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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A Prece da Árvore




 Ser Humano, 
Protege-me! 

Junto ao puro ar 
da manhã ao crepúsculo, 
eu te ofereço 
aromas, flores, frutos e sombra! 

Se ainda assim não te bastar, 
curvo-me e te dou 
proteção para teu ouro, 
pinho para tua nota, 
teto para teu abrigo, 
lenha para teu calor, 
mesa para teu pão, 
leito para teu repouso, 
apoio para teus passos, 
bálsamo para tua dor, 
altar para tua oração 
e te acompanharei até à morte... 

Rogo-te: Não me maltrates!

Walter Rossi


Fonte:

Walter Rossi
Jornal da Poesia
http://www.jornaldepoesia.jor.br/wrossi.html

e
Árvores Sagradas
Por Sandra Siciliano

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Evangelho dos Essênios


Abençoado seja o Filho(a) da Luz que conhece sua Mãe Terra

Pois é Ela a doadora da vida

Saibas que a sua Mãe Terra está em ti e tu estás Nela

Foi Ela quem te gerou e que te deu a vida

E te deu este corpo que um dia tu lhe devolverás

Saibas que o sangue que corre nas tuas veias

Nasceu do sangue da tua Mãe Terra

O sangue Dela cai das nuvens, jorra do ventre Dela

Borbulha nos riachos das montanhas

Flui abundantemente nos rios das planícies

Saibas que o ar que respiras nasce da respiração da tua Mãe Terra

O alento Dela é o azul celeste das alturas do céu

E os sussurros das folhas da floresta

Saibas que a dureza dos teus ossos foi criada dos ossos de tua Mãe Terra

Saibas que a maciez da tua carne nasceu da carne de tua Mãe Terra

A luz dos teus olhos, o alcance dos teus ouvidos

Nasceram das cores e dos sons da tua Mãe Terra

Que te rodeiam feito às ondas do mar cercando o peixinho

Como o ar tremelicante sustenta o pássaro

Em verdade te digo, tu és um com tua Mãe Terra

Ela está em ti e tu estás Nela

Dela tu nasceste, Nela tu vives e para Ela voltará novamente

Segue portanto as suas leis

Pois teu alento é o alento Dela

Teu sangue, o sangue Dela

Teus ossos, os ossos Dela

Tua carne, a carne Dela

Teus olhos e teus ouvidos são Dela também

Aquele que encontra a paz na sua Mãe Terra

Não morrerá jamais

Conhece esta paz na tua mente

Deseja esta paz ao teu coração

Realiza esta paz com o teu corpo.


Evangelho dos Essênios

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Mãe Terra e Pai Céu


Tire todos os pensamentos de sua mente 
e deixe-me levá-lo
A tempos atrás 
para a terra de meu povo 
e o Universo da Vida

Nada é mais poderoso que a Terra e o Céu,
Nesse momento, 
entre, 
feche os olhos , e
Deixe seu corpo flutuar através do fluxo do oceano
E sua mente viajar através de águas desconhecidas
É o começo...

O Criador da Terra criou as estrelas
Ele pegou água e esguichou até o Céu
Mas, na primeira noite
Suas estrelas não tinham a luz suficiente
Então, 
ele pegou um cristal de quartzo e quebrou,
E o arremessou em minúsculas peças até acima do Céu
Para misturar com a água e as estrelas 
e desde então, houve luz suficiente.

Nosso povo passou a chamá-los Pai Céu e Mãe Terra

Desde o começo 
Mãe Terra e Pai Céu foram sempre se mudando
Como fumaça ao vento, 
eles poderiam se manifestar em qualquer forma no futuro.

Eles mudavam a si próprios, 
Até o homem e a mulher
Na beira de cada mundo... 
campos, 
plataformas de montanhas
separavam campos de outros campos

E Mãe Terra declarou: 
Devo ser um lar para as minhas pequeninas crianças.

Através de meu peito eles devem se alimentar.
Nuvens brancas devem flutuar sobre estas Grandes Águas 
e ao redor do mundo.
As nuvens devem estar firmes 
e repartidas pelo frio do Pai Céu,
Vertendo para baixo em jatos de chuva A Água da Vida,
até todos os lugares.
Espécies humanas e criaturas estarão aconchegadas do frio.
Ao entardecer as árvores nas altas montanhas,
Próximas as nuvens e Pai Céu,
Abaixam em direção a Mãe Terra para calor e proteção.

