansiedade, culpabilidade, angústia, ira, vingança, desespero, etc. Quanto a tarefa de desenvolver a inteligência relacional, gosto de lembrar de uma afirmação de Carl Rogers, um grande líder do movimento humanístico: A maior descoberta do século XX foi o grupo! Portanto, as diversas dinâmicas de grupo precisam ser introduzidas nas escolas, desde o pré-primário, para que o aprendiz possa bem se instrumentar na arte de se relacionar – consigo, com o outro e com o mundo – através do exercício do diálogo e da intimidade. Finalmente, a inteligência onírica também é indispensável, para transitarmos no universo criativo do sonhar. Sabemos que a linguagem do sonho é tão importante quanto os pensamentos de vigília, exercendo uma função compensatória, trazendo reportagens significativas da alma da pessoa, sinalizando novas direções, trazendo questões não resolvidas que precisam de atenção, podendo nos conectar com o inconsciente coletivo e cósmico. É trágico constatar como a escola convencional despreza esta dimensão tão rica e criativa, apenas por transcender a lógica racional, na qual se fundamentou o paradigma da modernidade. É como uma empresa que trabalha de dia e de noite e que apenas valoriza os produtos diurnos. Relegar as preciosidades que advém da mente onírica é, no mínimo, uma irresponsabilidade consciencial.
Aprender a Ser
Não há desafio maior, entretanto, do que educar para Ser. Para tal, necessitamos de uma pedagogia iniciática, que inicie o aprendiz a desenvolver os talentos que o Mistério lhe confiou, rumo a realização de uma plenitude possível. Uma pedagogia que facilite, por uma via interior, que o aprendiz da Vida possa, além de saber, florescer através do seu dom singular, que eu denomino de vocação, a voz mais profunda e permanente do desejo que habita cada ser humano. Voltarei a este nobre tema, pela sua importância norteadora. Neste sentido, necessitamos desenvolver uma inteligência noética, que nos abra para o silêncio, de onde toda palavra justa brota. Uma pedagogia da meditação e da contemplação, que possa abrir as portas da percepção, para o exercício de uma criatividade máxima. Neste sentido, as tradições espirituais autênticas, da sabedoria perene, podem nos auxiliar, através de seus arsenais de práticas, destinadas a abrir um olhar capaz de perceber o novo e desenvolver o poder da intuição, inteligência global que captura o coração do instante. Além do caminho analítico, que acumula conhecimentos de forma progressiva, necessitamos da via sintética, capaz de não saber, esta virtude preciosa da douta ignorância. Ser capaz de se esvaziar do conhecido, das memórias que nos soterram no passado, para viabilizar um processo de recriação e de renovação permanentes. É preciso lograr a profundidade e altitude do Ser, para que sejamos sujeitos do próprio destino. Diz a sabedoria dos Upanichads: O que for a profundeza do teu ser, assim será o teu desejo. O que for o teu desejo, assim será a tua vontade. O que for a tua vontade, assim serão teus atos. O que forem teus atos, assim será o teu destino.
Enfim, não se estagnar e permitir o processo, o devir, é característica da existência criativa e plena. Afirma o poeta Pessoa: A vida é breve, a alma é vasta. Ter é tardar. Ora, se ter é tardar, Ser é partir…
Desenvolvimento e cosmovisão
Quando falamos do desenvolvimento, do que estamos falando, afinal? Para que possamos compreender os diversos sentidos desta palavra, necessitamos esclarecer nossos pressupostos antropológicos, ou seja, a visão que postulamos do humano e do mundo, nossa cosmovisão. Pois esta visão modela nossa atitude perante o humano e o universo, determinando o que compreendemos como desenvolvimento, como educação, como evolução… Inspirando-me em Jean-Yves Leloup, há quatro pressupostos antropológicos. O primeiro é o materialista: o ser humano é apenas um corpo dotado de um cérebro; é um macaco nu. Desenvolvimento, nesta visão, se resumirá na questão da prosperidade material, ou seja, desenvolvimento econômico. Esta é a visão mais superficial deste enfoque e, infelizmente, o que prevalece no mundo materialista contemporâneo. Por esta razão, consideramos que um país desenvolvido é o que tem uma economia forte, um PIB de natureza exclusiva material. É importante aprofundar e complexificar esta avaliação.
