- a dificuldade de adormecer,
- acordar várias vezes durante a noite,
- sono inquieto e agitado,
- sono perturbado pela a presença de muitos sonhos.
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terça-feira, 30 de outubro de 2012
Dica para insônia ou dificuldade para dormir
Dormir bem é essencial não apenas para ficar acordado durante o dia seguinte, mas para manter-se saudável, melhorar a qualidade de vida e até aumentar a longevidade. Nosso desempenho físico e mental está diretamente ligado a uma boa noite de sono.
Foi pensando nos anjinhos e nos carneirinhos da noite que resolvi escrever algumas dicas de como ter uma boa noite de sono e afastar o pesadelo da insônia.
Na medicina tradicional chinesa, a insônia abrange vários e diferentes problemas:
Apresento alguns pontos de auto massagem (Do-in)
para manipular em nosso corpo antes de dormir.
A quantidade e a qualidade do sono dependem
do estado da mente (Shen) que é abrigada no Coração.
O ponto C7, chamado de Shenmen ou Porta do Coração,
localiza-se na prega de flexão anterior do punho como mostra a figura abaixo.
A técnica consiste em pressionar o ponto de maneira profunda e contínua com a polpa do polegar (sedação) por até cinco minutos com pequenos intervalos.
É aconselhável aproveitar este momento de auto massagem antes de dormir para fazer uma pequena meditação. A pessoa pode escolher uma posição confortável, colocar uma música relaxante, acender um incenso e aplicar a auto massagem juntamente com exercícios de respiração. Florais também podem ajudar a ter uma boa noite de sono.
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Por que os sonhos nos ajudam a viver melhor
A ciência revela que sonhar deixa a memória afiada, ajuda a lidar com as emoções e nos treina para os obstáculos da vida real
Fechar os olhos, relaxar, dormir, sonhar. Um ritual comum, diário, banal até. E que, no entanto, como começam a revelar as mais recentes pesquisas da neurociência, é vital para nossa sobrevivência e tem impacto profundo na qualidade de vida. De acordo com os estudos, para viver melhor, é preciso sonhar. Os sonhos exercem funções biológicas fundamentais na evolução da nossa espécie: eles aprimoram a memória, ajudam no aprendizado, nos auxiliam a resolver nossa vida emocional e servem como treino para nos preparar para os desafios do dia a dia.
Na história da humanidade, é a primeira vez que os sonhos alcançam uma dimensão dessa magnitude. Desde as primeiras civilizações, buscamos entender o significado das imagens e das emoções experimentadas durante o sono – às vezes prazerosas, às vezes apavorantes. Explicações variadas já surgiram, inclusive. Grande parte delas relaciona-se a interpretações místicas, colocando o sonho como uma forma de nos relacionarmos com o divino. Também já são conhecidos episódios famosos que o colocam como fonte de inspiração para a criação. A escritora britânica Mary Shelley idealizou o personagem Frankenstein depois de sonhar com ele. O químico russo Dmitri Mendeleiev organizou os elementos químicos na tabela periódica depois de vê-la em um sonho. Paul McCartney sonhou com a música “Yesterday” e a compôs assim que acordou. E o pintor surrealista espanhol Salvador Dali desenvolveu uma técnica em que usava seus sonhos para fazer seus quadros. Não por acaso, o tema estimula mentes criativas e aparece com frequência em todos os tipos de arte, como no recente sucesso cinematográfico “A Origem”.
Porém, o entendimento mais profundo dos sonhos só começou a ganhar fôlego a partir de Sigmund Freud. Seu livro “A Interpretação dos Sonhos”, lançado há 110 anos, representou um marco e lançou as bases da psicanálise. Pelo entendimento do médico austríaco, os sonhos eram um modo de manifestação dos desejos reprimidos.
Somente agora, no entanto, com os progressos da neurociência, compreende-se muito mais seu papel real na vida cotidiana – a prática e a emocional. O primeiro passo para a guinada foi a descoberta, por meio de eletroencefalogramas, de que durante o sono a atividade cerebral não se mantém constante. Ondas cerebrais lentas são sucedidas por curtos períodos de ondas mais aceleradas, acompanhadas por rápidos movimentos involuntários dos olhos. É o chamado sono REM (do inglês “movimento rápido dos olhos”). Constatou-se, posteriormente, que, durante esse período mais agitado, o fluxo sanguíneo cerebral se intensifica e uma série de imagens toma conta do cérebro. É o nascimento dos sonhos.
A partir dessa descoberta, outras foram surgindo, associando o sono à consolidação das memórias. Observava-se, por exemplo, que a privação de sono atrapalhava o aprendizado, mas não se explicava exatamente como. Ainda foram necessárias muitas outras pesquisas para se chegar à equação que relaciona a memória aos processos desencadeados no cérebro durante as duas fases do sono.
Para resolver esse enigma, os cientistas precisaram entender o modo como o cérebro define, em meio ao turbilhão de novos conteúdos ao qual é exposto diariamente, o que será guardado. Uma nova informação só se torna uma memória de longa duração se passar pelo crivo de nossa mente, que precisa considerar aquilo significativo e, portanto, digno de ser lembrado. “O que não é importante é esquecido”, explica o psicólogo Rafael Scott, doutorando em psicobiologia pelo Instituto Internacional de Neurociência de Natal (IINN), no Rio Grande do Norte. Selecionado o que deverá permanecer, essas lembranças começam a ser ligadas a outras, mais antigas. É esse processo que lhes garante permanência. “Nossa memória funciona por meio da formação de redes associativas de significado”, diz o cientista Sidarta Ribeiro, um dos fundadores do IINN. “Quando você era criança, aprendeu que rosa era uma flor. Depois descobriu que também era uma cor. Quando foi para a escola, teve uma coleguinha chamada Rosa. Mais tarde, descobriu o escritor Guimarães Rosa e que essa mesma palavra também poderia ser o nome de um livro de Umberto Eco – “O Nome da Rosa”, exemplifica.
Mas o que o sonho tem a ver com esse processo? “É nos sonhos que as experiências importantes vividas durante o dia estão sendo associadas às memórias passadas”, explicou à IstoÉ Robert Hoss, presidente da Associação Internacional para o Estudo dos Sonhos e diretor-fundador da Fundação DreamScience. Ou seja: o sonho é fundamental para que essa rede de associações seja tecida. Ele permite a migração daquilo que aprendemos durante o dia e que está no hipocampo – região do cérebro responsável pela aquisição de novos conhecimentos – para o córtex cerebral, onde é armazenado. “É como se fosse o movimento das marés”, compara Ribeiro. A maré cheia corresponde à fase em que as memórias atingem o córtex e, ao “esvaziar”, deixa o hipocampo livre para novos aprendizados. Ao construir essa teia, símbolos diferentes se mesclam de acordo com sua significação ou com as emoções a eles associadas. “É por isso que, no sonho, a pessoa Rosa pode aparecer significada como o escritor: todos estão dentro da mesma rede de associações”, esclarece o cientista brasileiro.
Por que os sonhos nos ajudam a viver melhor - Parte 2
A ciência revela que sonhar deixa a memória afiada, ajuda a lidar com as emoções e nos treina para os obstáculos da vida real
É por causa dessa ligação com a memória que o sonho acaba ajudando também no aprendizado. O psicólogo Scott está pesquisando o tema entre alunos universitários. Na primeira etapa do estudo, realizada durante seu mestrado, dividiu um grupo de 94 vestibulandos entre os que relataram ter sonhado com a prova e os que não. Ele percebeu que aqueles que sonharam com o teste iam melhor. “Mas não era qualquer tipo de sonho”, adianta Scott. Quando o relato dizia respeito a recompensas – como festas após a aprovação – ou a situações-problema – como perder a prova ou estar impossibilitado de fazê-la –, não era observado um melhor desempenho do candidato. O aumento no índice de aprovação acontecia entre os alunos que diziam sonhar com o conteúdo das provas. “É como se, nesses casos, a memória do que foi estudado estivesse mais consolidada na rede neural e houvesse um melhor bloqueio das influências emocionais que bombardeiam o estudante na hora do vestibular”, relata.
