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sábado, 24 de dezembro de 2011

Como Fazer a Meditação das 12 Noites Santas (Antroposofia)








As 12 Noites Santas é o período que vai da Noite de Natal (25 de Dezembro) até a véspera do Dia de Reis (5 de Janeiro). Ao longo deste período, através da luz espiritual que brilha das Estrela do Zodíaco, das Constelações Zodiacais, dádivas se derramam sobre todos aqueles que: "Oram e Vigiam".

No nosso corpo humano, dos pés em direção à cabeça, vivenciamos uma transformação: de pessoas terrenas e materialistas em pessoas espiritualizadas, que olham o mundo além do material, com uma visão espiritual. Almejamos assim, a consolidação das forças do nosso Ser Essência Espiritual e a transformação dessas forças em qualidades verdadeiramente humanas.

Esta é uma tradição da sabedoria antiga. Quando apareceu e se acendeu no céu a estrela há muito tempo esperada, os 3 Reis Magos iniciaram a jornada até a criança que seria a representação do novo Sol do Mundo.

Após as 12 Noites, consideradas, a partir de então: 12 Noites Sagradas, os 3 Reis Magos puderam alcançá-la e ofertar em nome de toda a Humanidade: o incenso, a mirra e o ouro, acompanhado dos votos de que o Espírito Divino pudesse viver através da Trimembração descrita pela Antroposofia, ou seja, através do Pensar, do Sentir e do Querer (Vontade) humanos.

A cada Natal temos a chance de um "Novo Nascimento". E a cada Ano Novo a oportunidade de uma "Nova Vida". Temos que nos lembrar sempre disto, pois precisamos de forças espirituais para cada um de nós, individualmente, e também, para a união de todas as individualidades: o Todo. Somos Todos Um: Minerais, Vegetais, Animais e Humanos.

Através da Meditação das 12 Noites Santas podemos relembrar as nossas almas, colocando as sementes da Esperança, da Fé e do Amor para o próximo ano que se inicia.




Vamos à Meditação:



DIA 25 DE DEZEMBRO:

Na madrugada ou ao amanhecer do dia 25 acenda uma vela e deixe o Silêncio e a Devoção permearem e penetrarem na sua Alma e a luz da vela iluminar o seu espaço interior, onde na vivência de seu próprio Eu, a verdadeira Luz Solar do Eu do Cristo se faça presente!

Nesta noite, através da região de Peixes, e da Constelação de Peixes, os sábios da humanidade derramam suas bênçãos de sabedoria sobre você. Eles formam um círculo protetor em sua volta emanando a força que você precisa para se firmar nos próprios pés e tomar o seu destino nas próprias mãos.

Abra os braços e as pernas, formando uma Estrela de 5 Pontas com o seu corpo e diga:

Com firmeza eu ocupo o meu lugar no mundo
Com firmeza eu caminho pelo mundo
Com Amor no íntimo do meu Ser
Com Esperança em tudo o que eu faço
Com Confiança no meu pensar
Forças jorram no meu Coração!

Nas noites seguintes repita este passo. Aqueles que se sentem críticos e frágeis lembrem-se do estábulo de Belém onde em meio às condições mais adversas, de frio e penúria, nasceu a Criança Divina.

DIA 26 DE DEZEMBRO:

Nesta noite pense no que voce quer alcançar em 2012 e olhe também para o seu estado de saúde. Da região de Aquário, e da Constelação de Aquário, o Anjo que tem sido o seu guia espiritual através de suas sucessivas vidas, irá iluminar suas metas individuais para o ano que se inicia e fortalecer a qualidade pessoal através da qual você se tornará o agente de sua própria saúde.

DIA 27 DE DEZEMBRO:

Nesta noite anseie pelo bem de todos. Elevando a alma às alturas espirituais e unindo-se ao ser do Cristo, a visão do seu lugar no mundo e do que voce precisa realizar se tornará mais clara. Da região de Capricórnio, da Constelação de Capricórnio, os Arcanjos, espíritos das cosmovisões lhe trarão coragem para alcançar suas metas.

DIA 28 DE DEZEMBRO:

Nesta noite reavalie as suas qualidades pessoais. Da região de Sagitário, e da Constelação de Sagitário, os Arqueus, espíritos da personalidade lhe trarão as forças da inteligência que lhe erguem, lhe sustentam e apontam a direção do futuro. Eles injetam clareza no seu pensar para que voce perceba e assuma o compromisso com o que há de melhor de si.

DIA 29 DE DEZEMBRO:

Nesta noite procure ficar em paz consigo. Da região de Escorpião, e da Constelação de Escorpião, os Exusiai, espíritos da forma lhe trazem a capacidade de renascer das crises e de todos os processos de perda, impotência, dor e desespero.

DIA 30 DE DEZEMBRO:

Nesta noite reconheça quais os pontos de equilíbrio de sua vida. Da região de Libra, e da Constelação de Libra, os Dynamis, espíritos do movimento lhe trazem a capacidade para equilibrar na alma as forças de dispersão e ter uma vida coerente e harmoniosa.

DIA 31 DE DEZEMBRO:

Nesta noite concentre-se, como o faz a semente, na essência do que voce quer realizar. Da região da Virgem, e da Constelação de Virgem, os Kyriotetes, espíritos da sabedoria lhe trazem a capacidade de encontrar forças a partir do seu próprio interior para fazer desabrochar a sua vida.

DIA 1 DE JANEIRO:

Nesta noite, abandone o medo dos desafios que voce tem pela frente. Da região de Leão, e da Constelação de Leão, os Tronos, espíritos da vontade lhe trazem poderosas forças para vencer as provas que as suas escolhas lhe trazem.

DIA 2 DE JANEIRO:

Nesta noite deixe de lado a apreensão pelo que está em transição na sua vida. Da região de Câncer , e da Constelação de Câncer, os Querubins, espíritos da harmonia lhe trazem a força de se harmonizar com o novo e criar aconchego para os momentos de transição.