O segundo pressuposto é o psicossomático: o ser humano é um corpo dotado de informações, de alma. Neste caso, desenvolvimento não é só material; é também o da alma, da qualidade de pensamentos, de emoções, de sonhos, de relacionamentos, da subjetividade e intersubjetividada. Para lograr este desenvolvimento, necessitamos de uma alfabetização psíquica, no marco de uma educação integral, acima indicada. Neste caso, um país pode ter uma economia fraca e uma alma próspera enquanto outro pode ter uma economia forte e uma alma miserável…
O terceiro pressuposto é trinitário: o ser humano é um composto de corpo, de alma e de nous, que podemos traduzir por consciência pura, sem objeto, metaconsciência, a ponta acerada da alma. O ser humano é dotado de uma qualidade ímpar, a da consciência da consciência. Dizia Mestre Eckart: O Espírito é mais próximo a mim do que meu hálito. O mesmo é verdade para as pedras e plantas. Só que elas não sabem disso!… A dimensão noética é constituída de silêncio e de imagens estruturantes, arquétipos da alma profunda; é a nossa mente contemplativa, capaz de quietude e de paz, aberta ao essencial, de onde emanam os valores éticos perenes. Desenvolvimento noético é logrado através de uma pedagogia meditativa, aberta à dimensão essencial e do que denominamos de imaginal, o universo arquetípico que estrutura a alma e a existência, conforme delineamos resumidamente acima.
O quarto pressuposto afirma que o ser humano é um composto de dimensões: do corpo, da alma e da consciência, atravessado pelo Mistério da Vida, pelo Espírito, que os estruturam e vitalizam. Aqui, a dimensão essencial é levada em consideração e valorizada como o que permanece na impermanência de tudo, o Ser Que É no coração do ser que passa. A dimensão noética, da consciência, é a única que, por ser constituída de silêncio e de uma abertura ao essencial, pode refletir a Luz do Espírito. Portanto, não há desenvolvimento espiritual; só se desenvolve o que tem um início e terá um fim. O que podemos desenvolver é o corpo, a alma e a consciência, para que a Essência possa se manifestar na existência, para que o Absoluto possa dar um sentido e direção ao relativo. Na minha leitura, Cristo indicou esta realidade quando afirmou que o Espírito está pronto, a carne é fraca. Não há desenvolvimento do Espírito; há um despertar para o Ser, para a Vida.
Considero importante diferenciar existência de Vida. Existência é uma manifestação e exteriorização provisória da Vida, que é Absoluto, Espírito. Certa ocasião Buda indagou aos seus discípulos o que era o oposto da morte. Todos responderam: a vida. Buda corrigiu: O oposto da morte é o nascimento, pois a Vida é eterna. E Cristo também afirmava trazer Vida, Vida em abundância. Está lá no preâmbulo do João: No princípio: o Logos, o Logos está voltado para Deus, o Logos é Deus. …Ele é a vida de todo ser, a vida é a luz dos homens. Ele está no mundo, o mundo existe por meio dele, mas o mundo não o conhece. …E o Logos se fez carne e fez sua morada entre nós… A grande tragédia é que estamos sendo fanáticos da existência e tombamos ao largo da Vida, do Mistério que realmente somos! Quando alguém faz aniversário, desejamos-lhe muitos anos de existência. Quando aprenderemos a desejar muita Vida nos anos? Não importa muito se viveremos alguns anos a mais ou a menos. O que importa é que haja Vida em nossos passos, a chama do Amor em nossos dias.
É um fato auspicioso o tanto que se fala, atualmente, de Qualidade de Vida. Já falamos muito de quantidade, nos últimos séculos. Para se auferir quantidade, basta uma máquina, um computador. Para se verificar qualidade é necessário um sujeito, uma alma, uma consciência. É pela conexão com a Vida que a nossa existência adquire centralidade, sentido e orientação.
Dimensões do cuidado
Eis, portanto, as três dimensões suscetíveis de desenvolvimento no ser humano: o corpo, que corresponde ao aspecto econômico; a alma, relativa ao aspecto político, do poder psíquico; e a consciência noética, relativa ao universo da ética e da sabedoria, o alvo mais elevado de um desenvolvimento integral, segundo a filosofia perene. Para desenvolver esta virtude, as tradições sapienciais nos oferecem seus caminhos para o despertar. O cristianismo, através da contemplação, oração, e evocação do Nome; o hinduísmo, com suas diversas yogas, o budismo com o seu leque de vias meditativas, o sufismo com a dança dos dervixes, o taoísmo com a meditação ativa das artes marciais que surgiram em templos, o xamanismo com suas artes do sagrado… Na pedagogia da Unipaz, denominamos de holopráxis a estas diversas vias para o despertar da Presença.
