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quarta-feira, 10 de junho de 2015
Amor é para gastar (Crônica de Xico Sá)
"Na economia da vida, o maior desperdício é fazer poupança de amor. Prejuízo na certa. Amor é para gastar, mostrar, ostentar. O amor, aliás, é a mais saudável forma de ostentação que existe no mundo.
Vai por mim, amar é luxo só. Triste de quem sente e esconde, de quem sente e fica no joguinho dramático, de quem sente e guarda a sete chaves. Sinto muito.
Amor é da boca para fora. Amor é um escândalo que não se abafa. "Eu te amo" é para ser dito, desbocadamente. Guardar "eu te amo" é prejudicial à saúde.
Na economia amorosa, só existe pagamento à vista, missa de corpo presente. O amor não se parcela, não admite suaves prestações.
Não existe essa de amor só amanhã, como na placa do fiado do boteco. Amor é hoje, aqui, agora... Amor não se sonega, amor é tudo a declarar."
Por Xico Sá
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Os 33 Nomes de Deus
“De vez em quando perguntam-me se acredito em Deus.
Mas é claro.
Acredito mais que a maioria das pessoas.
Tenho até trinta e três nomes para ele.
Esses nomes foi a Margueritte Yourcenar que me contou.
Ela foi uma escritora maravilhosa, autora do livro Memórias de Adriano, quem lê nunca mais esquece, quer ler de novo.
Pois esses são os trinta e três nomes de Deus que ela me ensinou.
É só falar o nome, ver na imaginação o que o nome diz, para que a alma se encha de uma alegria que só pode ser um pedaço de Deus… Mas é preciso ler bem devagarinho…
1.Mar da manhã.
2.Barulho da fonte nos rochedos sobre as paredes de pedra.
3.Vento do mar de noite, numa ilha…
4.Abelha.
5.Vôo triangular dos cisnes.
6.Cordeirinho recém-nascido….
7.Mugido doce da vaca, mugido selvagem do touro.
8.Mugido paciente do boi.
9.Fogo vermelho no fogão.
10.Capim.
11.Perfume do capim.
12.Passarinho no céu.
13.Terra boa…
14.Garça que esperou toda a noite, meio gelada, e que vai matar sua fome no nascer do sol.
15. Peixinho que agoniza no papo da garça.
16. Mão que entra em contato com as coisas.
17.A pele, toda a superfície do corpo
18.O olhar e tudo o que ele olha.
19.As nove portas da percepção.
20.O torso humano.
21.O som de uma viola e de uma flauta indígena.
22.Um gole de uma bebida fria ou quente.
23.Pão.
24.As flores que saem da terra na primavera.
25.Sono na cama.
26.Um cego que canta e uma criança enferma.
27.Cavalo correndo livre.
28.A cadela e os cãezinhos.
29.Sol nascente sobre um lago gelado.
30.O relâmpago silencioso.
31.O trovão que estronda.
32.O silêncio entre dois amigos.
33.A voz que vem do leste, entra pela orelha direita e ensina uma canção…”
Agradeço ao Carlos Brandão por haver me apresentado os trinta e três nomes de Deus da Margueritte. Não é preciso que sejam os seus. Faça a sua própria lista.
Eu incluiria:
Ouvir a sonata Apassionata de Beethoven.
Sapos coaxando no charco.
O canto do sabiá.
Banho de cachoeira.
A tela “Mulher lendo uma carta”, de Vermeer.
O sorriso de uma criança.
O sorriso de um velho.
Balançar num balanço tocando com o pé as folhas da árvore…
Morder uma jabuticaba…
Todas essas coisas são os pedaços de Deus que conheço…
Sim, acredito muito em Deus”.
Mas é claro.
Acredito mais que a maioria das pessoas.
Tenho até trinta e três nomes para ele.
Esses nomes foi a Margueritte Yourcenar que me contou.
Ela foi uma escritora maravilhosa, autora do livro Memórias de Adriano, quem lê nunca mais esquece, quer ler de novo.
Pois esses são os trinta e três nomes de Deus que ela me ensinou.
É só falar o nome, ver na imaginação o que o nome diz, para que a alma se encha de uma alegria que só pode ser um pedaço de Deus… Mas é preciso ler bem devagarinho…
1.Mar da manhã.
2.Barulho da fonte nos rochedos sobre as paredes de pedra.
3.Vento do mar de noite, numa ilha…
4.Abelha.
5.Vôo triangular dos cisnes.
6.Cordeirinho recém-nascido….
7.Mugido doce da vaca, mugido selvagem do touro.
8.Mugido paciente do boi.
9.Fogo vermelho no fogão.
10.Capim.
11.Perfume do capim.
12.Passarinho no céu.
13.Terra boa…
14.Garça que esperou toda a noite, meio gelada, e que vai matar sua fome no nascer do sol.
15. Peixinho que agoniza no papo da garça.
16. Mão que entra em contato com as coisas.
17.A pele, toda a superfície do corpo
18.O olhar e tudo o que ele olha.
19.As nove portas da percepção.
20.O torso humano.
21.O som de uma viola e de uma flauta indígena.
22.Um gole de uma bebida fria ou quente.
23.Pão.
24.As flores que saem da terra na primavera.
25.Sono na cama.
26.Um cego que canta e uma criança enferma.
27.Cavalo correndo livre.
28.A cadela e os cãezinhos.
29.Sol nascente sobre um lago gelado.