DIA 3 DE JANEIRO:

Nesta noite abra o seu coração, reconheça o bem em si e nos outros. Da região de Gêmeos, e da Constelação de Gêmeos, os Serafins, espíritos do amor lhe trazem impulsos para vencer a barreira do individualismo e da solidão e encontrar sentido na união e na fraternidade.

DIA 4 DE JANEIRO:

Nesta noite deixe seu olhar buscar novos horizontes para a sua vida. Da região de Touro, e da Constelação de Touro, o Espírito Santo lhe traz a força da persistência que leva ao progresso.

DIA 5 DE JANEIRO:

Nesta noite pense em uma Graça que você quer alcançar. Da Região de Áries, e da Constelação de Áries, o Cristo, o próprio Filho de Deus, lhe traz a liberdade de ser voce mesmo.


Que este Natal seja a celebração interna e externa no nascimento de Jesus, o Cristo, no coração, na consciência e na experiência diária de cada um de nós!

Luz e Paz!



Mais detalhes neste outro link abaixo:

Visite também:

http://sandralage.blogspot.com.br/2011/12/meditacao-de-natal-as-12-noites-santas.html


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ACESSE TAMBÉM:

http://www.sandrahbellezanovelli.com/


sábado, 25 de dezembro de 2010

Meditação das 12 Noites Santas (Antroposofia)





É assim denominado o período que vai do Natal (25 de Dezembro) até a noite anterior (05 de Janeiro) ao Dia dos Reis (06 de Janeiro) quando, segundo a antiga tradição cristã, bênçãos divinas se derramam sobre nós através dos portais das 12 Constelações do Zodíaco, o Cinturão de Estrelas em volta do espaço sideral no qual existimos.

As 12 badaladas da meia noite do Natal anunciam a vigília que é um preparo espiritual como se as Noites Santas fossem uma prévia dos 12 meses do ano que se inicia.

As virtudes recebidas das hierarquias espirituais nesta época através da meditação injetam suas forças no nosso desenvolvimento espiritual ao longo do novo ano.

Uma atenção especial deveria ser dada aos sonhos como mensageiros do espírito.


A tradição das 12 Noites Santas e o Zodíaco

Podemos associar esta tradição à sabedoria antiga do Oriente através do relato da Jornada dos Reis Magos do Evangelho de Mateus. ( 2.2 a 10)

Na noite em que nasceu o Salvador uma estrela se iluminou e este era o sinal há muito esperado pelos Iniciados do Oriente que durante 12 noites seguintes seguiram o brilho da estrela que os precedia até alcançar a criança que havia sido anunciada como o Messias.

O relato do Evangelho de Mateus nos remete para os mistérios espirituais da antiguidade etapa do desenvolvimento da humanidade da época do assentamento na região do Mediterrâneo quando aqueles que eram iniciados desenvolviam a visão clarividente através da qual o que hoje é considerado pela astronomia como corpos siderais eram vistos por eles como a manifestação de seres espirituais em atividade constante e transmutação contínua.

A este antigo estado de consciência clarividente está associado o surgimento da astrologia, esta sabedoria baseada na analogia do movimento e posição dos astros com o destino humano. Ao fazermos a vigília das Noites Santas podemos retomar a jornada dos Reis Magos através da ligação interior com este sabedoria a respeito das 12 Constelações do Zodíaco.

Quem são os seres que vamos encontrar na jornada das 12 Noites Santas?

Rudolf Steiner refere-se às hierarquias espirituais em muitas de suas palestras.

Inicialmente ele lhes dedica um capítulo na Ciência Oculta (1905) descrevendo a atuação delas na evolução do universo e do ser humano.

As nove hierarquias espirituais podem ser contempladas como esculturas no portão sul da Catedral de Chartres desde o século XIII.

Chartres foi a mais importante catedral gótica da idade média e neste portão chamado de Portão da Transubstanciação as hierarquias formam uma escada ascendente que representa o ensino espiritual da Escola de Chartres.

O aluno deveria de degrau em degrau (gradualmente) adquirir consciência destes seres espirituais que representavam diferentes estados de consciência.

Neste aprendizado o pensamento era considerado um instrumento necessário para a percepção do espiritual desde que fosse casado com a vivência dos sentimentos e assim tornavam-se ambos, pensar e sentir, órgãos de compreensão e de participação no mundo espiritual.

Os nomes das hierarquias se originaram de um manuscrito de Dionísio, o Aeropagita que fundou a primeira escola esotérica cristã da antiguidade.

Dionísio um iniciado dos antigos centros de mistérios gregos renomeou os seres divinos que eram chamados na antiguidade como os seres de Vênus, os seres de Mercúrio, etc. a partir da revelação do Cristo feita a ele por Paulo de Damasco em Atenas.

O manuscrito sobreviveu ao longo de séculos até ir parar em Chartres e são intitulados Os Nomes Divinos e a Teologia Mística descrevendo dramaticamente os nove níveis de seres divinos associados em grupos de três hierarquias que participaram da evolução da terra e do ser humano.


A primeira hierarquia

Inclui os Serafins, Querubins e Tronos que iniciaram a evolução estando tanto no seu início como no seu fim – no Alfa e no Omega,

Eles atuam a partir do divino, da esfera macrocósmica que é denominada como a esfera do Pai, de Deus, de Alá. do amor divino, da doação cósmica.

Eles são seres de um estado evolutivo anteriores ao nosso, tão avançados em sua evolução que foram capazes de fazer fluir de si a sua própria substância dando nascimento ao atual estado do nosso sistema solar.


A segunda hierarquia

É formada pelos Kyriotetes, Dynamis e os Exusiai.

Enquanto no processo de configuração do nosso Cosmos a primeira hierarquia atuou de fora eles de dentro do processo acolheram os planos divinos transformando-os em sabedoria, dando-lhe movimento e forma.

E por último,

A terceira hierarquia

os Arqueus, Arcanjos e Anjos próximos ao seu humano porque desenvolveram a sua essência nesta etapa evolutiva em que nós Anthropos nos encontramos e na qual estamos destinados a nos tornamos co-criadores da evolução..


