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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Depressão ou Tristeza?


1º Diferenças entre tristeza e depressão:

Depressão:

- Não é um sentimento, mas um conjunto de sintomas que diz respeito a um quadro patológico;

- Não está necessariamente ligada a um fato. Muitas vezes o doente não consegue associar os seus sintomas a nenhum acontecimento:

- Tristeza profunda e alterações metabólicas impedem a vida saudável;

- Podem durar anos;

- Não sara com uma "forcinha" do tipo "vamos a uma festa?"

- Tira o prazer de tudo.

Tristeza:

- É um sentimento comum a todas as pessoas;

- Sempre está ligada a um fato desagradável, como uma briga com o (a) namorado (a), a perda de uma pessoa querida ou do emprego;

- Faz a pessoa se sentir apenas triste;

- Tem duração curta;

- É sempre superada. Um "empurrãozinho" de amigos deixa a pessoa mais animada.

- Não impede que as pessoas sintam alegria em fazer outras coisas.

2º Definição de depressão:

Estar deprimido é diferente das sensações ocasionais de tristeza que fazem parte normalmente da vida. A depressão é uma doença que em geral é acompanhada de alterações do humor, sono, apetite e várias outras funções do organismo. Quem sofre desta doença, geralmente não consegue livrar-se dela com as próprias forças e sentir-se bem. Sem tratamento adequado os sintomas podem persistir por semanas, meses ou anos.

3º Sintomas mais comuns na depressão:

A depressão pode ser de grau leve, moderado ou grave, de acordo com os sintomas relacionados a seguir. Geralmente a pessoa para ser considerada deprimida deve apresentar pelo menos cinco desses sintomas, num prazo mínimo de duas semanas:

- Tristeza persistente; ansiedade; sentimentos de desesperança e pessimismo; sentimentos de culpa e auto-desvalorização; perda de interesse por atividades que antes causavam prazer; insônia ou sonolência excessiva; perda ou excesso de apetite; diminuição da libido; fadiga e sensação de desânimo; inquietação e irritabilidade; dificuldade de concentração, de memorização e de tomar decisões; sintomas físicos persistentes que não respondem a tratamento, como dor de cabeça, distúrbios digestivos etc.; negligência das responsabilidades e da aparência; dificuldade de relacionamento interpessoal com tendência ao isolamento; idéias de morte, de suicídio ou tentativa de suicídio.

4º Possíveis causas da depressão:

Pode ser causada por diversos fatores, isolados ou combinados: implicações genéticas; diminuição no nível dos neurotransmissores cerebrais, tais como a dopamina, serotonina e noradrenalina, as quais são responsáveis pela regulagem das emoções; alterações psíquicas provenientes de "stress' intenso e perdas importantes; por uso de droga, álcool e alguns medicamentos; decorrentes de outras enfermidades crônicas, como a AIDS e câncer; disfunções hormonais e da tireóide; distúrbios neurológicos e outras doenças psiquiátricas.

5º Tipos especiais de depressão:

Depressão pós-parto:

Existem duas formas deste tipo de depressão, uma mais leve e mais comum chamada pelos americanos de "Blues Pospartum", ainda sem tradução para o português, e a outra chamada de depressão pós-parto. O blues é uma condição benigna que se inicia nos primeiros dias após o parto, dura de alguns dias a poucas semanas, é de intensidade leve não requerendo, em geral, uso de medicações, pois é auto-limitada e cede espontaneamente. Caracteriza-se basicamente pelo sentimento de tristeza e choro fácil, que não impedem a realização das tarefas maternais.

A depressão pós-parto é prolongada e assim classificada sempre que iniciada nos primeiros seis meses do pós-parto. É incapacitante requerendo o uso de antidepressivos, e por isso, alguns psiquiatras recomendam a suspensão da amamentação caso seja introduzida medicação antidepressiva.