O achado da pesquisa de Scott corrobora outros estudos que mostram como sonhar pode ajudar o ser humano a encontrar as melhores soluções para seus problemas. Muitos sonhos, como no caso dos alunos que anteveem o vestibular, atuam como simuladores de realidades futuras. “É o que chamamos de sonhos antecipatórios”, afirma Scott. “Eles funcionam de maneira probabilística: como se o cérebro estivesse simulando uma série de situações para tentar prever qual delas acontecerá no futuro.” É o mecanismo biológico encontrado por nós para treinar várias respostas a um determinado evento antes mesmo que ele aconteça.
É por essa razão que muitos especialistas começam a investir mais nesse poder. “Os sonhos podem ser um manancial de soluções para as questões do dia a dia”, disse à ISTOÉ a psicóloga Deirdre Barrett, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e autora do livro “Tudo Começou com um Sonho”. “Basta prestar atenção no que eles querem nos dizer”, completa. Em um de seus experimentos, Deirdre pediu a 47 pessoas que, durante uma semana, pensassem em um problema pouco antes de dormir. Ao fim do período, metade do grupo relatou ter sonhado com aquilo que havia sido mentalizado. “A maior parte disse que o sonho continha a solução para o problema”, conta.
A pesquisa captou uma maior quantidade de soluções para conflitos de natureza emocional do que para aqueles de origem mais objetiva. Uma explicação para isso reside no fato de que o sonho facilita nosso mergulho em compartimentos mentais jamais acessados durante o dia, como pregava Freud. “Eles guardam relação direta com o que acontece quando estamos acordados”, diz a psicóloga americana. “Só que nesse estado diferente de consciência nosso cérebro pensa de um modo muito mais intuitivo e visual, contrapondo-se à maneira lógica e verbal do estado de vigília”, explica. Por meio dos sonhos, portanto, a razão sai de cena, dando lugar a conteúdos mais relacionados à emoção – e que muitas vezes são sufocados pelo nosso lado racional. É como se o sonhador trocasse as lentes com as quais enxerga o mundo. Essa substituição pode ser capaz de lhe trazer respostas que não conseguiria encontrar por meio da razão.
Quando se sonha, dá-se continuidade a questões emocionais importantes não resolvidas enquanto o indivíduo está acordado, e seu cérebro continua tentando resolvê-las. “Isso acontece mesmo que não nos lembremos do sonho no outro dia”, assegura Robert Hoss. Um achado interessante, porém, indica que, se o que vivemos durante o dia alimenta nossos sonhos, o inverso também é verdade. A psicóloga americana Rosalind Cartwright dedica-se há algumas décadas a pesquisar como o sonho influencia o humor e as emoções. Neste ano, publicou o livro “The Twenty Four Hour Mind: The Role of Sleep and Dreaming in our Emotional Lives” (A mente vinte e quatro horas: o papel do sono e dos sonhos em nossas vidas emocionais, numa tradução livre), resultado de seus últimos trabalhos na área. Rosalind observou que, normalmente, as pessoas têm um primeiro sonho em que predominam sensações negativas e que, ao longo da noite, os demais vão neutralizando esses sentimentos e tornando-os positivos. Assim, ao acordar o indivíduo terá mais fresco em sua memória o “sonho bom”, que cronologicamente aconteceu por último. Isso vai influenciar seu humor pela manhã.
A primeira vez que a pesquisadora percebeu essa função reguladora do humor foi durante estudos com casais recém-separados que estavam em depressão. Quem acordava se lembrando de sensações negativas relacionadas ao ex-parceiro – como sonhar que estava sendo punido ou rejeitado pelo outro – demorava mais tempo para superar o trauma. Além disso, Rosalind notou que a mudança de comportamento nos sonhos também ajudava a superar a depressão. “Quem, nos sonhos, abandonava uma atitude passiva para se tornar mais ativo também melhorava mais rápido”, afirma.
Nas investigações sobre os aspectos emocionais associados aos sonhos, os pesquisadores deram-se conta de outro benefício. Ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, sonhar repetidamente com um evento traumático não reforça as sensações negativas vinculadas ao episódio. “As pessoas sonham muito com um trauma após sofrê-lo para que a mente tente dominar esse estímulo desagradável”, diz Elie Chenieux, professor de psiquiatria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Cada vez que o episódio traumático reaparece, novas associações são criadas, tentando torná-lo mais aceitável. Isso vale para qualquer trauma, seja uma separação, seja um assalto ou um ataque de um cão. “O sonho é terapêutico por si só”, afirma o professor.
Na realidade, até mesmo os pesadelos clássicos têm o poder de nos ajudar a ter uma vida melhor. Eles são os elementos principais da “Teoria da Simulação do Perigo”, criada pelo cientista Antti Revonsuo, da Universidade de Skövde, na Suécia. “Os pesadelos mais típicos e universais que temos mostram que nós seguimos sonhando com os perigos de nossos ancestrais”, contou Revonsuo à IstoÉ. Assim, sonhar com uma fera faminta correndo atrás de você seria uma espécie de resquício de tempos passados. “Essas eram as situações de perigo mais comuns para os nossos ancestrais e o objetivo do pesadelo era que eles ensaiassem saídas para quando estivessem realmente diante delas”, analisa o cientista.
Esses riscos não fazem mais parte da vida moderna, mas nosso organismo ainda não foi capaz de se livrar dessas imagens – há outros pesadelos ancestrais que continuamos a ter, como cair de lugares altos, perder-se, ser pego por uma armadilha ou ficar exposto a fenômenos extremos da natureza, como tempestades ou dilúvios. Isso se deve em parte ao fato de que o sistema límbico, responsável pelo sono REM, é uma parte primitiva do nosso cérebro. “Essa região, conhecida como cérebro visceral, existe também em outros animais, até mesmo em aves”, diz Gilberto Xavier, professor de neurofisiologia da Universidade de São Paulo. “Por isso elas também sonham.”
No mundo atual, em que o ser humano está exposto a ameaças diferentes, os sonhos perderam a obviedade, mas não a importância. Os pesadelos continuam a nos ajudar na preparação para o enfrentamento dos obstáculos e do estresse do cotidiano. Até porque, embora distintos, perigos permanecem a nossa frente.
Para captar a mensagem que eles nos enviam, todavia, é preciso entender a linguagem dos sonhos – mais metafórica – e ter em mente que só o próprio sonhador compreende o conteúdo que sonhou. Nem gêmeos idênticos encontrarão o mesmo significado para os seus sonhos. “Cada pessoa é única. Elas são estimuladas pelo ambiente de forma diferente e têm seu próprio conjunto de símbolos, que acham mais ou menos significantes”, afirma Xavier. Para decifrar esse conteúdo, porém, nada de dicionários de sonhos. “Buscar o significado do seu sonho em um livro do tipo é o mesmo que tentar entender o amor por meio de textos”, brinca o psicoterapeuta Ascânio Jatobá, coordenador do Curso de Sonhos, em São Paulo. “É melhor se apaixonar, não é mesmo?”
Por Rachel Costa e André Julião
Fonte:
IstoÉ
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Sonhar... Sonho... Sonhos...
"Sonhar permite que cada um
e todos de nós sejamos loucos,
silenciosamente e com segurança,
cada noite de nossas vidas."
