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quinta-feira, 15 de novembro de 2012
sábado, 6 de outubro de 2012
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Documentário A Matriz Viva: A Nova Ciência de Cura / The Living Matrix: The New Science of Healing / A Vida Matriz
A Vida Matriz / The Living Matrix
O poder da informação: estudiosos da ciência estão examinando o corpo através da lente da física quântica. Eles descobriram que somos muito mais do que máquinas bioquímicas. Em vez disso, nossas células são emissores e receptores de informação, controlando a nossa saúde de uma forma que nunca se imaginou. No filme, pesquisadores e outras pessoas que enfrentam os desafios da saúde colocam a ciência em perspectiva, quando eles contam suas histórias. Eles descrevem que enfrentam doenças graves, tornando-se frustrados e sem esperanças quando chegam a becos sem saída no tratamento médico convencional. No entanto, com uso de terapias baseadas na informação e através do plano de consciência, eles passaram a ter recuperações notáveis. Como podemos encontrar explicação para estes casos, e muitos outros como estes?
“A Vida Matriz” ou “A Matriz Viva”
Ou aqui:
segunda-feira, 11 de junho de 2012
terça-feira, 29 de maio de 2012
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Campos Mórficos / Rupert Sheldrake / Ressonância Morfogenética
Rupert Sheldrake é um dos biólogos mais controversiais de nosso tempo. As suas teorias não só estão revolucionando a rama científica de seu campo, como também estão transbordando para outras áreas ou disciplinas como a física e a psicologia .
No seu livro “Uma Nova Ciência da Vida”, Sheldrake toma posições na corrente organicista ou holística clássica, sustentadas por nomes como Von Bertalanffy e a sua Teoria Geral de Sistemas ou E. S. Russell, para questionar de um modo definitivo a visão mecanicista, que da por explicado qualquer comportamento dos seres vivos mediante o estudo de suas partes constituintes e sua posterior redução para as leis químicas e físicas.
Por outro lado, Sheldrake propõe a idéia dos campos morfogenéticos, os quais ajudam a compreender como os organismos adotam as suas formas e comportamentos característicos.
" Morfo vem da palavra grega morphe que significa forma. Os campos morfogenéticos são campos de forma; campos padrões ou estruturas de ordem. Estes campos organizam não só os campos de organismos vivos mas também de cristais e moléculas. Cada tipo de molécula, cada proteína por exemplo, tem o seu próprio campo mórfico - a hemoglobina , um campo de insulina, etc. De um mesmo modo cada tipo de cristal, cada tipo de organismo, cada tipo de instinto ou padrão de comportamento tem seu campo mórfico. Estes campos são os que ordenam a natureza. Há muitos tipos de campos porque há muitos tipos de coisas e padrões dentro da natureza..."
A grande contribuição de Sheldrake consistiu em juntar noções vagas sobre os campos morfogenéticos (Weiss 1939) e os formular em uma teoria demonstrável. Desde que escreveu o livro no qual apresenta a hipótese da Ressonância Mórfica, em 1981, foram feitas numerosas experiências que, em princípio, deveriam demonstrar a validade, ou a invalidade, destas hipóteses.
Três enfoques sobre o fenômeno vital
Tradicionalmente houve 3 correntes filosóficas na natureza biológica da vida:
- vitalismo,
- mecanicismo e
- organicismo.
O vitalismo sustenta que em toda forma de vida existe um fator intrínseco, evasivo, inestimável e não sujeito a medidas, que ativa a vida. Hans Driesch, biólogo e filósofo alemão precursor principal do vitalismo depois da mudança de século, chamou a esse fator causal misterioso enteléquia, que se fazia especialmente evidente em aspectos do desenvolvimento do organismo como a regulação, regeneração e reprodução.
A forma clássica do vitalismo, tal e como foi exposto por numerosos biólogos no princípio do século, especialmente por Driesch, foi criticado severamente pelo seu caráter acientifico. De acordo com Karl Popper, os critérios para estabelecer o status científico de uma teoria são o falsifiabilidade , refutabilidade e demonstrabilidade. Deste modo, o vitalismo não estava qualificado já que este novo fator causal incerto não pôde ser demonstrado de modo algum. Ernest Nagel, filósofo da ciência escreveu em 1951 no seu livro Filosofia e Investigação Fenomenológica:
O grosso do vitalismo, agora uma questão extinta, não tanto talvez para a crítica filosófica e metodológica, que se a revelado contra a doutrina, mas para a infertilidade do vitalismo para guiar a investigação biológica e pela superioridade heurística de focos alternativos.
Frequentemente é dito que embora numerosos biólogos se dizem vitalistas, na prática eles são mecanicistas, dada a exigência da investigação científica de mostrar as experiências com parâmetros que possam ser medidos na físicas e a química, em experimentos de laboratório. Sheldrake afirma que o fracasso do vitalismo é devido principalmente a sua inabilidade para fazer predições demonstráveis e para apresentar experiências novas.
O enfoque ortodoxo da biologia vem determinado pela teoria mecanicista da vida: no momento, os organismos vivos são considerados como máquinas físico-química e todos o fenômeno vital pode ser explicado, em princípio, com leis físico-químicas. Na realidade, é a posição reducionista que sustenta que os princípios biológicos podem ser reduzidos a leis fixas e eternas destas duas ramas da ciência.
A ortodoxia científica adere a esta teoria porque oferece um marco de referência satisfatória onde numerosas perguntas sobre os processos vitais podem ser respondidas e porque já muito tem se investido nela. As raízes do mecanicismo são mesmo profundas. De acordo com Sheldrake inclusive se você admitir que o enfoque mecanicista esta severamente limitado não só na pratica mas também no principio, não poderia ser abandonado; no momento é o único método disponível para a biologia experimental, e sem dúvida continuará o ser usado até ter outra alternativa mais positiva.
O organicismo ou holismo recusam que os fenômenos da natureza possam ser reduzidos exclusivamente a leis físico-químicas, desde que elas não podem explicar a totalidade do fenômeno vital. Por outro lado reconhece a existência de sistemas hierarquicamente organizados, com propriedades que não podem ser entendidas por meio do estudo de partes isoladas, mas em sua totalidade e interdependência. De lá, o termo holismo, da palavra 'whole' (todo em inglês). Em cada nível, o total de energia é mais que a soma das partes, é um fator adicional que escapa a esta metodologia.
O organicismo foi desenvolvido debaixo de influências de diversos sistemas filosóficos, como os de Alfred North Whitehead e J. C. Smuts, a psicologia Gestalt, conceitos como os campos físicos e parte do mesmo vitalismo de Driesch.
“O organicismo trata os mesmos problemas que Driesch disse que eram insolúveis em termos mecanicistas, mas por enquanto ele propôs a enteléquia não física para explicar a totalidade e directividade dos organismos, os organicistas propuseram o conceito do campo morfogenético (ou embriônico ou de desenvolvimento)". (Sheldrake 1981)
O que é um campo morfogenético ?
"Os campos morfogenéticos ou campos mórficos são campos que levam informações, não energia, e são utilizáveis através do espaço e do tempo, sem perda alguma de intensidade depois de ter sido criado. Eles são campos não físicos que exercem influência sobre sistemas que apresentam algum tipo de organização inerente.
A teoria da causasão formativa é centrada em como as coisas tomam formas ou padrões de organização. Deste modo cobre a formação das galáxias, átomos, cristais, moléculas, plantas, animais, células, sociedades. Cobre todas as coisas que têm formas, padrões, estruturas ou propriedades auto organizativas.
Todas estas coisas são organizadas por si mesmas. Um átomo não tem que ser criado por algum agente externo, ele se organiza só. Uma molécula e um cristal não é organizado pelos seres humanos, peça por peça, se cristaliza, espontaneamente. Os animais crescem espontaneamente. Todas estas coisas são diferentes das máquinas que são artificialmente montadas pelos seres humanos.
Esta teoria trata sistemas naturais auto-organizados e a origem das formas. E eu assumo que a causa das formas é a influência de campos organizacionais, campos formativos que eu chamo de campos mórficos. A característica principal é que a forma das sociedades, idéias, cristais e moléculas dependem do modo em que tipos semelhantes foram organizado no passado. Há uma espécie de memória integrada nos campos mórficos de cada coisa organizada. Eu concebo as regularidades da natureza como hábitos, mas que por coisas governadas por leis matemáticas, eternas, que existem de algum modo fora da natureza "
Como funcionam os Campos Morfogeneticos?
Os campos morfogenéticos agem sobre a matéria impondo padrões restritivos em processos de energia cujos resultados são incertos ou probabilísticos.