Calor é mãe Terra 
Frio é Pai Céu 
Alinhado como a mulher que é quente,
E o homem que é o frio 
Estações chegariam 
e viriam distintas e diferentes como seus nomes:
Primavera, Verão, Outono, Inverno.

As estações se articulam 
e formam o círculo da vida 
para o nosso povo acompanhar,
Tudo o que os nativos americanos fazem é num círculo
É porque o poder do mundo sempre trabalha em círculos.
Assim, 
enquanto o arco sagrado não quebra o povo floresce,
No interior da floresta quando a noite está negra,
Enquanto a Terra descansa, 
a coruja permanece em guarda,
Seus olhos incandescentes empoleiram-se ao alto
mostrando a silhueta da Lua e caçando as estrelas.
A Estrela da manhã está de pé.
O cheiro de doces trevos vestem-nos.

A floresta surge viva.
Saboreia-me... 
Eu sou o Vento .
Veja-me... 
Eu sou o Urso que fica no Oeste.
Toque-me... 
Eu sou o cinzento e magro Alce
Dançando na floresta.

O rio é a vida
suas águas geladas espirram espumas de água
através das montanhas em direção à superfície.
O arco-íris vislumbra no nevoeiro 
que vem apagando as águas cristalinas.

O que é a vida? 
Ela é o clarão dos vaga-lumes na noite,
É a respiração do búfalo no tempo do inverno.
O que é a morte? 
É um inexorável bater do Sol ,
Formando raios... 
Queimando abaixo o solo do deserto.
Você é chuva...
E você pode trazer fertilidade... 
Ou pode trazer destruição,
Você pode fazer com que o Arco-Íris 
venha com toda a sua gloria esplendorosa
com suas cores vívidas e coloridas
Você sente facilidade para tocar...

Sim, você é a chuva...
Você traz a vida para plantas e flores, 
para as cachoeiras sem fim,
Rios, correntezas que fluem...
Você é chuva.
O rio corre para o mar.

O movimento do Oceano 
é como o coração batendo de vida
E profundamente abaixo é o silencio do Universo,
Dentro de nós mesmos.
Nós somos parte de todo o universo.
O centro do Oceano é como nossa consciência profunda,
E o arrebentar das ondas são nossos pensamentos,
Chegando de fora para o nosso interior profundo.
Vida do Oceano trazendo vida para as Terras.

Grandes nuvens de águias, 
levantem-me com seus ventos.
Tragam-me para a entrada da Terra.

Senhor do Céu, 
que voa próximo ao Grande Espírito,
Deixe-me ver onde você me leva...

Deixe-nos vivos na casa da harmonia,
Que através de minha cabeça possa ser feliz.
Que por meus pés possa ser feliz.
Que onde que eu esteja possa ser feliz.
Que tudo ao meu redor possa ser feliz.
Eu sou belo e lindo!
Tudo é beleza à minha volta!

Salve Mãe Terra e Pai Céu!

Ahee hee!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Evangelho dos Essênios: para Gaia, a Mãe Terra



Para a Mãe Terra

"Abençoado seja 
o Filho da Luz 
que conhece sua Mãe Terra, 
pois é ela a doadora da vida.


Saibas que 
a sua Mãe Terra 
está em ti e tu estás Nela.


Foi Ela quem te gerou 
e que te deu a vida 
E te deu este corpo 
que um dia tu lhe devolvas.


Saibas que 
o sangue 
que corre nas tuas veias 
Nasceu do sangue 
da tua Mãe Terra,
o sangue Dela cai das nuvens,

jorra do ventre Dela 
borbulha nos riachos 
das montanhas 
flui abundantemente 
nos rios das planícies.


Saibas que 
o ar que respiras 
nasce da respiração 
da tua Mãe Terra,

o alento Dela 
é o azul celeste 
das alturas do céu 
e os sussurros 
das folhas da floresta.


Saibas que 
a dureza dos teus ossos 
foi criada dos ossos 
de tua Mãe Terra.


Saibas que 
a maciez da tua carne 
nasceu da carne 
de tua Mãe Terra.


A luz dos teus olhos, 
o alcance dos teus ouvidos 
nasceram 
das cores e dos sons 
da tua Mãe Terra 
que te rodeiam 
feito às ondas do mar 
cercando o peixinho.