William C. Dement
(Pesquisador de sono e sonhos)
Ao longo de sua história, a humanidade tenta entender o significado dos sonhos. Desta questão cuidaram os filósofos, místicos e cientistas, chegando eles às mais diferentes respostas. Diversas culturas antigas e mesmo muitas atuais, interpretam os sonhos como inspirações, sinais divinos, visões proféticas, fantasias sexuais, realidade alternativa, e diversas outras crenças, medos e conjecturas, dada a sua natureza intrigante e enigmática.
Em 1900, em seu livro "A Interpretação dos Sonhos", Sigmund Freud defendia a idéia de que os sonhos refletiam a experiência inconsciente. Ele teorizou que o pensamento durante o sono tende a ser primitivo ou regressivo e que os efeitos da repressão são reduzidos. Para ele, os desejos reprimidos, particularmente aqueles associados ao sexo e à hostilidade, eram liberados nos sonhos quando a consciência era diminuída.
Entretanto, naquela época, a fisiologia do sono e sonhos era desconhecida, restando a Freud apenas a sua interpretação psicoanalítica dos sonhos.
Somente na década dos 50, com a descoberta de que os movimentos rápidos dos olhos (o chamado sono REM, ou Rapid Eyes Movement sleep), eram frequentemente um indicativo de que o indivíduo estava sonhando, uma nova era da pesquisa sobre sonhos emerge, e alguns elementos da psicanálise tiveram que ser modificados ou abandonados.
Hoje sabemos que os sonhos são entendidos como parte do ciclo do sono determinado biologicamente. Diversas teorias tem sido descritas, baseadas em achados neurofisiológicos e comportamentais, seja através do registro de ondas cerebrais, seja por estudos com lesão e estimulação de estruturas no cérebro (de animais) que são acreditadas estarem envolvidas com os sonhos.
Por que o cérebro sonha?
De natureza muitas vezes bizarra, irreal e confusa, os sonhos são especulados por alguns estudiosos do sono e sonhos como sendo um meio pelo qual o cérebro se livra de informações desnecessárias ou erradas durante o período em que o indivíduo está acordado - um processo de "desaprendizagem" ou aprendizagem reversa, proposta por Francis Crick e Graeme Mitchison, em 1983. Estes pesquisadores postularam que o néocortex, uma complexa rede de associação neural, poderia se tornar carregado por grandes quantidades de informações recebidas. O neocórtex poderia desenvolver, então, pensamentos falsos ou "parasíticos", pensamentos estes que comprometeriam o armazenamento verdadeiro e ordenado da memória.
Isto explicaria porque as crianças, cujo ritmo de aprendizagem é intenso, apresentam mais sono REM que os adultos. Elas necessitariam, segundo esta ideia, esquecer as diversas associações erradas ou sem sentido que se formam durante a sua aprendizagem quando estão acordadas, favorecendo, desta forma, o armazenamento das associações ou informações que são verdadeiramente importantes.
Em linha semelhante de pensamento, outros estudiosos teorizaram que os sonhos consistem de associações e memórias eliciadas da parte frontal do cérebro, em resposta a sinais randômicos do tronco encefálico. Estes autores, sugeriram que os sonhos são o melhor "ajuste" que o cérebro frontal poderia fornecer a este bombardeamento randômico do tronco cerebral. Nesta proposição, os neurônios da ponte, via tálamo, ativariam várias áreas do córtex cerebral eliciando imagens bem conhecidas ou mesmo emoções, e o córtex então, tentaria sintetizar as imagens disparadas. O sonho "sintetizado" pode ser completamente bizarro e mesmo sem sentido porque ele está sendo desencadeado por uma atividade semi-randômica da ponte (veja Substrato Neural dos Sonhos).
William Dement nos chama a atenção para o fato de que cada um de nós somos "loucos", quando, ao sonhar, manifestamos as mais bizarras situações. Outros pesquisadores predizem que falhas na habilidade em processar o sono REM, podem causar fantasias, alucinação e obsessão. Outros ainda, afirmam que a falta de sonhos (de sono REM) induz psicoses alucinatórias e outros distúrbios mentais.
Com base em tais achados e teorias, podemos pensar que sonhos são mecanismos de defesa e adaptação, e a "loucura" manifestada durante este estado silencioso e inconsciente, parece ser necessária para que nos mantenhamos "sãos" durante o nosso agitado estado de consciência.
Nós precisamos sonhar?
Ainda não se sabe se precisamos sonhar ou não, mas é evidente que o corpo requer sono REM. Kelly argumenta que a privação de REM não causa psicoses, comportamentos bizarros, ansiedade ou irritabilidade, como foi afirmado por muitos pesquisadores, desde que ele observou que sujeitos privados do sono REM por um período de 16 dias não mostraram sinais de distúrbios patológicos sérios.
De acordo com o pesquisador, o efeito mais importante da privação de REM, é uma mudança dramática em padrões subsequentes quando o sujeito é permitido dormir sem interrupção. Um encurtamento do sono REM por várias noites, é seguido por início prematuro, longa duração e frequência aumentada de períodos REM. Quanto maior a privação, maior e mais amplo será o efeito REM. A existência de um mecanismo compensatório ativo para a recuperação de sono REM perdido ou suprimido sugere que o sono REM é fisiologicamente necessário.
Webb (1985) encontrou que perda de mais que 48 horas de sono tiveram pouco efeito sobre a precisão dos atos e tarefas de processamento cognitivo, enquanto que medidas de atenção foram afetadas. A performance pode ser devido mais a fatores motivacionais do que componentes cognitivos.
Lugaresi (1986) reporta um o caso de um homem que, gradualmente, começou a dormir menos e menos; ele apresentava inabilidade em se concentrar, falhas intelectuais, desorientação. Quando ele morreu, seu cérebro foi verificado e foi encontrado que ele tinha uma condição herdada que causou uma degeneração do tálamo.
Por que não Atuamos Durante os Sonhos?
Imagine que 'catástrofe' não seria, quando, ao dormirmos e sonharmos, não tivessemos mecanismos cerebrais que inibissem nossos movimentos e ação!
Quando estamos dormindo, nós possuímos um mecanismo adaptativo que nos protege de injúria contra nós mesmos e contra outras pessoas. Os mesmos mecanismos do tronco encefálico que controlam os processos do sono na parte frontal do cérebro, também inibem os neurônios motores espinhais, prevenindo assim, a atividade motora descendente, de expressar movimentos.
Sistemas que inibem o movimento durante o sono REM.
A. No sono REM normal, a ponte inibe o feixe lateral motor. O resultado é uma paralisia completa.
B. No sono REM sem paralisia (em casos de lesão ou tumor), as lesões quebram as conexões da ponte ao feixe locomotor lateral e centro medular.
Tradução: Brain stem= tronco encefálico. Pons= Ponte. Medulla=Bulbo. Excitate= Excitam. Medullary Inhibitory Area= área Inibitória Medular. Muscles=Músculos.
No sono REM, a ponte é ativada, excitando a área inibitória medular por projeções (trato tegmento reticular), o qual conecta a ponte ao centro inibitório. O centro medular inibe os neurônios motores e promove a atonia (paralização dos movimentos).
O feixe locomotor lateral, abaixo da parte externa do tronco encefálico, exibe um importante papel na redução do drive motor. Ele é conectado às estruturas da medula espinhal. No sono REM, a ponte estimula a zona inibitória, desligando o feixe locomotor e impedindo a ação do movimento.
Tradução: Cerebral Cortex= Córtex Cerebral. Thalamus= Tálamo. Pons= Ponte. Medulla= Bulbo. Tegmento-reticular tract= Trato tegmento-reticular. Motor neurons= Neurônios motores. Lateral Locomotor Strip= Feixe Locomotor Lateral
Pessoas que atuam durante seus sonhos, apresentam um raro distúrbio conhecido como Distúrbio do Sono REM. Estas pessoas frequentemente se injuriam a si próprias ou pessoas próximas a elas. A base para este distúrbio parece ser a desconecção de sistemas no tronco encefálico que medeiam a atonia (Bear e al).