Por exemplo, dentro de um determinado sistema um processo físico-químico pode seguir diversos caminhos possíveis. O que o sistema faz para optar para um deles? Do ponto de vista mecânico esta eleição estaria em função de diferentes variáveis físico química que influenciam no sistema: temperatura, pressão, substâncias presentes, polaridade, etc., cuja combinação decantaria o processo para um certo caminho. Se fosse possível controlar todas as variáveis em jogo, você poderia predizer um resultado final do processo. Porém, não é deste modo, mas o resultado final é sujeito ao acaso probabilístico, algo quantificável só por meio de análise estatística.
Muito bem, o Campo Morfogenético relacionado com o sistema reduzirá, consideravelmente, a amplitude probabilística do processo, levando o resultado em uma direção determinada.
"Os Campos Mórficos funcionam , tal como eu explico em meu livro, A Presença do Passado, modificando eventos probabilísticos. Quase toda a natureza é inerentemente caótica. Não é rigidamente determinada. A dinâmica das ondas, os padrões atmosféricos, o fluxo turbulento dos fluidos, o comportamento da chuva, todas estas coisas são corretamente incertas, como são os eventos quânticos na teoria quantica. Como, por exemplo, o declínio do átomo de urânio, você não é capaz de predizer se o átomo declinará hoje ou nos próximos 50.000 anos. É meramente estatístico, os Campos Mórficos funcionam modificando a probabilidade de eventos puramente aleatórios. Em vez de um grande aleatoriedade, de algum modo eles enfocam isto, de forma que certas coisas acontecem em vez de outras. É deste modo como eu acredito que eles funcionam ".
De onde vêm os Campos Morfogenéticos?
Um campo morfogenético não é uma estrutura inalterável mas que muda ao mesmo tempo, que muda o sistema com o qual esta associado. O campo morfogenético de uma samambaia tem a mesma estrutura que o os campos morfogenético de samambaias anteriores do mesmo tipo. Os campos morfogenéticos de todos os sistemas passados se fazem presentes para sistemas semelhantes e influenciam neles de forma acumulativa através do espaço e o tempo.
A palavra chave aqui é " hábito ", sendo o fator que origina os campos morfogenéticos. Através dos hábitos, os campos morfogenéticos vão variando sua estrutura; dando causa deste modo, às mudanças estruturais dos sistemas aos que estão associados.
Por exemplo, em uma floresta de coníferas é gerado o hábito de estender as raízes a mais profundidade para absorver mas nutrientes. O campo morfogenético da conífera, assimila e armazena esta informação, que é herdada não só por exemplares no seu entorno, mas também em florestas de coníferas em todo o planeta por efeitos da ressonância mórfica.
Experiências
De acordo com Sheldrake, um modo simples para demonstrar a existência dos campos morfogenéticos é criando um novo campo mórfico para logo observar seu desenvolvimento.
Novo Código Morse
O Dr. Arden Mahlberg , psicólogo de Wisconsin, tem realizado experimento que analisam a capacidade de duas pessoas para aprender 2 códigos Morse diferente. Um deles é o padrão clássico, e o segundo, inventado por ele, variando as sequências de pontos e linhas, de modo que fosse igualmente difícil (ou fácil) aprender o código. A pergunta é: é mais simples aprender o verdadeiro Morse, ou o que a pessoa inventou? O que milhões de pessoas já aprenderam? E a resposta, aparentemente, é que sim.
Ratos no labirinto
Esta é uma das primeiras experiências levado a cabo por Sheldrake e foi recapturado do tempo em que ele começou a considerar os campos morfogenéticos. Consiste em ensinar a um grupo de ratos uma certa aprendizagem, por exemplo, sair de um labirinto, em certo lugar, por exemplo: Londres, para logo observar a habilidade de outros ratos em outro lugar então, por exemplo, Nova Iorque, deixar o labirinto. Esta experiência já foi levada a cabo em numerosas ocasiões dando resultados muito positivos.
A TEORIA DA UNICIDADE DOS CAMPOS INTELIGENTES
Acreditamos que Rupert Sheldrake esta no caminho certo, que esta trabalhando com os efeitos de causas desconhecidas. Estas causas se originam em áreas na qual nosso espectro visual e sensitivo físico não alcança. Consideramos determinados processos em uma ordem fractalizada, determinada por causas consistentes, em um âmbito não lineal e instável, desde o ponto de vista do efeito, sem considerar a inteligência suporte da manifestação do mesmo.
Segundo nossa pesquisa com uma variedade de campos energéticos visíveis em determinadas situações, de alteração de nível consciencial por parte do observador, estaríamos no meio de uma imensa malha energética, uma rede de partículas e ondas de energia, microfibras luminosas de um tecido energético que permite a comunicação não somente das formas de vida, como também, as formas estruturais atômicas em diferentes níveis vibratórios. Esta rede seria a responsável pela comunicação dos diferentes Campos Inteligentes que interagem com o homem, até agora de forma unilateral, ou seja, sem consciência da parte do homem. Consideramos que não existe auto organização causada por hábitos ou por padrões de comportamento.
O descobrimento desta rede ou armação energética permitirá um avanço considerável nas diferentes áreas das ciências. Considerando que não existe auto organização das formas, porém, a existência da rede não seria suficiente para ocasionar os efeitos dos campos mórficos de Sheldrake.
Existem diferentes níveis de estruturas inteligentes em tudo o que existe no Universo. Alcançamos uma estrutura inteligente, quando de algum modo interagimos com ela, seja com um cachorro ou com um bosque de coníferas. A diferença radica na geração da resposta a esse estímulo. Se agirmos com as coníferas (plantas), estas apresentarão um efeito diferente ao efeito evolutivo de ressonância com outras espécies similares no planeta.
Quando falamos de inteligência, falamos também de auto organização. Uma forma de vida não poderia se auto organizar se não existisse uma inteligência que suportasse energeticamente estas mudanças.
Onde radica então nosso problema?
Nosso problema principal radica na nossa falta de “visão”, na nossa falha em acessar níveis energéticos que estão fora do espectro eletromagnético conhecido, e na incapacidade de nos comunicar conscientemente com as estruturas inteligentes que formam parte de nosso universo. Isto só poderá ser feito quando nossos cientistas admitam que é necessária uma mudança radical na observação da vida neste planeta, quando eles puderem “sentir” que existe algo mais, e que esse sentir seja real, isso será capaz de alterar a própria consciência do observador.
Juan Valdes
sexta-feira, 22 de julho de 2011
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Os Campos Morfogenéticos de Rupert Sheldrake - Parte 2/2
A Evolução dos Campos Morfogenéticos
Os tipos de teorias relativos aos campos morfogenéticos que acabamos de considerar influenciaram grandemente a investigação contemporânea e fornecem a via mais promissora de modelização dos processos de morfogênese.
Mas, durante mais de sessenta anos, estes campos existiram em um limboteórico. Parecem ser novos tipos de campos ainda desconhecidos em física, mas, ao mesmo tempo, não são novos tipos de campos, ou apenas palavras que se referem a regularidades que podemos descrever e modelizar.
Julgo que é possível ultrapassar estas ambigüidades frustrantes tendo em conta um dos traços mais essenciais destes campos: eles evoluíram. Possuem um aspecto intrinsecamente histórico. Os organismos herdam-nos dos antepassados.
Mas, como é que estes campos podem transmitir-se?
Mas, como é que estes campos podem transmitir-se?
Só dois tipos de resposta parecem possíveis. O primeiro, combinando genética e platonismo, inscreve-se na tradição; o mecanicista. O segundo encara a possibilidade de que a memória seja inerente aos campos.
A primeira destas abordagens implica a existência de fórmulas matemáticas transcendentes para todos os organismos vivos possíveis. Richard Dawkins elaborou um modelo computacional deste reino platônico, chamado Território Biomorfo, no qual existem todas as formas possíveis de organismos, designados biomorfos. A seleção natural impele populações de organismos ao longo de trajetórias de mudança genética gradual em direção a novos biomorfos, através de uma série intermédia de biomorfos. Mas todos os biomorfos possíveis preexistem de maneira independente do curso real que um processo evolutivo particular poderia tornar; estão já especificados matematicamente no programa informático do Território Biomorfo.
A evolução biológica depende, na ótica platônica, da evolução de sistemas genéticos que permitam a determinadas formas de organismos possíveis ser reificadas no mundo físico; mas as próprias fórmulas, ou biomorfos não evoluem. São semelhantes às Formas eternas de todas as espécies possíveis e existem em um domínio transcendente, independente da existência efetiva destes organismos. As equações do campo morfogenético do Tyrannosaurus Rex, por exemplo, existiam antes da Terra surgir e mesmo antes do nascimento do cosmos. Não foram afetadas pelo aparecimento evolutivo deste tipo de dinossauro, nem pela sua extinção posterior.