30.O relâmpago silencioso.
31.O trovão que estronda.
32.O silêncio entre dois amigos.
33.A voz que vem do leste, entra pela orelha direita e ensina uma canção…”
Agradeço ao Carlos Brandão por haver me apresentado os trinta e três nomes de Deus da Margueritte. Não é preciso que sejam os seus. Faça a sua própria lista.
Eu incluiria:
Ouvir a sonata Apassionata de Beethoven.
Sapos coaxando no charco.
O canto do sabiá.
Banho de cachoeira.
A tela “Mulher lendo uma carta”, de Vermeer.
O sorriso de uma criança.
O sorriso de um velho.
Balançar num balanço tocando com o pé as folhas da árvore…
Morder uma jabuticaba…
Todas essas coisas são os pedaços de Deus que conheço…
Sim, acredito muito em Deus”.
Rubem Alves
Mais um belo e inspirado texto da série do Quarto de Badulaques (LXXX), de Rubem Alves. Num estilo que lembra vagamente o tom de gratidão natural de Manoel de Barros, o texto de Rubem Alves cita Marqueritte Yourcenar, escritora belga e primeira mulher eleita à Academia Francesa de Letras, em 1980. Não é um compêndio de provas sobre a existência de Deus (ou será que é?), é um poema de gratidão por aspectos manifestados da beleza da existência, cuja procedência e criação ainda é alvo de debate na comunidade humana. Neste texto importa pouco, porque o acreditar de Rubem Alves é um verbo com mais sentido de apreciar e contemplar agradecidamente do que qualquer outra coisa. Texto publicado originalmente no site oficial do autor.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
De que são feitos os dias?
De que são feitos os dias?
- De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.
Entre mágoas sombrias,
momentâneos lampejos:
vagas felicidades,
inatuais esperanças.
De loucuras, de crimes,
de pecados, de glórias
- do medo que encadeia
todas essas mudanças.
Dentro deles vivemos,
dentro deles choramos,
em duros desenlaces
e em sinistras alianças...
Cecília Meireles, in 'Canções'
domingo, 12 de junho de 2011
...namoro no portão...
Desejo a você
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não Ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 29 de março de 2011
...onde a placa diz: caminho do sol...
Tome a tua vida em tuas mãos, e não entregue a direção dela a ninguém.
Por mais que te amem, por mais que desejem, o teu bem, só você é capaz de sentir o que realmente sente, e aquilo que você passa de impressão para os outros, nem sempre corresponde ao que vai na sua alma.
Quantas vezes você já sorriu para disfarçar uma lágrima teimosa?
Quantas vezes quis gritar e sufocou o pranto?
Quantas vezes quis sair correndo de algum lugar e ficou por educação, respeito ou medo?
Quantas vezes desejou apenas um beijo, e ficou com a boca seca esperando o que não veio?
Quantas vezes tudo o que você desejou era apenas um abraço, um consolo, uma palavra amiga e só recebeu ingratidão?
Quantos passos foram necessários para chegar até onde você chegou?
Quantos sabem dar o valor ao que você realmente merece?
Criticar é fácil, mas usar o seu sapato ninguém quer, vestir as suas dores ninguém quer, saber dos seus problemas, só se for por curiosidade, por isso, não entregue a sua vida nas mãos de ninguém, nada de acreditar que sem essa ou aquela pessoa, você não vai viver...
Vai viver sim, o mundo continua girando, e se você deixar, pode te trazer algo muito melhor.
Pegue a direção da sua vida e aponte rumo ao Sul, lá onde a placa diz "caminho do sol", bem na curva da felicidade, que te espera sem pressa, para viver com amor e intensidade, a paz, a harmonia e a felicidade.
Paulo Roberto Gaefke
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Milho de Pipoca Por Rubem Alves
A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser.
O milho da pipoca não é o que deve ser.
Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.
O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer.
Pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa.
Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.
Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca para sempre.
Assim acontece com a gente.
As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.
Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito a vida inteira.
São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosas.
Só que elas não percebem.
Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo.
O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: Dor.
Pode ser fogo de fora: perder um filho, o pai ficar doente, perder o emprego, ficar pobre.
Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão – sofrimentos cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio.
Apagar o fogo.
Sem o fogo o sofrimento diminui.
E com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer.
Dentro da sua casca dura, fechada em si mesmo.
Ela não pode imaginar destino diferente.
Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada.
A pipoca não imagina aquilo de que é capaz.
Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece:
PUM! – e ela aparece como uma outra coisa completamente diferente que ela mesmo nunca havia sonhado.
Bom, mas ainda temos o piruá que é o milho de pipoca que se recusa a estourar.
São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar.
Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.
A sua presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura.
O destino delas é triste.
Ficarão duras a vida inteira.
Não vão se transformar na flor branca e macia.
Não vão dar alegria para ninguém.
Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.
Rubem Alves
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Não deixe o amor passar!
Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre voces.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.
Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O Amor.
Carlos Drummond de Andrade
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Não estás deprimido, estás distraído... Por Fecundo Cabral
Não estás deprimido, estás distraído, distraído em relação à vida que te preenche. Distraído em relação à vida que te rodeia: golfinhos, bosques, mares, montanhas, rios.
No estás deprimido, estás distraído, distraído de la vida que puebla. Distraído de la vida que te rodea: delfines, bosques, mares, montañas, ríos.