Lesões experimentais em certas partes da ponte podem causar uma condição similar em gatos. Durante os períodos REM, eles parecem estar caçando camundongos, ou investigando intrusos invisíveis.
Neurobiologia dos Sonhos: Atividade Elétrica
As evidências neurofisiológicas indicam que o sono não se constitui apenas em uma espécie de repouso cerebral, mas também em estágios distintos de atividade neuronal.
Aproximadamente 90 minutos após o início do sono, várias mudanças fisiológicas abruptas podem ocorrer. O EEG se torna dessincronizado, mostrando baixa-voltagem, um padrão de atividade rápido, similar, mas não idêntico, àquele do estado de alerta. Como resultado, este estado de sono tem também sido chamado de sono paradoxal, sono ativo, e sono dessincronizado.
Os estágios básicos do sono, por convenção, são divididos em dois tipos principais:
- REM (Rapid Eyes Movement, o sono dos sonhos) e
- Não REM (NREM).
Estes dois tipos são geralmente quebrados em cinco estágios: um, dois, três, quatro e REM. Em cada estágio, as ondas cerebrais se tornam progressivamente maiores e mais lentas, e o sono se torna mais profundo. Após alcançar o estágio 4, o período mais profundo, o padrão se reverte e o sono se torna progressivamente mais leve até o sono REM, o período mais ativo, ocorrer.
Este ciclo ocorre tipicamente aproximadamente uma vez a cada 90 minutos. Aproximadamente 75% do sono total é gasto em sono não-REM. Uma boa noite de sono depende do equilíbrio apropriado destes componentes.
Quando o indivíduo torna-se sonolento, as ondas alfa e beta vão gradualmente cedendo espaço para outras ondas de baixa amplitude conhecidas como ondas teta (quatro a sete por segundo). No sono leve, as ondas teta predominam e há o aparecimento dos chamados fusos do sono (feixes de atividade elétrica sincronizada de 12 a 17 HZ).
À medida que as fases se sucedem, o sono torna-se cada vez mais profundo, e o indivíduo torna-se cada vez menos reativo aos estímulos sensoriais.
Electrophysiological Activity of Sleep
O que são "ondas" cerebrais?
No cérebro, a somatória da atividade elétrica de milhões de neurônios, principalmente no córtex, podem ser observadas no eletroencefalograma (EEG), um aparelho que registra a atividade elétrica das células do cérebro durante os diversos estados em que se encontra uma pessoa, desde a vigília até o sono profundo.
As células nervosas apresentam diferenças de potencial elétrico em relação ao líquido em que está mergulhada. Potencial de ação refere-se a uma breve flutuação de cargas elétricas na membrana do neurônio, causada pela rápida abertura e fechamento de canais iônicos dependentes de voltagem (fluxo de íons).
Potenciais de ação percorrem como ondas os axônios dos neurônios, para transferir informação de um lugar a outro no sistema nervoso. Uma onda pode ser de alta ou baixa amplitude (voltagem) e alta ou baixa frequência (regularidade).
Ondas beta (baixissima amplitude, alta frequência; 13 a 30 ondas/seg). Pessoa acordada e ativa (em estado de vigília). São as ondas mais rápidas e sinaliza um córtex ativo e intenso estado de atenção. Registro irregular (dessincronizado).
Ondas Alfa
(baixa amplitude, 8 a 13 ondas /seg) Pessoa acordada e relaxada, com os olhos fechados. Os neurônios estão disparando em tempos diferentes. Registro regular (sincronizado).
Ondas Teta
(baixa-média amplitude, spike-like waves; 3-7 ondas/seg) Pessoa sonolenta ou adormecida, sono de transição. It can be observed in hippocampus. Theta rythm is also oberved in REM sleep. Because the hippocampus is involved in memory processing, the presence of theta rythm during REM sleep in that region of the brain might be related to that activity.
Ondas Delta
(alta amplitude, baixa frequência; 3 ondas /seg) Pessoa em sono profundo. Os neurônios, os quais não estão engajados no processamento de informação, estão disparando todos ao mesmo tempo, portanto a atividade está sincronizada. As ondas são grandes e lentas.
Rem
60 a 70 ondas/seg. Maximal retraction of the pupil and nictating membrane accompany the volleys of ocular movements
Estágios do sono durante uma noite, dividido em ciclos.
Uma noite típica de sono consiste da repetição de 90 a 110 minutos do ciclo do sono REM e não-REM. O tempo gasto no sono REM é representado pela barra azul-clara. O primeiro período REM é geralmente curto (5 a 10 min), mas ele tende a aumentar nos ciclos sucessivos. Da mesma forma, os estágios 3 e 4 , os quais, juntos, são frequentemente chamados como "sono delta", é onde dominam o período de sono de ondas baixas no primeiro terço da noite, mas frequentemente são completamente ausentes durante os últimos ciclos ocorridos de manhã. (Baseado em Kelly).
O eletroencefalograma (EEG) mostra os padrões de atividade elétrica durante os diferentes estágios do sono. As ondas cerebrais de uma pessoa alerta e de uma pessoa com sono REM - Rapid Eye Movement (quando os sonhos ocorrem) são similares em frequência e amplitude. No sono não-REM (estágios 1, 2, 3 e 4), as ondas têm uma amplitude maior e uma frequência mais baixa, indicando que neurônios no cérebro estão disparando mais lentamente em um rítmo sincronizado.
Neurobiologia dos Sonhos: Mecanismos Neurais
A formação reticular do tronco endefálico. Em rosa: Parte da formação reticular do tronco encefálico cuja estimulação induz excitação. Vias sensoriais ascendem da medula espinhal e tronco encefálico para áreas somestésicas do córtex. A formação reticular contém projeções que influenciam o hipotálamo, e, ao nível do tálamo, diverge para distribuir impulsos difusamente através de todas as áreas do córtex. A formação reticular, recebendo impulsos sensoriais visuais, auditivos táteis, olfativos - suficientes do ambiente, estimula o córtex cerebral com impulsos ativadores que são necessários para alertá-lo. Lesão da formação reticular pode induzir ao estado de sono. (Modificado de Levingston, 1967). Nos animais superiores e no homem, a alternância dos estados de vigília e sono se dá em virtude da existência de estruturas nervosas especiais.
Rem sleep, o "sono dos sonhos", é completamente diferente do sono não-REM. O córtex neste estado é tão ativo quanto no estado de alerta. O córtex não é necessário para a produção de REM, mas certamente é requerido para a elaboração dos sonhos.
A atividade cerebral durante o sono REM começa na ponte, uma estrutura no tronco encefálico e regiões mesencefálicas circundantes. A ponte envia sinais aotálamo e ao córtex cerebral, o qual é responsável pela maioria dos processos do pensamento. Ela também envia sinais à medula espinhal para "desligar" neurônios motores ali localizados, causando uma paralisia temporária que previne o movimento.
Alguns pesquisadores usaram tomografia por emissão de pósitrons (PET) para estudar o estado cerebral associado com sono REM em humanos (Maquet et al, 1996 - da Internet). Os resultados mostram que o fluxo sanguíneo localizado está correlacionado com o sono REM nas seguintes estruturas:
tegmento pontino (fibras nervosas que são contínuas com a formação reticular da medula e mesencéfalo)
- tálamo esquerdo (uma grande massa ovóide localizada no diencéfalo)
- complexo amigdalóide (massa cinzenta situada na porção medial do lobo temporal)
- córtex cingulado anterior (massa cinzenta localizada na margem medial do hemisfério cerebral)
Dado o papel do complexo amigdalóide na aquisição de memórias influenciadas emocionalmente, o padrão de atividade na amígdala e áreas corticais fornece uma base biológica para o processamento de alguns tipos de memória durante o sono REM.