Por outro lado, se os campos morfogenéticos têm uma memória inerente, a sua evolução pode ser concebida de maneira radicalmente diferente. Não são Formas transcendentes, mas qualidades imanentes aos organismos. Evoluem no domínio da natureza e são influenciados pelos acontecimentos reais do passado. Formam-se hábitos no seu seio. Deste modo, os modelos matemáticos destes campos não passam de modelos; não representam realidades matemáticas transcendentes que determinam os campos.
A idéia de que os campos morfogenéticos tem uma memória inerente é o ponto de partida da hipótese da causalidade formativa. Estou convencido de que ela nos pode levar em direção a uma compreensão verdadeiramente evolucionista dos organismos e, sobretudo, de nós mesmos. Não creio que a única alternativa à mão - a combinação tradicional do materialismo e do platonismo - ofereça a mesma esperança; está, com efeito, enraizada numa concepção pré-evolucionista do universo, uma concepção que a própria física agora contesta.
A Hipótese da Causalidade Formativa
A hipótese da causalidade formativa, parte da idéia de que os campos morfogenéticos tem uma realidade física, no sentido em que os campos gravitacionais, eletromagnéticos e da matéria quântica são reais. Cada tipo de célula, de tecido, de órgão e de organismo tem o seu próprio tipo de campo. Estes campos moldam e organizam os microrganismos, os vegetais e os animais em desenvolvimento e estabilizam as formas dos organismos adultos. Fazem-no com base na sua própria organização espaço-temporal.
O aspecto temporal dos campos morfogenéticos sobressai mais claramente nos conceitos de creodos e de atratores morfogenéticos. Os campos morfogenéticos ligam organismos em desenvolvimento a padrões futuros de organização, em direção aos quais os creodos guiam o processo de desenvolvimento.
Na fase atual, esta proposta apenas torna explícito aquilo que sempre esteve implícito no conceito dos campos morfogenéticos. A inovação da hipótese da causalidade formativa é a idéia de que a estrutura destes campos não é determinada por idéias transcendentes nem por fórmulas matemáticas, mas resulta, pelo contrário, das formas reais de organismos semelhantes anteriores. Por outras palavras, a estrutura destes campos depende de acontecimentos reais do passado. Deste modo, os campos morfogenéticos da espécie "dedaleira" são moldados por influências que emanam de dedaleiras que existiram anteriormente. Representam uma espécie de memória coletiva da espécie. Cada membro é moldado por estes campos de espécie e contribui, por sua vez, para os moldar, influenciando os membros futuros da espécie.
Como poderia funcionar este tipo de memória?
Segundo a hipótese da causalidade formativa, dependeria de uma espécie de ressonância, a ressonância mórfica, que ocorre com base na semelhança. Quanto mais um organismo for semelhante a organismos anteriores, maior será a sua influência sobre ele por meio da ressonância mórfica. E quanto mais organismos semelhantes houver, maior será a sua influência cumulativa. Deste modo, uma dedaleira em desenvolvimento está sujeita à ressonância mórfica de inúmeras dedaleiras que existiram antes dela e esta ressonância molda e estabiliza os seus campos morfogenéticos.
Segundo a hipótese da causalidade formativa, dependeria de uma espécie de ressonância, a ressonância mórfica, que ocorre com base na semelhança. Quanto mais um organismo for semelhante a organismos anteriores, maior será a sua influência sobre ele por meio da ressonância mórfica. E quanto mais organismos semelhantes houver, maior será a sua influência cumulativa. Deste modo, uma dedaleira em desenvolvimento está sujeita à ressonância mórfica de inúmeras dedaleiras que existiram antes dela e esta ressonância molda e estabiliza os seus campos morfogenéticos.
A ressonância mórfica difere dos tipos de ressonância já conhecidos da ciência e, sobretudo, da ressonância acústica (caso da vibração em simpatia de cordas em tensão), da ressonância eletromagnética (caso da sintonização de um aparelho de rádio para uma transmissão numa freqüência particular), da ressonância do spin do elétron e da ressonância magnético-nuclear. A ressonância mórfica, contrariamente a estes outros tipos, não implica uma transferência de energia de um sistema para outro, mas, pelo contrário, uma transferência não energética de informação. Assemelha-se, todavia, aos tipos conhecidos de ressonância no sentido em que se produz com base em padrões rítmicos de atividade.
Todos os organismos são estruturas de atividade e sofrem, em todos os níveis de organização, oscilações rítmicas, vibrações, movimentos periódicos, ou ciclos. Nos átomos e nas moléculas, os elétrons estão em movimento vibratório incessante nas suas orbitais; as grandes moléculas, especialmente as proteínas, vibram e ondulam segundo freqüências características. As células contêm inúmeras estruturas moleculares vibratórias, as suas atividades bioquímicas e fisiológicas exprimem padrões de oscilação e as próprias células passam por ciclos de divisão. Os vegetais respeitam ciclos de atividade cotidianos e sazonais; os animais acordam e dormem e, neles, bate um coração, há pulmões que asseguram a respiração e intestinos que se contraem em ondas rítmicas. O sistema nervoso tem um funcionamento rítmico e o cérebro é varrido por ondas recorrentes de atividade elétrica. Quando animais se movem, fazem-no por meio de ciclos repetitivos de atividade - as contorções do verme, a marcha da centopéia, o nadar do tubarão, o vôo do pombo, o galope do cavalo. Nós mesmos passamos por muitos ciclos de atividade: mastigamos os alimentos, caminhamos, andamos de bicicleta, nadamos e acasalamos.
Segundo a hipótese da causalidade formativa, a ressonância mórfica entre estas estruturas de atividade rítmicas baseia-se na semelhança; através desta ressonância, padrões de atividades passadas influenciam os campos de sistemas semelhantes posteriores. A ressonância mórfica implica uma espécie de ação a distância no espaço e no tempo. A hipótese supõe que esta influência não declina com a distância no espaço e no tempo.
O nascimento de uma forma não se verifica em um vazio. Todos os processos de desenvolvimento partem de sistemas que já têm uma organização específica. Um embrião desenvolve-se a partir de um ovo fertilizado que contém DNA, proteínas e outras moléculas organizadas de maneiras particulares e características da espécie. Estas estruturas de partida, ou germes morfogenéticos, entram em ressonância mórfica com os membros anteriores da espécie. Por outras palavras, o embrião em desenvolvimento está "sintonizado" com os campos da espécie e encontra-se, portanto, rodeado, ou envolvido, pelos creodos que moldam o seu desenvolvimento, assim como o desenvolvimento de inúmeros embriões que o precederam.
Como todos os membros passados da espécie contribuem para formar estes campos, a sua influência é cumulativa: aumenta proporcionalmente ao número total dos membros da espécie. Estes organismos passados são semelhantes, mais do que idênticos e, assim, os campos morfogenéticos de um novo organismo sujeito à sua influência coletiva não estão estritamente definidos, mas consistem em um composto de formas semelhantes anteriores. Este processo é análogo a uma fotografia composta, na qual fotografias "médias" são obtidas sobrepondo várias imagens semelhantes. Os campos morfogenéticos são "estruturas de probabilidade", nas quais as influências dos tipos passados mais comuns se combinam para aumentar a probabilidade de repetição destes tipos.
Influência Através do Espaço e do Tempo
O esquema de Weismann supõe um fluxo de influência unidirecional do plasma germinativo ao somatoplasma, ou seja, em termos modernos, um fluxo unidirecional do genótipo ao fenótipo. A interpretação platônica dos campos sob forma de equações gerativas partilha esta idéia de influência unidirecional: os campos, em combinação com fatores genéticos e ambientais, engendram o organismo adulto. A forma verdadeira dos organismos não influencia as equações de campo, que devem transcender a realidade física.
Em contrapartida, a hipótese da causalidade formativa postula um fluxo de influência bidirecional: dos campos aos organismos e dos organismos aos campos. Representar-se-á isto integrando conjuntos suplementares de setas no diagrama de Goodwin.
Uma interpretação platônica das formas dos organismos em termos de idéias arquetípicas implica uma influência unidirecional da idéia em direção ao organismo, a própria idéia não se modificando. De fato, não pode mudar, visto que é transcendente, situando-se para além do tempo e do espaço. A Forma está presente, potencialmente, em todos os tempos e em todos os lugares e pode refletir-se na forma dos organismos em todos os tempos e em todos os lugares no universo, desde que as condições sejam apropriadas.
A teoria mecanicista acentua a realidade dos átomos e das moléculas no seio dos organismos, mas considera o seu modo de interação como uma conseqüência de leis universais. Tal como as idéias platônicas, estas leis não são entidades materiais localizáveis no espaço e no tempo; estão, pelo contrário, potencialmente presentes e ativas por todo o universo: sempre estiveram e sempre estarão.