Não caias como caiu teu irmão que sofre por um único ser humano, quando no mundo existem 5,6 milhões. Além de tudo, não é assim tão ruim viver só. Eu fico bem, decidindo a cada instante o que desejo fazer, e graças à solidão conheço-me, o que é algo fundamental para viver.
No caigas en lo que cayó tu hermano, que sufre por un ser humano cuando en el mundo hay 5,600 millones. Además no es tan malo vivir solo. Yo la paso bien, decidiendo a cada instante lo que quiero hacer, y gracias a la soledad me conozco, algo fundamental para vivir.
Não caias no que caiu teu pai, que se sente velho porque tem setenta anos, e esquece que Moisés comandou o Êxodo aos oitenta e Rubinstein interpretava Chopin com uma maestria aos noventa. Só para citar dois casos conhecidos.
No caigas en lo que cayó tu padre, que se siente viejo porque tiene 70 años, olvidando que Moisés dirigía el éxodo a los 80 y Rubinstein interpretaba como nadie Chopin a los 90. Solo por citar dos casos conocidos.
Não estás deprimido, estás distraído, por isso acreditas que perdeste algo, o que é impossível, porque tudo te foi dado. Não fizeste um só cabelo de tua cabeça, portanto não podes ser dono de nada. Além disso, a vida não te tira coisas, a vida te liberta de coisas. Te alivia para que voe mais alto, para que alcances a plenitude. Do útero ao túmulo, vivemos numa escola, por isso, o que chamas de problemas são lições. Não perdeste nada, aquele que morre simplesmente está adiantado em relação a nós, porque para lá vamos todos. Além disso, o melhor dele, o amor, segue em teu coração.
No estás deprimido, estás distraído, por eso crees que perdiste algo, lo que es imposible, porque todo te fue dado. No hiciste ni un solo pelo de tu cabeza por lo tanto no puedes ser dueño de nada. Además, la vida no te quita cosas, te libera de cosas. Te aliviana para que vueles mas alto, para que alcances la plenitud. De la cuna a la tumba es una escuela, por eso lo que llamas problemas son lecciones. No perdiste a nadie, el que murió simplemente, se nos adelantó, porque para allá vamos todos. Además lo mejor de él, el amor, sigue en tu corazón.
Quem poderia dizer que Jesus está morto? Não existe a morte: existe mudança. E do outro lado te esperam pessoas maravilhosas: Gandhi, Michelangelo, Whitman, São Agostinho, a Madre Teresa, teu avô e minha mãe, que acreditavam que a pobreza está mais próxima do amor, porque o dinheiro nos distrai com coisas demais, e nos machuca, porque nos torna desconfiados.
Quién podría decir que Jesús está muerto? No hay muerte: hay mudanza. Y del otro lado te espera gente maravillosa: Gandhi, Michelangelo, Whitman, San Agustín, la Madre Teresa, tu abuela y mi madre, que creía que la pobreza está más cerca del amor, porque el dinero nos distrae con demasiadas cosas, y nos aleja por que nos hace desconfiados.
Faz apenas o que amas e serás feliz e aquele que faz o que ama, está benditamente condenado ao sucesso, que chegará quando deve chegar, porque o que deve ser será, e chegará naturalmente. Não faças nada por obrigação nem por compromisso, apenas por amor. Então terás plenitude, e nessa plenitude tudo é possível. E sem esforço, porque és movido pela força natural da vida, a que me levantou quando caiu o avião que levava minha mulher e minha filha; a que me manteve vivo quando os médicos me deram três ou quatro meses de vida.
Haz sólo lo que amas y serás feliz, y el que hace lo que ama, está benditamente condenado al éxito, que llegará cuando deba llegar, porque lo que debe ser será, y llegará naturalmente. No hagas nada por obligación ni por compromiso, sino por amor. Entonces habrá plenitud, y en esa plenitud todo es posible. Y sin esfuerzo porque te mueve la fuerza natural de la vida, la que me levantó cuando se cayó el avión con mi mujer y mi hija; la que me mantuvo vivo cuando los médicos me diagnosticaban 3 ó 4 meses de vida.
Deus te tornou responsável por um ser humano, e é tu mesmo. A ti deves fazer livre e feliz, depois poderás compartilhar a vida verdadeira com todos os outros. Lembra-te de Jesus: "Amarás ao próximo como a ti mesmo". Reconcilia-te contigo, coloca-te frente ao espelho e pensa que esta criatura que estás vendo, é uma obra de Deus; e decide agora mesmo ser feliz, porque a felicidade é uma aquisição.
Dios te puso un ser humano a cargo, y eres tú mismo. A ti debes hacerte libre y feliz, después podrás compartir la vida verdadera con los demás. Recuerda a Jesús: "Amarás al prójimo como a ti mismo". Reconcíliate contigo, ponte frente al espejo y piensa que esa criatura que estás viendo es obra de Dios; y decide ahora mismo ser feliz porque la felicidad es una adquisición.
Aliás, a felicidade não é um direito, e sim um dever, porque se não fores feliz, estarás levando amargura para todos os que te amam. Um único homem que não possuiu nenhum talento nenhum valor para viver, mandou matar seis milhões de irmãos judeus.
Además, la felicidad no es un derecho sino un deber, porque si no eres feliz, estás amargando a todos los que te aman. Un solo hombre que no tuvo ni talento ni valor para vivir, mandó a matar seis millones de hermanos judíos.