Mecanismos Bioquímicos do Sono REM
Cientistas encontraram que a fase REM é estreitamente relacionada à atividade de certos grupos de células nervosas liberando substâncias químicas cerebrais que permitem a comunicação de um neurônio com outro. Pesquisas sobre estes grupos de células especializadas está ajudando cientistas a desenvolver tratamentos específicos com drogas para distúrbios do sono.
O cérebro tem várias coleções de neurônios, cada um usando um neurotransmissor particular e fazendo conexões difusas. Estas células executam funções regulatórias influenciando um grande número de neurônios pós-sinápticos na medula espinhal, tálamo, córtex cerebral, e assim por diante, tal que eles podem se tornar mais ou menos excitáveis.
Diferentes sistemas (tais como noradrenérgico, serotonérgico and colinérgico) parecem ser essenciais para o estado metabólico, motivação, controle motor, memória, etc.
Em seu artigo, Hobson (bear, 1996) escreveu que a mais surpreendente observação que ele e seus colaboradores fizeram, foi que o locus coeruleus noradrenérgico e os neurônios da rafe serotonérgicos "desligam" no sono REM. Este achado foi uma surpresa porque sempre se pensou o contrário. Para ele, estava claro que estes dois sistemas aminérgicos sustentavam o alerta e não o sono, como tinha sido teorizado. O sono REM poderia ser desencadeado por estimulação colinérgica da formação reticular.
*Atividade diferencial de subsistemas neuroquímicos do tronco encefálico no estado de alerta e no sono REM. As taxas de disparo dos dois grandes sistemas na parte superior do tronco encefálico, o locus ceruleus e o núcleo da rafe, "desligam" o sono REM, isto é, diminuem para quase nada durante o sono REM. Entretanto, existe um aumento de disparos de neurônios contendo acetilcolina na ponte, e algumas evidências sugerem que os neurônios colinérgicos induzem sono REM. É provavelmente a ação da acetilcolina durante o sono REM que promova uma ação do tálamo e do córtex muito similar àquela durante o estado de alerta (Bear44). Períodos REM são terminados quando a noradrenalina e a acetilcolina começam a disparar novamente.
Entendendo os Sonhos
Por Dra. Silvia Helena Cardoso
Psicobióloga, com mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado pela Universidade da Califórnia em Los Angeles. É professora convidada e pesquisadora associada do NIB/UNICAMP , editora-chefe e idealizadora da Revista "Cérebro e Mente".
Psicobióloga, com mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado pela Universidade da Califórnia em Los Angeles. É professora convidada e pesquisadora associada do NIB/UNICAMP , editora-chefe e idealizadora da Revista "Cérebro e Mente".
sábado, 21 de maio de 2011
Viver mais e melhor
Com os avanços da medicina, viver ou até ultrapassar os 100 anos é uma possibilidade cada vez mais real. Mas o que adianta chegar lá sem saúde física ou mental? Fazer exercício, alimentar-se bem, não fumar e beber com moderação são cuidados importantes para quem deseja ganhar anos de vida. Mas é preciso cuidar também da cabeça. Afinal, como qualquer outro órgão do corpo, o cérebro envelhece e pode perder as suas capacidades. A partir de estudos, neurocientistas e pesquisadores recomendam exercícios capazes de manter o cérebro em forma.
Segundo os estudiosos, é possível exercitar o seu cérebro de várias formas e não apenas por meio de um sério estudo acadêmico. Ler, fazer palavras cruzadas ou aprender uma nova língua são as atividades mais recomendadas até agora. Mas conversar, dormir bem, não embarcar em pensamentos negativos e dar boas gargalhadas também podem fazer muito pela saúde cerebral.
Vale até dedicar-se à arte do malabarismo, só não pode parar e deixar o cérebro enferrujar. Pesquisas recentes usando estudos de imagens demonstraram aumento da atividade e de conexões no cérebro de pessoas com mais de 50 anos que aprenderam malabarismo num curso de três meses. Mas, o efeito positivo em seus cérebros durou apenas o tempo em que eles permaneceram praticando as novas habilidades.
Fale, fale, fale
Passar, pelo menos, dez minutos por dia falando com outra pessoa pode melhorar a memória. Segundo pesquisadores da Universidade de Michigan, um simples bate-papo é tão efetivo como passar dez minutos fazendo palavra cruzada. De qualquer forma, as duas atividades são mais benéficas que passar o mesmo tempo em frente à TV.
Cultive amizades
Estudos recentes mostram que pessoas que mantêm uma rede social ativa costumam também viver muito e usufruir uma qualidade de vida melhor. Cultivar bons relacionamentos mantém a acuidade do cérebro aguçada, dando às pessoas a chance de interagir e aprender mais sobre o ser humano.
Mantenha a pressão baixa
A pressão sanguínea alta (hipertensão) danifica as artérias e aumenta o risco de derrame cerebral, o que contribui para o declínio mental. Consultar regularmente o médico e manter a pressão abaixo de 120/80 mm/Hg é a indicação dos estudiosos.
Durma bem
Pesquisa recente sugere que dormir demais ou muito pouco pode aumentar o risco de derrame, o que é uma preocupação para a saúde cerebral ao longo dos anos. Quase todo mundo teve a experiência de se sentir menos “inteligente” depois de uma noite mal dormida, mas os dados sugerem que padrões de sono ininterruptos são mais frequentemente associados com o risco de demência do que se pensava. Se você tem problemas com o sono ao longo da noite, converse com o seu médico ou um neurologista.
Outras dicas
Sonhar acordado, aprender a lidar com pensamentos negativos, dar boas gargalhadas...
Para a Associação Canadense de Saúde Mental, dedicar um tempo diário, mesmo que pequeno, para a saúde mental traz benefícios significantes em termos de se sentir rejuvenescido e mais confiante. Cuidar bem do cérebro significa pensar no bem-estar emocional. Dar um tempo nas preocupações e aborrecimentos e abrir a mente para pensamentos positivos são ótimos exercícios.
Sonhe acordado
Sonhe acordado
Feche os olhos e imagine-se em um local paradisíaco. Respire lenta e profundamente. Seja uma praia, uma montanha, uma floresta silenciosa ou o seu lugar favorito do passado, deixe a atmosfera confortável envolver você numa sensação de paz e tranquilidade.
Colecione momentos felizes
Faça questão de se lembrar sempre dos momentos felizes, prazerosos e agradáveis que despertam sensações positivas em você, como segurança, afeto, amor etc.
Aprenda a lidar com pensamentos negativos
Pensamentos negativos podem ser insistentes e barulhentos. Aprenda a interrompê-los. Não tente bloqueá-los (isso nunca funciona), mas não deixe que eles controlem você. Se você não pode solucionar o problema no momento, tente se distrair ou se tranquilizar.
Faça uma coisa de cada vez
Por exemplo, se você está dando um passeio ou passando tempo com os amigos, desligue o telefone celular e pare de pensar no que tem a fazer depois. Esteja presente por inteiro em tudo o que fizer.
Exercite-se
Uma atividade física regular melhora o bem-estar psicológico e pode reduzir a depressão e a ansiedade. Praticar algum tipo de exercício em grupo ou ginástica pode reduzir o sentimento de solidão, desde que a atividade insira você num grupo que compartilhe objetivos comuns.
Tenha um hobby
Ter um hobby equilibra sua vida permitindo você fazer alguma coisa que você gosta, livre de pressões das tarefas diárias. O hobby também mantém seu cérebro ativo.
Estabeleça metas pessoais
Metas não devem ser ambiciosas. Você pode decidir terminar aquele livro que começou três anos atrás, dar uma volta no quarteirão todo dia, aprender a jogar xadrez, ligar para os amigos em vez de esperar o telefone tocar. Seja qual for sua meta, conquistá-la trará confiança e satisfação.