Como o ar 
tremelicante 
sustenta o pássaro 
em verdade te digo, 
tu és um 
com tua Mãe Terra 
ela está em ti 
e tu estás Nela.


Dela tu nasceste, 
Nela tu vives 
e para Ela 
voltará novamente.


Segue, 
portanto, 
as Suas leis 
pois teu alento 
é o alento Dela.


Teu sangue 
o sangue Dela.


Teus ossos 
os ossos Dela.


Tua carne 
a carne Dela.


Teus olhos 
e teus ouvidos 
são Dela também.


Aquele que 
encontra a paz 
na sua Mãe Terra 
não morrerá jamais, 
conhece esta paz 
na tua mente 
deseja esta paz 
ao teu coração 
realiza esta paz 
com o teu corpo."


Evangelho dos Essênios

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Intento Por Dana Tir


Ven, ven, ven a la otra orilla
Entra en el torrente de la mente pura
Germina las semillas que viven en tu corazón
Ritos y Rezos para la Madre Tierra
Medicina de los Pueblos de Amerrikua y el Mundo.
Estás en casa
Cada trama te lleva a otra
Consciente y presente
Observa tus sueños
Viaja
Recuerda
Siente
Sabe

Camino entre las dimensiones
Sirvo a lo Divino con Alegría
Soy La Madre
Respiro
Refinando la Respiración
Respirando la Respiración
Sintonizo Maestría de la Mente
Voy mas allá de la Ilusión
Recibo Educación Optima
Optimizo la Educación
Camino con los hermanos galácticos
y con los hombres y mujeres sagrados
Ellos están Aquí
Me Elevo
Soy la Maestra que Yo Soy
Y Así Es!

Y salgo al bosque...
porque...
..."si no salgo, jamás ocurrirá nada y mi vida jamás empezará..."
Corro con los lobos
Como
Descanso
Vagabundeo en los períodos intermedios
Soy fiel
Amo a los hijos
Medito a la luz de la luna
Aguzo el oído

Cuido de los huesos
Hago el amor
Aúllo a menudo
Gracias Clari Pinkola Estés!
Vuelvo a la pequeña choza
Me nutro del ombligo de la Madre Tierra
Me siento mujer
Hago círculos
Los antepasados se reunieron en un círculo
Sanando Purificando Renaciendo
Soy Iq, la respiración, el Viento y me guía el colibrí
Toj, la ofrenda, me contacta con la vida original y sus ciclos
Con el poder del rezo
Con el Poder de la tradición oral
Herencias!
Patrimonio de la Humanidad
Sonrío

Dana Tir

Fonte:
Escuela de Sagrada Geometría del Sur del Mundo

domingo, 13 de maio de 2012

Mãe Natureza


"Se a Mãe Natureza
não gostasse de curvas,
o mundo seria plano."

(Frase de uma propaganda)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Mãe Terra / Deusa Mãe


"Terra, Divina Mãe, que gera todos os seres e cria todas as coisas, cuja influência desperta, acalenta e adormece a natureza. Mãe que fornece a nutrição da vida e a protege com um abraço sustentador. Mãe amorosa que recebe o corpo do homem quando o seu espírito se afasta, chamada com razão a Grande Mãe, fonte de poder de deuses e mortais, indispensável para tudo o que nasce ou morre. Senhora, Mãe , Deusa eu A reverencio e invoco Seu sagrado nome para abençoar a minha vida, lhe agradeço pelas dádivas e por me receber no fim da minha jornada!"    Prece inglesa do século XII

A reverência da Terra como Deusa Mãe era um costume universal e ancestral, tendo sido encontrado em todas as antigas civilizações e culturas, que A invocavam por nomes específicos e cultuavam de maneiras diversas.

O historiador romano Tácito afirmou nos seus livros que as tribos européias consideravam a Mãe Terra como uma divindade toda abrangente, a que todos os seres humanos, sobrenaturais e divinos obedeciam. O conceito de uma Mãe Terra foi definido pelos gregos, cujo poeta Hesíodo chamou a Terra de Gaia ou Gea, a Deusa com amplos seios, morada segura para todos os seres, que depois de emergir do caos primordial, criou o céu, Urano, e junto com ele procriou os Titãs, as montanhas e florestas, os campos, mares, rios e todos os seres vivos. Os romanos a chamaram de Tellus ou Terra Mater, a Grande Mãe, criadora dos homens, da natureza e dos animais.