Primeira hierarquia    Segunda hierarquia     Terceira hierarquia


Serafins                         Kyriotetes                     Arqueus


Querubins                     Dynamis                        Arcanjos


Tronos                           Exusiai                           Anjos


Já nos últimos anos de sua vida em uma palestra intitulada a Palavra Cósmica e o Homem Individual (02/05/1923) Rudolf Steiner chama a atenção para o fato de que o homem autoconsciente deveria re-aprender a vivenciar as hierarquias na sua vida interna como realidades.

Nesta palestra ele diz que estes seres espirituais vem ao nosso encontro quando nos preparamos para conhecê-los e falarão a nossa alma primeiramente como pensamentos e sentimentos e só então o perceberemos como realidades

Em um texto intitulado O Zodíaco e as Hierarquias Espirituais, Sergej Prokofieff, que é atualmente um dos dirigentes mundiais da Antroposofia, inspirado por diversas palestras de Rudolf Steiner descreve o ensino espiritual de Chartres nesta tradição da vigília das 12 noites santas.

Ele delinea a escada de expansão da consciência que ajuda a dar nascimento no último degrau ao ser divino em cada um de nós.

O primeiro degrau da escada se assenta na esfera humana terrena e cada degrau nos leva gradualmente à esfera macrocósmica à esfera divina.

Prokofieff faz uma analogia entre este caminho de transformação e o processo de desenvolvimento descrito por Rudolf Steiner como o caminho de Jesus a Cristo.

Jesus nasce como a criança arquetípica destinada a se desenvolver como um ser humano de tal forma que possa acolher em si o Eu do Cosmo no Batismo do Jordão.

Este acontecimento místico derramará sua influência por sobre toda a história humanidade como um grande arquétipo de desenvolvimento espiritual.



PRIMEIRA NOITE SANTA (Dia 25 de Dezembro) 

Soam as 12 badaladas da meia noite anunciando o Natal. Vem a aurora, atravessamos o dia, cai a noite e uma luz se acende no céu irradiando um brilho que emana da Constelação de Peixes e ilumina a primeira vigília santa.

Estamos no primeiro degrau da escada que está assentada na esfera humana terrena na dimensão da existência do anthropos – o ser da liberdade.

A liberdade é uma das duas principais forças espirituais que nos foram destinadas conquistar ao longo da vida. A outra força será ao final da escada, o amor.

A sabedoria antiga nos conta que foram as forças espirituais de Peixes que configuraram os pés humanos. Quando observamos os pés verificamos que eles são formados em forma de uma abobada que vai propiciar simultaneamente com a verticalização da coluna o andar ereto, primeiro grande aprendizado da vida. Quando criança nos arrastamos, engatinhamos e finalmente nos erguemos e nos apoiamos nos próprios pés superando as forças da gravidade significando isto uma grande conquista e a condição para o desenvolvimento do pensamento, sendo o pensar o que diferencia o Humano dos outros reinos da natureza.

Ao longo da vida seguidamente fazemos uma analogia íntima com este fato:

“andar nos meus próprios pés, saber por onde ando”, "seguir os meus próprios passos”, “não vou andar nos passos de ninguém” são expressões que expressam uma correta relação com a terra e com o destino em termos de liberdade pessoal.

Nesta primeira Noite Santa recebemos da Constelação de Peixes os impulsos para se firmar nos próprios pés e se erguer, condições básicas para alcançar a liberdade individual, meta ao qual nos destinamos como seres individualizados.


SEGUNDA NOITE SANTA (Dia 26 de Dezembro) 

Nasce o Sol, atravessamos o segundo dia, cai a noite e uma nova luz brilha no céu irradiando da Constelação de Aquário o segundo degrau desta escada espiritual.

Deste portal emanam para nós as forças espirituais dos Anjos.

Os anjos são representados pela figura de um ser que derrama a água, o símbolo da vida e assim eles também são chamados de “Filhos da Vida”.

Eles são os seres espirituais imediatamente superiores a nós mantendo conosco uma relação próxima. O encontramos logo cedo no nascimento quando “parecemos anjos” nosso corpo vital ainda muito latente, cheio de vida.

Na infância ele é chamado de “Anjo da Guarda” e é sempre representado em todas as culturas protegendo a criança dos perigos sendo o seu guia e como guia ele permanece ao longo de toda a nossa vida.

“Pergunte ao seu anjo da guarda” frequentemente escutamos quando estamos em dúvida em relação ao caminho a seguir, a que decisão tomar.

Na vida adulta ele se transforma em nosso Guia Espiritual, nosso verdadeiro Self . “Assim deverás ser” nos fala no íntimo transmutando continuamente forças vitais em forças de consciência fazendo surgir nos pensamentos as imagens orientadoras para a nossa vida.

Nesta segunda Noite Santa recebemos através do Portal da Constelação de Aquário os impulsos dos Anjos para que possamos enxergar e permanecer fieis aos nossos ideais. Os nossos ideais iluminam e protegem o nosso caminho e apontam para onde devemos seguir.


TERCEIRA NOITE SANTA (Dia 27 de Dezembro) 

Atravessamos mais um dia, cai a noite e uma nova luz brilha no céu irradiando da Constelação de Capricórnio o terceiro degrau nesta escada espiritual e deste portal emanam para nós as forças espirituais dos Arcanjos.

Os Arcanjos são denominados de seres da luz.

Rudolf Steiner os descreve na Ciência Oculta como aqueles seres que durante a evolução acordaram ao enxergar o seu próprio reflexo no exterior.

Quando eles doaram sua própria essência esta sua essência era a própria luz que irradiou para os quatro cantos do universo.

A luz dos arcanjos é representada hoje em nós pela nossa inteligência que irradia para o meio ambiente e torna consciente para nós mesmos e para o mundo a nossa própria existência.

Os arcanjos se tornaram na evolução guardiões da inteligência cósmica com a missão de proteger o amor divino contido nesta inteligência que criou e transformou tudo em sabedoria para o bem de todos.

Nesta terceira Noite Santa recebemos através do Portal da Constelação de Capricórnio os impulsos dos Arcanjos para o fortalecimento da nossa personalidade através da expansão da luz e autonomia da nossa inteligência.