As enteléquias aristotélicas, em contrapartida, não têm uma existência que transcenda o espaço e o tempo. Estão associadas aos organismos e dependem deles. Porém, permanecem imutáveis, não evoluem. Tal como as idéias platônicas, ou as leis universais, exercem uma influência unilateral sobre os organismos; mas a sua natureza permanece não afetada pelos organismos.
Os campos morfogenéticos não têm uma existência transcendente, independente dos organismos - nisto, assemelham-se às enteléquias. Mas são influenciados pelos organismos e moldados, através de uma ressonância mórfica, pelos campos de organismos semelhantes anteriores.
Estamos habituados à idéia de influências causais que atuam a distância no espaço e no tempo através de campos: por exemplo, quando olhamos para as estrelas, estamos sujeitos a influências milenares e distantes que atravessaram o campo eletromagnético veiculando a luz. A noção de ressonância mórfica implica, contudo, um tipo de ação a distância diferente, mais difícil de compreender, porque não implica o movimento de quanta de energia através de um dos campos conhecidos da física.
E isto levanta o problema do meio de transmissão: como é que a ressonância mórfica se produz através do tempo e do espaço?
Em resposta a esta pergunta, poderíamos imaginar um "éter morfogenético", ou uma outra "dimensão", ou, ainda, influências que passam "para além" do espaço-tempo e, depois, aí regressam. Mas seria, talvez, mais satisfatório imaginar o passado comprimido, em certa medida, contra o presente e potencialmente presente por todo o lado. As influências mórficas de organismos passados podem, simplesmente, estar presentes para organismos semelhantes posteriores.
Em resposta a esta pergunta, poderíamos imaginar um "éter morfogenético", ou uma outra "dimensão", ou, ainda, influências que passam "para além" do espaço-tempo e, depois, aí regressam. Mas seria, talvez, mais satisfatório imaginar o passado comprimido, em certa medida, contra o presente e potencialmente presente por todo o lado. As influências mórficas de organismos passados podem, simplesmente, estar presentes para organismos semelhantes posteriores.
Estamos de tal modo habituados à noção de leis físicas imutáveis que as consideramos como evidentes; mas, se refletirmos na natureza destas leis, afiguram-se-nos profundamente misteriosas. Não são entidades materiais, nem energéticas. Transcendem o espaço e o tempo e estão, pelo menos potencialmente, presentes em todos os lugares e em todos os tempos.
Se a ressonância mórfica é misteriosa, as teorias convencionais não o são menos. Distanciemo-nos um pouco e consideremos os seus postulados notáveis. A hipótese da causalidade formativa não é uma especulação metafísica estranha que contrasta com a teoria dura, empírica, pragmática do mecanicismo. Esta depende de pressupostos mais metafísicos, na realidade, do que a noção de causalidade formativa.
Os Campos Mórficos
Os campos morfogenéticos, no sentido em que se entende a causalidade formativa, serão designados, a seguir, campos mórficos. Este termo é mais simples e permite distinguir esta nova concepção dos campos morfogenéticos das outras mais convencionais. O sentido deste termo é mais geral do que o de campo morfogenético e inclui outros tipos de campos organizadores; tal como veremos a seguir, os campos organizadores do comportamento animal e humano, dos sistemas sociais e culturais e da atividade mental podem ser considerados como campos mórficos com uma memória inerente.
Os Campos de Informação
Informação é uma palavra que está na moda há decênios. Vivemos na "era da informação" e as nossas vidas estão rodeadas pelas tecnologias da informação. A informação desempenha um papel formativo ou in-formativo. Mas, o que é? Quer seja dentro ou para além dos limites do discurso científico, o emprego geral desta palavra não tem relação bem definida com a concepção técnica da informação tal como a teoria da informação a entende. Este processo matemático tem um campo de aplicação relativamente estreito e um valor muito limitado em biologia. Quando os biólogos falam de "informação genética", por exemplo, utilizam, em geral, esta palavra em um sentido vago, não técnico, muitas vezes intermutável com o sentido igualmente vago e não técnico da palavra programa.
A informação, a fonte moderna da forma, é considerada como residindo nas moléculas, células, tecidos, ambiente, muitas vezes latente, mas causalmente potente, permitindo que essas entidades se reconheçam, selecionem e instruam umas às outras, para se construir umas às outras e a si mesmas, para regularem, controlarem, induzirem, dirigirem e determinarem acontecimentos de todos os tipos.
A natureza desta informação permanece obscura e o emprego de termos alternativos, tais como instruções ou programas em nada contribui para a esclarecer.
Será física ou mental?
Será essencialmente matemática?
Será uma espécie de abstração conceitual?
Se for este o caso, é uma abstração do quê?
Será física ou mental?
Será essencialmente matemática?
Será uma espécie de abstração conceitual?
Se for este o caso, é uma abstração do quê?
Na medida em que a informação é empregada para explicar o desenvolvimento e a evolução dos corpos, do comportamento, dos espíritos e das culturas, não pode ser considerada como estática - tem, ela mesma, de se desenvolver e evoluir.
Os campos mórficos desempenham um papel comparável à informação e aos programas no pensamento biológico convencional e podem, de fato, ser considerados como campos de informação. Supor que a informação está contida em campos mórficos ajuda a desmistificar este conceito que, de outro modo, se referiria a uma noção essencialmente abstrata, mental, matemática ou, pelo menos, não física. E também chama a atenção para a natureza evolutiva da informação biológica, porque estes campos contêm uma memória inata apoiada pela ressonância mórfica.
O Aparecimento de Campos Novos
Os campos mórficos de qualquer organismo particular, digamos de um girassol, são moldados pelas influências das gerações precedentes de girassóis. A ressonância mórfica não permite, contudo, explicar como é que apareceram os primeiros campos deste tipo. Dentro do âmbito da evolução biológica, os campos de girassóis estão ligados, de maneira estreita, aos campos de outras espécies aparentadas, tais como as alcachofras de Jerusalém e descendem, sem dúvida, dos campos de uma longa linhagem de espécies ancestrais. Mas a hipótese da causalidade formativa não permite responder à questão de saber como é que os campos do gênero girassol, ou da família das Compositae, de que é membro, ou das primeiras plantas com flores ou, de fato, das primeiras células, surgiram. É uma questão de origem ou de criatividade.
Campos de novos tipos de organismos têm, de uma maneira ou de outra, de surgir uma primeira vez. De onde provêm? Talvez não provenham de parte nenhuma, talvez surjam espontaneamente. Talvez sejam organizados por um tipo de campo "superior". Ou talvez representem uma manifestação de arquétipos preexistentes, até então inteiramente transcendentes. Talvez, de fato, surjam de Formas imutáveis, ou de entidades matemáticas que, ao surgir no universo físico, adquiram uma vida própria. Estas possibilidades têm sido estudadas com grande afinco pelos pesquisadores. Porém, pouco importa, no âmbito da hipótese da causalidade formativa, saber qual destas respostas tem a preferência. A hipótese só trata de campos mórficos que já apareceram.
Não deveríamos perder de vista que as alternativas à hipótese da causalidade formativa colocam problemas igualmente profundos. Se há organismos organizados por leis matemáticas imutáveis, por equações gerativas, ou seja pelo que for que corresponda a modelos matemáticos, não temos de nos interrogar de onde provêm, porque são supostos ser eternos. Mas coloca-se, então, o problema das leis imutáveis, ou das equações preexistentes ao nascimento do universo. As equações gerativas dos girassóis, por exemplo, deveriam ser anteriores ao aparecimento das primeiras células vivas na Terra, portanto anteriores ao próprio big bang.
Mesmo se nos abstivermos destas especulações metafísicas e adotarmos uma abordagem puramente empírica, o fato é que a hipótese da causalidade formativa permite diversas previsões verificáveis, radicalmente diferentes das teorias convencionais. Esta diferença tem a ver com o fato de que as teorias ortodoxas da ciência concebem as leis da natureza como imutáveis em todos os tempos e em todos os lugares. Quer a natureza metafísica deste postulado seja reconhecida, quer não, é inegável. Está subjacente ao ideal de repetibilidade das experiências e faz parte integrante dos fundamentos do método científico, tal como o conhecemos. A hipótese da causalidade formativa questiona este postulado. Sugere que os princípios organizadores invisíveis da natureza não estão fixos de modo eterno, mas evoluem com os sistemas que organizam.