A Terra tanto dava a vida, como propiciava e acolhia a morte, por isso os povos antigos da Ásia, África e América consideravam os enterros ritos de plantio, o espírito sendo regenerado no ventre da terra e depois renascendo em um corpo de mulher. Os nativos norte-americanos acreditavam que os seres humanos e os animais emergiam das aberturas no corpo da Mãe Terra, pois era no seu ventre que eles eram gerados. A doutrina central da religião ameríndia era a reencarnação em um novo corpo do espírito criado pela Mãe Terra, que por isso deveria ser respeitada, honrada e cuidada. Pinturas rupestres da Austrália e lendas dos nativos norte-americanos representam a Mãe Terra parindo os primeiros seres ancestrais, que saiam do Seu ventre ctônico pelas aberturas no solo como grutas e fendas. Na Índia os sacerdotes hindus falavam para os mortos se deixarem cobrir pela terra como se fossem crianças acolchoadas pelo manto materno, silencioso, escuro e macio.

Os filósofos romanos atribuíam à Mãe Terra o misterioso poder que despertava e sustentava a vida, tudo vindo Dela e a Ela retornando, pois ela era o começo e o fim, o nascimento e a morte. Preces romanas do século III pediam à Mãe Terra que recebesse o corpo quando a alma dele se retirasse e enquanto vivo, que o nutrisse e protegesse. Mesmo séculos mais tarde, nos túmulos cristãos da Alemanha se lia:”aqui jaz no ventre de Erda (a Mãe Terra) o corpo de....”; até o século XII os camponeses europeus continuavam invocando as bênçãos da Mãe Terra nos plantios, para que as colheitas fossem protegidas e abundantes e nas construções, para que elas durassem.

Para os povos eslavos Mayca Vlazna Zemlja ou Mati Syra Zemia (A úmida Mãe Terra) era a mais antiga e importante divindade, reverenciada até o século X - mesmo depois da cristianização - e descrita como a força doadora da vida, responsável pela fertilidade, reprodução humana e animal e pela abundância da natureza. Seu culto era muito antigo e Ela jamais foi personificada por uma figura humana, mas reverenciada como a própria terra. Seu animal sagrado era a vaca, por terem em comum a fertilidade e a abundância da nutrição. Os camponeses se dirigiam diretamente à Mãe Terra, sem precisarem da intermediação de sacerdotes ou padres e tinham por ela um profundo respeito, amor e gratidão, pedindo suas bênçãos para plantios, suas casas, crianças e animais. Era invocada como conselheira, protetora, testemunha e juíza nas disputas de terras e propriedades e era em Seu nome que eram feitos os juramentos (engolindo um pouco de terra) e abençoados os noivos (colocando um pedaço de terra sobre suas cabeças). Após a cristianização, o seu culto persistiu alguns séculos até que aos poucos, Seus atributos e qualidades foram atribuídos para a Virgem Maria e manifestados nas mulheres.

Os povos bálticos acreditavam que o mundo e a vida eram manifestações de uma força sagrada que tudo permeava e que existia em todos os seres, animados ou não, sendo a fonte do universo e da existência e que era reverenciada como a Grande Mãe sob diversos nomes como Zemyna, Laima, Gabija. Apesar da perseguição cristã, as antigas tradições pagãs que cultuavam a Mãe Divina –cósmica e telúrica - continuaram ocultas em lendas, canções (chamadas dainas) e costumes populares mantidos pelas mulheres.

Na Rússia, em lugar de usar a bíblia para juramentos, os camponeses colocavam terra sobre suas cabeças invocando a Mãe Terra como testemunha. As boas vindas para os visitantes eram acompanhadas do tradicional prato de pão com sal (produtos da terra) e continuam até hoje, porém desprovidas do seu antigo significado sagrado.

Na antiga Grécia os mitos contam como até mesmo os deuses olímpicos invocavam Gea ou Rhea, a mais antiga das divindades, para testemunhar e selar juramentos e pactos, sabendo que todos os seres vivos eram sujeitos às Suas leis.

“Lar“ e “mãe” eram noções idênticas para os povos antigos, que as uniram na imagem de uma deusa Senhora da Terra; eles acreditavam que deviam ser enterrados no solo onde nasceram e viveram e se recusavam abandonar suas terras mesmo perante as invasões inimigas ou em situações de calamidades. Se por acaso estivessem longe da terra natal e sentissem a proximidade da morte, voltavam o mais rápido possível.