Psicose maníaco-depressiva:

É um transtorno caracterizado por episódios de mania seguidos ou não de episódios de depressão. Na fase maníaca as principais manifestações são: delírios de grandeza ou de perseguição; diminuição da necessidade de sono (dorme entre 2 a 3 horas por noite); grande confluência de idéias sem conseguir dar prosseguimento a nenhuma delas; fala ininterruptamente, perda do senso de realidade, aumento generalizado da atividade motora. O humor fica exaltado no sentido da alegria contagiante ou da irritabilidade agressiva. Após o episódio o paciente pode restabelecer a normalidade. Na fase depressiva do transtorno bipolar, a mesma é igual ao episódio da depressão recorrente, embora sejam consideradas doenças distintas e que atinge pessoas de estrutura de personalidade psicótica.

6º O tratamento convencional da depressão:

Medicamento antidepressivo e psicoterapia. As fases do tratamento consistem:

1- no tratamento da fase aguda, que tem por objetivo a eliminação dos sintomas da depressão.

2- tratamento de extensão, que seria uma espécie de manutenção após a eliminação dos sintomas para evitar que a doença e apareça.

7º O tratamento holístico da depressão:

O Reiki: que consiste na canalização de energias universais (Rei) e vitais (Ki), através das mãos, direcionando-as para o corpo físico e os chacras, trazendo ressonância no aspecto emocional, mental e espiritual.

Os Florais: são essências de flores que, quando ingeridas, atuam no nível emocional, mas que ressoam também, sobre o corpo físico, a mente e o espírito de forma equilibrativa.

8º Cuidando de você mesmo (a):

Quando se está deprimido (a) é importante: Respeitar suas limitações. Estabeleça metas compatíveis com a sua condição atual.

Reconhecer que pensamentos negativos (de auto-reprovação, desânimo, expectativa de fracasso e outras idéias desse tipo) fazem parte da depressão. Na medida em que você superar a depressão, os pensamentos negativos também irão desaparecer.

Evite tomar decisões importantes durante o episódio depressivo. Se for imprescindível tomar alguma decisão importante, peça ajuda de seu médico, terapeuta ou de alguém que você confie.

Evite uso de drogas e álcool. Pesquisas demonstram que os mesmos podem desencadear ou piorar a depressão. Além de produzir efeitos colaterais perigosos, podem reduzir a eficácia dos medicamentos antidepressivos.

Procure a companhia de outras pessoas, geralmente é melhor do que ficar sozinho nesta fase.

Pratique uma atividade física, como exercícios leves do tipo caminhadas ou bicicleta.

Compreenda que assim como levou tempo para depressão se desenvolver, também demorará algum tempo para que ela desapareça. Lembre-se que os medicamentos antidepressivos podem levar até duas semanas para começar a fazer efeito.

9º Alguns dados estatísticos:

Adolescentes, crianças e até bebês podem sofrer de depressão. E o que é pior, podem crescer assim e levar os adultos a pensar que "esse é o seu jeito". A OMS fez um levantamento para mostrar que a doença não escolhe idade: segundo os dados, 1,9% das crianças e 4,7% dos adolescentes do mundo sofrem do problema. Eles são tristes, têm baixa estima, e desenvolvem uma tendência a autodestruição, que muitas vezes pode acabar em suicídio. A depressão afeta 15-20% das mulheres e 5-10% dos homens. Mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens. Aproximadamente 2/3 das pessoas com depressão não fazem tratamento. A maioria dos pacientes deprimidos que não são tratados irão tentar suicídio pelo menos uma vez. 17% deles conseguem se matar. Com tratamento correto, 70-90% dos pacientes se recuperam da depressão.

Por Rubia Prado Carvalho

Fonte:

domingo, 13 de novembro de 2011

Orai e Vigiai


Este trecho de carta do Prof. Hermógenes a um de seus alunos nos traz, de forma direta, a aplicação do ensinamento de Jesus, Orai e Vigiai, com especial ênfase em Vigiai. O evitar da autocompaixão, como apresentado no texto, nos traz o alerta da meditação e observação dos padrões mentais negativos que ocupam nosso espaço mental. A disciplina de evitá-los e substituí-los por outros padrões, em que a vida, a positividade e a fé são valorizados repercute em poder de ação e é curativo. A conexão desta busca e movimento, com a fé cristã, alinha a carta do Prof. Hermógenes aos ensinamentos da terapia transpessoal, integral e da filosofia perene.