Por Adalberto Tripicchio
Fonte:
rede psi portal
sábado, 22 de janeiro de 2011
Os Campos Morfogenéticos de Rupert Sheldrake - Parte 1/2
Campos de Tipos Diferentes
Os campos são regiões de influência não-materiais. O campo de gravitação da Terra, por exemplo, estende-se à nossa volta. Não nos é visível, mas nem por isso é menos real. Dá o seu peso às coisas e provoca a sua queda. Mantém-nos em contato com a Terra neste preciso momento; sem ele, flutuaríamos. A Lua gira em redor da Terra por causa da curvatura do campo de gravitação da Terra; a Terra e todos os planetas giram em redor do Sol por causa da curvatura do campo do Sol.
De fato, o campo de gravitação permeia todo o universo, curvando toda a matéria. Segundo Einstein, não está no espaço e tempo; é o espaço-tempo. O espaço-tempo não é uma abstração gratuita; possui uma estrutura que inclui e molda, ativamente, tudo aquilo que existe e acontece no universo físico.
Também há campos eletromagnéticos, muito diferentes, pela sua natureza, da gravitação. Apresentam muitos aspectos e fazem parte integrante da organização de todos os sistemas materiais - dos átomos às galáxias. Estão subjacentes ao funcionamento do nosso cérebro e do nosso organismo. São essenciais à operação de toda a nossa maquinaria elétrica. Podemos ver os objetos que nos rodeiam, incluindo este artigo, porque estamos conectados com eles pelo campo eletromagnético no qual se desloca a energia vibratória da luz.
E, à nossa volta, no campo, inúmeros padrões de atividade vibratórios que escapam aos nossos sentidos; podemos, todavia, distingui-Ios por meio de receptores de rádio ou de TV. Os campos são o meio da ação a distância e, através deles, os objetos podem afetar-se entre si, mesmo se não mantiverem contato material.
Tudo isto nos parece evidente. Vivemos, permanentemente, nestes campos, quer saibamos, quer não, como os físicos os modelizam matematicamente. Não duvidamos de que possuem uma realidade física, sejam quais forem as modelizações que deles fizermos, ou o nome com que os designamos. Sabemos que existem pelos efeitos físicos, mesmo se os nossos sentidos, em geral, são inaptos para detectá-los de maneira direta. Por exemplo, a estrutura espacial do campo de um ímã é, em si, invisível, mas espalhem limalha de ferro nas proximidades do ímã e a sua existência concretizar-se-á imediatamente. Este campo, tal como outros tipos de campos, possui uma qualidade holística contínua e não pode ser cortado em partes, contrariamente aos objetos materiais. Deste modo, se cortarem um ímã em dois, cada metade preserva o conjunto do campo original - cada metade passa a ser um ímã completo, rodeado de um campo magnético completo.
Para além destes tipos familiares de campos, existem também, a avaliar pela teoria do campo quântico, diversos tipos de campos de matéria - campos de elétrons, de nêutrons etc.: campos microscópicos em cujo seio todas as partículas de matéria existem enquanto quanta de energia vibratória.
Nenhum destes diferentes tipos de campo pode ser reduzido a qualquer outro. Os físicos esperaram, durante muito tempo, poder, um dia, compreendê-Ios, todos, como aspectos de um único campo unificado. A física teórica contemporânea tenta fazê-Ios derivar, hipoteticamente, do campo unificado original do cosmos, o qual se diferenciaria para dar os campos conhecidos da física enrolando-se de diversas maneiras durante a evolução e o crescimento do universo. Dentro do âmbito destas novas teorias do campo evolutivas: "O mundo pode, ao que parece, ser construído mais ou menos a partir de um nada estruturado."
A natureza dos campos é inevitavelmente misteriosa. Segundo a física moderna, estas entidades são mais fundamentais do que a matéria. Os campos não podem explicar-se em termos de matéria; pelo contrário, a matéria é explicada em termos de energia nos campos. A física só pode explicar a natureza dos diferentes tipos de campos em relação a um eventual campo unificado mais fundamental - o campo cósmico original, por exemplo. Mas este é inexplicável - a menos que se suponha criado por Deus. Mas então é Deus que é inexplicável.
Podemos, evidentemente, assumir que os campos são como são porque são determinados por leis matemáticas eternas, mas então existe o mesmo problema com estas leis: como podemos explicá-las?
Comecemos por encarar a possibilidade de que existe um número muito mais importante de tipos de campos do que a física reconhece atualmente: os campos morfogenéticos de diversos tipos de células, tecidos, órgãos e organismos vivos.
Os Campos Morfogenéticos
No início dos anos 20, três biólogos, pelo menos, sugeriram, independentemente, que nos organismos vivos a morfogênese é organizada por campos: Hans Spemann, 1921; Alexander Gurwitsch, 1922; Paul Weiss, 1923. Estes campos foram ditos de desenvolvimento, embrionários, ou morfogenéticos. Deviam organizar o desenvolvimento normal e guiar os processos de regulação e de regeneração depois de lesão.
Gurwitsch escreveu:
"O meio no qual se desenrola o processo formativo embrionário é um campo (no sentido em que o entendem os físicos), cujos limites não coincidem, geralmente, com os do embrião, mas os superam. Por outras palavras, a embriogênese tem lugar nos campos. (...) Deste modo, aquilo que nos é dado, enquanto sistema vivo, consistiria num embrião visível (ou ovo, respectivamente) e num campo."
Paul Weiss aplicou o conceito de campo ao estudo pormenorizado do desenvolvimento embrionário e, na sua obra Principles of Development, fala dos campos nestes termos:
"Um campo é a condição à qual um sistema vivo deve a sua organização típica e as suas atividades específicas. Estas atividades são específicas no sentido em que determinam o caráter das formações a que dão origem. (...) Na medida em que a ação dos campos produz ordem espacial, segue-se o postulado seguinte: os fatores de campo possuem, eles mesmos, uma ordem definida. A heterogeneidade tridimensional dos sistemas em desenvolvimento, ou seja, o fato de que estes sistemas possuem propriedades diferentes nas três dimensões do espaço, deve relacionar-se com uma organização tridimensional e com uma heteropolaridade dos campos de origem."
A natureza específica dos campos significa, segundo Weiss, que cada espécie de organismo possui o seu campo morfogenético próprio, o que não impede que campos de espécies aparentadas possam ser semelhantes. O organismo encerra, além disso, campos secundários que se integram no campo global do organismo - uma espécie de hierarquia de campos encaixados em campos.
Durante os anos 30, C. H. Waddington tentou esclarecer o conceito de campo com o auxílio do conceito de "campos de individualização" associados à formação de órgãos definidos com formas individuais características. Nos anos 50, estendeu a noção de campo ao seu conceito de creodo, ou caminho de desenvolvimento, que ilustrou por meio de uma simples analogia tridimensional, a paisagem epigenética. O desenvolvimento de uma parte particular do ovo é representado pelo rolar de uma bola. Esta pode seguir uma série de caminhos alternativos, correspondentes às vias de desenvolvimento dos diferentes tipos de órgãos. No organismo, estas são bastante distintas; por exemplo, o coração e o fígado têm estruturas definidas e não atravessam uma série de formas intermediárias comuns. O desenvolvimento é "canalizado" em direção a pontos terminais precisos. Perturbações do desenvolvimento normal podem, por vezes, desviar a bola do fundo do vale em direção a uma vertente próxima mas, se a pressão não o fizer atravessar o cume em direção a um outro vale, voltará ao fundo do seu vale - não regressará ao ponto de partida, mas a uma posição posterior do caminho canalizado da mudança. É aquilo a que se chama regulação ontogênica.
O conceito de campos morfogenéticos, e de creodos no seu seio, difere da noção de enteléquia de Driesch. O conceito de campo implica, com efeito, a existência de analogias profundas entre o princípio organizador do domínio biológico e os campos conhecidos da física. Driesch, sendo vitalista, estabelecia uma diferença radical entre o domínio da vida e os da física e da química. É, todavia, certo que as enteléquias influenciaram o conceito de campos morfogenéticos. Estes, tal como a enteléquia, foram dotados de auto-organização e de uma tendência para um fim; e, tal como a enteléquia, deveriam exercer uma ação causal, guiando os sistemas sujeitos à sua influência em direção a padrões de organização característicos. Por exemplo, Weiss percebia os campos como complexos de fatores organizadores que «tornam definido e específico o curso originalmente indefinido das partes individuais do germe e isto de acordo com um padrão típico. E o conceito de creodos, ao canalizar o desenvolvimento em direção a fins particulares, assemelha-se fortemente ao impulso ou atração dos caminhos de desenvolvimento em direção a fins definidos pela enteléquia. Sob o ponto de vista de um sistema em desenvolvimento, os fins ou objetivos dos creodos pertencem ainda ao futuro; Waddington descreve-os, na linguagem da dinâmica, como sendo "atratores". A dinâmica matemática moderna é teleológica no sentido em que implica a idéia de "bacias" nas quais os "atratores" representam os estados em direção aos quais os sistemas dinâmicos são atraídos.