Em certos lugares nos Bálcãs, o encontro post-mortem dos homens com a Mãe era visto como um casamento, a morte sendo um rito sagrado de união com a terra e por isso os mortos eram vestidos como noivos que iam ser recebidos no leito da Mãe Negra.

A imagem arquetípica do casamento com a terra teve uma estranha interpretação na Renascença, com a aparição da pornotopia, poemas vitorianos em que o autor reduzido a um inseto ou ser minúsculo, percorria minuciosamente o corpo feminino descrito como uma paisagem, com vales sinuosos, colinas atraentes, bosques, córregos e uma misteriosa e aveludada gruta avermelhada, em cujo interior era experimentado o êxtase sublime. Este tipo de manifestação artística foi interpretado posteriormente como uma carência espiritual ligada à negação da Mãe Terra no simbolismo religioso e à repressão sexual pelo puritanismo vitoriano.

A gruta é uma associação universal com o ventre da Mãe Terra, local simbólico de nascimento e regeneração; a palavra sânscrita garbha significava “santuário” e “ventre”. Os locais sagrados hindus eram as grutas, representando a yoni da Grande Mãe e nelas foram criados altares para peregrinações e oferendas, muitas delas tornando-se moradas dos eremitas e mestres espirituais. 

Nos templos etruscos e romanos existiam câmaras subterrâneas chamadas mundus, termo equivalente a ”terra” e “ventre”. Rhea era a Mãe Terra cretense, criadora de toda a vida, que tinha surgido da gruta uterina do Monte Dikte, onde ela deu à luz a Zeus, que depois foi aclamado como o Pai dos deuses olímpicos.

Mesmo com o advento do cristianismo o culto das grutas continuou com os rituais nelas celebrados. Por não ter sido possível extinguir a reverência às grutas, a igreja passou a usar motivos nelas inspirados para a construção das criptas e câmaras subterrâneas nas igrejas e catedrais. Inspiradas nas antigas lendas dos casamentos sagrados e na conexão com a terra, após a desaparição dos cultos pagãos, as grutas passaram a servir como alcovas de amor nos encontros dos casais e muitas delas foram nomeadas em homenagem a Afrodite como sendo a sua padroeira. As fontes curativas da Europa nasciam nos antigos locais sagrados das deusas pagãs ou nas grutas consideradas portais de acesso para o ventre da Mãe Terra, e por isso foram destinadas para a regeneração e cura, bem como para comunicação com o mundo ancestral e os seres sobrenaturais.

Os nossos ancestrais viviam em grutas e nelas foram encontrados os mais antigos achados arqueológicos e antropológicos datados de 700.000 anos, assim como indícios do uso mágico do fogo para proteção, como comprovam as pesquisas feitas na gruta de Petralona no Norte da Grécia. A partir de 40.000 a.C. existiram altares dedicados à Mãe Ursa, a mais antiga representação da Senhora dos Animais e inúmeras pinturas de animais nas paredes, que depois foram substituídos pelos desenhos mais rebuscados de cenas de caça, luta e danças rituais, mulheres grávidas ou parindo. As inscrições rupestres comprovam a sacralidade das grutas do período paleolítico e neolítico e, mesmo antes das figuras de mulheres apareceram nos desenhos, a sua presença era indicada por animais prenhes, mãos, barcos, inúmeras reproduções de seios aproveitando as formações das rochas, triângulos púbicos e ferraduras invertidas (símbolos universais da vulva), pintados com ocre vermelho. Foram encontradas figuras femininas grávidas esculpidas na entrada das grutas ou estatuetas sem rosto, mas com traços bem elaborados como as famosas Vênus das grutas de Willendorf, Laussel e d’Aurignac, com seios, vulvas, ventres proeminentes e símbolos lunares, revelando a sua conexão com fertilidade, vida e abundância. Em muitas grutas foram encontradas além das figuras femininas ossadas humanas pintadas de vermelho e em posição fetal, demonstrando a função complementar das grutas como locais de nascimento e morte, os moribundos sendo levados para o mesmo lugar onde tinham nascido. Outras grutas eram usadas para rituais de celebração e ritos de passagem, conforme se deduz dos achados e inscrições encontradas nas grutas de Peche Merle e Madeleine na França.