É necessário questionar essa falácia do progresso, tão decantada por Comte no século XIX. Para Comte, considerado o fundador da sociologia, há uma lei dos três estados, na história do conhecimento humano: a teologia representa o primeiro estágio infantil; a metafísica, seria de transição para o positivo, a maturidade, período científico definitivo. O seu positivismo, postulado como uma religião, pregava a ordem e o progresso, fundamentado na física mecânica, com seus dois capítulos básicos: o da estática (ordem) e o da dinâmica (progresso). Tal ideologia acabou contaminando nossa República e estampada em nossa bandeira nacional, que passou a ser um instrumento de propaganda do lema básico positivista - Ordem e Progresso. Penso que o povo brasileiro, com seu grande coração, é maior do que esta bandeira, que precisa ser atualizada com uma dimensão quântica, aliada à mecânica. Ordem e Progresso são valores fundamentais, de uma razão analítica; precisam ser conservados. Como não há tempo a perder, sugiro adicionar outras duas virtudes, do universo feminino, no hemisfério sintético de nossa bandeira: Amor e Solidariedade. Porque, bem sabemos, sem o amor compassivo a ordem pode se degenerar em ditadura e o progresso em exclusão e dominação. Novamente, trata-se de atrevermos a realizar a arte da Aliança, para que a tecnociência esteja a serviço de uma ética do coração e do bem comum.
Sobretudo depois do fatídico 11 de Setembro, as pessoas conscientes estão se perguntando: o que é um país desenvolvido?; o que é uma pessoa educada?; o que é, realmente, progresso?…
Enfim, essencialmente o que é o desenvolvimento, se não a possibilidade de dar continuidade ao processo da holocriação? Co-criar: é isso que o Mistério nos brindou como oportunidade suprema na Arte do Encontro, pura alquimia de transmutação. Considero uma bela e portentosa utopia a que consta como terceiro princípio de um documento muito lúcido e impactante, denominado de Europa de Consciências, que surgiu de um movimento impulsionado por eminentes humanistas, liderado por Abé Pierre, na França, denunciando as contradições catastróficas de um materialismo onipresente, organizado e global: Submeter o econômico ao político e o político à sabedoria. Em outras palavras, o fator material econômico precisa ser conduzido pelo político psíquico e este pela sabedoria ética da consciência noética. Mãos à Obra Prima?!…
O Projeto Humano é vasto; somos um espaço onde o próprio Universo pode tomar consciência de si, saborear-se, saber-se, sorrir… A missão humana é a do Pontifex, a de uma ponte entre o infra-humano e o supra-humano. Recapitulamos todos os Reinos: há em nós o reino mineral – ossos e dentes, nossa dimensão adâmica de argila -, o vegetal – o sistema vegetativo, a flora intestinal, as plantas dos pés – o animal – os instintos, a libido. Há também o reino angelical – o Aleluia, este Louvor ao Ser que É – o arcangelical – chama ardente da compaixão, uma sabedoria maior que nossa razão – e o Reino da Luz. Todos se aliam num coração humano capaz de abertura, de doação, de Amor incondicional. Desenvolver este potencial, que os antigos denominavam de Anthropos, a inteireza humana, eis o maior desafio dos séculos vindouros!
Além do ego
Importa insistir que a questão do desenvolvimento é de natureza existencial; precisamos cuidar daquilo que teve início em nós e que, um dia, findará. O Espírito Incriado sempre esteve, está e estará no coração diamantino da Essência Humana. Como pode se desenvolver o que jamais teve início, o que jamais findará? Trata-se, então, de desenvolver o existencial para que o Essencial possa se manifestar nos meandros tortuosos do existir humano. O que precisamos desenvolver é a dimensão corporal, a dimensão psíquica e a dimensão noética ou consciencial profunda de onde uma ética do coração jorra, naturalmente, se aí lograrmos evolução e qualidade. Para tal, é necessária a disciplina da ascese, de um trabalho no cotidiano sobre si mesmo, de um investimento na exploração e edificação do cosmo interior. Quando a nossa mente se esvazia a nossa taça de plenitude transborda!… O futuro da humanidade depende do resgate de uma mística natural, de comunhão, participação, vinculação. Toda injustiça e exclusão é produto da ilusão de separatividade, determinada pela clausura e prisão do ego, fonte de toda guerra, interior e exterior. A questão crucial de um desenvolvimento integral é a de lograr que o ego seja orientado pelo Ser que nos faz ser…
Penso numa passagem de Alexandre, o Grande, quando esteve no deserto com Diógenes, um grande sábio. Alexandre, que foi preparado por um bom mestre, o Aristóteles, e sabia reconhecer um homem digno, disse ao Diógenes: - Peça-me o que quiser que eu lhe darei. E o sábio respondeu: - Apenas se afaste, pois você está tapando o sol!… Gosto desta estória como uma boa metáfora a nos indicar que a tarefa suprema é a de afastar Alexandre, o Grande, ou seja, o ego desmesurado, para que a Luz do Sol da Essência possa nos aquecer, iluminar e redimir.