René Thom desenvolveu as idéias de Waddington em modelos matemáticos nos quais os pontos terminais estruturalmente estáveis, em direção aos quais os sistemas se desenvolvem, são representados por atratores ou por bacias de atração no seio de campos morfogenéticos.
Toda a criação ou destruição de formas, ou morfogênese, pode ser descrita pelo desaparecimento dos atratores que representam as formas iniciais e a sua substituição por captura pelos atratores que representam as formas finais.
O próprio Thom comparou esta abordagem com a de Driesch: "O nosso método, que atribui uma estrutura geométrica formal ao ser vivo, para explicar a sua estabilidade, pode caracterizar-se como uma espécie de vitalismo geométrico; trata-se, realmente, de uma estrutura global que rege os pormenores locais tal como a enteléquia de Driesch."
A abordagem em termos de campo contrasta com o esquema de Weismann e dos seus discípulos; com efeito, é o campo que ocupa, aqui, a posição central e não o plasma germinativo. E o campo, não o plasma germinativo, que molda o organismo. Mas o desenvolvimento não depende, apenas, dos campos; é, também, afetado por genes e influências ambientais.
A Natureza dos Campos Morfogenéticos
O que são, exatamente, os campos morfogenéticos?
Como é que funcionam?
Apesar do emprego difundido deste conceito em biologia, não existe resposta precisa para estas perguntas. De fato, a natureza destes campos continua a ser tão misteriosa como a própria morfogênese.
Como era de esperar, os campos foram interpretados de maneiras radicalmente diferentes, refletindo as três principais filosofias da forma.
* Do ponto de vista platônico, representam as Formas ou Idéias imutáveis, as quais podem, por sua vez, ser concebidas à maneira pitagórica, como essencialmente matemáticas.
* No espírito aristotélico, herdam a maior parte dos traços das enteléquias e desempenham um papel causal na organização dos sistemas materiais sujeitos à sua influência.
* De uma ótica nominalista, fornecem maneiras cômodas de descrever os fenômenos da morfogênese, habitualmente pensados como sendo de cariz totalmente mecânico. Estas diversas interpretações coexistem na biologia do desenvolvimento e por vezes o mesmo autor oscila entre elas no mesmo parágrafo.
O papel causal dos campos e as características herdadas da enteléquia de Driesch permanecem, em geral, implícitos. Mas foram avançadas, de maneira explícita, interpretações de tipo platônico ou pitagórico.
Gurwitsch sublinhou as propriedades geométricas dos campos e tratava-as como construções matemáticas ideais. A origem e a extensão de um campo não se confinavam ao material de um organismo em desenvolvimento e o seu centro podia muito bem ser um ponto geométrico exterior ao organismo.
Thom esforçou-se por desenvolver uma espécie de platonismo dinâmico, no qual não apenas as formas podem ser caracterizadas matematicamente, mas ainda as maneiras como se transformam. É este o fundamento da sua teoria das catástrofes, na qual as maneiras como as formas podem transformar-se umas nas outras são classificadas segundo um número limitado de "catástrofes" fundamentais. Os seus modelos de campos morfogenéticos incorporam essas catástrofes e concebe os campos como objetos matemáticos que determinam, de uma maneira ou de outra, formas biológicas. Compara-os às estruturas matemáticas que, em física, determinam as formas químicas:
"Se o sódio e o potássio existem, é porque uma estrutura matemática correspondente garante a estabilidade dos átomos Na e K; é possível, em mecânica quântica, especificar esta estrutura para um objeto simples, tal como a molécula de hidrogênio e, apesar do caso do átomo de Na ou de K ser menos bem compreendido, não há qualquer razão para duvidar da sua existência. Penso que existem igualmente, em biologia, estruturas formais, de fato, objetos geométricos, que prescrevem as únicas formas possíveis capazes de ter uma dinâmica auto-reprodutora num dado ambiente."
Segundo Thom, o esforço reducionista que visa "reconstruir um espaço complexo a partir de elementos simples" é perfeitamente incapaz de fornecer uma compreensão da morfogênese e conclui que "a abordagem platônica é, de fato, inevitável".
Brian Goodwin insiste, também, na natureza matemática dos campos morfogenéticos, que concebem termos de "equações de campo gerativas". O desenvolvimento de organismos não deve ser compreendido em função do plasma germinativo, tal como supunha Weismann, nem do DNA ou do programa genético. "A geração deve, pelo contrário, ser percebida como um processo emergente das propriedades de campo do estado vivo, com particularidades adquiridas que surgem para estabilizar soluções particulares das equações de campo, de forma que sejam engendradas morfologias específicas". Por outras palavras, os organismos adotam as formas exigidas pela estabilização das equações de campo e os genes afetam, indiretamente, a forma estabilizando determinadas soluções das equações de campo em vez de outras. Goodwin e o seu colega Webster esperam que uma compreensão destas equações gerativas permita elaborar uma ciência racional da forma biológica.
"É preciso deduzir a ordem relacionaI correta que gera os fenômenos observados e esta ordem de organização, apesar de real, não é diretamente observável. Esta ordem relacional lógica define as propriedades de organização típicas dos organismos vivos. (...) A descrição matemática apropriada é fornecida pelas equações de campo. (...) Uma compreensão da morfogênese fornece a base de uma taxionomia racional, baseada nas propriedades lógicas do processo gerativo e não-genealógica, baseada nos acidentes da história.
De um ponto de vista platônico, ou pitagórico, os campos representam uma realidade matemática objetiva; são igualmente objetivos se forem concebidos em um espírito aristotélico, enquanto princípios organizadores imanentes; em contrapartida, não têm qualquer realidade fora dos nossos espíritos dentro da perspectiva nominalista. Alguns adeptos do conceito de campo recusaram-lhe, por vezes, qualquer existência objetiva. Paul Weiss, por exemplo, considerava-o, por um lado como "fisicamente real", mas, por outro, considerava que o conceito de campo não passava de uma abstração do espírito. "Visto que se trata de uma simples abstração, não podemos esperar que nos dê mais do que nela pusemos. O seu valor analítico e explicativo é, portanto, nulo."
Waddington, que tanto fez para desenvolver e promover o conceito de campo em biologia mostrou uma ambigüidade semelhante. Escreveu:
"Qualquer conceito de 'campo' é, essencialmente, uma comodidade descritiva, não uma explicação causal. (..,) As forças operantes devem ser, em cada caso, identificadas separadamente, de maneira experimental. O conceito de campo teria valor de paradigma unificador se as forças fossem sempre as mesmas, ou pertencessem a alguns tipos pouco numerosos, tal como no caso dos campos gravitacionais e eletromagnéticos, ou se os mapas fossem sempre os mesmos; ora, sabemos que nada disso se passa."
Se os campos não têm um papel causal e não passam de uma maneira conveniente de falar de processos físicos e químicos complexos, esta abordagem não parece poder distinguir-se de uma versão sofisticada da teoria mecanicista. É certo que os biólogos contemporâneos têm, muitas vezes, tendência para conceber os campos morfogenéticos em termos físicos ou químicos convencionais. Porém, se levarmos esta abordagem suficientemente longe, ela desviará, mais cedo ou mais tarde, os investigadores de explicações puramente materiais para levá-los em direção a uma visão matemática ou platônica.
É o que se observa na modelização matemática dos campos morfogenéticos de Gierer, Meinhardt, etc. Começam com uma suposição mecanicista convencional:
"Visto que ainda não conhecemos a natureza bioquímica ou física dos campos, devemos introduzir uma suposição quanto à classe geral de física à qual pertence este fenômeno. Se supuséssemos que o fenômeno fundamental é o magnetismo, tentaríamos compreendê-Io em função das equações de Maxwell. Parece realista supor que os campos morfogenéticos têm a mesma base que outros fenômenos biológicos que se prestaram a explicações físicas: a saber, que são essencialmente devidos à interação e ao movimento de compostos moleculares."
Semelhantes processos podem, então, ser descritos por meio de equações apropriadas. Contudo, tal como Gierer observa:
"Estas equações são relativamente timoratas no que diz respeito aos pormenores do mecanismo molecular. Representam uma tentativa de 'desmistificação' dos campos morfogenéticos, que sugere que estes se devem à biologia molecular convencional e a mais nada; todavia, impõem condicionamentos radicais à elaboração de teorias e de modelos."