"Você tem motivos para ter muita pena de si mesmo. Não se pode negar. Desde sua origem, tem sido um desafiado pela adversidade. Mas ter motivos não significa que seja conveniente alimentar autocompaixão.

Igual ao ressentimento, a autocompaixão arruína a alma. Agrava o mal que já existe e engendra outros. Fique alerta contra qualquer tendência a autocondoer-se. Reaja, tendo compreensão contra esta sua tendência de querer que lhe confiram a medalha de campeão de sofrimento. Acostume-se a evitar que tenham "peninha" de você, principalmente se for você aquele que se compadece. 

Pelo que tenho constatado, posso pensar que uma enorme parte de seu drama está correndo por conta do devastador sentimento de autocomiseração, que ressalta de suas cartas queixosas. Não é verdade que você diz para si mesmo - "coitado de mim, que sofri tais e tais problemas...!"? Não estou certo? Não é verdade que você gasta tempo a comparar-se mentalmente com outros rapazes que são atletas vitoriosos com as moças...?

Se não faz assim é porque é anormal. Se faz é normal. Mas chegou a hora de deixar esta normalidade estúpida, que só lhe tem feito mal.

Convido-o para ver as coisas de frente, mas sem cometer o erro de botar fermento na dor, sem invejar quem parece estar sem dor, sem recriminar o destino, sem rancor para a vida, sem ódio para aqueles que parecem responsáveis pelo que você sofre. Entende o que quero dizer? Quero você de mente pura, mente capaz de ter clareza e poder de ver.

Quando quero que assim seja, estou convidando você para uma faixa de anormalidade, diferente da normalidade insana, isto é, da vulgaridade, da mesmificada massa de pessoas medíocres, adormecidas e incapazes de perceber as coisas como as coisas são. Quero você numa abençoada faixa de sabedoria, numa corajosa anormalidade, que os homens normais não compreendem e da qual talvez nunca ouviram falar. Convido-o para manter-se tranquilo, para serenamente situar-se, e poder ver em cada adversidade um estímulo para amadurecer. Que suas dores sejam o que as esporas são para um cavalo de montaria. o estímulo para avançar, para romper caminho, para chegar seguro à meta.

Resumindo e continuando a falar franco, amigo, acho que sua mente tem sido mais eficiente em atormentá-lo do que todos os agentes de seu destino, de seu karma. O ódio a... tem lhe prejudicado mais do que a ele. Sua auto-piedade o tem enfraquecido mais do que qualquer doença, podendo mesmo ser a causa principal de sua enfermidade.

Analise sua mente. Procure perceber o mal que, assim desgovernada, lhe tem feito. Limpe-a de seus nefastos conteúdos (ódio, dúvida, autocompaixão). Vigie sua mente. Não deixe sua imaginação assim, desastrosamente solta. Não se entregue inconscientemente à amargura autocultivada. Não permita a entrada de pensamentos deprimentes. Não se esqueça de que todas as vidas são tremendos dramas, e, assim, desista de ser campeão. Renuncie ao pódio de padecentes.

Não seja ingrato com Deus. Quantas coisas positivas em sua existência! Quanta coisa boa em você! A insistência em ver apenas o negativo o impede de ver o que há de positivo, isto é, aquilo que o faria perder o "emprego de coitadinho", que você, tolamente, vem mantendo. Se continua insistência em arrolar somente os aspectos sombrios de seu destino e em esquecer os luminosos. Tenha paciência filho - não haverá salvação para você, pois você não quer mesmo ser salvo. Seja vigilante! "Orai e vigiai", recomenda o Cristo."