QUARTA NOITE SANTA (Dia 28 de Dezembro) 

Atravessamos mais um dia, cai a noite e uma nova luz brilha no céu irradiando da Constelação de Sagitário de onde emanam as forças espirituais dos Arqueus, os Seres da Personalidade.

Isto significa que eles não só possuem um Eu como sabem que o possuem e através desta consciência intensificada eles criam uma imagem de si no exterior. Eles projetam no exterior a força de sua luta interna que é a própria luta do centauro, do ser humano emancipado por um lado na sua inteligência mas por outro lado, em luta constante para superar suas forças animalescas, seus instintos selvagens, suas forças egoísticas.

Os arqueus são considerados os Espíritos do Tempo porque esta luta é a própria luta de desenvolvimento humano do nosso tempo abrangendo algo que ultrapassa todas as etnias e se torna uma influência cultural na nossa civilização.

Aqui a tarefa anterior dos Arcanjos que era proteger a sabedoria cósmica das intenções egoístas é ampliada pelos Arqueus estando expressa no desafio da nossa civilização moderna na luta entre o materialismo exarcebado e a preservação dos recursos naturais.

No portal sul da Catedral de Chartres a escultura de Micael preside as 3 hierarquias.

Rudolf Steiner constantemente se refere a ele como o Regente desta nossa Época com a missão de dominar o dragão, o ser mítico, em cuja forma está representado o nosso intelecto onde a sabedoria cósmica foi apropriada através da compreensão das leis, através da ciência natural e precisa ser colocada no mundo de forma mais ampla para o bem de todos. Tanto no aspecto pessoal de construção da personalidade como neste aspecto temporal esta luta representa um cair e levantar constantes.

Nesta quarta Noite Santa recebemos através do Portal do Sagitário os impulsos espirituais dos Arqueus para o fortalecimento da personalidade de forma que tenhamos forças de estabelecer e sustentar impulsos mais abrangentes na nossa vida que nos orientem para o futuro e que contenham metas espirituais para a nossa existência.


QUINTA NOITE SANTA (Dia 29 de Dezembro) 

Nasce de novo o sol, atravessamos um novo dia e cai a noite e uma nova estrela brilha no céu irradiando da Constelação de Escorpião através do qual emanam as forças espirituais dos Exusiai os Seres da Forma.

Agora atingimos o âmbito da segunda hierarquia.

Eles também foram seres de um estado evolutivo anterior tão avançados em sua evolução que podem acolher os planos divinos e torná-los manifestos de forma que haja uma concordância entre a esfera macróscomica da consciência cósmica e o nosso sistema solar que é uma expressão microcósmica onde a nossa existência humana está inserida, onde a biografia humana transcorre.

Os Exusiai estão envolvidos nos processos de criação de um novo ser, na transformação de uma forma em outra, na metamorfose constante da substância.

Na Bíblia eles são chamados de Elohins e no corpo humano as forças de Escorpião configuraram os genitais a partir dos quais é possível a procriação ou seja a criação de um novo ser físico.

Estamos no âmbito das forças sexuais que são as forças que oscilam tanto para o egoísmo mais absoluto, aquilo que pode ser caracterizado como o mal porque ao oferecer a possibilidade da maior satisfação imediata podem subjugar o humano ao nível do animalesco. Mas que também trazem uma das maiores possibilidades para a superação do egoísmo e transcendência de forças.

Se em Sagitário tínhamos a imagem de um cair e levantar constantes entre o animalesco e o humano aqui temos a imagem de uma luta na nossa vida interior entre a morte e ressurreição. E esta é uma luta que ocorre em âmbito muito individual onde em liberdade oscilamos entre as sombras que obscurecem o nosso ser, os esconderijos onde vive o Escorpião venenoso e as forças de expansão do ser representadas pela águia que se eleva às alturas e de lá contempla o Todo.

O Escorpião é então o signo das forças duplas, tanto destrutivas, retrógadas que mudam constantemente de aparência e invadem a nossa alma caotizando a vida como é também portador de forças construtivas que tem a ver com transmutação constante e contínua superação para que a substância divina, o Espírito possa em nós ser plasmado de novo e sempre. No Apocalipse esta característica de forças duplas é apresentada como a espada de dois gumes.

Nesta quinta Noite Santa recebemos através do portal de Escorpião os impulsos espirituais dos Exusiai para aceitar por um lado as nossas fraquezas, e por outro lado recebemos impulsos espirituais para a superação e transformação destas forças.



SEXTA NOITE SANTA (Dia 30 de Dezembro)

Temos o nascer do sol, a passagem de mais um dia e o cair da sexta Noite Santa.

Uma nova estrela brilha no céu irradiando da Constelação de Balança o portal através do qual emanam as forças espirituais dos Dynamis os Seres do Movimento.

Continuamos no âmbito da segunda hierarquia.

Na evolução os Dyamis acordaram ao perceber o que estava ocorrendo em volta deles e atuaram criando um equilíbrio dinâmico, uma correta relação, uma permanente reciprocidade entre as coisas. Estar em desequilíbrio significa estar separado, não está inserido na unicidade de todas as coisas. Suas forças configuraram a bacia que é responsável pelo equilíbrio no manter-se ereto.

No trabalho biográfico, pela antroposofia, estudamos a expressão da Balança por volta dos 28 anos que é o marco de mudanças entre as forças do passado que nos carregaram até aí e as forças do futuro que trazem a possibilidade de uma nova expressão da nossa individualidade através da nossa capacidade de transformar a herança da educação herdada.

Os Dynamis nos oferecem a possibilidade de colocar as influências do passado e as possibilidades do futuro, o dentro e o fora, os processos de fusão e de separação em uma correta relação de reciprocidade, em um equilíbrio dinâmico.

Na sexta Noite Santa através do portal da Balança recebemos dos Dynamis os impulsos espirituais para desenvolver o equilíbrio interior e conseguir conter as forças de dispersão para se ter uma vida coerente e harmoniosa.


SÉTIMA NOITE SANTA (Dia 31 de Dezembro)

De novo temos o nascer do sol que anuncia o novo dia e no final deste o cair da noite.