O mais antigo culto europeu era do urso, comprovado pelos crânios arrumados de forma cerimonial e cercados por círculos de pedras nas grutas da Suíça, onde se originou o culto de Dea Artio, a “Mãe Ursa”, senhora da caça e da proteção das florestas, equivalente ancestral de Ártemis e Diana como Potnia Theron, a “Mãe dos Animais”, associada aos nascimentos e à proteção dos recém-nascidos. Nos países eslavos as anciãs colocavam os recém nascidos sobre peles de urso e pediam a proteção das deusas correspondentes: Devana, Dziewona e Diwica. Talvez este culto se devesse à semelhança do esqueleto do urso com o humano e ao seu andar em duas patas, atribuindo-lhe o papel de mediador entre o mundo humano, animal e espiritual, sendo que, em algumas culturas antigas, o urso era o guardião ou totem do clã, dando assim origem ao culto da “Mãe Ursa”. Estatuetas de ursos em barro e imagens gravadas nas paredes foram achadas nas grutas de Creta, em uma delas sendo erguida uma capela cristã para Maria na sua representação de Panatya Arkoudiotissa, a ”Mãe Ursa”.

Reproduções de grutas foram encontradas nas “câmaras de incubação de sonhos” dos antigos templos de Mesopotâmia, China, Egito e Europa, a mais famosa sendo a de Creta, o Hypogeum, datado de 5000 a.C. e tendo uma câmara circular com um estrado de pedra em que se deitava a sacerdotisa oracular, conforme comprovam as estatuetas “da Senhora adormecida”. Dormir no ventre da Mãe Terra era um método ancestral de cura, com recebimento de mensagens sobrenaturais ou de sonhos (interpretados depois pelos sacerdotes) ou um rito de passagem, em que os doentes permaneciam deitados à espera da cura, da vida ou da morte. Estes antigos rituais foram comprovados nos templos das ilhas de Malta e Gozo, onde os peregrinos passavam por experiências profundas ao se conectar com a Mãe Terra, os espíritos sobrenaturais e os ancestrais.

As grutas continuam sendo lugares poderosos para nos conectarmos com a Mãe Terra, mergulhar nas memórias subconscientes e nos deslocar para os mundos sutis, em busca de mensagens, sonhos reveladores, cura e regeneração. Reverenciar o princípio sagrado da Terra nos auxilia na conexão com a beleza e a magia da natureza e com todos os seres da criação, nossos irmãos. Reconhecer a Natureza como a nossa Mãe, nos permite expandir o respeito e os cuidados com o meio-ambiente, a busca do nosso alinhamento energético e espiritual e uma maior e permanente parceria em lugar da atual competição, poluição e profanação do corpo sagrado da nossa Mãe Terra, primordial e eterna.

Mirela Faur

Fonte:

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A Hora e a Vez da Ecologia Mental




No dia 2 de fevereiro de 2007 ao ouvir em Paris os resultados acerca do aquecimento global dados a conhecer pelo Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC) o então Presidente Jacques Chirac disse:

”Como nunca antes, temos que tomar a palavra revolução ao pé da letra. Se não o fizermos o futuro da Terra e da Humanidade é posto em risco”.

Outras vozes já antes, como a de Gorbachev e de Claude Levy Strauss pouco antes de morrer. advertiam: “Ou mudamos de valores civilizatórios ou a Terra poderá continuar sem nós”.


Esse é o ponto ocultado nos forums mundiais, especialmente o de Copenhague. Se for reconhecido abertamente, ele implica uma autocondenação do tipo de produção e de consumo com sua cultura mundialmente vigente.

Não basta que o IPCC diga que, em grande parte, o aquecimento agora irreversível é produzido pelos seres humanos.

Essa á uma generalização que esconde os verdadeiros culpados: são aqueles homens e mulheres que formularam, implantaram e globalizaram o modo de produção de bens materiais e os estilos de consumo que implicam depredação da natureza, clamorosa falta de solidariedade entre as atuais e as futuras gerações.


Pouco adianta gastar tempo e palavras para encontrar soluções técnicas e políticas para a diminuição dos níveis de gases de efeito estufa se mantivermos este tipo de civilização.

É como se uma voz dissesse: “pare de fumar, caso contrário vai morrer”; e outra dissesse o contrario: “continue fumando, pois ajuda a produção que ajuda criar empregos que ajudam garantir os salários que ajudam o consumo que ajuda aumentar o PIB”. E assim alegremente, como nos tempos do velho Noé, vamos ao encontro de um dilúvio pré-anunciado.