Prof. Hermógenes 
Yoga Paz Com a Vida, p.145

Fonte:
http://www.cienciameditativa.com/

sábado, 12 de novembro de 2011

Vocabulário da Vida


Adeus: É quando o coração que parte deixa a metade com quem fica.

Amigo: É alguém que fica para ajudar quando todo mundo se afasta.

Amor ao próximo: É quando o estranho passa a ser amigo que ainda não abraçamos.

Caridade: É quando a gente está com fome, só tem uma bolacha e reparte.

Carinho: É quando a gente não encontra nenhuma palavra para expressar o que sente e fala com as mãos, colocando afago em cada dedo.

Ciúme: É quando o coração fica apertado porque não confia em si mesmo.

Cordialidade: É quando amamos muito uma pessoa e tratamos todo mundo da maneira como nos tratamos.

Doutrinação: É quando a gente conserva o espírito colocando o coração em cada palavra.

Entendimento: É quando um velhinho caminha devagar na nossa frente e a gente estando apressado não reclama.

Evangelho: É um livro que só se lê bem com o coração.

Evolução: É quando a gente está lá na frente e sente vontade de buscar quem ficou para trás.

Fé: É quando a gente diz que vai escalar o Everest e o coração já o considera feito.

Filhos: É quando Deus entrega uma jóia em nossa mão e recomenda cuidá-la.

Fome: É quando o estômago manda um pedido para a boca e ela silencia.

Inimizade: É quando a gente empurra a linha do afeto para bem distante.

Inveja: É quando a gente ainda não descobriu que pode ser mais e melhor do que o outro.

Lealdade: É quando a gente prefere morrer que trair a quem ama.

Lágrima: É quando o coração pede aos olhos que falem por ele.

Mágoa: É um espinho que a gente coloca no coração e se esquece de retirar.

Maldade: É quando arrancamos as asas do anjo que deveríamos ser.

Mediunidade de Jesus: É quando a gente serve de instrumento em uma comunidade mediúnica e a música tocada parece Chopin.

Morte: É quando fazemos a viagem, transferência ou qualquer coisa com cheiro de eternidade.

Netos: É quando Deus tem pena dos avós e manda anjos para alegrá-los.

Obsessor: É quando o espírito adoece, manda embora a compaixão e convida a vingança para morar com ela.

Ódio: É quando plantamos trigo o ano todo e estando os pendões maduros a gente queima tudo em um dia.

Orgulho: É quando a gente é uma formiga e quer convencer os outros de que é um elefante.

Paz: É o prêmio de quem cumpre o dever.

Perdão: É uma alegria que a gente se dá e que pensava que jamais a teria.

Perfume: É quando mesmo de olhos fechados a gente reconhece quem nos faz feliz.

Pessimismo: É quando a gente perde a capacidade de ver em cores.

Preguiça: É quando entra vírus na coragem e ela adoece.

Raiva: É quando colocamos uma muralha no caminho da paz.

Reencarnação: É quando a gente volta para o corpo, esquecido do que faz, para se lembrar do que ainda não fez.

Saudade: É estando longe, sentir vontade de voar, e estando perto, querer parar o tempo.

Sensualidade: É quando a gente ama tanto que tem vontade de morar dentro do outro.

Simplicidade: É o comportamento de quem começa a ser sábio.

Sinceridade: É quando nos expressamos como se o outro estivesse do outro lado do espelho.

Solidão: É quando estamos cercado por pessoas, mas o coração não vê ninguém por perto.

Supérfuo: É quando a nossa sede precisa de um gole de água e a gente pede um rio inteiro.

Ternura: É quando alguém nos olha e os olhos brilham como duas estrelas.

Vaidade: É quando a gente abdica da nossa essência por outra, geralmente pior.

Por Luiz Gonzaga Pinheiro

sábado, 28 de maio de 2011

Ostra Feliz não faz Pérola


"Ostras são moluscos, animais sem esqueletos, macias, que são as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, de pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas - são animais mansos - seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem.

Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostras felizes porque de dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário.

Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostras felizes se riam dela e diziam: "Ela não sai da sua depressão...". Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado na sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor.