Uma nova estrela brilha no céu emanando luz da Constelação da Virgem o portal do qual emanam as forças dos Kyriotetes os Seres da Sabedoria.

Na evolução eles acordaram ao perceber a existência de outros seres para os quais criaram então o espaço do acolhimento.

Estamos ainda no âmbito da segunda hierarquia que acolhem e realizam os planos divinos.

As forças do Signo da Virgem configuraram o ventre que é um aspecto físico do feminino que pode receber e gerar outro ser.

A alma, a nossa vida interna também tem esta qualidade do feminino de levar para dentro, de acolher no íntimo e de guardar a nossa essência, o nosso Eu.

A Virgem é a imagem terrestre da Alma cósmica, a Sofia e ela é considerada virgem porque corresponde a um aspecto de nossa alma que permanece intocada pelas necessidades terrestres e pode então acolher e gerar o Espírito individualizado em nós. Isto significa um estado de entrega e doação constantes, de cortesia e polidez.

Na sétima Noite Santa através do portal da Virgem recebemos os impulsos espirituais dos Kyriotetets que são capacidades de criar o espaço para algo novo ser gestado no íntimo e de encontrar forças a partir do seu próprio interior para fazer desabrochar a sua vida.


OITAVA NOITE SANTA (Dia 1 de Janeiro)

Nasce um novo Sol, atravessamos mais um dia e vem o cair da noite.

Uma nova estrela brilha no céu emanando luz da Constelação de Leão, o portal do qual emanam as forças dos Tronos os Seres da Vontade.

Alcançamos a primeira hierarquia, de seres espirituais muito evoluídos que manifestam as intenções divinas atuando da esfera macrocósmica para dentro do nosso sistema solar.

Na evolução os Tronos eram seres tão completamente conscientes de si que seu querer era sua própria substância e este querer é tão exaltado que estes seres produziam calor e doaram sua própria substância.

As forças de Leão configuraram o coração humano e os dirigentes da antiguidade e os reis da idade média associavam sua realeza com este signo que era relacionado com a coragem e a prontidão de realizar no exterior o que é determinado a partir de dentro: a voz do coração.

Na oitava Noite Santa, a partir do portal do Leão recebemos os impulsos de entusiasmo e coragem para enfrentar as provas que o destino nos trazem.


NONA NOITE SANTA (Dia 2 de Janeiro)

De novo sai o Sol, atravessamos um novo dia e vem o cair da noite.

Uma estrela brilha no céu emanando o seu brilho da Constelação de Câncer o portal do qual emanam as forças espirituais dos Querubins os Seres da Harmonia.

Foi a ação dos Querubins no início da evolução que criou o cinturão protetor de estrelas em volta do nosso sistema separando-o da totalidade macrocósmica.

Esta ação está expressa na própria configuração do tórax: as forças de Câncer configuram os doze pares de costela, o invólucro protetor físico do coração, o órgão da vida.

Os Querubins trazem o impulso para que as transições de um ciclo para outro ocorram de forma harmoniosa. Eles atuam na forma da espiral cujas forças vem do ciclo anterior, criam um invólucro e se direcionam para o próximo ciclo – em uma seqüência repetitiva, harmoniosa. Podemos observar estas espirais cósmica também em ciclos menores da natureza . São os Querubins que cuidam por exemplo que a semente do outono renasça como uma nova planta na primavera.

Na biografia, pela antroposofia, encontramos também estas transições no nosso desenvolvimento que às vezes se apresentam de forma dramática como crises.

Na nona Noite Santa através do portal de Câncer recebemos os impulsos espirituais dos Querubins que nos trazem força para nos harmonizarmos com o novo e cria aconchego para que os momentos de transição ocorram de forma harmoniosa.


DÉCIMA NOITE SANTA (Dia 3 de Janeiro)

De novo sai o sol, atravessamos um novo dia e vem o cair da noite.

Uma estrela brilha no céu emanando seu brilho da Constelação de Gêmeos, o portal através do qual emanam as forças espirituais dos Serafins os Seres do Amor. Amor que não está mais assentado nos laços físicos, nos laços da paixão mas em laços espirituais. O amor fraterno.

Os gregos tem um mito através do qual podemos saber do que se trata.

O mito do Kastor e do Polydeukes irmãos que eram filhos da mesma mãe com pais diferentes sendo que Castor era mortal e o Polydeukes imortal. Ocorreu que Castor morreu e o seu irmão foi até Zeus e pediu que a sua imortalidade fosse retirada e concedida ao Castor e Zeus comovido tornou-os ambos imortais e os colocou no céu na forma de uma constelação. Ou seja elevou-os a condição macrocósmica e o que os tornou imortais não foram os laços de sangue mas o abrir mão de si que resultou numa forma ainda mais elevada de amor.

No Evangelho temos a sentença desta forma de amor:

“onde duas ou mais pessoas estiverem reunidos em meu nome eu estarei no meio deles”

– ou seja abre-se mão do próprio Eu e ganha-se outro Eu que é eterno.

A fraternidade é o mais poderoso impulso para a vida social porque ela pode quebrar as barreiras de status, de etnia e de crenças.

Na décima Noite Santa através do portal de Gêmeos os impulsos espirituais dos Serafins ajudam a vencer a barreira do individualismo e da solidão.


DÉCIMA PRIMEIRA NOITE (Dia 4 de Janeiro)

De novo vem o Sol e um novo dia e ao cair da noite uma estrela brilha no céu emanando seu brilho da Constelação de Touro portal por onde adentra à esfera do Zodíaco vindo das regiões macrocósmicas o sopro do espírito.

Se lembrarmos dos Reis Magos estava próximo o lugar onde se encontrava a criança e iluminando a noite o brilho da estrela que os precedia ampliava enormemente a dimensão do deserto.

A alma se elevou tocando outra dimensão que não é terrena e o Espírito Santo adentra a dimensão humana manifestada no Batismo de João sob a forma de uma pomba.