Existem tantas coisas para experimentar, e a nossa passagem pela terra é tão curta, que sofrer é uma perda de tempo. Temos para gozar a neve no inverno e as flores na primavera, o chocolate de Perugia, a baguette francesa, os tacos mexicanos, o vinho chileno, os mares e os rios, o futebol dos brasileiros, As Mil e Uma Noites, a Divina Comédia, Quixote, Pedro Páramo, os boleros de Manzanero e as poesias de Whitman, as músicas de Mahler, Mozart, Chopin, Beethoven, as pinturas de Caravaggio, Rembrandt, Velázquez, Picasso e Tamayo, entre tantas maravilhas.
Hay tantas cosas para gozar y nuestro paso por la tierra es tan corto, que sufrir es una pérdida de tiempo. Tenemos para gozar la nieve del invierno y las flores de la primavera, el chocolate de la Perugia, la baguette francesa, los tacos mexicanos, el vino chileno, los mares y los ríos, el fútbol de los brasileiros, Las Mil y Una Noches, la Divina Comedia, el Quijote, el Pedro Páramo, los boleros de Manzanero y las poesías de Whitman, Mahler, Mozart, Chopin, Beethoven, Caravaggio, Rembrant, Velásquez, Picasso y Tamayo entre tantas maravillas.
E se estás com câncer ou AIDS, podem acontecer duas coisas, e as duas são boas; se a doença ganha te liberta do corpo que é cheio de moléstias: tenho fome, tenho frio, tenho sono, tenho vontades, tenho razão, tenho dúvidas... e se tu vences, serás mais humilde, mais agradecido, portanto, facilmente feliz. Livre do tremendo peso da culpa, da responsabilidade e da vaidade, disposto a viver cada instante profundamente,.... como deve ser.
Y si tienes cáncer o sida, pueden pasar dos cosas y las dos son buenas; si te gana, te libera del cuerpo que es tan molesto: tengo hambre, tengo frío, tengo sueño, tengo ganas, tengo razón, tengo dudas....y si le ganas, serás humilde, más agradecido, por lo tanto fácilmente feliz. Libre del tremendo peso de la culpa, la responsabilidad, y la vanidad, dispuesto a vivir cada instante profundamente como debe ser.
Não estás deprimido, estás desocupado. Ajuda a criança que precisa de ti, essa criança que será sócia do teu filho. Aliás o serviço é uma felicidade segura como gozar a natureza e cuidar dela para aqueles que virão. Dá sem medida e te darão sem medida. Ama até que te tornes o ser amado, mais ainda converte-te no mesmíssimo Amor . E não te deixes confundir por uns poucos homicidas e suicidas, o bem é maioria, porém, não se nota porque é silencioso, uma bomba faz mais barulho que uma caricia, porém, para cada bomba que destrói há milhões de carícias que alimentam a vida.
No estás deprimido, estás desocupado. Ayuda al niño que te necesita, ese niño será socio de tu hijo. Además, el servicio es una felicidad segura, como gozar a la naturaleza y cuidarla para el que vendrá. Da sin medida y te darán sin medidas. Ama hasta convertirte en lo amado, más aún hasta convertirte en el mismísimo amor. Y que no te confundan unos pocos homicidas y suicidas, el bien es mayoría pero no se nota porque es silencioso, una bomba hace más ruido que una caricia, pero por cada bomba que le destruya hay millones de caricias que alimenta a la vida.
Se Deus possuísse uma geladeira, teria a tua foto pregada nela. Se ele possuísse uma carteira, tua foto estaria dentro dela. Ele te envia flores a cada primavera. Ele te envia um amanhecer a cada manhã. Cada vez que desejas falar, Ele te escuta. Ele poderia viver em qualquer ponto do Universo, porém escolheu o teu coração. Enfrenta, amigo: Ele está louco por ti!
Si Dios tuviera un refrigerador, tendría tu foto pegada en él. Si Él tuviera una cartera, tu foto estaría dentro de ella. El te manda flores cada primavera. Él te manda un amanecer cada mañana. Cada vez que tú quieres hablar, Él te escucha, El puede vivir en cualquier parte del
universo, pero Él escogió tu corazón. Enfréntalo, amigo, ¡Él está loco por ti!
Deus não te prometeu dias sem dor, riso sem tristeza, sol sem chuva, porém prometeu força para cada dia, consolo para as lágrimas e luz para o caminho. Quando a vida te apresenta mil razões para chorar, mostra que tens mil e uma razões para sorrir.
Não, .... não estás deprimido, ... estás distraído!
Dios no te prometió días sin dolor, risa sin tristeza, sol sin lluvia, pero él sí prometió fuerzas para cada día, consuelo para las lágrimas, y luz para el camino. Cuando la vida te presente mil razones para llorar, demuéstrale que tienes mil y una razones por las cuales sonreír.
No, ... no estás deprimido, ... estás distraído!
Fecundo Cabral
No, ... no estás deprimido, ... estás distraído!
Fecundo Cabral
terça-feira, 9 de novembro de 2010
A Solidão Amiga Por Rubem Alves

A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só. Vem a tristeza da solidão... O que mais você deseja é não estar em solidão...
Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem na solidão. Lembro-me de um jovem que amava a solidão: ficar sozinho, ler, ouvir, música... Assim, aos sábados, ele se preparava para uma noite de solidão feliz. Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem. Cenas. De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha. Aí a cena se alterava: ele, sozinho naquela sala. Com certeza ninguém estava se lembrando dele. Naquela festa feliz, quem se lembraria dele? E aí a tristeza entrava e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão. O remédio era sair, encontrar-se com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia para a festa... Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. Era um desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão... A noite estava perdida.
Faço-lhe uma sugestão: leia o livro A chama de uma vela, de Bachelard. É um dos livros mais solitários e mais bonitos que jamais li. A chama de uma vela, por oposição às luzes das lâmpadas elétricas, é sempre solitária. A chama de uma vela cria, ao seu redor, um círculo de claridade mansa que se perde nas sombras. Bachelard medita diante da chama solitária de uma vela. Ao seu redor, as sombras e o silêncio. Nenhum falatório bobo ou riso fácil para perturbar a verdade da sua alma. Lendo o livro solitário de Bachelard eu encontrei comunhão. Sempre encontro comunhão quando o leio. As grandes comunhões não acontecem em meio aos risos da festa. Elas acontecem, paradoxalmente, na ausência do outro. Quem ama sabe disso. É precisamente na ausência que a proximidade é maior. Bachelard, ausente: eu o abracei agradecido por ele assim me entender tão bem. Como ele observa, “parece que há em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxoleante. Um coração sensível gosta de valores frágeis“. A vela solitária de Bachelard iluminou meus cantos sombrios, fez-me ver os objetos que se escondem quando há mais gente na cena. E ele faz uma pergunta que julgo fundamental e que proponho a você, como motivo de meditação: “Como se comporta a Sua Solidão?“ Minha solidão? Há uma solidão que é minha, diferente das solidões dos outros? A solidão se comporta? Se a minha solidão se comporta, ela não é apenas uma realidade bruta e morta. Ela tem vida.
Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo: “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.“ Pare. Leia de novo. E pense. Você lamenta essa maldade que a vida está fazendo com você, a solidão. Se Sartre está certo, essa maldade pode ser o lugar onde você vai plantar o seu jardim.
Como é que a sua solidão se comporta? Ou, talvez, dando um giro na pergunta: Como você se comporta com a sua solidão? O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofrimento, uma doença, uma inimiga... Aprenda isso: as coisas são os nomes que lhe damos. Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga. Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim:
“Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.!“
Nietzsche também tinha a solidão como sua companheira. Sozinho, doente, tinha enxaquecas terríveis que duravam três dias e o deixavam cego. Ele tirava suas alegrias de longas caminhadas pelas montanhas, da música e de uns poucos livros que ele amava. Eis aí três companheiras maravilhosas! Vejo, frequentemente, pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que as cerca. Falam porque não suportariam caminhar sozinhas. E, por isso mesmo, perdem a maior alegria das caminhadas, que é a alegria de estar em comunhão com a natureza. Elas não vêem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem sentem o vento. Que troca infeliz! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar. Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que elas ouvissem o que a natureza tem a dizer. O estar juntos não quer dizer comunhão. O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmos. Sartre chegou ao ponto de dizer que “o inferno é o outro.“ Sobre isso, quem sabe, conversaremos outro dia... Mas, voltando a Nietzsche, eis o que ele escreveu sobre a sua solidão:
“Ó solidão! Solidão, meu lar!... Tua voz – ela me fala com ternura e felicidade! Não discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhamos juntos através de portas abertas. Pois onde quer que estás, ali as coisas são abertas e luminosas. E até mesmo as horas caminham com pés saltitantes.
Ali as palavras e os tempos, poemas de todo o ser se abrem diante de mim. Ali todo ser deseja transformar-se em palavra, e toda mudança pede para aprender de mim a falar.“
E o Vinícius? Você se lembra do seu poema O operário em construção? Vivia o operário em meio a muita gente, trabalhando, falando. E enquanto ele trabalhava e falava ele nada via, nada compreendia. Mas aconteceu que, “certo dia, à mesa, ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado que tudo naquela casa – garrafa, prato, facão – era ele que os fazia, ele, um humilde operário, um operário em construção (...) Ah! Homens de pensamento, não sabereis nunca o quando aquele humilde operário soube naquele momento! Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que nem sequer suspeitava. O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de operário, e olhando bem para ela teve um segundo a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção, cresceu também o operário. (...) E o operário adquiriu uma nova dimensão: a dimensão da poesia.“
Rainer Maria Rilke, um dos poetas mais solitários e densos que conheço, disse o seguinte: “As obras de arte são de uma solidão infinita.“ É na solidão que elas são geradas. Foi na casa vazia, num momento solitário, que o operário viu o mundo pela primeira vez e se transformou em poeta.
E me lembro também de Cecília Meireles, tão lindamente descrita por Drummond:
“...Não me parecia criatura inquestionavelmente real; e por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos... Distância, exílio e viagem transpareciam no seu sorriso benevolente? Por onde erraria a verdadeira Cecília...“
Sim, lá estava ela delicadamente entre os outros, participando de um jogo de relações gregárias que a delicadeza a obrigava a jogar. Mas a verdadeira Cecília estava longe, muito longe, num lugar onde ela estava irremediavelmente sozinha.
O primeiro filósofo que li, o dinamarquês Soeren Kiekeggard, um solitário que me faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu, menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre: entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar. Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito. E nem sequer me atrevi a compartilhar com meus pais esse meu sofrimento. Seria inútil. Eles não compreenderiam. E mesmo que compreendessem, eles nada podiam fazer. Assim, tive de sofrer a minha solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão...