O Sol do Ser sempre está presente, mesmo nos dias mais nublados. Nossa tarefa é a de afastar as nuvens das enfermidades e sintomas do corpo, as nuvens das inclinações indevidas, ferimentos e traumas da alma e as nuvens da ignorância existencial da consciência, que nos impede de refletir o que está aí desde todo o sempre e para sempre - o Alfa e o Ômega, o Infinito Eterno.
Não há desenvolvimento consistente sem autodesenvolvimento. O tema da evolução é imperativo na questão humana. Pois não nascemos humanos; nós nos tornamos humanos, através de um investimento sistemático em nós mesmos, não apenas no plano material; sobretudo na esfera da subjetividade, da alma e da consciência. Já afirmava um grande mestre da Excelência Humana, há dois milênios: De que vale você ganhar o mundo inteiro se você perdeu a sua alma; se você não sabe quem você é, de onde você vem, para onde você vai?…
Meta princípios para um desenvolvimento integral
Quero concluir apontando para alguns meta princípios, princípios de princípios, que considero fundamentais na arte da transformação e da auto-realização. Considero-os chaves preciosas no processo de cura e de individuação, rumo à saúde e plenitude, que trinta anos de exercício terapêutico me ensinaram.
O primeiro meta princípio fala de uma meta patologia, uma patologia existente em todas as patologias: existe uma fonte comum a todo sofrimento humano que é o apego, compreendido como uma identificação – com um objeto, um valor, um desejo, uma pessoa, um status… Desde que você se identifique com algo, você sentirá medo de perder, pois tudo está em mutação, e o stress se seguirá ao temor. Pierre Weil resumiu, em palavras modernas, este meta princípio da sabedoria perene, através de um esquema claro e simples: O apego leva ao medo, que conduz ao stress e a todas essas enfermidades da civilização que são tão bem conhecidas: Apego – Medo – Stress. Na realidade, o apego é derivado do que Weil denominou de fantasia da separatividade: como nos sentimos separados do todo, num movimento compensatório, nos apegamos; como se os apegos representassem tábuas de salvação. Neste circuito vicioso nos perdemos numa equação singela, de fácil constatação: quanto mais apegos, mais sofrimento. Querer desapegar-se é uma outra forma de apego, mais sutil. Qual a saída?
Encontramos a saída através do segundo meta princípio, que aponta para uma meta-terapia, um princípio terapêutico inerente a todo processo terapêutico: a plena atenção, que se traduz por Presença, estar conectado ao instante. Existe uma pequena atenção, quando há uma concentração em algum aspecto da realidade, o que implica em resistir a todas as demais estimulações. A plena atenção é derivada da qualidade noética, consciência da consciência. O que Krishnamurti denominava de atenção sem escolha, um estado aberto e inclusivo de vigília. Toda transformação expressa esta conexão com o aqui-e-agora, o que caracteriza a saúde plena. Uma pessoa saudável não é uma pessoa que não tem problemas; é uma pessoa que está atenta, a cada instante, aos problemas e às maravilhas do existir. É uma atenção sem foco específico, um estado meditativo, sem tensão, sem concentração. A patologia emana da desatenção. A plena atenção é uma função natural do despertar da kundalini, de acordo com psicologia hindu. A palavra Buda deriva do sânscrito bodh, que significa desperto. Buda, portanto, é aquele que despertou plenamente para o real, que é o agora, o instante que nos nutre de tudo o que necessitamos. É através da plena atenção aos apegos que se torna possível transcendê-los. Neste estado de atenção pura, deixamos de ser possuídos pela ilusão do passado e ficção do futuro, aptos a uma responsabilidade, uma habilidade de responder ao agora. Eis um sermão de sabedoria crística: Vigiai e orai!