É uma noite de grande expansão da alma, os horizontes se ampliam e a nossa alma pode se elevar a um estado anímico cósmico alcançando a dimensão da alma do Cosmos, da Sofia divina e sentir a presença do espírito . No Antigo Egito isto era representado nas esculturas que portavam os chifres do Touro com o espaço entre eles preenchido por um disco solar coroando a cabeça do faraó considerado o descendente direto de Deus.

Foram as forças do Touro que configuraram a laringe, o órgão da fala que segundo o Steiner está em transformação e que nos estágios evolutivos futuros do ser humano a palavra terá de novo a força plasmadora referida nas Gênesis de todas as religiões. "No princípio era o verbo e o verbo estava em Deus".

A palavra será como uma lança sagrada de expressão do amor divino.

Na décima Noite Santa através do portal do Touro o Espírito Santo emana a plenitude do amor divino inspirada como persistência em relação ao que se pretende alcançar.


DÉCIMA SEGUNDA NOITE (Dia 5 de Janeiro)

Um novo Sol e um novo dia e no cair da última noite desta ascensão através das hierarquias espirituais.

Alcançamos o último degrau desta escada que já nos transportou para as fronteiras do universo.

Este é o portal por onde o filho de Deus, o Eu cósmico adentrou da esfera macrocósmica, da esfera do Brama, Javé, de Alá, da esfera do divino para a nossa existência.

Através deste portal ressoa no nosso cosmos vindo das regiões macrocósmicas além do zodíaco a voz do Pai:

“Este é o meu filho muito amado, hoje eu o engendrei.”

Como um eco longínquo é feito o Reconhecimento a síntese de todo o caminho unindo o Natal ao Batismo. O Natal como o nascimento da criança natural e o Batismo como o posterior nascimento da criança divina o Cristo como uma luz brilhando no interior, como um Sol interno na alma livre e plenamente consciente.

A voz de Deus é a voz da consciência humana que eleva o Eu de uma condição terrena, inferior a uma condição cósmica, superior trazendo para o ser humano a possibilidade de se tornar o ser da liberdade e do amor – a décima hierarquia espiritual .


Palestra proferida por Edna Andrade na Clínica Antroposófica Tobias,  em São Paulo, no Natal de 2006.
O texto pode ser reproduzido desde que citada a autoria.
Scribd

Bibliografia:

A Ciência Oculta – Rudolf Steiner – Ed. Antroposófica
O Zodíaco e as Hierarquias Espirituais – Sergej Prokofieff
The Golden Age of Chartres – René Querido – Floris Books

domingo, 28 de novembro de 2010

Sono e Sonho pela Antroposofia




Durante o estado de vigília, os quatro membros da entidade humana fazem-se presentes: Podemos também dizer que o indivíduo, para constituir o seu ser, reúne, durante a sua vida, "substâncias" de quatro planos.

Essa aglomeração está longe de ser harmoniosa. Sabemos, por experiência própria, que nem o nosso corpo, nem a nossa alma, nem o nosso eu como ser moral, são perfeitos. Ao contrário, a nossa vida traz um desgaste constante dos vários membros da nossa entidade.

A própria consciência, os impulsos nocivos, as impressões feias, os alimentos impróprios, etc., prejudicam o organismo, ou seja, a parte constituída pelos corpos físico e etérico, produzindo perturbações dos sistemas digestivo, circulatório, etc., as quais podem até chegar à doença.

Mas também a parte anímico-espiritual pode sofrer efeitos nocivos: em contato com o mundo surgem desejos irracionais e impulsos negativos (ódio, inveja, cobiça) que prejudicam a própria "substancialidade" da alma e do espírito. Uma ação má deteriora o ego, uma cobiça excessiva afeta o corpo astral.

Para se regenerarem desse desgaste, os vários componentes do ser humano devem periodicamente afrouxar os laços que os unem, permitindo a cada um haurir forças renovadoras em seu próprio meio. Esse fenômeno constitui o sono. A inconsciência do sono é, pois, uma necessidade imperiosa para todo ser dotado de uma consciência desenvolvida.

Com efeito, durante o sono ocorre uma separação da parte anímico espiritual da parte físico-etérica. Aliviado da consciência, das sensações da vida anímica, o corpo descansa na cama, reduzido ao nível de uma planta, pois aparenta apenas funções vegetativas. Não se manifestam a consciência, a personalidade, os sentimentos e os pensamentos. Nesse estado inconsciente, forças e seres superiores penetram no organismo e o corpo etérico se regenera pela entrada de impulsos e forças provenientes do plano etérico universal.

O corpo astral e o eu se desligam do organismo durante o sono e voltam para as regiões das quais originalmente emanaram. Não devemos imaginar essa separação como simplesmente espacial. Durante essa sua permanência nos mundos superiores, o corpo astral e o eu recebem impulsos dos seres superiores que vivem nessas regiões. Ambos têm experiências notáveis, mas sem pensamento próprio porque o cérebro, instrumento do pensar ficou na cama e sem a possibilidade de se lembrar mais tarde dessas experiências (porque o corpo etérico, instrumento da memória, tampouco os acompanhou nessa viagem). Enquanto o homem aparentemente dorme, o seu eu está na realidade em plena atividade; mas só o clarividente pode observar esse fato.

Falei em seres superiores. Teremos ainda ensejo de ocupar-nos detalhadamente desses seres. Aqui bastará dizer que existem seres "bons" e "maus" - que a crença popular identifica como os anjos e demônios. Dos impulsos recebidos desses entes durante o sono dependerá o comportamento do indivíduo depois de despertar. Uma sabedoria antiga conhecia essas influências: os homens se deixavam inspirar durante o sono pelos deuses, pelas musas. Nos contos de fada autênticos encontramos a cada passo alusões à inspiração recebida nessas ocasiões.

Antes do adormecer e do acordar existe um estado de pouca duração, durante o qual o eu e o corpo astral estão "separados" do corpo físico, enquanto existe a ligação com o corpo etérico. O homem está, pois, em presença da sua "memória" (ligada ao corpo etérico) e pode exercer certas funções mentais (igualmente ligadas ao corpo etérico), mas faltam-lhe as percepções sensoriais claras, a plena consciência e o pensar racional que não podem prescindir do instrumento do corpo físico.