Escreva um diário (ou mesmo fale com as paredes!)
Expressar-se após um dia estressante pode ajudar você a recuperar a perspectiva, abaixar a tensão e até aumentar a imunidade do seu corpo contra doenças.
Compartilhe o humor
A vida às vezes torna-se séria demais, então quando você ouvir ou vir alguma coisa engraçada, compartilhe o fato com algum conhecido seu. Um pouco de humor pode ajudar muito a manter seu cérebro em forma.
Sorria, ria, dê gargalhada
Uma gargalhada genuína é um santo remédio para o estresse de todo dia. Peça para seus amigos lhe contarem uma história engraçada. Cerque-se de pessoas sorridentes, engraçadas e brincalhonas. Quando vir um grupo de amigos ou colegas de trabalho dando boas risadas, junte-se a eles.
Trabalho voluntário
Trabalhar como voluntário em uma causa que nos motiva e inspira nos faz sentir muito bem em relação a nós mesmos. Ao mesmo tempo, alargar nossa rede social, nos permite o aprendizado de novas experiências e equilibra a nossa vida.
Trate-se bem
Faça um prato especial para você mesmo. Tome um banho de espuma. Assista um filme. Ligue para um amigo ou parente que você não fala há anos. Sente-se num banco de parque e sinta o cheiro da grama e das flores. Seja o que for, faça isso apenas para você mesmo.
Fonte:
Discovery Health
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Dicas para um bom sono!
O organismo tem horários. Desta engrenagem não podemos fugir. A hora do sono é sagrada para a reposição celular, para rebobinar o cérebro, permitir o rejuvenescer. O metabolismo basal fica no mínimo, em marcha lenta, permitindo o repouso, a restauração. As avós falavam para as crianças: quem não dorme não cresce. Para os adultos: quem não dorme não se restabelece não se regenera.
Bem, as dicas para um sono de qualidade, ou seja, restaurador e rejuvenescedor são:
1) Sempre tomar um bom banho antes de dormir. Ou seja, jamais dormir com o corpo sujo, pois as vibrações de frescor, relaxamento e limpeza que um banho dá, irão sustentar a qualidade do sono.
2) Evitar tomar café, chás com cafeína (como chá preto e chá mate) e refrigerantes derivados da cola, pois todos são estimulantes.
3) Evitar dormir com a televisão ligada, uma vez que isso impede que a pessoa chegue à fase de sono profundo.
4) Se a pessoa dorme cedo - 20 a 21 horas - seu jantar (leve) deve ser realizado no máximo às 19 horas para dar tempo do organismo digerir e o sono não sofrer interferências da demanda energética para digestão.
5) Se a pessoa dorme tarde - depois das 22 horas - sua última refeição (um lanche leve) deve ser realizada até 1 hora antes, pelo mesmo motivo mencionado acima.
6) Concordo com algumas linhas terapêuticas que indicam que qualquer refeição ou lanche realizado após as 19 horas deve ser na forma líquida para poder acelerar o processo digestivo e evitar interferências na qualidade do sono. Exemplos: um arroz com feijão? Bata no liquidificador e tome na forma de sopa. Uma salada de frutas com sorvete? Bata no liquidificador e tome uma vitamina geladinha.
7) Ideal praticar uma atividade física ao longo do dia para evitar o sedentarismo, liberar substâncias que aumentam o estresse e mobilizar a energia basal. Para quem tem insônia, recomendo ainda uma atividade corporal ou meditação ativa antes do banho e de dormir. Tipo dançar, uma série da yoga ou de alongamentos.
Aproveite para orar e colocar intenções para este momento de meditação e descanso. Sempre peço aprendizados, sonhos bons, expansão da consciência, soluções para desafios, enfim... Para pessoas com insônia ou fibromialgia, recomenda-se inclusive aulas de natação ou hidroginástica e, assim, provocar um duplo relaxamento: pela atividade física e pela ação do banho de imersão.
8) Na hora de deitar, colocar um copo de água na cabeceira e repetir suas intenções, como desejando que todas as coisas boas destas intenções se materializem nesta água durante o repouso do sono. Pela manhã: beber esta água em postura de gratidão e receber tudo que nela se cristalizou.
9) Existe uma técnica bastante interessante sugerida como prática para insones, que consiste em fazer um ‘escalda-pés’ de 5 minutos em água gelada exatamente antes de deitar. A pessoa já o faz 100% preparada para deitar na sequência. Minha compreensão deste procedimento é mobilizar a energia concentrada na cabeça para as extremidades do corpo, aliviando assim a mente e suas neuroses.
10) Apagar todas as luzes, inclusive a do abajur, do corredor e do banheiro, pois a luminosidade impede a liberação da melatonina, hormônio responsável pela primeira fase do sono.
11) Não levar livros, laptops ou qualquer estimulante de trabalho ou preocupação para a cama.
12) Tirar da cabeceira o telefone, celular e relógios.
13) Esta é óbvia, mas não custa lembrar: usar colchão e travesseiro de boa qualidade e adequado ao seu peso e tamanho.
14) Recomendo uma sinergia da aromaterapia que chamo "Doril na Ansiedade e Insônia". Ela é uma mistura dos óleos essenciais de Limão Tahiti, Laranja Pêra e Lavanda Mont Blanc, que tem como função proporcionar relaxamento, vontade (alegria) de estar consigo e de se respeitar. Ela pode ser usada (à noite) na água da banheira (adultos 3 gotas, bebês 1 gota, crianças 1 a 2 gotas - ou pode ser colocada no travesseiro dos adultos (1 a 3 gotas). No caso de crianças, pode ser colocada (1 a 3 gotas) num pires ao lado da cama. No caso de bebês basta o procedimento da banheira.
15) Ao despertar, após tomar aquele copo de água (ensinado acima), ainda deitado, junte as mãos e esfregue uma na outra até ficarem quentinhas. Faça carinho no seu rosto simulando que está ensaboando e lavando o rosto. Relaxe seu primeiro semblante do dia. Depois, esfregue novamente as mãos e massageie seu abdômen. Faça carinho nele e lembre que o dia vai começar e ele precisa acordar, ou seja, está chegando a "hora de troninho". Depois, este carinho pode se prolongar para as demais partes do corpo, sempre com o propósito de acordar-se com muita celebração, gratidão e carinho.
16) Uma vez que levantou, antes do "troninho", ir até a cozinha e tomar 1/2 copo de água idealmente morna + suco fresco de 1 limão. Esta é uma receita da milenar medicina Ayurvédica para purificar (ação bactericida), aliviar (ação laxante) e sanar (ação harmonizadora, alcalinizante) todas as dificuldades do organismo. Espere 20 a 30 minutos para realizar a refeição matinal.
As posições de dormir
De lado: é a melhor postura! Mas, deve-se colocar um travesseiro que preencha o espaço entre o ombro e a cabeça. É recomendável abraçar um travesseiro e colocar uma almofadinha entre os joelhos.
De barriga para cima: é uma posição aceitável, mas recomenda-se um travesseiro não muito alto e deve-se colocar um apoio (almofada) abaixo dos joelhos, o que ajudará a manter a coluna reta.
De bruços: é uma posição não recomendável. Diz-se que nessa posição não há como evitar uma lesão na coluna cervical, que pode criar contraturas no pescoço, dificultando o relaxamento e o sono profundo.
Por Conceição Trucom
Fonte:
Este texto faz parte do livro Simples - Mente - Feliz
domingo, 28 de novembro de 2010
Sono e Sonho pela Antroposofia
Durante o estado de vigília, os quatro membros da entidade humana fazem-se presentes: Podemos também dizer que o indivíduo, para constituir o seu ser, reúne, durante a sua vida, "substâncias" de quatro planos.