Não somos tão obtusos a ponto de dizer que não precisamos de política e de técnica. Precisamos muito delas.

Mas é ilusório pensar que nelas está a solução. Elas devem ser incorporadas dentro de um outro paradigma de civilização que não reproduza as perversidades atuais.

Por isso, não basta uma ecologia ambiental que vê o problema no ambiente e na Terra. Terra e ambiente não são o problema.

Nós é que somos o problema, o verdadeiro Satã da Terra quando deveríamos ser seu Anjo da Guarda. Então: importa fazer, consoante Chirac, uma revolução. Mas como fazer uma revolução sem revolucionários?


Estes precisam ser suscitados. E que falta nos faz um Paulo Freire ecológico! Ele sabiamente dizia algo que se aplica ao nosso caso:

”Não é a educação que vai mudar o mundo. A educação vai mudar as pessoas que vão mudar o mundo”.

Precisamos destas pessoas revolucionárias, caso contrario, preparemo-nos para o pior, porque o sistema imperante é totalmente alienado, estupificado, arrogante e cego diante de seus próprios defeitos. Ele é a treva e não a luz do túnel em que nos metemos.


É neste contexto que invocamos uma das quatro tendências da ecologia (ambiental, social, mental, integral): a ecologia mental. Ela trabalha com aquilo que perpassa a nossa mente e o nosso coração.

Qual é a visão de mundo que temos?

Que valores dão rumo à nossa vida?

Cultivamos uma dimensão espiritual?

Como nos devemos relacionar com os outros e com a natureza?

Que fazemos para conservar a vitalidade e a integridade de nossa Casa Comum, a Mãe Terra?


Não dá em poucas linhas traçar o desenho principal da ecologia mental, coisa que fizemos um inúmeras obras e vídeos.

O primeiro passo é assumir o legado dos astronautas que viram a Terra de fora da Terra e se deram conta de que Terra e Humanidade foram uma entidade única e inseparável e que ela é parcela de um todo cósmico.

O segundo, é saber que somos Terra que sente, pensa e ama, por isso homo (homem e mulher) vem de húmus (terra fecunda).

O terceiro que nossa missão no conjunto dos seres é de sermos os guardiães e os responsáveis pelo destino feliz ou trágico desta Terra, feita nossa Casa Comum.

O quarto é que junto com o capital natural que garante nossa bem estar material, deve vir o capital espiritual que assegura aqueles valores sem os quais não vivemos humanamente, como a boa-vontade, a cooperação, a compaixão, a tolerância, a justa medida, a contenção do desejo, o cuidado essencial e o amor.


Estes são alguns dos eixos que sustentam um novo ensaio civilizatório, amigo da vida, da natureza e da Terra. Ou aprendemos estas coisas pelo convencimento ou pelo padecimento. Este é o caminho que a história nos ensina.


Por Leonardo Boff

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

We Are All One / Somos Todos Um


Narração: Profecia de nativos norte-americanos:
Red Crow Westerman e Oren Lyons.