Certas experiências do eu durante esse estado, combinadas com reminiscências da memória, fazem surgir então os sonhos. O sonho constitui, pois, um estado intermediário entre o sono e a vigília. Ele é caracterizado por uma consciência reduzida, por imagens e formas do mundo exterior, porém sem lógica e clareza. O eu traduz suas vivências e recordações e em imagens simbólicas.

Desde tempos imemoriais o homem conhecia a natureza desse estado que possibilitava uma experiência velada de certas realidades espirituais. Daí a importância atribuída à arte de analisar os sonhos para conhecer a realidade espiritual ou para chegar à verdadeira personalidade do homem que se revela durante o sonho quando inexistem os tabus sociais e as barreiras que fazem com que o caráter se dissimule durante a vida normal.

Sem pretender sermos completos, podemos indicar alguns tipos relevantes de sonhos:

Em muitos sonhos, o homem é perseguido pelas reminiscências do dia. Preocupações e angústias o acompanham, problemas não resolvidos martelam seu espírito de maneira incoerente, certos impulsos (vingança, ódio, amor, cobiça) manifestam-se de modo irrefreado. Um sono repleto de sonhos dessa espécie não é regenerador, pois impede uma separação suficiente e benéfica entre o eu e a parte orgânica.

Muitos sonhos são determinados, no seu enredo, por influências do ambiente. Assim, podemos sonhar uma estória, que termina no tilintar agudo de uma flauta tocada por um dos personagens do drama onírico. Acordados, verificamos que o despertador provocou o tilintar no sono: eu recordo toda uma estória que o precede; e cujo final lógico é o tilintar. Isso prova que os sonhos não se desenrolam no tempo, mas são imagens instantâneas que somente ao recordar são mentalmente decompostas em várias fases sucessivas. Da mesma maneira, um incêndio no sonho pode ter por causa o calor excessivo provocado por um cobertor.

Há sonhos causados pelo próprio corpo. Uma refeição um pouco pesada, tomada antes de dormir, pode provocar pesadelos, e muitas vezes o próprio órgão pode aparecer sob uma forma simbólica (intestinos = serpente, dente = torre, sangue = água). Vemos mais uma vez que o sonho é simbolizador. A arte de interpretar os sonhos consiste, justamente, em descobrir a "realidade" que se traduz em símbolos.

Como já foi dito, os desejos mais íntimos do eu, reprimidos durante a vigília e sem possibilidades de subir à consciência, podem ter livre curso no sonho embora sob forma simbólica. Esse fenômeno figura nos fundamentos de muitas análises psicoterapêuticas.

Um tipo de sonho ainda mais significativo é aquele onde o indivíduo encontra pessoas vivas ou mortas, delas recebendo uma mensagem que amiúde se confirma, mais tarde, na realidade: uma pessoa ausente pode nos dizer no sonho que está doente ou morta; a notícia confirmatória chega poucos dias mais tarde. O que se torna patente, aqui, é uma experiência feita pelo eu, de uma realidade no mundo espiritual. Com efeito, a morte de qualquer pessoa é um acontecimento que se reflete naquele domínio. Transcendendo os limites do espaço, o eu vivencia esse fato e o sonho o transforma em imagem.

Finalmente, há pessoas que ao despertar sabem que no sonho lhes apareceu um ser espiritual superior com uma mensagem ou uma revelação, ou que elas "assistiram" a acontecimentos do futuro. São os chamados sonhos proféticos, que tamanho papel tiveram em tempos passados, desde os sonhos interpretados por José na Corte do Faraó (as vacas gordas e as vacas magras) até visões dos profetas (aparições de Serafins, Querubins, Anjos. etc.). Esses sonhos também têm papel importante na psicologia moderna (especialmente em C.G.Jung).

Não há adormecer ou despertar sem sonho; na maioria dos casos, porém, não o lembramos. Muitas vezes também, sem poder recordar um sonho concreto, acordamos com a certeza de ter passado um tempo num outro mundo.

Ao despertar, sonhamos muitas vezes com a volta ao corpo sob forma simbólica. Sonhamos, por exemplo, que voamos e nos aproximamos cada vez mais do chão, até bater nele. Nesse instante despertamos. Ou queremos entrar num edifício ou, por exemplo, numa torre. Não o conseguimos durante algum tempo, até que finalmente quase irrompemos nela à força e acordamos. Aqui o corpo é representado pelo símbolo da torre.

O sono, com a fase transitória do sonho, é, pois, um fenômeno que decorre de uma necessidade rítmica de todo o nosso ser. Compreende-se facilmente que sonos ou sonhos provocados artificialmente (narcóticos, hipnose, anestesia) não são, nesse sentido, "naturais", e perturbam o equilíbrio forças físicas e psico-espirituais.

Os três estados: vigília, sonho e sono correspondem a três graus diferentes de consciência.

Podemos dizer que o homem é homem somente quando, no estado de vigília, é plenamente consciente e lúcido.

A Antroposofia ensina que a consciência do animal é semelhante (embora não idêntica) à nossa consciência de sonho, enquanto a planta vive numa inconsciência total correspondendo ao nosso estado de sono. A consciência dos minerais - se é que podemos ainda falar em consciência - seria ainda mais apagada do que a do nosso sono mais profundo.

Existem também no próprio homem zonas ou sistemas diferenciados por vários graus de consciência; Rudolf Steiner teve a intuição genial da trimembração do organismo humano, cuja essência pode ser resumida da seguinte forma:

O homem é plenamente consciente em seu pensar e em suas observações sensoriais. A esse sistema, Rudolf Steiner chama de sistema neuro-sensorial, ensinando que ele está centrado na cabeça, muito embora o corpo todo possua percepções sensoriais. O pólo oposto é constituído pelas funções completamente inconscientes do metabolismo e da vontade traduzida em movimentos (o homem tem a representação clara dos motivos e do resultado almejado de um ato de vontade; mas o "funcionamento" e a realização do impulso volitivo lhe são completamente ocultos). Esse outro pólo constitui o sistema do metabolismo e dos membros. Ele atua em todo o corpo, mas seu centro está no abdome e nos membros.