Essa aglomeração está longe de ser harmoniosa. Sabemos, por experiência própria, que nem o nosso corpo, nem a nossa alma, nem o nosso eu como ser moral, são perfeitos. Ao contrário, a nossa vida traz um desgaste constante dos vários membros da nossa entidade.
A própria consciência, os impulsos nocivos, as impressões feias, os alimentos impróprios, etc., prejudicam o organismo, ou seja, a parte constituída pelos corpos físico e etérico, produzindo perturbações dos sistemas digestivo, circulatório, etc., as quais podem até chegar à doença.
Mas também a parte anímico-espiritual pode sofrer efeitos nocivos: em contato com o mundo surgem desejos irracionais e impulsos negativos (ódio, inveja, cobiça) que prejudicam a própria "substancialidade" da alma e do espírito. Uma ação má deteriora o ego, uma cobiça excessiva afeta o corpo astral.
Para se regenerarem desse desgaste, os vários componentes do ser humano devem periodicamente afrouxar os laços que os unem, permitindo a cada um haurir forças renovadoras em seu próprio meio. Esse fenômeno constitui o sono. A inconsciência do sono é, pois, uma necessidade imperiosa para todo ser dotado de uma consciência desenvolvida.
Com efeito, durante o sono ocorre uma separação da parte anímico espiritual da parte físico-etérica. Aliviado da consciência, das sensações da vida anímica, o corpo descansa na cama, reduzido ao nível de uma planta, pois aparenta apenas funções vegetativas. Não se manifestam a consciência, a personalidade, os sentimentos e os pensamentos. Nesse estado inconsciente, forças e seres superiores penetram no organismo e o corpo etérico se regenera pela entrada de impulsos e forças provenientes do plano etérico universal.
O corpo astral e o eu se desligam do organismo durante o sono e voltam para as regiões das quais originalmente emanaram. Não devemos imaginar essa separação como simplesmente espacial. Durante essa sua permanência nos mundos superiores, o corpo astral e o eu recebem impulsos dos seres superiores que vivem nessas regiões. Ambos têm experiências notáveis, mas sem pensamento próprio porque o cérebro, instrumento do pensar ficou na cama e sem a possibilidade de se lembrar mais tarde dessas experiências (porque o corpo etérico, instrumento da memória, tampouco os acompanhou nessa viagem). Enquanto o homem aparentemente dorme, o seu eu está na realidade em plena atividade; mas só o clarividente pode observar esse fato.
Falei em seres superiores. Teremos ainda ensejo de ocupar-nos detalhadamente desses seres. Aqui bastará dizer que existem seres "bons" e "maus" - que a crença popular identifica como os anjos e demônios. Dos impulsos recebidos desses entes durante o sono dependerá o comportamento do indivíduo depois de despertar. Uma sabedoria antiga conhecia essas influências: os homens se deixavam inspirar durante o sono pelos deuses, pelas musas. Nos contos de fada autênticos encontramos a cada passo alusões à inspiração recebida nessas ocasiões.
Antes do adormecer e do acordar existe um estado de pouca duração, durante o qual o eu e o corpo astral estão "separados" do corpo físico, enquanto existe a ligação com o corpo etérico. O homem está, pois, em presença da sua "memória" (ligada ao corpo etérico) e pode exercer certas funções mentais (igualmente ligadas ao corpo etérico), mas faltam-lhe as percepções sensoriais claras, a plena consciência e o pensar racional que não podem prescindir do instrumento do corpo físico.
Certas experiências do eu durante esse estado, combinadas com reminiscências da memória, fazem surgir então os sonhos. O sonho constitui, pois, um estado intermediário entre o sono e a vigília. Ele é caracterizado por uma consciência reduzida, por imagens e formas do mundo exterior, porém sem lógica e clareza. O eu traduz suas vivências e recordações e em imagens simbólicas.
Desde tempos imemoriais o homem conhecia a natureza desse estado que possibilitava uma experiência velada de certas realidades espirituais. Daí a importância atribuída à arte de analisar os sonhos para conhecer a realidade espiritual ou para chegar à verdadeira personalidade do homem que se revela durante o sonho quando inexistem os tabus sociais e as barreiras que fazem com que o caráter se dissimule durante a vida normal.
Sem pretender sermos completos, podemos indicar alguns tipos relevantes de sonhos:
Em muitos sonhos, o homem é perseguido pelas reminiscências do dia. Preocupações e angústias o acompanham, problemas não resolvidos martelam seu espírito de maneira incoerente, certos impulsos (vingança, ódio, amor, cobiça) manifestam-se de modo irrefreado. Um sono repleto de sonhos dessa espécie não é regenerador, pois impede uma separação suficiente e benéfica entre o eu e a parte orgânica.
Muitos sonhos são determinados, no seu enredo, por influências do ambiente. Assim, podemos sonhar uma estória, que termina no tilintar agudo de uma flauta tocada por um dos personagens do drama onírico. Acordados, verificamos que o despertador provocou o tilintar no sono: eu recordo toda uma estória que o precede; e cujo final lógico é o tilintar. Isso prova que os sonhos não se desenrolam no tempo, mas são imagens instantâneas que somente ao recordar são mentalmente decompostas em várias fases sucessivas. Da mesma maneira, um incêndio no sonho pode ter por causa o calor excessivo provocado por um cobertor.
Há sonhos causados pelo próprio corpo. Uma refeição um pouco pesada, tomada antes de dormir, pode provocar pesadelos, e muitas vezes o próprio órgão pode aparecer sob uma forma simbólica (intestinos = serpente, dente = torre, sangue = água). Vemos mais uma vez que o sonho é simbolizador. A arte de interpretar os sonhos consiste, justamente, em descobrir a "realidade" que se traduz em símbolos.
Como já foi dito, os desejos mais íntimos do eu, reprimidos durante a vigília e sem possibilidades de subir à consciência, podem ter livre curso no sonho embora sob forma simbólica. Esse fenômeno figura nos fundamentos de muitas análises psicoterapêuticas.
Um tipo de sonho ainda mais significativo é aquele onde o indivíduo encontra pessoas vivas ou mortas, delas recebendo uma mensagem que amiúde se confirma, mais tarde, na realidade: uma pessoa ausente pode nos dizer no sonho que está doente ou morta; a notícia confirmatória chega poucos dias mais tarde. O que se torna patente, aqui, é uma experiência feita pelo eu, de uma realidade no mundo espiritual. Com efeito, a morte de qualquer pessoa é um acontecimento que se reflete naquele domínio. Transcendendo os limites do espaço, o eu vivencia esse fato e o sonho o transforma em imagem.
Finalmente, há pessoas que ao despertar sabem que no sonho lhes apareceu um ser espiritual superior com uma mensagem ou uma revelação, ou que elas "assistiram" a acontecimentos do futuro. São os chamados sonhos proféticos, que tamanho papel tiveram em tempos passados, desde os sonhos interpretados por José na Corte do Faraó (as vacas gordas e as vacas magras) até visões dos profetas (aparições de Serafins, Querubins, Anjos. etc.). Esses sonhos também têm papel importante na psicologia moderna (especialmente em C.G.Jung).
Não há adormecer ou despertar sem sonho; na maioria dos casos, porém, não o lembramos. Muitas vezes também, sem poder recordar um sonho concreto, acordamos com a certeza de ter passado um tempo num outro mundo.
Ao despertar, sonhamos muitas vezes com a volta ao corpo sob forma simbólica. Sonhamos, por exemplo, que voamos e nos aproximamos cada vez mais do chão, até bater nele. Nesse instante despertamos. Ou queremos entrar num edifício ou, por exemplo, numa torre. Não o conseguimos durante algum tempo, até que finalmente quase irrompemos nela à força e acordamos. Aqui o corpo é representado pelo símbolo da torre.