A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações? Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada ) dos outros, em celebrações cheias de risos... Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira.
Mas essa conversa não acabou: vou falar depois sobre os companheiros que fazem minha solidão feliz.
Rubem Alves
(Correio Popular, 30/06/2002)Fonte:
rubem alves
rubem alves
domingo, 7 de novembro de 2010
CALMA...Escutar com a Alma...
Escut’a calma, escuta c’alma
Você já se escutou?
Mesmo?
Daquelas escutas em que só ouve o que diz?
Você ouve o que diz?
Ou repete o que “ouve” na sua cabeça, sem saber o que diz?
Você “escuta” o que você pensa,
ou deixa a balbúrdia mental
jorrar sob forma de cacofonia pela sua boca?
Você já notou que todo som é música?
Notou que som só é barulho quando você não o escuta?
“Fique frio”, não me refiro aqui a escutar “vozes” na sua cabeça.
Mas, se escuta, é um direito que lhe assiste.
Nem me refiro tampouco a escutar a voz de Deus ou de anjos.
Mas, se escuta, também é um direito que lhe assiste.
Refiro-me,
claro,
unicamente à sua capacidade de estar consciente do que escuta.
Caso isso lhe interesse, comece escutando você mesmo.
Antes disso, você não conseguirá escutar mais ninguém.
Texto: Austro Queiroz
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Mude

Mude
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os seus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama...
Depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia.
O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida.
A nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental...
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental...
Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não
vale a pena!
Clarice Lispector
Edson Marques
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não
vale a pena!
Clarice Lispector
Edson Marques
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Proseando Por Rubem Alves

Prosear é um jeito de falar. Fala sem objetivo definido, como o vôo dos urubus - indo ao sabor do vento. Palavras fluindo. Um jeito taoísta de ser. Para prosa não existe 'ordem do dia', não há conclusões, não há decisões. A prosa não quer chegar a nenhum lugar. A prosa encontra sua felicidade em prosear. Como andar de barco a vela em que o bom não é chegar mas o 'estar indo'. 'A coisa não está nem na partida nem na chegada, mas na travessia', Guimarães Rosa. Prosear é brincar com as palavras. Escrevi uma crônica com o título Tênis x Frescobol, sobre dois tipos de fala. Fala do tipo Tênis tem um objetivo preciso: reduzir o outro ao silêncio por meio de uma cortada. Ter razão. Ganhar o argumento. Convencer. Sempre termina mal. Um ganha, fica feliz e se sentindo superior. O outro perde, fica com raiva e se sentindo inferior. Frescobol é diferente. A felicidade do jogo está em estar acontecendo, em não parar, vai, vem, vai, vem, vai, vem, como numa transa indiana, sem orgasmo, feita de um prazer permanente que não acaba. O orgasmo na transa, como a cortada no tênis, são o fim do brinquedo. Saber prosear, jogar conversa fora, é o segredo das relações amorosas. Nietzsche dizia que quando se vai casar a única pergunta importante a se fazer é 'terei prazer em conversar com essa pessoa quando eu for velho?' Nessa sala estaremos proseando. Falar sobre o que der na telha. Pensamentos avulsos. Dicas. Informações sobre as coisas novas na minha casa. Apareça sempre para prosear!
Fonte:
Texto Proseando de Rubem Alves
Texto Proseando de Rubem Alves
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Quarto de Badulaques (XXIII) Por Rubem Alves

Quarto de badulaques (XXIII)
Assim diz a Cecília Meireles: “Foi, desde sempre, o Mar...” Diz a Cecília? O certo não seria “disse”? Pois o poema foi escrito há muito tempo, pertence ao passado... E a Cecília já não vive entre nós. Vive, encantada, como peixe no fundo do Mar... Não. O certo é “diz”. Porque as palavras dos poetas são eternas. São ditas sempre no presente. O tempo não pode com elas. Pode ser que minha memória me falhe – amigos têm estado a me advertir de que estou repetindo coisas que já disse. Os velhos vão ficando de memória fraca – há, inclusive, uma triste e curiosa doença da memória, ela guarda o que foi dito há muitos anos e não guarda o que foi dito alguns segundos antes – sobre isso leiam o livro de Oliver Sachs, O homem que confundiu sua mulher com um chapéu; tudo o que o Oliver Sachs escreve merece ser lido - lembro-me de uma conversa com minha tia Cecília, já velha, era uma conversa sem jeito porque ela ficava repetindo perguntas