Estes modelos matemáticos baseiam-se, em geral, na hipótese de que existem, em determinadas regiões, processos químicos auto-ativadores cujos efeitos inibidores se estendem por uma região mais vasta. A ativação local é auto-aumentadores, de forma que uma ligeira vantagem inicial em um local particular pode produzir uma ativação extraordinária. A produção e a propagação de efeitos inibidores impedem, contudo, uma explosão catalítica global, de maneira que uma ativação em uma parte da área só se produz à custa de uma desativação em uma outra, até que se forme um padrão estável. Simulações por computador, baseando-se nestes modelos, mostram que podem engendrar uma série de padrões simples, dos quais alguns são capazes de "regenerar-se" depois de terem sido danificados.
Estes modelos ajudam a compreender o espaçamento entre diferentes padrões de atividade química nas células - em particular, a produção de proteínas diferentes - mas não explicam nem as formas das células, nem as estruturas a que dão origem. Deste modo, uma compreensão dos fatores que influenciam o espaçamento de pêlos em uma folha não explicaria a forma dos pêlos. Da mesma maneira, um modelo matemático de urbanização, para retomar o exemplo de Prigogine, permitiria compreender melhor os fatores que influenciam a taxa de crescimento urbano, mas em nada explicaria as diferenças arquiteturais, culturais e religiosas entre as cidades indianas e brasileiras.
Substâncias químicas que se difundem não são os únicos fatores em função dos quais podem ser modelados os campos morfogenéticos; entre os outros candidatos, citemos os impulsos eléctricos, os campos elétricos e as propriedades visco-elásticas do gel.
Estes modelos baseiam-se em hipóteses relativas a eventuais mecanismos físicos ou químicos; todavia, são essencialmente matemáticos e o seu valor explicativo é indissociável das matemáticas. Tentam, de fato, fornecer uma síntese que mistura, tal como a física clássica, as tradições platônica e materialista, tal como Gierer disse de maneira muito explícita:
"Uma compreensão satisfatória da formação de padrões biológicos só poderá emergir de uma combinação dos conhecimentos relativos à matemática e à matéria. É psicologicamente compreensível que os bioquímicos e biólogos moleculares favoreçam o aspecto materialista e os matemáticos o aspecto formal do problema. Em um plano filosófico, o aspecto matemático formal parece mais determinante para a compreensão do que o estrutural, mas não basta para produzir uma confirmação experimental."
"É interessante notar que o antagonismo entre o valor explicativo relativo da matemática e da matéria remonta a Pitágoras e Platão (a favor da matemática) e a Demócrito e, depois, Marx, (a favor do materialismo) - controvérsia que talvez não seja objetivamente resolúvel."
Por Adalberto Tripicchio
Fonte:
rede psi portal
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Campos Morfogenéticos / Rupert Sheldrake
Em evolução, campo morfogenético é o nome dado a um campo hipotético que explica a emergência simultânea da mesma função adaptativa em populações biológicas não-contíguas.
A hipótese dos campos morfogenéticos foi formulada por Rupert Sheldrake.
Segundo o holismo, os campos morfogenéticos são a memória coletiva a qual recorre cada membro da espécie e para a qual cada um deles contribui.
“Morfo vem da palavra grega 'morphe' que significa forma. O campos morfogenéticos são campos de forma; padrões ou estruturas de ordem. Estes campos organizam não só os campos de organismos vivos mas também de cristais e moléculas. Cada tipo de molécula, cada proteína por exemplo, tem o seu próprio campo mórfico - a hemoglobina , um campo de insulina, etc. De um mesmo modo cada tipo de cristal, cada tipo de organismo, cada tipo de instinto ou padrão de comportamento tem seu campo mórfico. Estes campos são os que ordenam a natureza. Há muitos tipos de campos porque há muitos tipos de coisas e padrões dentro da natureza..."
Os campos morfogenéticos ou campos mórficos são campos que levam informações, não energia , e são utilizáveis através do espaço e do tempo sem perda alguma de intensidade depois de ter sido criado. Eles são campos não físicos que exercem influência sobre sistemas que apresentam algum tipo de organização inerente. "
Os campos morfogenéticos agem sobre a matéria impondo padrões restritivos em processos de energia cujos resultados são incertos ou probabilísticos. Os Campos Mórficos funcionam modificando eventos probabilísticos . Quase toda a natureza é inerentemente caótica. Não é rigidamente determinada. Os Campos Mórficos funcionam modificando a probabilidade de eventos puramente aleatórios. Em vez de um grande aleatoriedade, de algum modo eles enfocam isto, de forma que certas coisas acontecem em vez de outras. É deste modo como eu acredito que eles funcionam.
“Campos mórficos são laços afetivos entre pessoas, grupos de animais - como bandos de pássaros, cães, gatos, peixes - e entre pessoas e animais. Não é uma coisa fisiológica, mas afetiva. São afinidades que surgem entre os animais e as pessoas com quem eles convivem. Essas afinidades é que são responsáveis pela comunicação.”
Um campo morfogenético não é uma estrutura inalterável mas que muda ao mesmo tempo, que muda o sistema com o qual esta associado. O campo morfogenetico de uma samambaia tem a mesma estrutura que o os campos morfogenético de samambaias anteriores do mesmo tipo. Os campos morfogenéticos de todos os sistemas passados se fazem presentes para sistemas semelhantes e influenciam neles de forma acumulativa através do espaço e o tempo.
A palavra chave aqui é " hábito ", sendo o fator que origina os campos morfogenéticos . Através dos hábitos os campos morfogenéticos vão variando sua estrutura dando causa deste modo às mudanças estruturais dos sistemas aos que estão associados. Segundo o cientista, os campos mórficos são estruturas que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o comportamento de todos os sistemas do mundo material.
Átomos, moléculas, cristais, organelas, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades, ecossistemas, sistemas planetários, sistemas solares, galáxias: cada uma dessas entidades estaria associada a um campo mórfico específico. São eles que fazem com que um sistema seja um sistema, isto é, uma totalidade articulada e não um mero ajuntamento de partes.
Sua atuação é semelhante à dos campos magnéticos, da física. Quando colocamos uma folha de papel sobre um ímã e espalhamos pó de ferro em cima dela, os grânulos metálicos distribuem-se ao longo de linhas geometricamente precisas. Isso acontece porque o campo magnético do ímã afeta toda a região à sua volta. Não podemos percebê-lo diretamente, mas somos capazes de detectar sua presença por meio do efeito que ele produz, direcionando as partículas de ferro. De modo parecido, os campos mórficos distribuem-se imperceptivelmente pelo espaço-tempo, conectando todos os sistemas individuais que a eles estão associados.
A analogia termina aqui, porém. Porque, ao contrário dos campos físicos, os campos mórficos de Sheldrake não envolvem transmissão de energia. Por isso, sua intensidade não decai com o quadrado da distância, como ocorre, por exemplo, com os campos gravitacional e eletromagnético. O que se transmite através deles é pura informação. É isso que nos mostra o exemplo dos macacos. Nele, o conhecimento adquirido por um conjunto de indivíduos agrega-se ao patrimônio coletivo, provocando um acréscimo de consciência que passa a ser compartilhado por toda a espécie.
O processo responsável por essa coletivização da informação foi batizado por Sheldrake com o nome de "ressonância mórfica". Por meio dela, as informações se propagam no interior do campo mórfico, alimentando uma espécie de memória coletiva. Em nosso exemplo, a ressonância mórfica entre macacos da mesma espécie teria feito com que a nova técnica de quebrar cocos chegasse à ilha "B", sem que para isso fosse utilizado qualquer meio usual de transmissão de informações.
Parece telepatia. Mas não é. Porque, tal como a conhecemos, a telepatia é uma atividade mental superior, focalizada e intencional que relaciona dois ou mais indivíduos da espécie humana. A ressonância mórfica, ao contrário, é um processo básico, difuso e não-intencional que articula coletividades de qualquer tipo. Sheldrake apresenta um exemplo desconcertante dessa propriedade.
Quando uma nova substância química é sintetizada em laboratório - diz ele -, não existe nenhum precedente que determine a maneira exata de como ela deverá cristalizar-se. Dependendo das características da molécula, várias formas de cristalização são possíveis. Por acaso ou pela intervenção de fatores puramente circunstanciais, uma dessas possibilidades se efetiva e a substância segue um padrão determinado de cristalização. Uma vez que isso ocorra, porém, um novo campo mórfico passa a existir. A partir de então, a ressonância mórfica gerada pelos primeiros cristais faz com que a ocorrência do mesmo padrão de cristalização se torne mais provável em qualquer laboratório do mundo. E quanto mais vezes ele se efetivar, maior será a probabilidade de que aconteça novamente em experimentos futuros.