O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de sua aspereza, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava o seu canto triste, o seu corpo fazia o seu trabalho - por causa da dor que o grão de areia lhe causava.

Um dia passou por ali um pescador com seu barco. Lançou a rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-a para casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras, de repente seus dentes bateram num objeto duro que estava dentro de uma ostra. Ele o tomou nos dedos e sorriu de felicidade: era uma pérola, uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele a tomou e deu-a de presente para a sua esposa.

Isso é verdade para as ostras. E é verdade para os seres humanos. No seu ensaio sobre O nascimento da tragédia grega a partir do espírito da música, Nietzsche observou que os gregos, por oposição aos cristãos, levavam a tragédia a sério. Tragédia era tragédia. Não existia para eles, como existia para os cristãos, um céu onde a tragédia seria transformada em comédia. Ele se perguntou então das razões por que os gregos, sendo dominados por esse sentimento trágico da vida, não sucumbiram ao pessimismo.

A resposta que encontrou foi a mesma da ostra que faz uma pérola: eles não se entregaram ao pessimismo porque foram capazes de transformar a tragédia em beleza. A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável. A felicidade é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta. Mas ela não cria. Não produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer. Esses são os artistas. Beethoven – como é possível que um homem completamente surdo, no fim da vida, tenha produzido uma obra que canta a alegria? Van Gogh, Cecília Meireles, Fernando Pessoa...”.

Rubem Alves
Livro: Ostra Feliz não faz Pérola

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Alerta aos pessimistas: pensamento negativo tem poder!


Gatilho hormonal é disparado no cérebro quando a pessoa crê que algo vai dar errado.


"Ó, vida, ó, azar!", queixava-se a hiena Hardy Har Har, no clássico desenho animado, prevendo que as coisas não dariam certo. Agora, uma pesquisa provou que, de alguma forma, Hardy tinha razão. Se um paciente pensa que o tratamento não vai funcionar, ele provavelmente não irá, mesmo com as melhores técnicas ou os mais potentes medicamentos.


Uma antiga crença popular acaba de ganhar comprovação científica. Publicado em fevereiro na revista Science Translational Medicine, um estudo liderado pela Universidade de Oxford, da Grã-Bretanha, com a participação de outras três instituições européias, mostrou que o pensamento negativo pode, sim, ter conseqüências nocivas. Pelo menos quando o assunto é saúde.


Decididos a desvendar os mistérios do cérebro e a testar se as convicções dos pacientes podem alterar o resultado de um tratamento, os cientistas reuniram 22 voluntários para uma bateria de exames. No laboratório, sem que os envolvidos soubessem, manipularam suas expectativas em relação à dor. Os resultados foram surpreendentes.


Imagine a cena: acomodados em um aparelho de ressonância magnética, com tubos intravenosos nos braços, os participantes foram expostos a uma dor física, provocada por uma fonte de calor. Pela corrente sanguínea, passaram a receber um analgésico potente.Em determinado momento, ficaram sabendo que o medicamento seria cortado repentinamente. Quando isso aconteceu, os relatos de sofrimento aumentaram vertiginosamente. Nada demais, não fosse um pequeno detalhe: eles continuavam medicados.

O mais curioso é que, por meio de imagens da atividade cerebral dos voluntários, os estudiosos confirmaram que eles realmente sentiam o desconforto relatado. Em outras palavras, a certeza de que a situação iria piorar anulou o efeito do remédio.


— Isso mostra que os médicos não podem subestimar a influência das expectativas negativas que os pacientes têm sobre o resultado de um tratamento —, declarou a professora Irene Tracey, do Centro de Ressonância Magnética Funcional do Cérebro da Universidade de Oxford, que comandou o trabalho.


Pessimistas


A conclusão também reforça algo que outras pesquisas já vinham apontando. Um levantamento desenvolvido em 2010 pela International Stress Management Association (Isma) revelou que, entre pessimistas inveterados, as chances de desenvolver moléstias — como problemas gástricos, dores musculares, arritmia e taquicardia — são maiores.