que havia feito há menos de um minuto, mas sua memória se esquecera não só da pergunta como também da resposta, e era inútil responder porque a mesma pergunta seria feito de novo - até me esqueci do que queria dizer, o que talvez seja uma prova de que meus amigos estão certos – lembrei-me, remexendo a minha memória não me lembro de que a Cecília tenha usado jamais a palavra Deus – muito embora os seus poemas estejam perpassados do sentimento de assombro ante o Grande Mistério que nos cerca. E que metáfora mais bela para o Grande Mistério pode existir que o Mar, que desde sempre foi? Lá está ele, enorme, sem fim, sua superfície azul escondendo os mistérios das profundezas! Silencioso, o Mar não revela os seus segredos. Sem nada saber, só nos resta ver e sonhar. E ficamos a imaginar o que estará lá no fundo! E a nossa imaginação coloca nas profundezas do Mar Sem Fim os seres que nadam em nosso pequeno mar chamado alma! Toda alma é também um mar. Assim são todas as palavras que se dizem sobre Deus. Tolos, os homens acreditam que as palavras que se dizem sobre o Mar Sem Fim revelam o seu mistério. Alguns há, atrevidos, que chegam a dizer que um Peixe Dourado, saído do fundo do mar, lhes contou os segredos... E andam por aí a espalhar as fantasias das suas almas como se fossem a verdade de Mar Sem Fim. (E por falar em Peixe Dourado, você sabe a razão por que os cristãos comem peixe na semana santa? Por favor, não repita a bobagem de que é por que carne de vaca tem sangue, e é como se estivéssemos bebendo o sangue e comendo a carne de Cristo. Pois não foi o próprio Cristo que disse que era necessário que comêssemos sua carne e bebêssemos do seu sangue? Então, a razão deve ser outra... Ou será que você come peixe sem saber por que?... ). Certo está o Alberto Caeiro que diz: “Pensar em Deus é desobedecer a Deus. Porque Deus quis que não o conhecêssemos. Por isso se nos não mostrou. Se ele quisesse que eu acreditasse nele, sem dúvida que viria falar comigo e entraria pela minha porta dentro dizendo-me: Aqui estou!” Com o que concorda Walt Whitman: “Eu sou curioso sobre todas as coisas e não sou curioso acerca de Deus. Não há palavra capaz de dizer quanto eu me sinto em paz perante Deus e a morte.” Emily Dickinson, mulher frágil dotada de asas, tinha um delicado senso do Mistério. Mas, por isso mesmo, por sentir-se assombrada pelo Mistério que nos cerca, desprezava aquilo que sobre ele diziam os religiosos. “Alguns guardam o Domingo indo à Igreja - Eu o guardo ficando em casa - Tendo um Sabiá como cantor - E um Pomar por Santuário. - Alguns guardam o Domingo em vestes brancas - Mas eu só uso minhas Asas - E ao invés do repicar dos sinos na Igreja - Nosso pássaro canta na palmeira./ - É Deus que está pregando, pregador admirável - E o seu sermão é sempre curto. Assim, ao invés de chegar ao Céu, só no final - eu o encontro o tempo todo no quintal.” Mas, afinal de contas, o que é que o Sabiá diz com o seu canto? Nada. Canto de Sabiá não é pra ser compreendido. É pra ser amado. Bem disse o avô Celestino, lá das bandas do Manoel de Barros, que “Deus é assunto delicado de pensar; faz conta um ovo: se apertamos com força parte-se; se não seguramos bem cai.” Tantas coisas loucas os homens pensam sobre Deus. Esses tais se parecem com um Tico-tico que me visita sempre. Pois ele se assenta no parapeito da janela e fica a bicar o vidro. Se lhe perguntássemos da razão por que bica o vidro ele nos responderia: “O que é vidro? Não estou bicando vidro. Bico esse Tico-tico à minha frente, invasor do meu espaço. Mas o danado é esperto. Ele sempre advinha onde vou bicar e se defende. O meu bico sempre bate no bico dele. Ele parece nada sofrer. Mas o meu bico está doendo...” Pobre Tico-tico. Ele não sabe o que são espelhos. Assim são os homens: vêem o seu rosto refletido nas águas do Mar Sem Fim e pensam que a imagem que vêem é o rosto do Senhor do Mar, olhando para eles. Como o Tico-tico, eles não se dão conta de que estão vendo sua própria imagem, refletida. Se você quiser saber como é a alma de uma pessoa, peça-lhe falar sobre o seu Deus. Tudo o que ela disser sobre o seu Deus ela estará falando sobre si mesma. Pessoas vingativas têm um deus vingativo. Como disse Bachelard, para se acreditar no inferno é preciso ter muitas vinganças a realizar. Pessoas que se deixariam comprar por bajulações e favores têm um Deus que se deixa comprar por bajulações e favores... Acham que isso é normal. Pessoas com alma policial têm um Deus carrasco... Pessoas que amam a música têm um Deus que é música... Pessoas que amam jardins têm um Deus jardineiro...