Com afirmações como essa, não espanta que a hipótese de Sheldrake tenha causado tanta polêmica. Em 1981, quando ele publicou seu primeiro livro, A New Science of Life (Uma nova ciência da vida), a obra foi recebida de maneira diametralmente oposta pelas duas principais revistas científicas da Inglaterra. Enquanto a New Scientist elogiava o trabalho como "uma importante pesquisa científica", a Nature o considerava "o melhor candidato à fogueira em muitos anos".
Doutor em biologia pela tradicional Universidade de Cambridge e dono de uma larga experiência de vida, Sheldrake já era, então, suficientemente seguro de si para não se deixar destruir pelas críticas. Ele sabia muito bem que suas idéias heterodoxas não seriam aceitas com facilidade pela comunidade científica. Anos antes, havia experimentado uma pequena amostra disso, quando, na condição de pesquisador da Universidade de Cambridge e da Royal Society, lhe ocorreu pela primeira vez a hipótese dos campos mórficos. A idéia foi assimilada com entusiasmo por filósofos de mente aberta, mas Sheldrake virou motivo de gozação entre seus colegas biólogos. Cada vez que dizia alguma coisa do tipo "eu preciso telefonar", eles retrucavam com um "telefonar para quê? Comunique-se por ressonância mórfica".
Era uma brincadeira amistosa, mas traduzia o desconforto da comunidade científica diante de uma hipótese que trombava de frente com a visão de mundo dominante. Afinal, a corrente majoritária da biologia vangloriava-se de reduzir a atividade dos organismos vivos à mera interação físico-química entre moléculas e fazia do DNA uma resposta para todos os mistérios da vida.
A realidade, porém, é exuberante demais para caber na saia justa do figurino reducionista.
Exemplo disso é o processo de diferenciação e especialização celular que caracteriza o desenvolvimento embrionário. Como explicar que um aglomerado de células absolutamente iguais, dotadas do mesmo patrimônio genético, dê origem a um organismo complexo, no qual órgãos diferentes e especializados se formam, com precisão milimétrica, no lugar certo e no momento adequado?
A biologia reducionista diz que isso se deve à ativação ou inativação de genes específicos e que tal fato depende das interações de cada célula com sua vizinhança (entendendo-se por vizinhança as outras células do aglomerado e o meio ambiente). É preciso estar completamente entorpecido por um sistema de crenças para engolir uma "explicação" dessas. Como é que interações entre partes vizinhas, sujeitas a tantos fatores casuais ou acidentais, podem produzir um resultado de conjunto tão exato e previsível? Com todos os defeitos que possa ter, a hipótese dos campos mórficos é bem mais plausível.
Uma estrutura espaço-temporal desse tipo direcionaria a diferenciação celular, fornecendo uma espécie de roteiro básico ou matriz para a ativação ou inativação dos genes.
Ação modesta
A biologia reducionista transformou o DNA numa cartola de mágico, da qual é possível tirar qualquer coisa. Na vida real, porém, a atuação do DNA é bem mais modesta. O código genético nele inscrito coordena a síntese das proteínas, determinando a seqüência exata dos aminoácidos na construção dessas macro-moléculas. Os genes ditam essa estrutura primária e ponto.
"A maneira como as proteínas se distribuem dentro das células, as células nos tecidos, os tecidos nos órgãos e os órgãos nos organismos não estão programadas no código genético", afirma Sheldrake. "Dados os genes corretos, e portanto as proteínas adequadas, supõe-se que o organismo, de alguma maneira, se monte automaticamente. Isso é mais ou menos o mesmo que enviar, na ocasião certa, os materiais corretos para um local de construção e esperar que a casa se construa espontaneamente."
A morfogênese, isto é, a modelagem formal de sistemas biológicos como as células, os tecidos, os órgãos e os organismos seria ditada por um tipo particular de campo mórfico: os chamados "campos morfogenéticos". Se as proteínas correspondem ao material de construção, os "campos morfogenéticos" desempenham um papel semelhante ao da planta do edifício. Devemos ter claras, porém, as limitações dessa analogia. Porque a planta é um conjunto estático de informações, que só pode ser implementado pela força de trabalho dos operários envolvidos na construção. Os campos morfogenéticos, ao contrário, estão eles mesmos em permanente interação com os sistemas vivos e se transformam o tempo todo graças ao processo de ressonância mórfica.
Tanto quanto a diferenciação celular, a regeneração de organismos simples é um outro fenômeno que desafia a biologia reducionista e conspira a favor da hipótese dos campos morfogenéticos. Ela ocorre em espécies como a dos platelmintos, por exemplo. Se um animal desses for cortado em pedaços, cada parte se transforma num organismo completo.
Forma original
Como mostra a ilustração da página ao lado, o sucesso da operação independe da forma como o pequeno verme é seccionado. O paradigma científico mecanicista, herdado do filósofo francês René Descartes (1596-1650), capota desastrosamente diante de um caso assim. Porque Descartes concebia os animais como autômatos e uma máquina perde a integridade e deixa de funcionar se algumas de suas peças forem retiradas. Um organismo como o platelminto, ao contrário, parece estar associado a uma matriz invisível, que lhe permite regenerar sua forma original mesmo que partes importantes sejam removidas.
A hipótese dos campos morfogenéticos é bem anterior a Sheldrake, tendo surgido nas cabeças de vários biólogos durante a década de 20. O que Sheldrake fez foi generalizar essa idéia, elaborando o conceito mais amplo de campos mórficos, aplicável a todos os sistemas naturais e não apenas aos entes biológicos. Propôs também a existência do processo de ressonância mórfica, como princípio capaz de explicar o surgimento e a transformação dos campos mórficos. Não é difícil perceber os impactos que tal processo teria na vida humana. "Experimentos em psicologia mostram que é mais fácil aprender o que outras pessoas já aprenderam", informa Sheldrake.
Ele mesmo vem fazendo interessantes experimentos nessa área. Um deles mostrou que uma figura oculta numa ilustração em alto constraste torna-se mais fácil de perceber depois de ter sido percebida por várias pessoas. Isso foi verificado numa pesquisa realizada entre populações da Europa, das Américas e da África em 1983. Em duas ocasiões, os pesquisadores mostraram as ilustrações 1 e 2 a pessoas que não conheciam suas respectivas "soluções". Entre uma enquete e outra, a figura 2 e sua "resposta" foram transmitidas pela TV. Verificou-se que o índice de acerto na segunda mostra subiu 76% para a ilustração 2, contra apenas 9% para a 1.
Aprendizado
Se for definitivamente comprovado que os conteúdos mentais se transmitem imperceptivelmente de pessoa a pessoa, essa propriedade terá aplicações óbvias no domínio da educação. "Métodos educacionais que realcem o processo de ressonância mórfica podem levar a uma notável aceleração do aprendizado", conjectura Sheldrake. E essa possibilidade vem sendo testada na Ross School, uma escola experimental de Nova York dirigida pelo matemático e filósofo Ralph Abraham.
Outra consequência ocorreria no campo da psicologia. Teorias psicológicas como as de Carl Gustav Jung e Stanislav Grof, que enfatizam as dimensões coletivas ou transpessoais da psique, receberiam um notável reforço, em contraposição ao modelo reducionista de Sigmund Freud (leia o artigo "Nas fronteiras da consciência", em Globo Ciência nº 32).
Sem excluir outros fatores, o processo de ressonância mórfica forneceria um novo e importante ingrediente para a compreensão de patologias coletivas, como o sadomasoquismo e os cultos da morbidez e da violência, que assumiram proporções epidêmicas no mundo contemporâneo, e poderia propiciar a criação de métodos mais efetivos de terapia.
"A ressonância mórfica tende a reforçar qualquer padrão repetitivo, seja ele bom ou mal", afirmou Sheldrake a Galileu. "Por isso, cada um de nós é mais responsável do que imagina. Pois nossas ações podem influenciar os outros e serem repetidas".
De todas as aplicações da ressonância mórfica, porém, as mais fantásticas insinuam-se no domínio da tecnologia. Computadores quânticos, cujo funcionamento comporta uma grande margem de indeterminação, seriam conectados por ressonância mórfica, produzindo sistemas em permanente transformação. "Isso poderia tornar-se uma das tecnologias dominantes do novo milênio", entusiasma-se Sheldrake.
Uma das primeiras experiências levadas a cabo por Sheldrake foi a dos ratos no laboratório. Foi recapturado do tempo em que ele começou a considerar os campos morfogeneticos. Consiste em ensinar a um grupo de ratos uma certa aprendizagem, por exemplo, sair de um labirinto, em certo lugar, por exemplo, Londres, para logo observar a habilidade de outros ratos em outro lugar então, por exemplo, Nova Iorque, deixar o labirinto. Esta experiência já foi levada a cabo em numerosas ocasiões dando resultados muito positivos.
Fonte:
Wikipédia
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