Quando os europeus chegaram aqui...Colombo
Nós podíamos beber água de qualquer rio.
Se os europeus vivessem como os nativos, quando eles vieram
Nós ainda poderíamos beber aquela água
Porque água é sagrada, o ar é sagrado
Nosso DNA é feito do mesmo DNA que a árvore
A árvore inspira o que expiramos
Quando ela expira nós precisamos do que ela expira
Então...nós temos um destino em comum com a árvore
Somos... viemos todos da Terra
E quando a terra, água e atmosfera são corrompidos
Isso irá criar uma certa reação
A MÃE TERRA está reagindo...
o mundo se tornou um "mercado"
É esse "mercado" que temos que resolver
Essa idéia de recursos abundantes e intermináveis
E quando voce diz recursos naturais,
voce está falando de nossos "parentes"... de nossa família...
Não são "recursos naturais"...são família...
E requerem todo nosso respeito...
A estrutura do mundo é assim...
funciona sob leis naturais, que é um processo regenerativo poderoso
um processo que continua, cresce e é interminável...
SE todos concordam com a lei e seguem a lei
mas se voce desafia a lei
e acha que vai mudar a lei...você vai fracassar
E nesse fracasso vai haver muita dor
porque a Lei Natural não tem misericórdia
É apenas "A LEI"...
A Terra é toda poderosa...
não foi feita para os "seres humanos"
pois somos só parte dela.
Nós não "temos" que estar aqui
porque a Terra tem seu próprio processo
E se chegar ao ponto de vc se destruir como ser humano e vc...
destruir a vida e finalmente deixar esta Terra
a Terra não vai desaparecer...
Não vai ser o fim do mundo
isso nos parece um conceito curioso
não... o mundo não vai acabar
a vida das pessoas vai acabar
Portanto, não é o fim do mundo...É o NOSSO fim.
E o mundo... não importa que destruição você tenha feito nele,
vai se regenerar... vai se tornar verde de novo
vai reconstruir tudo que esteve aqui um dia...
exceto o fato de que não vai mais haver pessoas.
Porque a Terra tem todo o tempo à sua disposição...
À medida que você está se destruindo...
... na reta final,
e você está correndo rumo ao final
e lá existe um muro de pedra...
e você não está freando seu cavalo,
você não está parando, você está, na verdade, acelerando.
Essa é a maneira como eu vejo o uso do que vocês chamam de recursos
Você está usando-os mais rápido do que eles se reproduzem
Vocês estão indo rumo ao desastre, e ninguém está freando o cavalo
E cada dia que você não fizer o que é certo
é mais um dia que você perdeu uma opção
e você perde suas opções a cada dia...
Nenhuma árvore cresce por si mesma
Uma árvore é uma comunidade
certas árvores, certas plantas se reúnem em torno de certas árvores
e certos medicamentos se reúnem em torno de certas plantas
Assim, se você matar todas as árvores, se você cortar todas elas
e você destruir a comunidade, você não está destruindo só uma árvore ...
você está destruindo toda a comunidade
que a rodeia e prospera ali...
e talvez medicamentos importantes para pessoas ou animais
Assim, você perdeu uma comunidade e se cortar tudo,
que é o que acontece na América e no Canadá hoje em dia,
e penso que no mundo todo...
então você é mesmo uma força muito destrutiva.
E apenas replantar árvores não é replantar comunidade
você perdeu muito ... no processo
Se você não entender isso, você entenderá...
E esse entendimento virá...de uma forma bem dura.
Das 100 "unidades econômicas" dominantes no mundo de hoje
as 100 maiores unidades econômicas ...
é a palavra que eles usam...somos "unidades"
49 são países e 51 são corporações ...
Bem, vamos "digerir" isso por um segundo ...
O que significa isso?
isso significa que corporações são a força motriz
de tomada de decisão hoje em dia ...
e as corporações não estão preocupadas com direitos humanos,
não estão preocupadas com a Vida Humana,
não estão preocupadas com salários adequados
para pessoas que trabalham para elas.
Então, que tipo de decisões serão tomadas em nosso favor,
por esse "poder econômico"?
essas "corporações-países", como eu as chamo.
Ah, vai ser um inferno, como se costuma dizer
devido às coisas que estão ocorrendo agora.
Eu penso que as pessoas têm que tomar consciência, acordar...
O poder está sempre nas mãos das pessoas
elas tem que criar uma consciência única, precisam...
contestar os valores que lhes são empurrados hoje
porque estamos virando uma sociedade de consumidores
comandada pela economia, e não pelo bom senso.
Você sabe, não é bom sensoapenas "seguir" alguém, sem motivo...
Por quê?... Vc não tem a resposta...por quê você está seguindo alguém
se ele está pulando de um precipício...
Porque você o seguiria?
você o seguiria?
Pense bem, use seu bom senso...
Todo mundo deveria ser seu próprio líder
Em outras palavras, pensar por conta própria
Quando olhamos a fundo, queremos encontrar aliados, amigos
pessoas que vão compreender
e concordar com as atitudes de paz.
Agora tudo está sendo colocado em nossas mãos, toda a VIDA.
É nossa responsabilidade e dever
tomar conta de todas as formas de VIDA...
Assim, quando se fala disso
nao é sobre nossos tios, tias e primos,
nossos pais e mães, mas sim sobre TODA forma de vida.
Temos que pensar nas árvores, peixes,
todos os animais, tudo aquilo que cresce,
tudo o que tem VIDA,
porque... tudo é uma FAMÍLIA...



Imagens: Do premiado documentário "Planet Earth" da série sobre a natureza, de David Attenborough (BBC), produzido por Alastair Fothergill.

Trilha Sonora: do filme Patch Adams. Contém música de vários artistas, Marc Shaiman