Ao terceiro meta princípio de um desenvolvimento integral, denomino de círculo da aceitação. O movimento de aceitação, de modo algum implica em passividade ou acomodação. Pelo contrário; aceitar é uma qualidade dinâmica, quando nos fazemos não duais com a realidade e, nesta inteireza, somos plenificados de energias, o que possibilita a transformação ou superação do obstáculo em questão. Nós apenas mudamos aquilo que aceitamos, num primeiro momento. Quando não aceitamos algum aspecto da realidade, seja interna ou externa, nós nos dividimos – entre o ideal e o real – o que nos leva a uma dispersão energética. Sem energia não é possível a transformação. Assim, a não aceitação nos leva a um esgotamento energético, que nos encerra no círculo vicioso da estagnação. O alinhamento lúcido com a realidade é o que nos possibilita sua transcendência. Eis a força do que Mahatma Gandhi afirmava ser o resumo de todas as orações: Seja feita a vossa vontade. Este processo virtuoso pode ser assim resumido: eu me alinho com a realidade para estar inteiro e com a energia advinda desta integridade, posso atirar-me no processo de transmutação da própria realidade. Falando de um outro modo, há três tipos de pessoas que querem transformar o mundo: o rebelde, o revolucionário e o conspirador. O rebelde é alguém imaturo, que tem problemas não resolvidos com as autoridades, com o papai e mamãe no interior de si mesmo, projetando-os no exterior, sendo sempre do contra; em suma, é uma pessoa que necessita de psicoterapia. O revolucionário já é uma pessoa com maturidade, que faz a crítica das contradições sistêmicas e postula uma ideologia que considera mais justa. Entretanto, há sempre uma arrogância nesta atitude de querer mudar o mundo, sem antes ter se transformado. Em função disto é que presenciamos praticamente a derrocada de todas as revoluções. Finalmente, o conspirador é a pessoa que fez a revolução no interior de si mesmo, trabalhando com o ditador no seu próprio coração, dando um testemunho de autotransformação, naturalmente tornando-se um facilitador da transformação social e ambiental. O conspirador é aquele conhecedor de si, que se deu conta que é um pedacinho de praça pública e caso queira ser agente de qualidade, de desenvolvimento no mundo, ele tem que começar por este pedacinho de universo que lhe foi confiado. Este é o líder capaz de aceitação de si, do outro e da realidade, assumindo um autêntico papel de agente de transformação. O autoconhecimento para o qual nos convocavam Sócrates, e todos os grandes mestres, é a única forma de prevenir a humanidade das guerras, dos genocídios e das grandes tragédias. Porque somente mata o outro, somente viola e exclui aquele que não se conhece, porque se conhecer é se conhecer na relação, na vinculação com o outro e com o Totalmente Outro, o Mistério que, reconhecido ou não, sempre está presente.
O quarto meta princípio, é o da vocação. É o que traduzo afirmando que somos filhos de uma promessa que nos fizemos, de um juramento sagrado. Encarnamos para realizar uma obra prima individual e intransferível, com os talentos que a Vida nos brinda, sobre medida. Quando me esqueço e me afasto da vocação, vou atrair problemas, atrair doenças, que podem ser compreendidas como denúncias de contradições e de desvios. A grande tarefa evolutiva é a pessoa se lembrar da sua própria promessa, fazendo jus aos talentos que recebeu e que precisa fazer render na existência. Considero a parábola dos talentos indicativa deste metaprincípio fundamental. O normótico – alguém que sofre da patologia da normalidade, adaptando-se a um contexto doente e não cultivando seu potencial evolutivo - é aquele que enterra os talentos recebidos, com medo do seu próprio florescimento, de sua capacidade de realização, de amar e de servir. Jonas, do Antigo Testamento, representa o arquétipo desta normose, que atrai tempestades quando foge da própria missão. Por outro lado, sempre que nos aproximamos do caminho da promessa, da trilha com coração, o Mistério conspira por nós, enviando-nos tudo o que necessitamos, para florescer a partir do solo fecundo de nossos talentos. Considero a questão vocacional um dos maiores desafios, que poderá nos levar a transcender a polaridade insuficiente do especialista e do generalista, tarefas que os computadores poderão assumir por nós.
Finalmente, o quinto meta princípio é o do serviço, o viço do Ser, que expressa a suprema Lei do Amor, esse amor de onde viemos e para onde retornaremos, já que estamos condenados a amar. A existência é uma escola para onde viemos aprender a amar e a servir a partir de uma vocação particular. Não há forma de servir mais excelente do que você se tornar quem você realmente é. Eis um poema altaneiro do grande Tagore: Oh amigo meu, amiga minha, meu coração está angustiado pelo peso de todos os tesouros, que não entreguei a ti. O que nos pesa é o que retemos, o que não ofertamos. Na realidade, apenas temos o que oferecemos, o que servimos, que nenhum ladrão e nem mesmo a morte poderá nos roubar. Eis o epitáfio que gostaria, quem sabe um dia, de merecer: Confesso que servi."
Roberto Crema
(texto de 2008)
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