— Na ciência, classificamos os pessimistas como pessoas que interpretam as dificuldades como fracassos e sempre esperam o pior. Eles sofrem muito. Acham que o mundo é injusto, são inflexíveis e obsessivos — , destaca a presidente da Isma no Brasil e Ph.D. em psicologia, Ana Maria Rossi.


Não raro, quanto mais pensamentos negativos nutrem, mais pessimistas ficam. Mas o que está por trás disso? O neurologista Pedro Schestatsky diz que a explicação passa por um conjunto de fatores. Em geral, sempre que uma pessoa crê que algo vai dar errado e vive uma situação de estresse, um gatilho hormonal é disparado no cérebro, e substâncias como cortisol e adrenalina são liberadas. É como se o órgão percebesse que há algo ruim por vir e preparasse o corpo para a guerra — mantendo-o em estado de hipervigilância.


Em pessoas saudáveis, essas descargas são comuns e até benéficas. O problema é que, no caso dos pessimistas, passam a ser contínuas. O resultado da cascata hormonal é a diminuição da capacidade de suportar a dor e o enfraquecimento do sistema imunológico, abrindo brechas a doenças.

Por essa e por outras razões, Schestatsky comemora o resultado da pesquisa britânica:

— O estudo comprova o quanto é importante o médico conversar com seu paciente, entender o que se passa na cabeça dele e trabalhar isso. Não adianta atendê-lo em cinco minutos e prescrever um remédio sem um vínculo terapêutico. Se a expectativa for ruim, tem tudo para dar errado.


Saiba mais


Dos versos melancólicos e negativos do poeta inglês Lord Byron à saga de Luis da Silva, protagonista de Angústia, de Graciliano Ramos, os conflitos vividos por homens e mulheres de mal com o mundo perpassam gerações e pululam livros, filmes e programas de TV. Até os fãs dos desenhos animados se acostumaram a rir do velho e choroso bordão "ó, céus, ó, vida, ó, azar", de Hardy Har Har, a impagável hiena criada pelos estúdios Hanna-Barbera.


A técnica


Para ajudar pacientes a superarem o negativismo, a psicóloga Ana Maria Rossi costuma ensinar um método simples, desenvolvido na década de 80, chamado de técnica da visualização. Funciona assim:


1. Sempre que você estiver em uma situação que desencadeie algum pensamento negativo, pare o que está fazendo e respire fundo.


2. A idéia é que você "engane" seu cérebro. Em função de fatores neurológicos, ele não diferencia o real do imaginado. Para isso, antes que ele comece a produzir os hormônios relacionados ao pessimismo, substitua o pensamento negativo por um positivo e visualize a cena.


3. Repita o processo sempre que necessário e se programe para agir dessa forma até que passe a ser algo natural.


Problema tem solução


Pessimistas são como peixes presos a uma rede em alto-mar. Não é fácil se libertar da trama e dar um basta aos pensamentos negativos, afirmam os médicos. Mas não é impossível.

— O problema é que quando o pessimista vê uma luz no fim do túnel, acha que é a locomotiva que vem vindo. Ele se alimenta de fatos negativos. É um obsessivo —, diz a psicóloga Ana Maria Rossi.


O neurologista Pedro Schestatsky, coordenador do Comitê de Dor da Sociedade Européia de Neurologia, vai mais longe: muitos desses pacientes, na verdade, têm transtorno de personalidade catastrófica:


— Eles supervalorizam a dor, como aqueles sujeitos que têm uma unha encravada e acham que vão morrer.


Não raro, complementa o psiquiatra Fernando Lejderman, o quadro está associado a depressão ou ansiedade. Dependendo da gravidade dos sintomas, o paciente só supera a situação com terapia e medicamentos.


— É difícil, mas se a pessoa reconhecer o problema, consegue vencer — ressalta Lejderman.


Publicado no Jornal Zero Hora de 29/03/11
Juliana Bublitz