Entre esses dois pólos, e com o grau de consciência intermediário entre a lucidez completa do sistema neuro-sensorial e a inconsciência do sistema metabólico-motor, acha-se o sistema circulatório (respiração, circulação), que tem por sede a parte torácica e que liga, por assim dizer, os dois extremos. A esse sistema corresponde a vida sentimental e um grau de consciência que equivale ao sonho.

Já que se falou, neste capítulo, de seres superiores, parece indicado dizer mais algumas palavras sobre esse assunto. O leitor desejoso de conhecer detalhes mais amplos deve consultar a obra de Rudolf Steiner.

Não existe religião que não fale de seres elevados possuidores de inteligência, conhecimentos e poderes superiores aos do homem. As divindades da mitologia hindu, grega e germânica são alguns desses seres; também nas religiões chamadas "monoteístas" (judaísmo, cristianismo e islamismo) existem arcanjos, anjos, demônios e diabos. Que são eles, uma vez serem nitidamente superiores aos seres humanos? O cristianismo, mantendo o dogma israelita "Deus é um", fala ao mesmo tempo de Anjos, Querubins, Serafins e outros seres respeitabilíssimos. Como explicar essa multidão de "deuses"?

Admitindo-se um caráter evolucionista do cosmo (voltaremos a esse assunto mais adiante) nada impede de imaginar, acima do homem, seres que possuam faculdades superiores, sem precisar, para sua existência, de um corpo físico. A experiência supra-sensível revela de fato, ao vidente, a existência de tais seres, e a Antroposofia contém descrições detalhadas dessas "hierarquias superiores". Com efeito, esses entes pertencem a vários níveis de evolução, cada um caracterizado por um novo grau de consciência, de faculdades e funções.

O nosso espírito humano é naturalmente incapaz de captar totalmente os estados de consciência desses seres. Apesar disso, é possível descrever-lhes certos aspectos. Mas em épocas passadas, certos indivíduos mais evoluídos tinham a capacidade de "perceber" esses seres e de ter contato com eles. A Antroposofia não pretende inovar nesse campo. O esoterismo cristão de um Dionísio Aeropagita já continha uma descrição pormenorizada dos "coros dos anjos", e o próprio São Tomás de Aquino repetiu essa doutrina com pleno endosso da sua própria sabedoria.

Rudolf Steiner soube completar os conhecimentos tradicionais a esse respeito, pela sua própria experiência. Ele mostrou a ligação íntima desses seres e da sua atuação no nosso mundo e sobre o homem. A "imanência" dessas entidades é total. Tudo o que se passa em nosso mundo resulta da ação e da influência de tais seres. Isso não impede que o homem, em determinado grau do seu desenvolvimento, consiga libertar-se de tal influência criando as condições para seu próprio livre arbítrio.

Imediatamente "acima" do ser humano encontram-se entidades que as várias religiões chamam de Anjos (em grego, Aggeloi). São entes cujo "corpo" mais baixo é o corpo etérico. Entre as suas múltiplas funções há aquela de constituírem elementos de ligação entre o homem e os mundos superiores. Cada homem tem, portanto, o seu "anjo", fato que se traduz no conceito popular de "anjo da guarda".

Os chamados Arcanjos (Archaggeloi) já não são dedicados a indivíduos, mas a povos e outros agrupamentos. Cada povo tem o "seu" arcanjo que lhe determina as características étnicas. Quando um povo se forma como tal (por exemplo, o povo suíço ou belga), o fato espiritual correspondente é que um arcanjo começa a atuar pouco a pouco sobre um certo número de indivíduos, fazendo nascer neles um espírito de comunidade e a sua diferenciação étnica e histórica dos outros povos.

Os Arqueus, ou "Espíritos de Época", são os líderes espirituais de toda uma época. Quando novos impulsos aparecem na história da humanidade, ao mesmo tempo, em todos os povos evoluídos, isso se deve à influência desses Arqueus.

Acima dos Arqueus existem os "Espíritos da Forma", ou Exusiai. São idênticos aos Elohim da Bíblia. Veremos. mais tarde. que o nosso "eu" nos foi originalmente "dado" pelos Exusiai.

Os "Espíritos do Movimento" ou Dynameis constituem a próxima hierarquia. São os regentes cósmicos de todos os ritmos e movimentos.

Os "Espíritos da Sabedoria" ou Kyriotetes permeiam de suas emanações tudo o que nos aparece como repleto de sabedoria, desde as formas harmoniosas da natureza até os grandes princípios da sabedoria cósmica que filósofos como Aristóteles ou astrônomos como Kepler ainda vislumbravam como que por intuição.

Os "Espíritos da Vontade" ou Tronos representam a vontade divina como impulso básico de todo o Universo.

Os dois grupos supremos, os Serafins (8) e os Querubins (9), fogem a qualquer análise humana. São os seres mais elevados ainda acessíveis ao ser humano e constituem a parte dos impulsos mais puros do amor, caridade e elevação da alma. O próprio Velho Testamento fala repetidamente desses seres por ocasião das visões dos grandes profetas.

Onde está "Deus" nesta hierarquia? Em que consiste a Trindade? O conhecimento humano não pode aspirar a abranger essas alturas da existência cósmica. Seria temerário fazer afirmações a esse respeito. Tentar descrever "Deus" já seria uma blasfêmia, e mesmo os maiores iniciados, como por exemplo, Rudolf Steiner, somente puderam aproximar-se dele com um balbuciar de humildade. Qualquer outra atitude seria de presunção e de prepotência. Aliás, a Antroposofia não promete revelar "tudo". Ela tem os seus limites e procura apenas alargar o nosso campo de observação. A Antroposofia é ciência, mas não onisciência. Se soubéssemos tudo, seríamos... Deus!

Mesmo assim, a obra de Steiner contém profundas revelações sobre o Mistério de Deus e da Trindade.


Texto:
R. Lanz
Noções Básicas de Antroposofia
sociedade antroposófica brasileira