O sono, com a fase transitória do sonho, é, pois, um fenômeno que decorre de uma necessidade rítmica de todo o nosso ser. Compreende-se facilmente que sonos ou sonhos provocados artificialmente (narcóticos, hipnose, anestesia) não são, nesse sentido, "naturais", e perturbam o equilíbrio forças físicas e psico-espirituais.
Os três estados: vigília, sonho e sono correspondem a três graus diferentes de consciência.
Podemos dizer que o homem é homem somente quando, no estado de vigília, é plenamente consciente e lúcido.
A Antroposofia ensina que a consciência do animal é semelhante (embora não idêntica) à nossa consciência de sonho, enquanto a planta vive numa inconsciência total correspondendo ao nosso estado de sono. A consciência dos minerais - se é que podemos ainda falar em consciência - seria ainda mais apagada do que a do nosso sono mais profundo.
Existem também no próprio homem zonas ou sistemas diferenciados por vários graus de consciência; Rudolf Steiner teve a intuição genial da trimembração do organismo humano, cuja essência pode ser resumida da seguinte forma:
O homem é plenamente consciente em seu pensar e em suas observações sensoriais. A esse sistema, Rudolf Steiner chama de sistema neuro-sensorial, ensinando que ele está centrado na cabeça, muito embora o corpo todo possua percepções sensoriais. O pólo oposto é constituído pelas funções completamente inconscientes do metabolismo e da vontade traduzida em movimentos (o homem tem a representação clara dos motivos e do resultado almejado de um ato de vontade; mas o "funcionamento" e a realização do impulso volitivo lhe são completamente ocultos). Esse outro pólo constitui o sistema do metabolismo e dos membros. Ele atua em todo o corpo, mas seu centro está no abdome e nos membros.
Entre esses dois pólos, e com o grau de consciência intermediário entre a lucidez completa do sistema neuro-sensorial e a inconsciência do sistema metabólico-motor, acha-se o sistema circulatório (respiração, circulação), que tem por sede a parte torácica e que liga, por assim dizer, os dois extremos. A esse sistema corresponde a vida sentimental e um grau de consciência que equivale ao sonho.
Já que se falou, neste capítulo, de seres superiores, parece indicado dizer mais algumas palavras sobre esse assunto. O leitor desejoso de conhecer detalhes mais amplos deve consultar a obra de Rudolf Steiner.
Não existe religião que não fale de seres elevados possuidores de inteligência, conhecimentos e poderes superiores aos do homem. As divindades da mitologia hindu, grega e germânica são alguns desses seres; também nas religiões chamadas "monoteístas" (judaísmo, cristianismo e islamismo) existem arcanjos, anjos, demônios e diabos. Que são eles, uma vez serem nitidamente superiores aos seres humanos? O cristianismo, mantendo o dogma israelita "Deus é um", fala ao mesmo tempo de Anjos, Querubins, Serafins e outros seres respeitabilíssimos. Como explicar essa multidão de "deuses"?
Admitindo-se um caráter evolucionista do cosmo (voltaremos a esse assunto mais adiante) nada impede de imaginar, acima do homem, seres que possuam faculdades superiores, sem precisar, para sua existência, de um corpo físico. A experiência supra-sensível revela de fato, ao vidente, a existência de tais seres, e a Antroposofia contém descrições detalhadas dessas "hierarquias superiores". Com efeito, esses entes pertencem a vários níveis de evolução, cada um caracterizado por um novo grau de consciência, de faculdades e funções.
O nosso espírito humano é naturalmente incapaz de captar totalmente os estados de consciência desses seres. Apesar disso, é possível descrever-lhes certos aspectos. Mas em épocas passadas, certos indivíduos mais evoluídos tinham a capacidade de "perceber" esses seres e de ter contato com eles. A Antroposofia não pretende inovar nesse campo. O esoterismo cristão de um Dionísio Aeropagita já continha uma descrição pormenorizada dos "coros dos anjos", e o próprio São Tomás de Aquino repetiu essa doutrina com pleno endosso da sua própria sabedoria.
Rudolf Steiner soube completar os conhecimentos tradicionais a esse respeito, pela sua própria experiência. Ele mostrou a ligação íntima desses seres e da sua atuação no nosso mundo e sobre o homem. A "imanência" dessas entidades é total. Tudo o que se passa em nosso mundo resulta da ação e da influência de tais seres. Isso não impede que o homem, em determinado grau do seu desenvolvimento, consiga libertar-se de tal influência criando as condições para seu próprio livre arbítrio.
Imediatamente "acima" do ser humano encontram-se entidades que as várias religiões chamam de Anjos (em grego, Aggeloi). São entes cujo "corpo" mais baixo é o corpo etérico. Entre as suas múltiplas funções há aquela de constituírem elementos de ligação entre o homem e os mundos superiores. Cada homem tem, portanto, o seu "anjo", fato que se traduz no conceito popular de "anjo da guarda".
Os chamados Arcanjos (Archaggeloi) já não são dedicados a indivíduos, mas a povos e outros agrupamentos. Cada povo tem o "seu" arcanjo que lhe determina as características étnicas. Quando um povo se forma como tal (por exemplo, o povo suíço ou belga), o fato espiritual correspondente é que um arcanjo começa a atuar pouco a pouco sobre um certo número de indivíduos, fazendo nascer neles um espírito de comunidade e a sua diferenciação étnica e histórica dos outros povos.
Os Arqueus, ou "Espíritos de Época", são os líderes espirituais de toda uma época. Quando novos impulsos aparecem na história da humanidade, ao mesmo tempo, em todos os povos evoluídos, isso se deve à influência desses Arqueus.
Acima dos Arqueus existem os "Espíritos da Forma", ou Exusiai. São idênticos aos Elohim da Bíblia. Veremos. mais tarde. que o nosso "eu" nos foi originalmente "dado" pelos Exusiai.
Os "Espíritos do Movimento" ou Dynameis constituem a próxima hierarquia. São os regentes cósmicos de todos os ritmos e movimentos.
Os "Espíritos da Sabedoria" ou Kyriotetes permeiam de suas emanações tudo o que nos aparece como repleto de sabedoria, desde as formas harmoniosas da natureza até os grandes princípios da sabedoria cósmica que filósofos como Aristóteles ou astrônomos como Kepler ainda vislumbravam como que por intuição.
Os "Espíritos da Vontade" ou Tronos representam a vontade divina como impulso básico de todo o Universo.
Os dois grupos supremos, os Serafins (8) e os Querubins (9), fogem a qualquer análise humana. São os seres mais elevados ainda acessíveis ao ser humano e constituem a parte dos impulsos mais puros do amor, caridade e elevação da alma. O próprio Velho Testamento fala repetidamente desses seres por ocasião das visões dos grandes profetas.
Onde está "Deus" nesta hierarquia? Em que consiste a Trindade? O conhecimento humano não pode aspirar a abranger essas alturas da existência cósmica. Seria temerário fazer afirmações a esse respeito. Tentar descrever "Deus" já seria uma blasfêmia, e mesmo os maiores iniciados, como por exemplo, Rudolf Steiner, somente puderam aproximar-se dele com um balbuciar de humildade. Qualquer outra atitude seria de presunção e de prepotência. Aliás, a Antroposofia não promete revelar "tudo". Ela tem os seus limites e procura apenas alargar o nosso campo de observação. A Antroposofia é ciência, mas não onisciência. Se soubéssemos tudo, seríamos... Deus!
Mesmo assim, a obra de Steiner contém profundas revelações sobre o Mistério de Deus e da Trindade.
Texto:
R. Lanz
Noções Básicas de Antroposofia
sociedade antroposófica brasileira
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