Cliquei o botão do controle remoto da televisão e me vi dentro de um enorme templo, completamente lotado. O programa se chamava, se não me engano, O culto em sua casa. O pregador dizia aos fiéis: “A dúvida é a principal arma do diabo”. Ele não teve coragem de dizer tudo o que essa afirmação piedosa contém. Se ele está no púlpito, lugar sagrado, deve ser bispo ou missionário. Sendo bispo ou missionário, tem acesso privilegiado a Jesus: o Peixe Dourado lhe revelou pessoalmente os mistérios do Mar... Fala diariamente com Jesus. Segue-se que aquilo que ele fala são as palavras de Jesus. Assim, se alguém tem dúvidas sobre o que ele diz, está duvidando de Jesus. Conclusão: quem duvida do que ele diz está enredado nas artimanhas do diabo... Penso o contrário: que as convicções são as principais armas do diabo. As maiores atrocidades da história da humanidade, religiosas e políticas, foram cometidas por pessoas que não tinham dúvidas sobre a verdade dos seus pensamentos. As pessoas que duvidam, ao contrário, são tolerantes. Sabem que o que pensam não é a verdade. Seus pensamentos não passam de “palpites”. Por isso ouvem o que os outros têm a dizer, pois pode ser que a verdade esteja com eles... As religiões ocidentais, o Cristianismo e o Islamismo, se construíram sobre certezas. Sempre tiveram medo da dúvida. Sobre os que duvidavam, colocaram a ameaça das fogueiras ou do inferno. E isso deixou marcas tão profundas nas pessoas religiosas que, ainda hoje, elas têm medo de duvidar. O que significa: elas têm medo de pensar. Contentam-se em repetir o que lhes foi dito. Porque é com a dúvida que o pensamento se inicia. Mas eu não respeitaria um Deus que, havendo nos dado asas nos proibisse de voar. Contra o autoritarismo das certezas só há um remédio: o humor. Como o filme Deus é brasileiro. Deus, cansado de ser Deus, resolveu tirar umas férias. Viajaria por uma outra galáxia. Mas teria de deixar uma outra pessoa no seu lugar, durante a sua ausência. Lá de cima escolheu o homem que mais competência teria para assumir suas funções. Assim, baixou sobre essa terra e pôs-se a procurá-lo. Depois de muitos desencontros, finalmente o encontrou. Sua busca havia chegado ao fim! Poderia iniciar suas férias! Que nada! O dito homem que ele escolhera era ateu. Acontece conosco o que acontece com os galos. Quer o galo cante, quer não cante, o sol sempre aparece... Assim, podemos cantar ou não cantar, desafinar ou inventar um canto dodecafônico, o Sol nem liga. Como diz a Cecília: “Foi, desde sempre, o Mar”, indiferente ao que pensamos...
Rubem Alves
Cliquei o botão do controle remoto da televisão e me vi dentro de um enorme templo, completamente lotado. O programa se chamava, se não me engano, O culto em sua casa. O pregador dizia aos fiéis: “A dúvida é a principal arma do diabo”. Ele não teve coragem de dizer tudo o que essa afirmação piedosa contém. Se ele está no púlpito, lugar sagrado, deve ser bispo ou missionário. Sendo bispo ou missionário, tem acesso privilegiado a Jesus: o Peixe Dourado lhe revelou pessoalmente os mistérios do Mar... Fala diariamente com Jesus. Segue-se que aquilo que ele fala são as palavras de Jesus. Assim, se alguém tem dúvidas sobre o que ele diz, está duvidando de Jesus. Conclusão: quem duvida do que ele diz está enredado nas artimanhas do diabo... Penso o contrário: que as convicções são as principais armas do diabo. As maiores atrocidades da história da humanidade, religiosas e políticas, foram cometidas por pessoas que não tinham dúvidas sobre a verdade dos seus pensamentos. As pessoas que duvidam, ao contrário, são tolerantes. Sabem que o que pensam não é a verdade. Seus pensamentos não passam de “palpites”. Por isso ouvem o que os outros têm a dizer, pois pode ser que a verdade esteja com eles... As religiões ocidentais, o Cristianismo e o Islamismo, se construíram sobre certezas. Sempre tiveram medo da dúvida. Sobre os que duvidavam, colocaram a ameaça das fogueiras ou do inferno. E isso deixou marcas tão profundas nas pessoas religiosas que, ainda hoje, elas têm medo de duvidar. O que significa: elas têm medo de pensar. Contentam-se em repetir o que lhes foi dito. Porque é com a dúvida que o pensamento se inicia. Mas eu não respeitaria um Deus que, havendo nos dado asas nos proibisse de voar. Contra o autoritarismo das certezas só há um remédio: o humor. Como o filme Deus é brasileiro. Deus, cansado de ser Deus, resolveu tirar umas férias. Viajaria por uma outra galáxia. Mas teria de deixar uma outra pessoa no seu lugar, durante a sua ausência. Lá de cima escolheu o homem que mais competência teria para assumir suas funções. Assim, baixou sobre essa terra e pôs-se a procurá-lo. Depois de muitos desencontros, finalmente o encontrou. Sua busca havia chegado ao fim! Poderia iniciar suas férias! Que nada! O dito homem que ele escolhera era ateu. Acontece conosco o que acontece com os galos. Quer o galo cante, quer não cante, o sol sempre aparece... Assim, podemos cantar ou não cantar, desafinar ou inventar um canto dodecafônico, o Sol nem liga. Como diz a Cecília: “Foi, desde sempre, o Mar”, indiferente ao que pensamos...
Rubem Alves
(Correio Popular, 04/05/2003)
Fonte: rubem alves
Meu Comentário:
O Mar...com fim ou sem fim...
Os sábias...
Tudo enfim...
Prestou atenção nessa frase:
"Se voce quiser saber sobre a alma de uma pessoa, peça-lhe falar sobre o seu Deus. Tudo o que ela disser sobre o seu Deus ela estará falando sobre si mesma".
E...não precisa falar mais nada...
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Solidão... Por Chico Buarque de Holanda (Fatima Irene)

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida. .. Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma....
Francisco Buarque de Holanda
Observação:
Olá!
Esclarecemos que o poema SOLIDÃO é de Fátima Irene Pinto e tem rodado a Net indevidamente atribuído ao Chico Buarque.
Trata-se de página de dois livros da autora a saber: Ecos da Alma e Palavras Para Entorpecer o Coração, ambos disponíveis nas boas livrarias do Brasil.
Confiram também no site da autora: Fatima Irene
Atenciosamente
Família Veronesi
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